Introdução
A criação, em 1937, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), nomeado inicialmente, Instituto Nacional de Pedagogia, sob a égide do reformismo educacional, notadamente, no que se refere às inovações nas metodologias do ensinar e do aprender, ensejou a realização de inquéritos, cursos de aperfeiçoamento, assistência técnico pedagógica, levantamento bibliográfico e intercâmbios internacionais.
Na década seguinte a sua criação, especificamente, no ano de 1944, teve início no INEP a publicação da Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), que mantém sua relevância e permanece em atividade até os dias de hoje, com o intuito, que se reafirmou ao longo do tempo, de divulgar os conhecimentos relativos à pesquisa educacional. A esta importante iniciativa no âmbito do INEP, somou-se, entre outras, a criação, em 1955, do Centro Brasileiro de Pesquisa em Educação (CBPE) e dos Centros Regionais de Pesquisa em Educação (CRPE), que ocorreram sob a gestão de Anísio Teixeira no INEP.
Estes centros desempenharam papel relevante na pesquisa e na divulgação de conhecimentos em Educação, por meio de inúmeras iniciativas, que incluíam, por exemplo, a distribuição de bibliografia atualizada para a formação de professores, o apoio a realização de investigações, a publicação de boletins e a formação de professores (Araújo; Brzezinski, 2006).
O vínculo entre a pesquisa realizada e a possibilidade de elas subsidiarem a melhoria da educação nacional estava posta desde sempre e era fundamentada, sobretudo, nas ideias de Durkheim, para quem, as Ciências da Educação colaboravam para o entendimento do que foi e do que é a Educação, com vistas a subsidiar propostas pedagógicas de mudança das políticas e das ações educacionais, com vistas a sua melhoria (Weiss, 2009).
Na década de 1960, surgem os primeiros programas de pós-graduação em Educação no Brasil, por meio de cursos de Mestrado e de Doutorado, nos quais encontraram abrigo tanto a pesquisa educacional, mas, sobretudo, os processos de formação de novas gerações de pesquisadores da área de Educação, movimento que ganhou densidade ao longo do tempo e que se estende até o momento presente.
Tradicionalmente, a divulgação dos resultados das investigações realizadas no âmbito destes programas de pós-graduação em Educação ocorria por meio de dissertações e teses, que, em algumas oportunidades, ganhavam a forma de livros autorais, o que colaborou para o estabelecimento de uma bibliografia de referência na área de Educação. Todavia, com o crescimento da pós-graduação em Educação, ganhou relevo também a publicação de artigos em periódicos científicos, os quais também se ampliaram enormemente desde a criação da RBEP, em 1944.
A expansão da pós-graduação em Educação que ocorreu de modo ininterrupto desde a criação dos primeiros programas até a atualidade, colaborou amplamente para o alargamento das fronteiras nacionais da pesquisa em Educação, que partiu da centralidade exercida nas principais cidades brasileiras, notadamente, daquelas localizadas na região Sudeste, com avanço para as demais regiões, estados e cidades brasileiras, por meio da consolidação de diferentes programas de pós-graduação em Educação e, por desdobramento, com a ampliação dos periódicos científicos em Educação no país.
Deste modo, neste artigo, buscaremos caracterizar os periódicos da área de Educação da região Centro-Oeste do Brasil, o que, no âmbito da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), inclui os periódicos com sede: em Brasília/DF; em Goiás (GO); no Mato Grosso (MT); no Mato Grosso do Sul (MS); na região do Triângulo Mineiro (Minas Gerais, MG). A inclusão do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, está ancorada na divisão geo-educacional no âmbito da CAPES e da ANPEd, o que se aplica aos programas de pós-graduação em Educação e, por desdobramento, aos periódicos da área de Educação. Deste modo, elencaremos os periódicos atualmente existentes, o início da publicação, a editoria, a periocidade, às temáticas, os indexadores e os resultados obtidos nas avaliações promovidas no âmbito do Qualis Periódicos da Capes. Por fim, apontaremos os principais desafios postos para estes periódicos na atualidade.
Os periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil na atualidade
Desde a criação do Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE), em 2011, foram organizados diferentes fóruns regionais: Norte/Nordeste; Sudeste; Centro-Oeste e Sul, que, conjuntamente, procederam o mapeamento dos periódicos em Educação no país1. No que se refere aos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, o último cadastramento finalizou em março de 2024, aos cuidados da coordenação regional Centro-Oeste do FEPAE (FEPAE-CO), tendo como resultado o elenco de 27 periódicos em Educação, conforme consta da Tabela 1.
Tabela 1 Periódicos da área de Educação da região Centro-Oeste do Brasil (2024)2
No. | ESTADO | INSTITUIÇÃO | CIDADE | PERIÓDICO | Início |
---|---|---|---|---|---|
1. | DF | ANPAE | Brasília | Revista Brasileira de Política e Administração da Educação | 1983 |
2. | DF | INEP | Brasília | Em Aberto | 1981 |
3. | DF | INEP | Brasília | Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos | 1944 |
4. | DF | UnB | Brasília | Linhas Críticas | 1995 |
5. | GO | FacMais | Inhumas | Revista Científica de Educação - RCE | 2016 |
6. | GO | PUC Goiás | Goiânia | Educativa | 1997 |
7. | GO | UFCAT | Catalão | Poíesis Pedagógica | 2003 |
8. | GO | UFG | Goiânia | Inter-Ação | 1975 |
9. | GO | UFG | Goiânia | Revista UFG | 1997 |
10. | GO | UFJ | Jataí | Itinerarius Reflectionis | 2005 |
11. | MG | UFTM | Uberaba | Revista Triângulo | 2008 |
12. | MG | UFU | Uberlândia | Cadernos de História da Educação | 2002 |
13. | MG | UFU | Uberlândia | Educação e Filosofia | 1986 |
14. | MG | UFU | Uberlândia | Ensino em Re-Vista | 1992 |
15. | MG | UFU | Uberlândia | Obutchénie. Revista de Didática e Psicologia Pedagógica | 2017 |
16. | MG | UFU | Uberlândia | Educação e Políticas em Debate | 2012 |
17. | MG | UNIUBE | Uberaba | Revista Profissão Docente | 2001 |
18. | MS | UCDB | Campo Grande | Série-Estudos | 1994 |
19. | MS | UEMS | Paranaíba | Interfaces da Educação | 2010 |
20. | MS | UFGD | Dourados | Revista Educação e Fronteiras | 2007 |
21. | MS | UFGD | Dourados | Horizontes - Revista de Educação | 2013 |
22. | MS | UFMS | Campo Grande | Intermeio | 1995 |
23. | MS | UFMS/UCDB | Campo Grande | Revista Edutec - Educação, Tecnologias Digitais e Formação Docente | 2021 |
24. | MT | UFMT | Cuiabá | Revista de Educação Pública | 1992 |
25. | MT | UNEMAT | Cáceres | Revista da Faculdade de Educação | 2003 |
26. | MT | UNEMAT | Sinop | Educação, Cultura e Sociedade | 2011 |
27. | MT | UNEMAT | Sinop | Revista Eventos Pedagógicos | 2010 |
Fonte: Elaborado pelos autores (2024).
Depreende-se das informações contidas na Tabela 1 que, dentre os 27 periódicos em Educação da região Centro-Oeste, o maior número está no Triângulo Mineiro, em MG, com 07 periódicos (26%). Com sede em Uberlândia constam 05 periódicos e, em Uberaba, 02. Na sequência, empatam GO e MS, com 06 periódicos cada. Em GO, com sede na capital, Goiânia, há 03 periódicos, enquanto os outros 03 estão em Catalão, Jataí e Inhumas, o que representa 22,2%. No MS constam na capital, Campo Grande, 03 periódicos; em Dourados, 02; em Paranaíba, 01, o que também representa 22,2%. Também empatados com 04 periódicos há Brasília/DF e MT. Brasília/DF conta com 04 periódicos (14,8%), enquanto em MT há 01 periódico na capital, Cuiabá, 02 em Sinop e 01 em Cáceres (14/8%).
A cidade de Uberlândia/MG possui 05 periódicos (18,5%). Em seguida, comparece Brasília/DF, com 04 periódicos (14,8%). Goiânia/GO (11,1%) e Campo Grande/MS (11,1%) empatam com 03 periódicos cada. Depois, com 02 periódicos cada constam Uberaba/MG (7,4%), Dourados/MS (7,4%) e Sinop/MT (7,4%). Com 01 periódico comparecem 06 cidades (22,3%), a saber: Inhumas/GO (3,7%); Catalão/GO (3,7%); Jataí/GO (3,7%); Paranaíba/MS (3,7%); Cuiabá/MT (3,7%); Cáceres/MT (3,7%). Possivelmente, exista uma correlação entre a existência de periódicos nas quantidades demonstradas nestas cidades com suas dimensões populacionais, com a existência e o número de matriculados em programas de pós-graduação na área de Educação.
O setor público estatal abriga a maior parte dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, destacadamente as Instituições Federais de Educação Superior (IFES), com 15 periódicos (55,6%). Em seguida, constam empatadas as Instituições Estaduais de Educação Superior (IEES), com 04 periódicos (14,8%) e as Instituições Particulares de Educação Superior (IPES), também com 04 periódicos (14,8%). Há também uma parceria entre grupos de pesquisa da UFMS e da UCDB, responsável por 01 periódico (3,7%). A Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae), com sede nacional em Brasília/DF, mantém 01 periódico (3,7%) e o INEP, sediado em Brasília/DF, abriga 02 periódicos (7,4%). Neste caso, é evidente uma correlação entre a existência de programas de pós-graduação em Educação e periódicos científicos em Educação nas IFES, o que se repete nas demais instituições universitárias que abrigam os periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste.
O início da publicação dos periódicos em Educação na região Centro-Oeste
Dentre os periódicos em Educação que atualmente estão sediados na região Centro-Oeste, o primeiro deles teve o início de sua publicação pelo INEP em 1944, a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (RBEP), todavia, ele estava sediado no antigo Distrito Federal, localizado na cidade do Rio de Janeiro, o que foi alterado posteriormente, dada a mudança do Distrito Federal para Brasília. Em 1975, foi criada a Revista Inter-Ação, da UFG, que, não fosse a transferência da RBEP para Brasília/DF, teria sido o primeiro periódico em Educação criado na região Centro-Oeste. Na Tabela 2 é possível verificar o início da publicação dos 27 periódicos cadastrados no FEPAE-CO em 2024.
Tabela 2 Início da publicação dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste (2024)
DÉCADA | PERIÓDICOS | ANO DE INÍCIO DA PUBLICAÇÃO (NÚMERO DE PERIÓDICOS) | |
---|---|---|---|
Número | % | ||
1940 | 01 | 03,7% | 1944 |
1970 | 01 | 03,7% | 1975 |
1980 | 03 | 11,2% | 1981, 1983 e 1986 |
1990 | 07 | 25,9% | 1992(2), 1994, 1995(2) e 1997(2) |
2000 | 07 | 25,9% | 2001, 2002, 2003(2), 2005, 2007 e 2008 |
2010 | 07 | 25,9% | 2010(2), 2011, 2012, 2013, 2016 e 2017 |
2020 | 01 | 03,7% | 2021 |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
Depreende-se dos dados contidos na Tabela 2 que dentre os 27 periódicos analisados, 21 foram criados entre as décadas de 1990 e 2010 (77,8%), o que possivelmente esteja relacionado ao crescimento dos programas de pós-graduação em Educação na região neste período, com o correspondente estímulo à criação de periódicos. Na década de 2020, até o presente momento, constatamos a criação de um novo periódico, nomeado Revista Edutec - Educação, Tecnologias Digitais e Formação Docente, em uma parceria estabelecida entre grupos de pesquisa provenientes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
A editoria dos periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
Ainda que exista relativa alternância nos responsáveis pela edição de periódicos de modo geral, o que se repete na área de Educação, os dados apresentados na Tabela 3, que se referem ao momento atual da editoria dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, evidenciam a predominância de mulheres a frente dos periódicos, em um total de 18 periódicos (66,7%), enquanto há 09 periódicos sobre responsabilidade de homens (33,3%). Este resultado provavelmente esteja relacionado a predominância de mulheres nos quadros profissionais da área de Educação nas instituições de educação superior brasileiras, bem como a um processo consistente de ocupação de espaços no ensino, na pesquisa e na extensão.
Tabela 3 Homens e mulheres na editoria dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste (2024)
PERIÓDICOS (ORDEM ALFABÉTICA) | Homens | Mulheres |
---|---|---|
Cadernos de História da Educação | 01 | - |
Educação e Filosofia | 01 | - |
Educação e Políticas em Debate | - | 01 |
Educação, Cultura e Sociedade | 01 | - |
Educativa | 01 | - |
Em Aberto | - | 01 |
Ensino em Re-Vista | - | 01 |
Horizontes - Revista de Educação | 01 | - |
Inter-Ação | - | 01 |
Interfaces da Educação | - | 01 |
Intermeio | - | 01 |
Itinerarius Reflectionis | - | 01 |
Linhas Críticas | 01 | - |
Obutchénie. Revista de Didática e Psicologia Pedagógica | - | 01 |
Poíesis Pedagógica | - | 01 |
Rev. Triângulo | - | 01 |
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos | - | 01 |
Revista Brasileira de Política e Administração da Educação | 01 | - |
Revista Científica de Educação - RCE | - | 01 |
Revista da Faculdade de Educação | 01 | - |
Revista de Educação Pública | - | 01 |
Revista Educação e Fronteiras On-Line | - | 01 |
Revista Edutec - Educação, Tecnologias Digitais e Formação Docente | - | 01 |
Revista Eventos Pedagógicos | 01 | - |
Revista Profissão Docente | - | 01 |
Revista UFG | - | 01 |
Série-Estudos | - | 01 |
Total | 09 | 18 |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
A periocidade dos periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
Atualmente, a maioria dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste adota a modalidade de publicação contínua, o que alcança 15 periódicos (55,6%), enquanto a periocidade quadrimestral soma 09 periódicos (33,3%) e apenas 03 periódicos permanecem com periocidade semestral (11,1%), conforme consta na Tabela 4.
Tabela 4 Periocidade da publicação dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste (2024)
PERIOCIDADE | QUANTIDADE | % |
---|---|---|
Semestral | 03 | 11,1% |
Quadrimestral | 09 | 33,3% |
Publicação Contínua | 15 | 55,6% |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
Estes dados denotam a tendência de convergência dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste para a publicação contínua, o que, possivelmente, encontre correspondência no cenário nacional e mesmo internacional, dado que a publicação contínua flexibiliza o trabalho editorial, notadamente, diante do abandono da publicação impressa, que engessava as possibilidades do trabalho editorial, bem como, encarecia a publicação dos periódicos. Nessa direção, a publicação contínua acomodou melhor à utilização do Open Journal Systems (OJS), que é um software livre, com código aberto, voltado para o gerenciamento de periódicos acadêmicos revisados por pares, criado pelo Public Knowledge Project (PKP), o qual é utilizado pela quase totalidade dos periódicos da região Centro-Oeste.
As temáticas dos periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
Conforme pode ser examinado na Tabela 5, predominam periódicos que publicam artigos em temáticas gerais da Educação, com 21 periódicos (77,8%). Há dois periódicos focados em temáticas relacionadas à formação de professores (7,4%) e dois vinculados à temática da Política Educacional (7,4%). A temática da História da Educação comparece com um periódico (3,7%), o que se repete em relação ao tema da Didática e Psicologia Pedagógica (3,7%).
Tabela 5 Temáticas de publicação dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste (2024)
Temáticas | QUANTIDADE | % |
---|---|---|
Didática e Psicologia Pedagógica | 01 | 03,7% |
Educação em Geral | 21 | 77,8% |
Formação de Professores | 02 | 07,4% |
História da Educação | 01 | 03,7% |
Política Educacional | 02 | 07,4% |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
Nos limites postos para este artigo, dada a complexidade e a abrangência da área de Educação, pudemos elencar apenas as temáticas mais aparentes dos periódicos, mas, mediante estudos aprofundados poderiam ser investigadas as temáticas abordadas nestes periódicos ao longo do tempo, pois que mesmo aquelas contidas nos periódicos mais específicos da região Centro-Oeste, dedicados, por exemplo, a política educacional e a História da Educação comparecem regularmente nos periódicos de Educação em Geral, bem como diversas outras temáticas das diferentes subáreas e especialidades da área de Educação e mesmo no que se refere à temáticas emergentes, o que, evidentemente, prescinde de investigações futuras.
Os indexadores dos periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
Quanto aos indexadores informados pelos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, conforme consta na Tabela 6, predominam a vinculação ao Latindex e ao Diadorim, respectivamente, com 24 (88,9%) e 18 (66,7%) periódicos indexados. A indexação no DOAJ e no Sumários está presente em 14 periódicos (51,8%), sendo o DOAJ um importante indexador para os periódicos em acesso aberto, que não cobram taxas para publicação. A seguir, somam 10 periódicos indexados no Educ@, no Portal de Periódicos da Capes e no Redib. Neste caso, convém mencionar a importância que o Educ@ tem adquirido no que se refere aos periódicos da área de Educação, dado que tem processo rigoroso para admissão de novos periódicos e que se utiliza da metodologia SciELO, o que traz exigências significativas tanto para a admissão de um periódico quanto para sua manutenção na coleção do Educ@.
Tabela 6 Indexadores por ordem de incidência dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste (2024)
INDEXADORES | QUANTIDADE | % |
---|---|---|
LATINDEX | 24 | 88,9% |
DIADORIM | 18 | 66,7% |
DOAJ; SUMARIOS | 14 | 51,8% |
EDUC@; PORTAL DE PERIÓDICOS CAPES; REDIB | 10 | 37,0% |
BBE | 09 | 33,3% |
EDUBASE; LIVRE | 07 | 25,9% |
CLASE; IRESIE | 06 | 22,2% |
BASE; MIAR; MIGUILIM; ROAD | 05 | 18,5% |
CITEFACTOR; DRJI; ERIH PLUS; EZB; PERIÓDICO DE MINAS | 04 | 14,8% |
WORLDCAT | 03 | 11,1% |
COPERNICUS; EUROPUB; FATCAT; J4F; SCILIT | 02 | 07,4% |
ACTUALIDAD IBEROAMERICANA; AURA-AMELICA; BIBLAT; BRCRIS; CIAFIC; CIRC; CZ3; DIALNET; ELECTRONIC JOURNALS LIBRARY; JOURNALSEEK; LA REFERENCIA; LACRIÉE: PERIODIQUES EM LIGNE; LIBRARY OF CONGRESS; MELICA; OAJI.NET; OBSERVATÓRIO DE EDUCAÇÃO; OEI; PHILPAPERS JOURNAL; PROQUEST EDUCATION DATABASE; RCAAP; REDALYC; REFDOC; REPERTOIRE BIBLIOGRAPHIQUE DELA PHILOSOPHIE; SCIELO; SCIENCE LIBRARY INDEX; SIENTIFIC INDEXING SERVICES; THE PHILOSOPHER’S INDEX; ULRICHSWEB; WEB OF SCIENCE; WIKIDATA; WORLDCAT; ZDB | 01 | 03,7% |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
Os dados da Tabela 6 evidenciam também que há grande dispersão em diferentes indexadores, com boa parte deles sendo adotados por apenas um dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, o que parece guardar relação com as áreas mais específicas de alguns periódicos e as diferenças de momento dos processos de indexação, notadamente, em alguns casos, quando os periódicos eram exclusivamente impressos, sem a possibilidade de versões on-line. De qualquer maneira esta diversidade, acaba por possibilitar visibilidade aos periódicos.
É importante destacar que a Revista Brasileira de Estudos Pedagógico (RBEP) está indexada no SciELO e o periódico Linhas Críticas, da Universidade de Brasília, está indexado no Redalyc e no Web of Science (Emerging Sources Citation Index), o que assinala esforços e méritos dos responsáveis por estes periódicos ao longo dos anos, mas, também, incentiva esforços nesta direção por parte de outros periódicos da região Centro-Oeste. Todavia, nota-se a ausência de indexação dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste no Scopus, que é um indexador muito importante, especialmente, na Europa, o que denota caminhos a serem percorridos.
A avaliação dos periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
No que se refere a avaliação promovida no âmbito da CAPES, nomeada Qualis Periódicos, com a finalidade de auxiliar o processo de avaliação dos programas de pós-graduação em Educação no país, os resultados em vigor estão relacionados ao que foi relatado como lócus de publicação pelos pesquisadores vinculados aos mencionados programas no período de 2017 a 2020, que foi o último quadriênio avaliativo da CAPES. Para esta avaliação, a área de Educação da Capes pôde contar com um processo rigoroso de avaliação dos periódicos realizado em 2019, com a finalidade de subsidiar a nomeada avaliação de meio-termo dos programas de pós-graduação em Educação, que se utilizou de uma ficha de avaliação com critérios que se foram consolidando ao longo de anos no Qualis Periódicos da área de Educação, mas, também, contou com uma inovação trazida pela Capes, na qual passou a ser utilizado com ênfase o índice de citações, no caso da área de Educação e de algumas outras áreas no âmbito da CAPES, a partir dos dados de citação de autores e artigos publicados em periódicos extraídos do Google Scholar, por meio da utilização de uma ferramenta disponível no Harzing´s Publish or Perish. Deste modo, os resultados do Qualis Periódicos 2017-2020 apresentados na Tabela 7 expressam a utilização de uma metodologia de análise focada no índice de citações, mas, nesta oportunidade avaliativa, com cotejamento dos resultados alcançados na avaliação de meio termo de 2019.
Tabela 7 Classificação dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste no Qualis Periódicos da Capes (2017-2020)
Estrato avaliativo | QUANTIDADE | % |
---|---|---|
A1 | 02 | 07,4 |
A2 | 07 | 25,9 |
A3 | 03 | 11,1 |
A4 | 08 | 29,7 |
B1 | 04 | 14,8 |
B2 | 01 | 03,7 |
B3 | 00 | 00,0 |
B4 | 00 | 00,0 |
C | 01 | 03,7 |
Não avaliado | 01 | 03,7 |
TOTAL | 27 | 100% |
Fonte: Elaborada pelos autores (2024).
Depreende-se dos dados apresentados na Tabela 7 que a maioria dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste está classificada no estrato A, com 20 periódicos (74,1%). Há 05 periódicos classificados no estrato B (18,5%). Por fim, há ainda 01 periódico classificado no estrato C (3,7%), mas, que recorreu junto a Capes dos resultados e aguarda o devido retorno, bem como, 01 periódico novo (3,7%), criado em 2021, que ainda não foi avaliado.
No que se refere aos periódicos classificados no estrato A, existe concentração, pela ordem, no estrato A4, com 08 periódicos (29,7%) e no estrato A2, com 07 periódicos (25,9%). Em seguida, aparecem 03 periódicos no estrato A3 e, por fim, 02 periódicos no estrato A1, a saber, a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicas (RBEP) e a Revista Brasileira de Política e Administração da Educação (RBPAE). A primeira vinculada ao INEP e, a segunda, a ANPAE, respectivamente, órgão e associação com sede em Brasília/DF, ainda que a RBPAE esteja hospedada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em comparação com a avaliação do Qualis Periódicos realizada no quadriênio anterior (2013-2016), é visível o progresso dos periódicos da região Centro-Oeste, o que se credita a existência de um processo de avaliação com critérios objetivos, o que viabilizou a assertividade da ação dos responsáveis pelos periódicos em busca da qualidade almejada pela área de Educação, o que também explica que poucos periódicos permanecem no estrato B, notadamente, em B1, com 04 periódicos (14,8%) e apenas 01 periódico no estrato B2 (3,7%).
Os desafios para os periódicos da área de Educação na região Centro-Oeste do Brasil
Nas duas últimas décadas houve aperfeiçoamento notável dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, o que se deve, em boa medida, a busca do atendimento das exigências da avaliação postas no âmbito do Qualis Periódicos da Capes pelos responsáveis pela editoração dos periódicos, por vezes, com apoio institucional e das agências de fomento à pesquisa, outras, sem o devido apoio, mas com grande esforço dos responsáveis pelos periódicos.
Nessa direção, consiste em desafio permanente manter o periódico ativo, sem atrasos e com aperfeiçoamentos constantes, o que não se faz sem pessoal dedicado em nível acadêmico, mas, também, em nível técnico. Há dificuldades de financiamento que desafiam a continuidade dos periódicos, os quais, muitas vezes, têm contado com a dedicação de pesquisadores e funcionários, sem a devida valorização de suas atividades, notadamente, com dificuldade de reconhecimento do tempo de dedicação necessário com a manutenção de periódicos que almejam alcançar estratos avaliativos elevados e indexadores de alto nível.
A esse respeito, é preciso compreender que a dimensão artesanal e voluntariosa que esteve presente na gênese da maior parte dos periódicos em Educação da região Centro-Oeste, o que, possivelmente, estende-se a todo país, caso mantido, poderá comprometer a continuidade de diversas iniciativas editoriais que caminharam bem até aqui, mas que, ao adentrar no universo de periódicos internacionais, precisará de maior investimento com vistas a modernização e a profissionalização do processo editorial, em termos acadêmicos, mas, principalmente, em termos técnicos e operacionais. Situação que ainda está longe de ser atendida, destacadamente, pela manutenção de processos desprovidos do tempo de dedicação e da qualificação necessária, o que atinge os pesquisadores envolvidos, mas, sobretudo, o pessoal técnico necessário.
Ainda que a maior parte dos periódicos esteja vinculado à instituições federais e estaduais de educação superior, nas quais há presença de programas de pós-graduação em Educação, permanecem incipientes nas mesmas o reconhecimento da importância do trabalho da editoria de periódicos científicos, com valorização em termos de carga-horária destinada a este tipo de atividade, com liberação de atividades outras quando do exercício da função de editoria, o que, no mais das vezes, é viabilizado por uma sobrecarga de trabalho que colabora para uma diferenciação indevida de tempo de dedicação à universidade. Do ponto de vista do pessoal técnico, de grande importância para o bom funcionamento e para o crescimento dos periódicos, a disponibilização de pessoal não é facilmente obtida, bem como o tempo de dedicação muitas vezes é restrito, com poucos investimentos na atualização dos funcionários mais diretamente vinculados aos periódicos científicos da área de Educação.
Estas dificuldades muitas vezes limitam as possibilidades de desenvolvimento de um periódico científico, com consequências visíveis no avanço na classificação do Qualis Periódicos, causada, em muitas oportunidades, pela dificuldade em obter indexações de alto nível que dariam maior visibilidade aos artigos publicados pelos periódicos, notadamente, no Educ@, no SciELO, na Redalyc, no Web of Science e no Scopus. Nesse sentido, ainda que tenhamos evoluído na qualificação dos periódicos, limitações de ordem operacional podem dificultar a continuidade desta evolução, pois que, em boa medida, já se alcançou o máximo de rendimento possível nas condições existentes.
Portanto, consiste grande desafio para os periódicos em Educação da região Centro-Oeste, conseguir ampliar sua infraestrutura, notadamente, em termos de recursos humanos qualificados e em quantidade suficiente, mediante um apoio institucional consistente, que tome os periódicos científicos que abriga com o mesmo empenho que concede as atividades de ensino, pesquisa e extensão, sobretudo, com a consideração da importância dos periódicos para a consolidação institucional e da pesquisa na área educacional.
Considerações finais
Neste artigo objetivou-se, primeiramente, caracterizar os periódicos em Educação da região Centro-Oeste, especificamente, daqueles que estão cadastrados junto a coordenação regional Centro-Oeste do Fórum de Editores de Periódicos em Educação (FEPAE), vinculado a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd). Em seguida, buscou-se apresentar os resultados alcançados no Qualis Periódicos da Capes por estes periódicos e refletir acerca dos desafios postos para estes periódicos atualmente.
Somam 27 periódicos em Educação na região Centro-Oeste, distribuídos do seguinte modo: 07, na região do Triângulo Mineiro do Estado de Minas Gerais (26%); 06, em Goiás (22,2%); 06, em Mato Grosso do Sul (22,2%); 04, em Brasília/DF (14,8%); 04 em Mato Grosso (14,8%). Somam 15 periódicos que estão abrigados em instituições federais de educação superior (55,6%), enquanto 04 periódicos estão em instituições estaduais de educação superior (14,8%). Os demais periódicos estão vinculados a instituições de educação superior particulares, associação científica ou órgão governamental, o que perfaz um total de 07 periódicos (25,9%). Por fim, há 01 periódico (3,7%) em parceria entre grupo de pesquisa vinculado à UFMS e outro grupo de pesquisa vinculado à UCDB.
O processo de criação de periódicos em Educação atualmente vinculados a região Centro-Oeste foi mais intenso entre as décadas de 1990 e 2010, quando foram criados 21 dos 27 periódicos existentes, com 07 periódicos criados em cada década, o que, de certo modo, acompanha a própria expansão dos programas de pós-graduação em Educação na região Centro-Oeste. Na editoria de periódicos em Educação da região Centro-Oeste constam atualmente 18 periódicos com editoras, o que representa 66,7% do total. Por seu turno em 08 periódicos constam editores (33,3%). A prevalência de mulheres a frente de periódicos em Educação na região Centro-Oeste encontra correspondência com o número de pesquisadoras vinculadas à área acadêmica da Educação, o que se estende ao conjunto de instituições de educação superior, associações e órgãos da área de Educação.
Em termos de periocidade, os periódicos em Educação da região Centro-Oeste adotaram ao longo dos últimos anos a modalidade de publicação contínua de maneira predominante, com alcance de 15 periódicos, o que perfaz 55,6% do total. Há ainda 09 periódicos com publicação quadrimestral (33,3%) e 03 periódicos, com publicação semestral (11,1%). Sem dúvida, a publicação contínua é mais compatível com a publicação on-line consolidada.
Predominam periódicos dedicados a temáticas gerais da área de Educação, com um total de 21 títulos, o representa 77,8%. Ainda assim, há periódicos dedicados a temáticas específicas no interior da área de Educação na região Centro-Oeste, que representam 22,2% do total de periódicos, o que inclui às seguintes temáticas: Didática e Psicologia Pedagógica, Formação de Professores; História da Educação; Política Educacional.
Os indexadores mais frequentes nos periódicos da área de Educação da região Centro-Oeste são Latindex (24 periódicos), Diadorim (18), DOAJ (14) e Sumários (14). Constam 10 periódicos indexados no Educ@, que é um importante indexador, notadamente, por congregar exclusivamente periódicos da área de Educação e adotar metodologia SciELO. Há grande dispersão em diferentes indexadores, mas, convém registrar o fato de a RBEP estar indexada no SciELO e a Linhas Críticas estar indexada no Redalyc e no Web of Science (Emerging Sources Citation Index). Todavia, ainda não constam indexações no Scopus no âmbito da região Centro-Oeste.
Os periódicos em Educação da região Centro-Oeste estão bem posicionados na última classificação disponibilizada no âmbito do Qualis Periódicos da Capes, que se refere ao quadriênio 2027-2020, com 20 periódicos no estrato avaliativo A, notadamente, nos estratos A4 (29,7%) e A2 (25,9%), com pouca prevalência no estrato B, com apenas 05 periódicos, o que assinala melhoria em relação ao Qualis Periódicos da CAPES do quadriênio anterior.
Por fim, se os periódicos em Educação da região Centro-Oeste evoluíram ao longo do tempo, há um conjunto de desafios que se apresentam e que, caso não sejam enfrentados e superados, poderão dificultar a continuidade deste processo de aperfeiçoamento, notadamente, no que se refere à modernização e à profissionalização dos processos de editoração dos periódicos na região, mediante apoio consistente das instituições, associações, órgãos e agências de fomento à pesquisa.