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Revista Brasileira de Educação Médica

versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271

Rev. Bras. Educ. Med. vol.43 no.4 Rio de Janeiro out./dez 2019  Epub 12-Set-2019

https://doi.org/10.1590/1981-52712015v43n4rb2019editorial 

Editorial

Arte e Medicina

Art and Medicine

Olavo Franco Ferreira FilhoI 
http://orcid.org/0000-0002-0777-109X

IUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil; Editor-Chefe da Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília, Distrito Federal, Brasil.


Medicina é a ciência e a arte de “curar os doentes e aliviar o sofrimento”. No entanto, a especialização e o rápido avanço do conhecimento e da tecnologia afastam a atenção de professores e estudantes do propósito central da medicina. Os pacientes reclamam que os médicos os tratam como objetos inanimados e que serão analisados por um computador, máquinas de tomografia e ressonância magnética. Eles querem ter tempo para conversar e ter contato físico com o médico.

A medicina exige conhecimento científico, que será aplicado à beira do leito. Mas o conhecimento por si só não é suficiente para aliviar o sofrimento. É preciso, também, desenvolver e praticar habilidades e atitudes à beira do leito para ganhar a confiança do paciente e aumentar sua adesão ao tratamento.

Boas práticas à beira do leito são a essência da arte da medicina. As escolas estão descobrindo que ensinar as artes aos estudantes de Medicina os ajuda a aprimorar suas habilidades de observação e os ensina a ser mais empáticos. A empatia é “a capacidade de estar ciente dos sentimentos e emoções de outras pessoas”. Empatia não é o mesmo que simpatia, que é “sentir por alguém”. Professores e estudantes precisam de empatia para entender os pacientes.

Arte e medicina caminham juntas há muito tempo. Leonardo da Vinci, por exemplo, dissecava corpos para tornar seus trabalhos perfeitos. Em todo o mundo, universidades estão usando algumas obras-primas para ajudar os estudantes a compreender melhor a anatomia humana, a reconhecer sintomas e a desenvolver qualidades importantíssimas para um bom médico – a capacidade de observação.

Nos Estados Unidos, a Escola de Medicina do Monte Sinai, em Nova York, leva os estudantes ao Metropolitan Museum. Lá está, por exemplo, a tela “Abraão Expulsando Hagar e Ismael”, do holandês Nicolaes Maes. A obra retrata uma passagem bíblica segundo a qual Abraão manda embora a escrava Hagar e o filho que teve com ela, Ismael. Enquanto percorrem o museu, os estudantes são estimulados a observar o quadro. O objetivo dos professores, nesse caso, é fazer os jovens refletirem sobre os prejuízos de uma decisão errada. Ao mandar os dois para longe e ficar apenas com seu filho legítimo, Isaac, Abraão acabou dando início a uma das grandes cisões mundiais: Ismael deu origem ao povo árabe, e Isaac, ao povo judeu.

São poucos ainda os trabalhos que medem os resultados deste tipo de iniciativa para o cotidiano médico. Um dos maiores esforços das escolas de Medicina é fazer com que os alunos consigam realizar um retrato integral do paciente e não apenas avaliar sua queixa pontual. Com a ajuda da arte, o médico passa a ver o doente com um olhar mais apurado, a lidar com as incertezas, a enxergar detalhes que poderão ajudar no diagnóstico.

Neste número da Revista Brasileira de Educação Médica, temos um artigo que se propõe fazer uma revisão da literatura sobre a aplicação das artes na prática médica e que, com certeza, despertará o interesse daqueles que desejam introduzir em suas grades curriculares essa importante estratégia de aprendizado.

REFERÊNCIAS

1. Monahans L, Monahan D, Chang L. Applying art observations skills to standardized patients. Applied Nursing Research 2019; 48: 8-12. [ Links ]

2. Hajar R. What as art to do with medicine? Heart Views; 19(1):34-35. [ Links ]

Recebido: 25 de Julho de 2019; Aceito: 25 de Julho de 2019

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA. Associação Brasileira de Educação Médica – Abem SCN Quadra 2, Bloco D, Sala 1021, Asa Norte – Brasília CEP 70712-903 – DF

CONFLITO DE INTERESSES

Autor declara não haver.

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