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Revista Diálogo Educacional

versión impresa ISSN 1518-3483versión On-line ISSN 1981-416X

Rev. Diálogo Educ. vol.23 no.79 Curitiba  2023  Epub 22-Feb-2024

https://doi.org/10.7213/1981-416x.23.079.ao06 

Artigos

Docência universitária: a aula como aconchego

University teaching: the class as cosiness

Docencia universitaria: la clase como calidez

Osmar Hélio Alves Araújo[a] 
http://orcid.org/0000-0003-3396-8205

Ivan Fortunato[b] 
http://orcid.org/0000-0002-1870-7528

Emerson Augusto de Medeiros[c] 
http://orcid.org/0000-0003-3988-3915

[a]Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Mamanguape, PB, Brasil

[b]Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Itapetininga, SP, Brasil

[c]Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN, Brasil


Resumo

Neste escrito, de natureza ensaística, discutimos a ideia de uma docência universitária focada na formação humana pelo argumento da aula como aconchego, da qual surgem possibilidades para se estimular muitas formas de aprendizado a serviço da humanização, de si, do outro e das relações planetárias, relacionando-as a quatro indagações: (i.) Será que “aconchegar” é um verbo possível no contexto acadêmico? (ii.) Por que, então, não tornar as aulas mais aconchegantes? (iii.) Para quem e para quê construir aulas mais aconchegantes? (iv.) Como, então, promover aulas aconchegantes? Em linhas conclusivas, escrevemos sobre a coragem de se construir aulas aconchegantes, e sobre a necessária coragem infatigável de libertar-se, viver e amar (ou ao menos respeitar) as singularidades humanas irrepetíveis que compõem o universo da sala de aula.

Palavras-chave: Aconchego; Aula universitária; Docência; Formação de professores.

Abstract

In this essay we discuss the idea of a university teaching focused on human formation through the argument of the class as warmth, from which possibilities arise to stimulate many forms of learning in the service of humanization, of oneself, of the other and of relationships planetary, relating them to four questions: (i.) Is cosiness a possible noun in the academic context? (ii.) So why not make classes more welcoming? (iii.) For whom and why build more welcoming classes? (iv.) How, then, to promote welcoming classes? In concluding lines, we wrote about the courage to build welcoming classes, and about the necessary indefatigable courage to free oneself, live and love (or at least respect) the unrepeatable human singularities that make up the universe of the classroom.

Keywords: Cosiness; University class; Teaching; Teacher education

Resumen

En este escrito, de carácter ensayístico, discutimos la idea de una enseñanza universitaria enfocada en la formación humana través del argumento de la clase como calidez, de donde surgen posibilidades para estimular múltiples formas de aprendizaje al servicio de la humanización, de uno mismo, del otro y de las relaciones planetarias, relacionándolas con cuatro preguntas: (i.) ¿Es acurrucarse un verbo posible en el contexto académico? (ii.) Entonces, ¿por qué no hacer que las clases sean más acogedoras? (iii.) ¿Para quién y por qué construir clases más acogedoras? (iv.) ¿Cómo, entonces, promover clases acogedoras? En líneas finales, escribimos sobre la valentía de construir clases acogedoras, y sobre la necesaria valentía infatigable para liberarse, vivir y amar (o al menos respetar) las irrepetibles singularidades humanas que conforman el universo del aula.

Palabras clave: Calidez; Clase universitaria; Enseñanza; Formación de profesores

Antes de mais nada...

... Queremos registrar que este é um texto de esperança de quem acredita que a palavra do mestre é ainda uma palavra mágica: “para despertar, estimular e desenvolver em nós o gosto de querer bem e o gosto da alegria, sem a qual a prática educativa perde o sentido” (FREIRE, 1996, p. 142). Ao tomarmos como legítima a fala de Paulo Freire, compreendemos que uma aula (toda aula) é um espaço para se partilhar a alegria pela busca da aquisição do saber, de experiências que nos façam abraçar a vida e (re)descobrir sua beleza. Se não é assim, de modo geral, é como nós enxergamos a aula.

Mas, por que esperançar? Por que despertar o querer bem e a alegria? Por que essa ideia tão romântica e fora de contexto de abraçar a vida?

São tantos porquês que, de certa maneira, todas respostas se encontram em um local comum: precisamos de um outro projeto de humanidade. As evidências para isso estão claras e postas há muito tempo, afinal, a história nos ensina que sempre há guerras pelo mundo e que desde nossos primeiros passos aqui na Terra temos provocado conflitos conosco, colocando toda vida planetária em risco.

Por isso, voltando a Paulo Freire, vimos que nossas salas de aula tomam importante parte nessa transformação. Uma sala de aula não deveria ser local de dominação, de medo ou indiferença, que separa as pessoas em bons e maus alunos pelo fato de se comportarem ou não conforme as expectativas de silêncio e reprodução de conteúdos. Uma sala de aula não deveria ser um local de competição, onde pessoas são deixadas para trás porque não conseguem acompanhar as preleções e o currículo oficial. Torna-se necessário, como bem lembrou Rays (1998, p. 272), eliminar da aula “a ideia de homem-objeto (submissão, obediente, acrítico) e buscar os meios e condições necessárias para a formação do homem-sujeito/aluno sujeito (independente, crítico, criativo)”. Por isso, pensamos, com Paulo Freire, que a sala de aula é um lugar para integrar e acolher, para ensinar e aprender, para transformar.

Nessa perspectiva, percebemos que a aula se assemelha à experiência de Freire (2012, p. 19) em relação às árvores, tal como escreveu ao sentar-se para lecionar à sombra de uma mangueira: “as árvores sempre me atraíram”. Afinal, não cabe à aula ser um lugar que sempre nos atrai, professores e estudantes?

Não obstante, nossa experiência como professores formadores de professores, vista e vivida, revela outra coisa: as aulas, quase sempre, são locais de se dar e tomar lições, de se premiar ou punir e, até mesmo, de não se querer frequentar, seja como estudante ou mesmo como docente. Dessa forma, ao longo de um ano letivo, as aulas vagas são festejadas pelos estudantes, assim como os feriados e suas emendas são aguardados com ansiedade por todos, por serem dias em que não há aulas. Desse modo, fica a dúvida: como a educação pode se tornar transformadora quando se deseja não participar de seu lugar com maior potência educativa, que é a aula?

Por isso, ao invés de cedermos ao que está posto porque sempre foi assim, ou porque os estudantes estão cada vez menos interessados em estudar ou por qualquer outra explicação que justifique e mantenha as coisas como estão, queremos compreender que a aula é um lugar de formação mútua, como sempre defendeu Paulo Freire, na qual o professor também aprende enquanto ensina. Isso porque, como foi delineado por Rays (1998, p. 272), a aula, como ato político, é “uma atividade humana de troca de convicções, de experiências e conhecimentos”.

Sendo assim, a pergunta maior que norteia as linhas que escrevemos é esta: a partir das salas de aula, qual a contribuição que cabe darmos para a construção de um mundo mais aconchegante, remando contra o status quo da nossa sociedade, marcada por diferentes formas de violência, injustiças, exclusão e barbárie?

Com este texto, queremos semear a ideia de uma docência universitária focada primeiro na formação humana. Por consequência, buscamos semear a ideia da aula como aconchego, de onde surgem possibilidades para se estimular muitas formas de aprendizado a serviço da humanização, de si, do outro e das relações planetárias.

Para desenvolvermos esta escrita, desdobramos o texto em uma seção sobre o sentido de ser professor e o aconchego na aula, para se verter em aconchego no mundo; partindo, claro, da nossa experiência como professores formadores de professores. Mas, além da experiência como guia, tomamos emprestada, mais uma vez, a sabedoria de Paulo Freire que, ao pé de uma mangueira, encontrou aconchego. É por aí, sentados à sombra de uma árvore com Paulo Freire e outros educadores progressistas, que começamos a trilhar a busca pelo aconchego.

Na sequência, respondemos a quatro perguntas norteadoras, cuja direção é a esperança: (i.) Será que “aconchegar” é um verbo possível no contexto acadêmico? (ii.) Por que, então, não tornar as aulas mais aconchegantes? (iii.) Para quem e para quê construir aulas mais aconchegantes? E (iv.) Como, então, promover aulas aconchegantes?

Ao final, esperançamos ter coragem de assumir que queremos aulas mais aconchegantes, pois é à sombra de uma árvore que queremos nos aninhar para dali, pelo diálogo, termos outro mundo. Quem sabe!

Ser professor formador à procura de um aconchego nas aulas e no mundo, ou porque precisamos de mais árvores

As árvores sempre me atraíram. As suas frondes arredondadas, a variedade do seu verde, sua sombra aconchegante, o cheiro de suas flores, de seus frutos, a ondulação de seus galhos mais intensa, menos intensa em função de sua resistência ao vento. As boas-vindas que suas sombras sempre dão a quem a elas chega, inclusive a passarinhos multicores e cantadores. A bichos, pacatos ou não que nelas repousam (Freire, 2012, p. 67).

Ao nos sentarmos com Paulo Freire ao pé da frondosa mangueira, de sombra aconchegante, cheirosa, florida, cheia de frutos para alimentar a vida e germinar outras vidas, colorida, sonora... já começamos a vislumbrar um momento único de diálogo e contemplação, reflexão e inflexão, admiração e respeito. Daí, já vamos nos perguntando: por que é que as aulas não são assim, que dão boas-vindas a quem chega, permitindo ali se aconchegar.

Com isso, emendamos outras inquietações: será que nossos estudantes descreveriam as aulas que conduzimos com tanta poesia quanto Paulo Freire descreveu a sombra da mangueira? Será que nossas aulas têm tanta diversidade e tanta vida quanto a árvore que (nos) aconchega com Paulo Freire? Será que nós mesmos, professores formadores, compreendemos a aula dessa maneira, ou já cedemos à instituição burocrática com seus currículos baseados em competências?

São tantas questões que somente serenando o olhar é que podemos vislumbrar uma docência como a sombra de uma mangueira. Trata-se de compreender o contexto da sala de aula como lugar sempre fértil, fecundo, abundante para a prática de ensinar e aprender como um ato de eterna esperança no devir. Se assim não for, o contexto da sala aula, como a área sombreada da mangueira onde Paulo Freire lecionara, corre o risco de transformar-se em um local estéril e paralisante, incapaz de acolher e cuidar

Às vezes, ao caminharmos metafórica e literalmente pelas instituições acadêmicas, nos deparamos mais com locais áridos do que arborizados. As árvores que sombreiam e aconchegam são rarefeitas, resistindo aqui e ali ou somente figurando num cenário mais ríspido. Algo muito parecido com o que anotou Freinet (2004, p. 49): “para crescer, para viver e durar, a árvore precisa atingir a luz e o sol, mesmo que, para isso, tenha de inclinar-se e escapar por entre os troncos altos. Se não o consegue, estiola e morre”. Não é à toa que, cada vez mais, os campi universitários vão se tornando apenas prédios com estacionamentos e poucas árvores... pois o aconchego não é tomado como necessário, portanto, não tem lugar na sociedade de produção e resultados.

Tudo isso nos leva de volta a Rubem Alves (1980, p. 11), quem já pressagiava um mundo sem árvores, afirmando que “os educadores são como as velhas árvores”. Na sua analogia, o autor fazia uma distinção entre o educador e o professor: o primeiro é por vocação, o segundo por ofício; o primeiro olha para os estudantes e os enxerga pessoas, o segundo olha para os estudantes e enxerga pessoas a receberem treinamento por competências; o primeiro quer um mundo melhor, o segundo quer seguir as regras e o currículo... Para Rubem Alves (1980), professores são bons funcionários e educadores maus funcionários, pois não consentem com o que está institucionalizado.

Assim, ao voltarmos à sugestão de que educadores são como velhas árvores, Alves (1980) não estava querendo dizer que estão parados no tempo, estagnados. Pelo contrário. Ele queria dizer que são raros, que são poucos os que estão preservados e seguem entusiasmados no ofício, pois a maioria se tornou professor (ou eucaliptos, segundo seu raciocínio), estando:

[...] todos enfileirados, em permanente posição de sentido, preparados para o corte. E para o lucro. Acima de tudo, vão-se os mistérios, as sombras não penetradas e desconhecidas, os silêncios, os lugares ainda não visitados. O espaço se racionaliza sob a exigência da organização. Os ventos não mais serão cavalgados por espíritos misteriosos, porque todos eles só falarão de cifras, financiamentos e negócios. Que me entendam a analogia (Alves, 1980, p. 12).

Pois é: uma plantação de eucaliptos não é aconchegante. Mas tem sua função bem definida na sociedade. Sabe-se qual é seu papel e não questiona o fato de ser mercadoria e nada mais. Apenas aceita e cresce, enfileirada, padronizada, sem identidade, até o momento de ser cortada e virar móvel, papel ou carvão. Uma velha árvore, por sua vez, tem história, tem nome, tem lugar, tem experiências boas e ruins, resiliência, resistência e esperança.

Por isso que acreditamos na docência como uma velha árvore. Contudo, já não podemos mais recorrer à distinção entre professor e educador como queria Alves (1980), pois somos professores-educadores, e Ser Professor quer dizer nascer na história para fazer renascer essa mesma história. A história que somente pode ser contada na relação com as histórias dos estudantes; que são histórias de desencantamento e esperanças, de alegrias e partilhas, de errâncias e travessias... de intermitentes renascimentos, como nos ensinou Michel Serres (1993).

Eis mais uma peculiar lição apreendida de Rubem Alves (1980, p. 11): “a educação é algo pra acontecer neste espaço invisível e denso, que se estabelece a dois”. Ao que parece, Ser Professor é algo que também se constitui nesse espaço invisível e denso da sala de aula, que se estabelece a dois, onde histórias se entrelaçam. Ao que tudo indica, Ser Professor é assim: viver histórias que se entrelaçam para encontros formidáveis de ensinar e aprender e que, como um ato contínuo, se entrelaçam com a história de cada um e promovem renascimentos.

E assim, cada dia, na aula, cada um vai escrevendo um novo capítulo na vida uns dos outros, ao tempo que também fazem emergir outros capítulos ainda a serem escritos. Isso porque, assim como as árvores, ser professor é também lançar sementes para outras páginas na história da humanidade. E que sejamos mais como as velhas árvores, que não apenas existem para atender uma demanda de mercado, mas para promover aconchego à vida.

Ao que parece, a aula funciona com uma espécie de grande árvore que, à sombra de suas flores, de seus frutos e galhos, nascem redes de relações que favorecem uma aproximação entre as pessoas, estabelecendo ambiente para conversas enriquecedoras e construtivas. Nesse sentido, é que o verbo “aconchegar” é muito apropriado para (re)descobrirmos coisas fundantes do nosso trabalho docente e a nossa forma de construir a aula visando a humanização do ensino.

Nesse aconchego, é pertinente sempre recordar López Carretero (2021, p. 30): “os professores criam contextos de vida para que quem esteja em sala de aula possa se envolver e se envolver na primeira pessoa, tornar públicas suas vozes e gerar aberturas em relação à educação”. O que nos faz voltar a Franco (2018), ao deixar evidente que exercer à docência não se faz com discursos que não se configuram na prática. Isso porque, sob nosso olhar, temos uma grande responsabilidade diante da sociedade: ser exemplo daquilo que ensinamos. Somente quando convertemos o que ensinamos no que fazemos é que podemos, então, falar de uma outra educação, de um outro ensino, de uma outra forma de exercer o ofício de professores formadores.

Assim, sentados à metafórica sombra de uma mangueira, em diálogo com Paulo Freire, Rubem Alves e demais colegas que cá se juntaram a nós para pensar sobre Ser Professor, nos parece sensato reconhecer que aconchegar é um verbo fundamental, ou ao menos deveria ser, ao contexto acadêmico. Será que tal reconhecimento é possível e desejável?

Será que “aconchegar” é um verbo possível no contexto acadêmico?

Gostaríamos de responder “sim” à pergunta, mas essa resposta é ainda um devir o qual não se conquista sem lutar contra tudo o que está posto. Basicamente, tornar o mundo acadêmico um lugar de aconchego é ser do contra, o que não é fácil, pois a instituição está preparada para: (i.) seguir procedimentos burocráticos, automatizados, desnecessários e sem sentido, apenas para manter a ordem; (ii.) dar respostas imediatas e objetivas à sociedade, tornando-se competente e necessária quando seus cursos são disputados no ingresso, são muito difíceis de se formar e seus egressos assumem cargos com altos salários e/ou prestígio social. Por isso, o ato de sentar-se à sombra de uma árvore e papear sobre a vida e esperanças não é visto como um ato de educação, mas de perda de tempo, pois o mundo não para - como vivemos recentemente, nem uma pandemia letal é capaz de parar a engrenagem produtiva e competitiva.

Parece, então, que o mundo acadêmico não comporta o aconchego como predicado - lamentavelmente. Eis que a declaração de bell hooks (2013), que certamente encontra ressonâncias mundo afora, nos ajuda a evidenciar porque nossa pergunta se responde de forma negativa:

No curso de graduação, a sala de aula se tornou um objeto de ódio, mas era um lugar onde eu lutava para reivindicar e conservar o direito de ser uma pesquisadora. A universidade e a sala de aula começaram a se parecer mais com uma prisão, um lugar de castigo e reclusão, e não de promessas e possibilidades [...] (bell hooks, 2013, p. 13).

Ao que vai se tornando mais claro, aconchegar não é mesmo um verbo familiar ao contexto do universo acadêmico. Afirmamos isso com olhar de tristeza e decepção, misturadas com resistência e consciência. Essa afirmação triste e decepcionada encontra eco na constatação de António Nóvoa (2019, p. 8), ao afirmar que “temos de reconhecer a pobreza em que se transformaram os nossos anfiteatros e salas de aula. São lugares sem vida, afastados da curiosidade e da descoberta”.

A sala de aula como castigo, reclusão e sem vida é a constatação de que, de fato, não há espaço para aconchego. Na descrição trazida pelos autores, a “aula”, entre aspas, reúne muitas vezes rostos e olhares tristes e angustiados que, por razões diversas, a reduz a um contexto de tédio ao invés de entusiasmo, de obrigação ao invés de estímulo, de castigo ao invés de inspiração.

Podemos dizer que esse olhar melancólico, surpreso, chocado, porém, realista, como de bell hooks e António Nóvoa, toma o lugar da alegria e do desejo de aprender que poderiam (deveriam, diríamos) banhar uma aula. Por isso, apesar dessa constatação, é preciso não perder de vista que a sala de aula é também um lugar onde se luta para reivindicar e conservar o direito de ser humano. Isso quer dizer, portanto, um lugar de expressão, emoção, partilha, curiosidades, aprendizados... Como a sombra da mangueira que nos permite chegar, aconchegar e divisar outro mundo.

Ao que (nos) parece, aconchegar é como uma lacuna a ser ainda preenchida no mundo da academia. Há, claro, exceções. Por isso, insistimos: para nós, a aula é como se fosse uma árvore frondosa aconchegante, onde estudantes e professores podem ensinar e aprender à sua sombra, pensar, refletir, questionar e levantar as possibilidades de um mundo melhor.

Eis que quanto mais compreendermos a importância da aula como uma árvore frondosa e aconchegante, mais consciência adquirimos de que não podemos ensinar e aprender sozinhos. Juntos, como partes de um mundo comum, de uma nação, de um grupo... uma comunidade, ensinamos e aprendemos. É por aí que também se supera a indiferença, a exclusão, o egoísmo e a dominação no contexto da sala de aula.

Por que, então, não tornar as aulas mais aconchegantes?

“Pois ser mestre é isso: ensinar a felicidade”. Ao problematizar esta pergunta fazemos questão de iniciar as discussões com uma frase de Rubem Alves (1994, p. 9), que amiúde nos acompanha em nossos escritos e práticas pedagógicas. Ademais, podemos cultivar a aula como lugar onde se ensina e aprende para a felicidade, para o bem-estar das pessoas, o respeito à natureza, onde se humaniza e não desumaniza, onde se inclui ao invés de excluir e, principalmente, onde se faz viver, contrapondo-se ao tédio, ao desinteresse, e a apatia de apenas suportar o ensino bancário, que aliena ao invés de transformar. Mais uma vez, voltamos a Rubem Alves (1994, p. 77), quem nos disse: “como Mestre só posso então lhe dizer uma coisa: conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!”.

Concordamos com Rubem Alves. Assim, registramos as assertivas irreprimíveis que nos provocam sempre no exercício do magistério: é preciso tornar as aulas mais aconchegantes; é preciso pensar sobre como fazer isso mais do que nunca. Como? Bem, de imediato, identificamos três palavras-chave.

A primeira é atenção, a si e ao outro, que significa reconhecer a presença uns dos outros no processo de crescimento, sair de si mesmo para perceber que outros também existem.

Nossa segunda palavra é humildade. Trata-se, por melhor dizer: seguir pela perspectiva da humildade e do diálogo, o que implica reconhecer que ninguém sabe mais que ninguém, mas que há saberes diferentes. O diálogo ajuda a partilha dos saberes, que acontece quando tudo é realizado com um grande sentido de humanidade.

Cuidado é a terceira palavra. Pois bem, temos dito que Ser Professor implica ensinar e aprender, mas, principalmente, cuidar da humanidade própria e do outro. Isso é significativo, por ser uma maneira de dizer que, nas salas de aula aconchegantes, vivemos intensamente o ato de cuidar do outro e deixar-se cuidar.

Este é o sentido de tornar as aulas mais aconchegantes: atenção a si e ao outro, com humildade, para cuidar (humanizar) e deixar-se cuidar (humanizar-se). É um caminho que tem a si e ao outro como ponto de partida e chegada.

Sobre esse assunto, serve bem como exemplo a explicação de Thich Nhat Hanh, citado por hooks (2013). O monge entende que a prática do professor, dentre outras profissões, deve ser dirigida primeiro para si mesmo. Mas, por outro lado, quem é muito apegado às próprias ideias, às próprias seguranças, se fecha egoisticamente no círculo de seus próprios pensamentos. Nesse caso, dificilmente a sala de aula será um espaço aconchegante.

Assim, dirigir a docência para si mesmo implica questionar-se, transpor as fronteiras que, muitas vezes, podem ser ou não erguidas pelas diferenças, saber aprender com o outro e a compreender a si e ao outro. Questionar-se, duvidar de si mesmo, buscar se superar é o que nos permite mergulhar no aconchego da sala de aula, apreender dela a riqueza e a complexidade da vida humana. É melhor uma postura humilde de “não saber”, do que um “saber” presunçoso, que nos torna muitas vezes orgulhosos, egoístas e até arrogantes. E se estamos hoje em uma sala de aula é precisamente para aprender também com o outro, isso porque temos “o privilégio de não saber quase tudo” (Barros, 2015, p. 23).

Com isso, sobre nosso olhar, aulas mais aconchegantes, felicidade e docência andam juntas, porque uma pessoa feliz é também um professor feliz. Thich Nhat Hanh, disse: “se a pessoa que ajuda estiver infeliz, não poderá ajudar a muita gente” (apud bell hooks, 2013, p. 28). Por isso voltamos ao argumento que o equilíbrio entre docência e felicidade possibilita aulas aconchegantes, as quais podem evitar a vontade de domínio sobre os outros, assim como minimizar a tristeza, o tédio, o castigo, a falta de vida e assim por diante. Nesse sentido, a felicidade é um bem comum que se constrói juntos, como na bucólica cena ao pé de uma árvore, papeando no aconchego de sua sombra.

Se, para Rubem Alves (1994, p. 10), “o mestre nasce da exuberância da felicidade”, aulas mais aconchegantes não consistem em uma série de proibições, dominações e imposições, que sufocam o desejo de vir a Ser, mas um projeto de educação capaz de encher a sala de aula de um espírito de felicidade. Logo, a alegria sempre será um fruto espontâneo e empolgante de aulas aconchegantes.

Mas, para quem e para quê construir aulas mais aconchegantes?

As seguintes palavras de bell hooks (2013) cumprem bem a função de nos ajudar a perceber para quem e para quê construir aulas mais aconchegantes, pois regressam à experiência:

Às vezes entro numa sala abarrotada de alunos que se sentem terrivelmente feridos na psique (muitos fazem terapia), mas não penso que eles queiram que eu seja a sua terapeuta. Querem, isto sim, uma educação que cure seu espírito desinformado e ignorante. Querem um conhecimento significativo. Esperam, com toda razão, que eu e meus colegas não lhes ofereçamos informações sem tratar também da ligação entre o que eles estão aprendendo e sua experiência global de vida (bell hooks, 2013, p. 33).

Então, nos perguntamos: Há ainda alguém que espere adentrar às salas de aula e encontrar aconchego? Faz sentido dizer que os estudantes querem e precisam de aulas aconchegantes em nossos dias? Que pensam os estudantes sobre as salas de aula e o que esperam delas? Essas são perguntas que nos ajudam a problematizar melhor para quem e para quê construir aulas mais aconchegantes.

Escreveu Rubem Alves (2003, p. 14): “o prazer em cortar árvores, me parece, está ligado à volúpia do poder. Quem corta, tortura ou mata experimenta o prazer de exercer poder sobre o mais fraco”. Assim como o prazer em cortar árvores ligado ao poder, conforme citado por Rubem Alves, muitos vivem mergulhados numa cultura de autossuficiência, fechados em seu egoísmo e interesses e, para esses mesmos sujeitos, não faz nenhum sentido falar da necessidade de aulas aconchegantes, e esperar que vejam além do seu próprio eu, da sua pretensão de autossuficiência e poder.

Trata-se de um “mundo” que muitos aprenderam a habitar e que demanda ausência de empatia. Essa tendência excludente, que associa muitas vezes formação - que se convencionou chamar de - superior com poder, empregabilidade, sucesso profissional, riqueza material, colonização e dominação, competição. Não há vagas para todos, dizem, portanto, é preciso ser o melhor. Nesse sentido, ser melhor não significa ser melhor em um sentido mais amplo, mas apenas de superar o outro. Assim sendo, fica fácil encontrar na sala de aula um local de competição, de rivalidades, de autossuficiência e poder. Aulas que não acolhem nem aconchegam ninguém, pelo contrário, se tornam local de ódio, de aversão, de indiferença... ou mesmo sem vida.

Tudo isso percebido e compreendido, voltamos à pergunta: mas para quem construir aulas mais aconchegantes? Para si e com os outros, para todos, sem excluir ninguém. Dessa forma, a aula é um lugar de construção de vínculos que ressignificam nossa maneira de ver o mundo; chamam-nos à esperança; arrancam-nos da desinformação e da ignorância, em uma perspectiva de acolhida e do ensinar e aprender mútuo. Aqui, vale a pena reproduzir outras palavras de Rubem Alves (2003, p. 123): “o conhecimento prazeroso é aquele que nos abre as janelas do mundo. Como se a gente estivesse viajando, e fosse vendo árvores, riachos, campos, vacas, cavalos, pássaros, casas, caminhos, nuvens”. Não seria o conhecimento prazeroso aquele adquirido em uma aula de aconchego?

E se tudo isso faz sentido, é preciso deixar registrado o seguinte: uma aula como aconchego não é uma aula leviana a qual não se leva a sério. Pelo contrário: é uma aula em que é possível, porque permitido, ir-se além do que é meramente determinado em um currículo pronto e acabado. Além disso, uma aula como aconchego é um lugar de encontros e partilha, não sendo permitido que se faça o que se quiser, sem considerar as pessoas, como as coisas que se faz e se fala afeta o grupo.

Isso nos remete à diferença entre liberdade e permissividade amplamente discutida por Alexander Neill (1978), de Summerhill. Liberdade, para o autor, é justamente essa proposta de se aprender e ensinar em um lugar aconchegante, por isso criou uma escola livre; por outro lado, permissividade é também uma agressão ao outro, na qual se faz o que se quer sem se importar como as ações ressoam nos demais. Assim, uma aula aconchegante não é, definitivamente, uma aula que se pode entrar e sair quando se quer, que se faz ou não as atividades, pois todo mundo sempre é aprovado etc. Em essência, portanto, uma aula como aconchego só se qualifica assim quando todos se sentem acolhidos, bem como aprendem e ensinam, coletivamente.

Como, então, promover aulas aconchegantes?

Embora não seja possível responder essa pergunta com uma fórmula mágica, pronta e acabada, aqui nos arriscamos a postular algumas urgências pedagógicas. Antes, no entanto, é preciso registrar que tudo o que aqui afirmamos exige contextualização e conhecimento circunstancial. Afinal, até mesmo uma copa frondosa de uma mangueira pode ser um local de desconforto num dia frio e de muita chuva, por exemplo. Assim, cientes de que é possível e necessário educar por meio de aulas aconchegantes, nas quais todos se sintam bem-vindos, acolhidos, amparados, felizes... ousamos supor que uma aula aconchegante exige entusiasmo e diálogo.

Em primeiro lugar: entusiasmo. Pois é isso que faz brotar vigor e desejo de aprender. Fato é que o cansaço e/ou o desânimo, que muitas vezes experimentamos em sala de aula, estão ligados à ausência de entusiasmo. De certa maneira, podemos ser professores e estudantes “adormecidos” em aula, sem paixão para ensinar, sem entusiasmo para aprender. Essa privação de entusiasmo nos leva a continuar por inércia, ou nos derruba na apatia, na indiferença ao processo educativo. É mais ou menos isso o que lemos nas contribuições de bell hooks (2013):

O entusiasmo no ensino superior era visto como algo que poderia perturbar a atmosfera de seriedade considerada essencial para o processo de aprendizado. Entrar numa sala de aula de faculdade munida da vontade de partilhar o desejo de estimular o entusiasmo era um ato de transgressão (bell hooks, 2013, p. 17).

Por isso, a recomendação que precisamos estar atentos quando a ausência do entusiasmo nos arrasta para a inércia, para a apatia e para a indiferença em sala de aula. Nesse sentido, cada aula é sempre uma oportunidade para nos perguntarmos: o que me causa entusiasmo em sala de aula? O que paralisa meu entusiasmo em sala de aula? E com relação ao outro, estamos atentos, ou somos indiferentes, quando o outro perde o entusiasmo pela aula?

Ainda, para ser uma aula cheia de entusiasmo, há uma premissa indispensável: a coragem do diálogo. Aulas aconchegantes devem ser necessariamente construídas pelo diálogo, o que é bem diferente de uma “comunicação tipo papagaio”, sendo sempre uma ida sem volta. Como assim? Bem, não é novidade que muitas vezes a comunicação em sala de aula não se constitui como uma via de mão dupla, pois se estrutura de modo unilateral. Pois, quando o processo educativo se pauta em um processo baseado na escuta, na partilha e no diálogo, torna-se vigoroso veículo de esperança. Inclusive, Rays (1998, p. 271) já havia anotado que a aula, “na acepção crítica, não pode, assim, ser unilateralizada”.

Quando não há diálogo, não há lugar para o amadurecimento. Por isso mesmo o diálogo, a escuta, o ensinar e o aprender recíprocos, podem ser instrumentos úteis também para nos livrar do egoísmo, do isolamento, do cansaço e do desânimo que muitas vezes sentimos em sala de aula. E o desafio é precisamente este: fazer com que o diálogo se torne prática cotidiana e, assim, se possa construir pontes de diálogo entre as diferenças, sem que ninguém seja excluído.

Para o diálogo efetivo, franco e aberto é preciso reconhecer e valorizar a presença do estudante no contexto de sala de aula. Eis, então, que surgem diversas perguntas: somos capazes de abrir verdadeiramente espaço para os estudantes em sala de aula? De escutá-los? De deixá-los livres e de guiar seu desenvolvimento no sentido que melhor lhe convém? De não os prender a nós exigindo reconhecimento e privilégios? Conseguimos deixá-los partilhar narrativas pessoais? Falar sobre si, suas idiossincrasias, anseios e esperanças?

Com efeito, não basta dar às boas-vindas aos estudantes a cada aula, é preciso palavras e gestos que fomentem o seu contributo e promovam a sua participação. Não basta apenas deixá-los falar, é preciso considerar e valorizar as diferenças em todas as suas formas e manifestações.

Que tudo isso nos leve de volta a Paulo Freire que, pouco antes de sua passagem, disse em uma entrevista: “Eu gostaria de ser lembrado como um sujeito que amou profundamente o mundo e as pessoas, os bichos, as árvores, as águas, a vida”. E se todos nós fôssemos pessoas que amamos profundamente o mundo, as pessoas, os bichos, as árvores, as águas e a vida? E se isso fosse possível por meio da educação? Por que não esperançar?

Para encerrar: seguimos buscando coragem para construir aulas aconchegantes

Existe um mundo novo e quero lhe mostrar

Que não se aprende em nenhum livro

Basta ter coragem pra se libertar

Viver, e amar

De que valem as luzes da cidade

Se no meu caminho a luz é natural

Descansar na sombra de uma árvore

Ouvindo pássaros cantar

(Hyldon, na sombra de uma árvore, 1975)

Como na canção de Hyldon, a construção de aulas aconchegantes não se aprende em nenhum livro, mas, precisa de coragem para se libertar, viver e amar. Pode-se dizer, portanto, que não há aulas aconchegantes sem liberdade, assim como não se pode amar sem liberdade, e viver sem liberdade e amor.

Ao longo do texto, embora tenhamos afirmado que não haver roteiros para a construção de aulas aconchegantes, por serem sempre obras inacabadas, incompletas, inconclusas..., um pingo de elementos (possivelmente) universais foram elencados conforme tentávamos responder algumas das inúmeras inquietações aqui apresentadas. Verificamos, de imediato, que Ser Professor é um ofício de pessoa para pessoa, cujo objetivo maior é o de papear à sombra de uma mangueira sobre a vida, sobre o amor à vida, e sobre os desafios de se viver num mundo em que tudo se apresenta justamente ao contrário.

Papear à sombra de uma mangueira é, obviamente, uma metáfora para uma aula aconchegante. Aprendemos com Paulo Freire. Com o mestre aprendemos, também, que o atraente das aulas aconchegantes não é local, não são os recursos pedagógicos disponíveis, nem o “bom” ou “mau” uso que se façam desses, mas, o entrelaçamento de muitas personalidades livres que se engajam no ato de ensinar e aprender; e fazem isso não por obrigação, hábito, ou por conformismo, mas de uma forma pessoal e, ao mesmo tempo, coletiva, comprometida e criativa.

Vimos, ainda, que a metáfora do papeio aconchegante sob à sombra de uma árvore não tem lugar no mundo acadêmico. A conversação vai desaparecendo, assim como as árvores e vice-versa. Por isso, optamos por escarafunchar sentidos de se aconchegar sob uma mangueira como um ato efetivamente pedagógico, de formação humana e de formação superior.

Identificamos, como princípios, três palavras-chave indispensáveis na construção de uma aula aconchegante: atenção (a si e aos outros), humildade (ninguém sabe mais que ninguém, mas sabemos coisas distintas) e cuidado (de si e dos outros). Vimos, ainda, que essas palavras-chave se tornam vazias sem atitudes que compreendam essas próprias palavras, transformando a aula em um lugar de aconchego.

Reiterando o que foi delineado, uma aula aconchegante não é uma aula que não se leva a sério, onde se faz o que quer, como quer. Pelo contrário, é um lugar no qual o respeito é encarado como fundamento. Por isso que colocamos duas urgências pedagógicas para a construção de aulas aconchegantes: entusiasmo e diálogo. Entusiasmar-se com a vida e dialogar sobre o mundo são essenciais para promover o aconchego.

Mesmo assim, apesar de palavras-chave e urgências pedagógicas inventariadas, acreditamos que não há roteiros prontos e acabados sobre a promoção de aulas aconchegantes. Precisamos descortinar caminhos.

Por isso, não escrevemos as conclusões ou considerações finais deste texto, mas sobre a coragem de se construir aulas aconchegantes... Mais do que tudo é necessária a coragem infatigável de libertar-se, viver e amar (ou ao menos respeitar) as singularidades humanas irrepetíveis que compõem o universo da sala de aula.

Por fim, as palavras do cantor e compositor Hyldon vão ecoando e nos ensinando que, assim como as árvores, as aulas precisam de raízes na grandeza do espaço, com toda a sua biodiversidade e beleza. Por isso, quando pensarmos em aulas aconchegantes, estaremos pensando nisto: “Descansar na sombra de uma árvore, ouvindo pássaros cantar, cantar [...]”. Sem essa liberdade, sem a gentileza para consigo mesmo e para com o outro, sem solidariedade, sem sensibilidade e sem conexão com a vida planetária, sempre a permear e a caracterizar as aulas, não se descobre esse universo inesgotável que é a existência humana. E, assim, a sala de aula corre o risco de ser sempre um espaço frio e apático ante a realidade que vivemos. Por isso, encerramos, sem concluir, afirmando (para nós mesmos), que o mais importante, desde já, é assumir a coragem de se construir aulas aconchegantes.

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Recebido: 29 de Abril de 2023; Aceito: 05 de Outubro de 2023

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