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Revista Brasileira de Educação Médica

versão impressa ISSN 0100-5502versão On-line ISSN 1981-5271

Rev. Bras. Educ. Med. vol.45 no.1 Rio de Janeiro  2021  Epub 15-Mar-2021

https://doi.org/10.1590/1981-5271v45.1-20200053.ing 

ARTIGO ORIGINAL

Associação entre inteligência emocional e empatia em estudantes de Medicina: estudo transversal unicêntrico, Brasil, 2019

Janaína Teixeira Nunes Silva1 
http://orcid.org/0000-0002-4275-1115

Antonio Toledo Júnior2 
http://orcid.org/0000-0001-8912-2589

1 Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves, São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil.

2 Universidade José do Rosário Vellano, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.


Resumo:

Introdução:

A inteligência emocional (IE) e a empatia são duas habilidades essenciais para a medicina centrada na pessoa.

Objetivos:

Avaliar a associação entre IE e empatia e verificar se fatores sociodemográficos e o tempo de curso influenciam os seus níveis.

Métodos:

Trata-se de estudo transversal realizado com estudantes de Medicina de uma instituição privada de ensino da cidade de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil. Os níveis de IE foram avaliados por meio do Teste de Autoavaliação de Inteligência Emocional de Schutte e os níveis de empatia, pela Escala de Empatia de Jefferson (versão para estudante). Todos os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da inclusão no estudo. A análise estatística utilizou a média, o desvio padrão, a distribuição de frequência, o teste t de Student, a correlação de Pearson e a regressão linear. Foi considerado o nível de significância de 0,05.

Resultados:

De 5 a 30 de agosto de 2019, 193 voluntários, que correspondiam a 85,8% da população total, concordaram em participar do estudo. Os escores totais observados de IE (129,8 ± 13,3) e empatia (121,2 ± 11,6) foram elevados. O escore total de IE foi influenciado pela idade (pajustado = 0,018). Os alunos de períodos mais avançados apresentaram escore total de empatia mais alto (pajustado = 0,013). Os estudantes cujos pais não possuíam curso superior também apresentaram escore total de empatia mais elevado (pajustado = 0,031). Observou-se correlação positiva moderada entre os escores totais de IE e de empatia ( ρ = 0,304, p < 0,001), e entre o escore total de empatia e o domínio Manejo das Emoções dos Outros de IE (ρ = 0,300, p < 0,001). Observou-se também correlação positiva fraca entre o escore total de IE e a maioria dos domínios de empatia.

Conclusão:

Observou-se correlação positiva entre IE e empatia. A IE foi influenciada pela idade; e a empatia, pelo período do curso e pela escolaridade dos pais.

Palavras-chave: Educação Médica; Estudantes de Medicina; Empatia; Inteligência Emocional

Abstract:

Introduction:

Emotional intelligence (EI) and empathy are two essential skills for person-centered Medicine.

Objectives:

To evaluate the association between EI and empathy and to assess whether sociodemographic factors and year at the medical school influence the level of EI and empathy.

Methods:

Cross-sectional study carried out in medical students from a private educational institution in the city of São João del-Rei, Minas Gerais, Brazil. EI levels were assessed using the Schutte Self-report Emotional Intelligence Test and empathy levels were assessed using the Jefferson Scale of Empathy (student version). All volunteers signed the Informed Consent Form before inclusion in the study. The statistical analysis used mean values, standard deviation, frequency distribution, Student’s t test, Pearson’s correlation, and linear regression. A significance level of 0.05 was considered.

Results:

From August 5 to 30, 2019, 193 volunteers, corresponding to 85.8% of the total population, agreed to participate in the study. The total EI (129.8 ± 13.3) and empathy (121.2 ± 11.6) observed scores were high. EI scores were influenced only by age (padjusted = 0.018). Students attending more advanced semesters had higher total empathy scores (padjusted = 0.013). Students whose parents did not have a higher education degree also had a higher total empathy score (padjusted = 0.031). A moderate positive correlation was observed between the total EI and empathy scores ( ρ =0.304, p<0.001) and between the total empathy score and the EI domain Managing Others’ Emotions ( ρ =0.300, p<0.001). A weak positive correlation was also observed between the total EI score and most of the empathy domains.

Conclusion:

A positive correlation between emotional intelligence and empathy was observed. The age influenced EI and the year of medical school and parental schooling influenced empathy.

Keywords: Medical Education; Medical Students; Empathy; Emotional Intelligence

INTRODUÇÃO

Em Medicina, a inteligência emocional (IE) e a empatia são conceitos-chave para organizar as habilidades interpessoais e de comunicação1),(2. Tanto a IE quanto a empatia são a base para a capacidade de reconhecer emoções e mensagens afetivas nos outros, construir a aliança terapêutica, se comunicar efetivamente com pacientes e familiares e criar boa relação médico-paciente. Por isso, tem se dado tanta importância a esses conceitos nos dias atuais, em que se busca assistência à saúde compassiva, humanitária e de qualidade3.

O conceito de IE tem suas raízes no conceito de inteligência social descrito pela primeira vez por Thorndike em 1920, que definiu essa inteligência como “a capacidade de perceber estados internos, motivos e comportamentos próprios e alheios, e agir em relação a eles adequadamente com base nessa informação”4. Salovey e Mayer4 foram os primeiros a sugerir a expressão inteligência emocional para se referir à habilidade de pessoas em lidar com suas emoções e a definiram como “um subconjunto da inteligência social, que compreende a capacidade de monitorar os sentimentos e as emoções de si próprio e dos outros, para discriminar entre eles e usar essa informação para orientar o pensamento e as ações”.

Dentro da Medicina, a IE tem sido considerada muito importante, especialmente no ponto de vista do manejo cuidadoso das emoções, necessário na prática e no cuidado diário do paciente5. Durante a formação, os estudantes de Medicina vivenciam cotidianamente situações de dor e sofrimento de pacientes e dos familiares destes. Para que possam ajudá-los a enfrentar essas situações, é imprescindível que eles sejam capazes de entender a dor do outro e diferenciá-la da sua própria dor. Por isso, é importante que, durante a formação, eles possam compreender as emoções e os sentimentos do outro, mostrar que os compreendem e como o fazem. É fundamental também que tenham condições de perceber, sentir e vivenciar essas emoções e sentimentos sem se sentirem oprimidos por eles, mantendo sempre o domínio e controle das próprias emoções1.

Outra habilidade importante para a prática médica é a empatia. Em sua conceituação moderna, a empatia é a capacidade de compreender e partilhar os sentimentos do outro6. Hojat7 definiu empatia no contexto da saúde como sendo predominantemente um atributo emocional cognitivo que envolve a compreensão da dor, das experiências, dos interesses e das perspectivas do paciente, combinado com a capacidade de comunicar essa compreensão e a capacidade de ajudar.

Os pacientes enxergam os médicos que possuem maior empatia como sendo melhores cuidadores. Um médico pode ser muito competente em diagnósticos clínicos, mas ainda será considerado pouco efetivo se perder a ligação entre a satisfação do paciente, a aderência às instruções médicas e a empatia8.

A IE e a empatia são constructos relacionados, porém distintos. Entre os diferentes modelos de IE, o modelo de Bar-On e o de Goleman consideram a empatia como um de seus componentes básicos, sugerindo associação muito próxima desses dois constructos1. Já Salovey e Mayer4 consideram a empatia como característica central do comportamento emocionalmente inteligente e a resposta empática como um componente da IE. Independentemente do modelo, é consenso de que a IE abrange a maneira como as pessoas diferem em suas capacidades emocionais, tanto intrapessoais (regulação do humor, manejo do estresse e percepção das suas próprias emoções) quanto interpessoais (habilidades sociais, percepção da emoção dos outros). A empatia, então, se sobrepõe à IE interpessoal e engloba a habilidade de ter consciência e compreender os sentimentos das outras pessoas9.

Alguns estudos têm avaliado IE e empatia simultaneamente, mas não a associação entre os dois constructos. Austin et al.9 avaliaram 273 estudantes de Medicina do primeiro, segundo e quinto anos com os objetivos de comparar os níveis de empatia, examinar diferença de gêneros na empatia e IE e investigar se IE e empatia estavam relacionadas com sucesso acadêmico. Foram observados níveis de empatia mais elevados entre mulheres. Observou-se associação entre IE e o desempenho acadêmico, e não houve associação entre desempenho acadêmico e empatia.

Os estudos que avaliaram especificamente a associação entre IE e empatia são escassos. Um estudo realizado no Japão entre 2008 e 2011 avaliou 415 estudantes que estavam ingressando na Faculdade de Medicina e foram convidados a responder a questionários referentes à IE, à empatia e aos traços de personalidade. Os resultados indicaram correlação positiva fraca entre IE e empatia6. Já um estudo transversal realizado com 329 estudantes de Enfermagem de uma universidade iraniana mostrou forte correlação positiva entre empatia e IE, indicando que o aumento dos escores de IE estava diretamente associado ao aumento dos escores da empatia10.

Nos últimos anos, tem sido reconhecido na literatura médica que as habilidades interpessoais e o manejo das emoções são muito importantes para os médicos, tendo papel primordial na qualidade da relação médico-paciente. Considerando tratar-se de habilidades, elas podem ser aprendidas, treinadas e aprimoradas ao longo do curso, visando à formação de médicos mais humanistas e centrados no cuidado da pessoa. Não foi identificado na revisão de literatura nenhum estudo realizado no Brasil que avaliasse a associação entre IE e empatia em estudantes de Medicina. Diante dessa realidade, o objetivo principal deste estudo foi avaliar a associação entre IE e empatia nessa população.

MÉTODOS

Realizou-se um estudo transversal com estudantes de Medicina do Centro Universitário Presidente Tancredo de Almeida Neves (Uniptan), uma instituição privada de ensino sediada na cidade de São João del-Rei, em Minas Gerais, e criada em 2000. O curso de Medicina foi criado em 2015 e tem metodologia mista de ensino. A população-alvo era formada por todos os alunos matriculados no segundo semestre de 2019.

Os critérios de inclusão foram os seguintes: estar regularmente matriculado no curso de Medicina no segundo semestre de 2019 e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Excluíram-se os alunos que participaram de qualquer pesquisa com um dos instrumentos utilizados neste estudo nos últimos dois anos, não assinaram o TCLE ou não responderam ao questionário completamente. Todos os alunos do quarto e quinto períodos foram excluídos por terem participado de estudo utilizando o questionário para avaliação da IE em 2018. No segundo semestre de 2019, o curso não possuía sétimo período, pois não houve processo de seleção correspondente a esse semestre.

A população potencial, portanto, era composta por 225 alunos, sendo 140 (62,2%) mulheres e 85 (37,8%) homens. Utilizou-se amostra não probabilística de conveniência. Todos os estudantes que preenchiam os critérios de inclusão foram convidados a participar. Eles foram abordados pelos pesquisadores ao final de uma aula e receberam explicações detalhadas sobre o estudo, sendo esclarecidas as dúvidas e sendo explicitado que a participação seria totalmente voluntária. Os pesquisadores deixaram claro que os voluntários poderiam desistir da participação a qualquer momento e teriam sua privacidade totalmente respeitada e garantida a confidencialidade de suas informações pessoais. Os alunos que aceitaram participar assinaram o TCLE, receberam os questionários, os preencheram e os devolveram aos pesquisadores.

Coleta de dados

A empatia foi avaliada por meio da Escala de Empatia de Jefferson (versão para estudante)3),(11; e a IE, pelo Teste de Autoavaliação de Inteligência Emocional de Schutte12),(13.

A Escala de Empatia de Jefferson é um instrumento autopreenchido de 20 itens, desenhado para medir a empatia no contexto de cuidado com o paciente e utilizado mundialmente como medida de empatia em estudantes de medicina. Como os alunos têm contato com pacientes desde o primeiro ano do curso em unidades básicas de saúde e sob a supervisão de médicos de Saúde da Família e Comunidade, optou-se por incluir os alunos do ciclo básico no estudo. Os itens são respondidos segundo uma escala de Likert de sete pontos, variando de 1 - “discordo fortemente” - a 7 - “concordo fortemente”. As respostas às questões 1, 3, 6, 7, 8, 11, 12, 14, 18 e 19 têm escore reverso (concordo fortemente = 1, discordo fortemente = 7), e seus valores devem ser invertidos antes do cálculo final do escore11. Os valores obtidos de cada questão são somados, e a pontuação final representa o escore da empatia. O escore global varia de 20 a 140 pontos. Escores mais elevados indicam maiores níveis de empatia. Além do escore total, o questionário avalia três domínios3: Tomada de Perspectiva (sete itens - 7 a 49 pontos), Compaixão (11 itens - 7 a 77 pontos) e Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro (dois itens - 7 a 14 pontos).

O Teste de Autoavaliação de Inteligência Emocional de Schutte foi desenvolvido e validado como instrumento para medir o nível de IE com base no instrumento original de Salovey e Mayer12. É um questionário de 33 itens, autopreenchido, que utiliza escala de Likert de cinco pontos, na qual 1 significa “discordo totalmente”, e 5, “concordo totalmente”. O escore total obtido é calculado somando-se a pontuação reversa nos itens 5, 28 e 33 e com os valores originais dos demais itens. O escore global varia de 33 a 165. Escores mais altos indicam níveis mais altos de IE. Essa escala possui quatro domínios: Percepção de Emoção (dez itens - de 10 a 50 pontos), Manejo das Próprias Emoções (nove itens - de 9 a 45 pontos), Manejo das Emoções dos Outros (oito itens - de 8 a 40 pontos) e Utilização das Emoções (seis itens - de 6 a 30 pontos)13.

Os desfechos principais foram os escores globais de empatia e IE; e os desfechos secundários, os escores dos domínios de cada uma das escalas. As variáveis independentes foram: sexo, idade, escolaridade dos pais, realização de curso superior prévio, histórico de doença grave pessoal ou familiar, histórico autorrelatado de depressão ou doença mental pessoal, período do curso e especialidade médica pretendida (clínica ou cirúrgica).

Análise estatística

O banco de dados foi formado no Microsoft® Excel® (Microsoft, USA) e realizou-se a análise estatística com o programa IBM® SPSS® Statistics v. 19 (IBM, USA). Calcularam-se os escores totais e dos diferentes domínios das duas escalas para fins de análise estatística. Na análise descritiva, utilizou-se medidas de tendência central para variáveis contínuas e distribuição de frequência para variáveis categóricas. A homogeneidade de distribuição das variáveis contínuas foi avaliada pelo teste de Levene. Utilizou-se o teste de t de Student e a ANOVA na análise comparativa. Realizou-se a regressão linear para analisar quais as variáveis sociodemográficas e pessoais estavam realmente associadas com as diferenças observadas no escore total de IE e empatia. Nessa análise foram incluídas as variáveis com p ≤ 0,25. A variável sexo foi incluída em todas as análises devido a sua importância em relação a IE e empatia. Foi utilizado teste de correlação de Pearson para comparação entre idade e os níveis de empatia e IE e entre empatia e IE, considerando-se o escore total e dos diferentes domínios. Foi considerado como nível de significância estatística o valor de 0,05. O teste de Pearson foi interpretado de acordo com as recomendações de Cohen14:

  • ρ entre 0,10 e 0,29 - correlação fraca;

  • ρ entre 0,30 e 0,49 - correlação moderada; e

  • ρ entre 0,50 e 1 1 - correlação forte.

Aspectos éticos

Este estudo encontra-se em concordância com a versão atual da Declaração de Helsinque, a Resolução nº 466/2012 e suas atualizações e a Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade José do Rosário Vellano (Parecer nº 3.361.657).

RESULTADOS

No período de 5 a 30 de agosto de 2019, 193 voluntários concordaram em participar da pesquisa. Essa amostra correspondeu a 85,8% da população total (Figura 1). O tempo de preenchimento do questionário foi de 15 a 20 minutos.

Fonte: elaborada pelos autores

Figura 1 Fluxograma de recrutamento de voluntários 

A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas e pessoais dos 193 estudantes. Observa-se predomínio do sexo feminino (126 - 65,3%) e de solteiros (186 - 96%). O segundo período contribuiu com maior número de estudantes (42 - 21,8%); e o oitavo período, com menor número (20 - 10,4%). A maior parte dos alunos tinha pai e mãe com curso superior (88 - 45,6%); 61 (31,6%) tinha apenas um dos pais com curso superior; e para 42 (21,8%), nenhum dos pais tinha curso superior. Quatorze alunos possuíam graduação prévia (7,3%). Em relação à especialidade pretendida, a maioria indicou especialidade clínica (105 - 54,4%). Quarenta e dois alunos (21,8%) relataram a existência de alguma doença grave na família. Apenas sete (3,6%) relataram ter alguma doença grave pessoal e 57 (29,5%) autorrelataram a existência de algum distúrbio mental prévio. A média de idade dos participantes foi de 22,6 ± 4,1 anos, variando de 17 a 40 anos. A maioria dos alunos (181 - 93,8%) tinha até 30 anos de idade.

Tabela 1 Características pessoais e sociodemográficas dos 193 voluntários 

Variável N %
Sexo Feminino 126 65,3
Masculino 67 34,7
Estado civil Solteiro 186 96,4
Casado/amasiado 7 3,6
Período do curso* 40 20,7
42 21,8
33 17,1
35 18,1
20 10,4
23 11,9
Escolaridade dos pais Nenhum deles tem curso superior 42 21,8
Um deles tem curso superior 61 31,6
Os dois têm curso superior 88 45,6
Sem informação 2 1,0
Graduação prévia Não 179 92,7
Sim 14 7,3
Tipo de especialidade de preferência Especialidade clínica 105 54,4
Especialidade cirúrgica 82 42,5
Sem informação 6 3,1
Tem doença familiar grave Não 148 76,7
Sim 42 21,8
Sem informação 3 1,5
Tem doença pessoal grave Não 186 96,4
Sim 7 3,6
Distúrbio mental prévio Não 135 69,9
Sim 57 29,5
Sem informação 1 0,6
Idade 22,6 (média) 4,1 (DP)

*No segundo semestre de 2019, o curso não possuía sétimo período, pois não houve processo de seleção correspondente a esse semestre. DP - desvio padrão.

A média do escore total de IE foi de 129,8 ± 13,3 (78,7% do total possível), sendo a média do domínio Percepção das Emoções de 36,6 ± 5,2 (73,2% do total), do Manejo das Próprias Emoções de 37,1 ± 5,3 (82,4%), do Manejo da Emoção dos Outros de 31,7 ± 4,1 (79,3%) e da Utilização das Emoções de 24,3 ± 3,3 (81,0%). Já a média do escore total da empatia foi de 121,2 ± 11,6 (86,5% do total possível), sendo a média do domínio Tomada de Perspectiva de 41,6 ± 5,1 (84,9%), de Compaixão de 70,9 ± 7,2 (92,1%) e da Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro de 8,8 ± 3,1 (62,9%) (Tabela 2).

Tabela 2 Escore total de inteligência emocional e de empatia e seus diferentes domínios entre os 193 voluntários 

Inteligência emocional Intervalo de pontos Média DP
Escore Total 33-165 129,8 13,3
Percepção das Emoções 10-50 36,6 5,2
Manejo das Próprias Emoções 9-45 37,1 5,3
Manejo da Emoção dos Outros 8-40 31,7 4,1
Utilização das Emoções 6-30 24,3 3,3
Empatia Intervalo de pontos Média DP
Escore Total 20-140 121,2 11,6
Tomada de Perspectiva 7-49 41,6 5,1
Compaixão 11-77 70,9 7,2
Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro 2-14 8,8 3,1

DP - desvio padrão.

A Tabela 3 demonstra os resultados das análises bivariada e multivariada relativas ao escore total de IE e as variáveis sociodemográficas e pessoais. Apenas a idade apresentou associação com os níveis de IE. Observou-se aumento dos níveis de IE com o aumento da idade (pajustado = 0,018).

Tabela 3 Análises bivariada e multivariada entre escore total de inteligência emocional e dados sociodemográficos e pessoais dos 193 voluntários 

Variável n Média DP pbruto* pajustado
Período do curso*** 193 --- --- 0,216** 0,811
Idade*** 193 --- --- 0,041** 0,018
Sexo*** Feminino 126 129,6 13,3 0,740 0,948
Masculino 67 130,2 13,3
Estado civil*** Solteiro 186 130,0 13,1 0,240 0,074
Casado/amasiado 7 124,0 17,3
Escolaridade dos pais Nenhum com curso superior 42 130,0 14,1 0,833 ---
≥ 1 com curso superior 149 129,5 13,0
Graduação prévia Não 179 129,5 13,4 0,234 ---
Sim 14 133,9 10,1
Tipo de especialidade de preferência Especialidade clínica 105 130,1 13,3 0,861 ---
Especialidade cirúrgica 82 129,7 13,5
Tem doença familiar grave Não 148 129,6 13,2 0,513 ---
Sim 42 131,1 13,7
Tem doença pessoal grave Não 186 129,6 13,3 0,362 ---
Sim 7 134,3 13,4
Distúrbio mental prévio*** Não 135 130,5 12,3 0,250 0,208
Sim 57 128,1 15,4

DP - desvio padrão; *teste t de Student; **ANOVA; teste de Levene > 0,05 para todas as variáveis; ***variáveis incluídas na análise multivariada.

Quando se avaliou a empatia, observou-se diferença estatisticamente significativa apenas em relação ao período do curso e à escolaridade dos pais. Os alunos de períodos mais avançados apresentaram escore total de empatia mais alto (pajustado = 0,013). Os voluntários cujos pais não tinham ensino superior apresentaram níveis de empatia maiores do que os que pelo menos um dos pais tinha ensino superior (125,0 ± 9,37 versus 120,3 ± 11,83; pajustado = 0,031), conforme apresentado na Tabela 4.

Tabela 4 Análises bivariada e multivariada entre escore total de empatia e dados sociodemográficos e pessoais dos 193 voluntários 

Variável n Média DP pbruto* pajustado
Período do curso*** 193 --- --- <0,001** 0,013
Idade*** 193 --- --- 0,850** ---
Sexo Feminino 126 122,2 11,0 0,122 0,109
Masculino 67 119,5 12,5
Estado civil Solteiro 186 121,2 11,8 0,856 ---
Casado/amasiado 7 122,0 3,7
Escolaridade dos pais*** Nenhum com curso superior 42 125,0 9,4 0,018 0,031
≥ 1 com curso superior 149 120,3 11,8
Graduação prévia Não 179 121,4 11,5 0,444 ---
Sim 14 118,9 13,3
Tipo de especialidade de preferência Especialidade clínica 105 121,5 12,4 0,602 ---
Especialidade cirúrgica 82 120,6 10,8
Tem doença familiar grave Não 148 121,5 11,4 0,390 ---
Sim 42 119,8 12,4
Tem doença pessoal grave Não 186 121,1 11,7 0,540 ---
Sim 7 123,9 9,1
Distúrbio mental prévio Não 135 121,2 11,2 0,955 ---
Sim 57 121,3 12,7

DP - desvio padrão; *teste t de Student; **ANOVA; teste de Levene > 0,05 para todas as variáveis; ***variáveis incluídas na análise multivariada.

A correlação de Pearson mostrou associação positiva entre os escores totais de IE e empatia e seus domínios (Tabela 5). Também houve associação positiva e estatisticamente significativa entre todos os domínios de IE e empatia, com exceção do domínio Utilização das Emoções da IE com os domínios Compaixão e Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro da empatia. Apesar de as correlações serem estatisticamente significativas, apenas as associações entre os escores totais e entre escore total de empatia e o domínio Manejo das Emoções dos Outros de IE mostraram correlação moderada (ρ ≥ 0,30), conforme ilustrado na Figura 2.

Tabela 5 Correlação entre escore total de inteligência emocional e seus domínios e entre o escore total de empatia e os seus domínios entre os 193 voluntários 

Escore total de inteligência emocional ρ p*
Escore total de empatia 0,304 0,000
Tomada de Perspectiva 0,236 0,001
Compaixão 0,222 0,002
Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro 0,236 0,001
Percepção das emoções ρ p*
Escore total de empatia 0,230 0,001
Tomada de Perspectiva 0,143 0,047
Compaixão 0,168 0,019
Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro 0,237 0,001
Manejo das próprias emoções ρ p*
Escore total de empatia 0,189 0,009
Tomada de Perspectiva 0,145 0,044
Compaixão 0,133 0,065
Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro 0,161 0,025
Manejo das emoções dos outros ρ p*
Escore total de empatia 0,300 0,000
Tomada de perspectiva 0,251 0,000
Compaixão 0,245 0,001
Capacidade de colocar-se no lugar do outro 0,145 0,044
Utilização das emoções ρ p*
Escore total de empatia 0,183 0,011
Tomada de Perspectiva 0,177 0,014
Compaixão 0,111 0,123
Capacidade de Colocar-se no Lugar do Outro 0,137 0,058

* Teste de correlação de Pearson; teste de Levene > 0,05 para todas as variáveis.

Figura 2 Gráfico de dispersão entre escores totais de inteligência emocional e empatia e entre Manejo das Emoções dos Outros e escore total de empatia entre os 193 voluntários 

DISCUSSÃO

O principal objetivo deste estudo foi avaliar a associação entre IE e empatia nos estudantes do curso de Medicina do Uniptan. Avaliou-se também a influência de fatores sociodemográficos e pessoais, inclusive o período do curso, sobre a IE e empatia. Os resultados mostraram que, em geral, os escores de IE e empatia foram elevados, em torno de 80,0% do total de pontos possíveis.

Apenas a idade influenciou o escore total de IE, mostrando correlação positiva fraca, como demonstrado em outros estudos15),(16. Coury et al.15, em estudo realizado em outro curso de Medicina privado de Minas Gerais, também observaram correlação positiva fraca, mas estatisticamente significativa, entre idade e escore total de IE e o domínio Manejo das Emoções dos Outros. Fariselli, Ghini e Freedman17 defendem a hipótese de que IE é uma habilidade a ser desenvolvida e que pode ser melhorada com o decorrer do tempo e por meio de experiências vividas, o que produz o aumento de seus níveis com a idade. A pequena variação da faixa etária dos voluntários, 93,8% tinha de 17 a 30 anos, pode ser a causa da correlação fraca observada.

Não houve diferença estatística entre o escore total de empatia entre homens e mulheres. Esse achado contraria os resultados de muitos estudos internacionais sobre empatia em estudantes de Medicina que observaram escores mais altos entre as mulheres6),(10),(18)-(23. Porém, os resultados são semelhantes aos observados por Hong et al.24 na Coreia do Sul, Di Lillo25 et al. na Itália e Rahimi-Madiseh et al.26 no Irã, que não observaram diferença entre empatia e sexo. Em dois estudos realizados no Brasil, um indicou escore de empatia mais elevado entre mulheres27 e o outro observou valores semelhantes entre mulheres e homens3.

A escolaridade dos pais influenciou significativamente o escore total da empatia, sendo o escore mais elevado entre os estudantes cujos pais não tinham nível superior (pajustado = 0,038). Talvez os estudantes filhos de pais com menos oportunidades de estudo possam apresentar proximidade maior e identificação intuitiva com os pacientes de que cuidam, que podem ser mais “semelhantes” a seus pais.

Não se observou relação entre o período do curso e os níveis de IE, a exemplo do estudo realizado por Coury et al.15 em população semelhante a essa. Ao contrário do esperado, os alunos dos períodos mais elevados apresentaram maiores níveis de empatia (pajustado = 0,013). Estudos sobre empatia realizados nos Estados Unidos observaram sua redução ao longo do curso médico8),(19),(28),(29. Por sua vez, um estudo realizado no Japão por Kataoka et al.30 e outro feito em Portugal por Magalhães et al.21 observaram aumento da empatia ao longo do curso médico. Os autores indicaram que a empatia é fortemente influenciada por fatores culturais e que, talvez, não seja possível generalizar o seu comportamento ao longo do curso em diferentes países7),(21),(30. Em relação a essa observação, algumas características do curso avaliado devem ser destacadas. Desde o primeiro período, os estudantes têm aulas com professores especialistas em Medicina de Família e Comunidade, que se preocupam em enfatizar questões referentes à empatia e à relação médico-paciente no decorrer do curso, o que pode estimular o desenvolvimento da empatia. Além disso, nos períodos mais avançados é ministrada disciplina obrigatória voltada para a psicologia médica, que utiliza técnicas de psicodrama para que o aluno se coloque no lugar do paciente, com o objetivo de desenvolver habilidades de comunicação e atitudes mais humanizadas31, o que também pode influenciar positivamente no desenvolvimento da empatia. Deve ser destacado, entretanto, que, no momento do estudo, o curso não possuía ainda os internatos supervisionados, época em que ocorre a maior redução dos níveis de empatia28. Portanto, apesar dos bons resultados observados, não se sabe como será o comportamento da empatia ao final do curso.

Esse achado indica a possibilidade de que o estudante de Medicina é capaz de tornar-se mais empático, apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo do curso, como os fatores estressantes na educação médica e os exemplos negativos que podem ser vivenciados nos ambientes de trabalho acadêmico e assistencial. Esse achado reforça que a empatia é uma habilidade que pode ser ensinada, desenvolvida e aprimorada, e, por isso, deve ser uma das metas dos currículos das escolas médicas que se preocupam com o cuidado da saúde centrado no paciente32.

Houve correlação positiva e estatisticamente significativa entre IE e empatia. Essa correlação também foi observada por Abe et al.6 em estudantes de Medicina japoneses, apesar de ter sido uma correlação fraca. Já Bertram et al.18 encontraram forte correlação positiva entre as duas. Quando se analisa as definições e os constructos dessas duas habilidades, é de se esperar que a capacidade de identificar e discriminar as próprias emoções e as dos outros influencie na capacidade de compreender e partilhar os sentimentos do outro6),(9, como observado neste e em outros estudos6),(18. Deve-se destacar as correlações positivas moderadas entre os escores totais de IE e empatia e entre o domínio Manejo das Emoções (IE) observadas neste estudo.

A principal limitação deste estudo é o seu desenho transversal, que não mostra as reais alterações que ocorrem com estudantes no decorrer do curso de Medicina. Essa limitação é inerente ao desenho utilizado e limita as conclusões relativas ao período do curso, pois há inferência implícita de que os alunos dos períodos iniciais se comportarão como os dos períodos mais avançados no futuro, o que necessariamente não é verdadeiro. Outra limitação é o fato de ter sido realizado em um único curso de uma instituição privada, o que restringe a generalização dos achados a contextos semelhantes. Soma-se a isso o fato de tratar-se de uma instituição de ensino relativamente nova, cujo curso de Medicina foi criado há pouco tempo, sem alunos no internato supervisionado e sem turmas que terminaram a graduação. Destaca-se também que a utilização de questionários autopreenchidos pode superestimar as medidas, principalmente pelo efeito da desejabilidade social. Como último ponto, deve-se considerar que, apesar de a amostra representar 85,6% da população potencial, o seu tamanho pode não ter sido suficiente para identificar algumas relações, principalmente as de pequeno efeito.

Apesar dessas limitações, não se identificou na literatura nacional nenhum outro estudo que avaliasse a relação entre IE e empatia em estudantes de Medicina ou de outros cursos na área da saúde, o que lhe confere um caráter inédito. Seus achados são coerentes com a literatura atual e indicam que existe correlação significativa entre IE e empatia, duas habilidades essenciais para a boa prática profissional médica.

CONCLUSÃO

Os resultados indicaram correlação positiva entre os escores globais de IE e empatia e vários de seus domínios. Observou-se níveis mais elevados de empatia nos períodos mais avançados do curso e correlação positiva entre idade e IE. Alunos com pais sem ensino superior apresentaram níveis mais elevados de empatia.

A população estudada apresenta algumas peculiaridades, como a realização de estágio prático sob a supervisão de professores especialistas em Medicina da Família e Comunidade desde o início do curso e disciplina que utiliza o psicodrama. Esses dois fatores podem ter influenciado positivamente os achados do estudo e indicam possíveis estratégias que podem ser utilizadas para o treinamento de IE e empatia em cursos de Medicina. Esses achados precisam ser confirmados por novos estudos, realizados em populações diferentes. A utilização de estudos de intervenção ou quasi-experimentais é uma alternativa aos estudos de coorte, mais complexos e mais longos.

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7Avaliado pelo processo de double blind review.

FINANCIAMENTO Declaramos que não houve financiamento para a realização desta pesquisa.

Recebido: 27 de Fevereiro de 2020; Aceito: 12 de Janeiro de 2021

Editora-chefe: Daniela Chiesa. Editora associada: Daniela Chiesa.

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

Antonio Toledo Júnior e Janaína Teixeira Nunes Silva participaram da elaboração do estudo, da interpretação dos dados e da elaboração, revisão e aprovação final do artigo. Janaína Teixeira Nunes Silva foi responsável pela coleta dos dados e Antonio Toledo Júnior pela sua análise.

CONFLITO DE INTERESSES

Os autores declaram não haver conflito de interesses neste estudo.

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