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Educação: Teoria e Prática

versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.29 no.60 Rio Claro jan./abr 2019  Epub 01-Set-2019

https://doi.org/10.18675/1981-8106.vol29.n60.p1-5 

Editorial

Editorial - Eduteo v29n60

Áurea de Carvalho CostaI  
http://orcid.org/0000-0003-2695-4235

I Universidade Estadual Paulista - Câmpus de Rio Claro, São Paulo - Brasil. E-mail: aurea.costa@unesp.br.


Prezados leitores

É com satisfação que nós, da equipe editorial da Revista Educação: Teoria e Prática, vimos a público apresentar a nova edição deste projeto que tem perdurado por 25 anos. Este número, em especial, contempla uma reflexão sobre teorias e práticas no campo da Educação, privilegiando na maioria dos artigos em apresentação, os debates referentes ao professor em seus mais diversos aspectos, tais como a formação inicial e continuada, a relação com a violência na escola, a formação para o ensino da diversidade sexual e a relação com a gestão. A publicação se constituiu como um instrumento elucidativo e com potencial para uma apreensão mais profunda de aspectos instigantes do papel do professor na educação escolar, no modo de produção capitalista, privilegiando as reflexões sobre realidade brasileira, bem como as políticas educacionais que têm sido empreendidas na contemporaneidade.

Assim, a presente edição da Revista Educação: Teoria e Prática, é composta por três artigos com apreciações sobre políticas públicas federais e estaduais tendo como foco a formação e a atuação dos professores. Destacamos um artigo sobre a educação em ambiente domiciliar, que embora não tenha um estatuto de política do atual governo, tem suscitado ampla discussão desde o Ministério da Educação até os diferentes setores da sociedade civil, na medida em que questiona o papel social do professor.

Oferecemos, ainda, três artigos sobre a formação docente no contexto universitário, dois sobre manifestações de violência na escola, em que o professor pode figurar como vítima de cyberbullying, ora como agente de violência na forma de preconceito contra os alunos em conflito com a lei; discussões sobre a formação docente para o debate sobre a diversidade sexual nas escolas, bem como a polêmica sobre se os gestores de creches podem assumir a atuação como formadores de professores; o uso da ferramenta Fórum no AVA nos cursos a distância e uma resenha sobre a avaliação do ensino superior no mundo e a importância do Projeto Escola sem fronteiras para a formação complementar de universitários.

Dentre os artigos que proporcionam subsídios para a reflexão sobre políticas públicas, destacamos o Compondo uma história do projeto Logos II no estado de Rondônia (1970-1990), que recupera a história daquele projeto para habilitação de professores leigos da zona rural no estado de Rondônia, desde 1976, resistindo às dificuldades de infraestrutura; o Formação continuada no PNAIC: evidências de praticismo em debate que discutiu as vivências dos professores durante a formação continuada no PNAIC na rede municipal de uma cidade sul mineira, entre os anos de 2013 e 2016 e constatou a forte marca de praticismo no processo de formação, em que se privilegiaram atividades voltadas ao “como fazer” e ao estudo de exemplos em prejuízo da ampliação de conhecimentos por parte dos professores e o revisitar da própria prática a partir do debate de concepções; o Programa Ensino Integral paulista: a organização do trabalho docente, uma análise da organização do trabalho docente no PEI/SEE/SP, em 2012, indicando a flexibilização e a intensificação do trabalho docente.

O artigo Marguerite Vérine-Lebrun, Maria Junqueira Schmidt e o projeto de educação familiar em circulação entre França-Brasil busca compreender as bases do projeto de educação familiar empreendido por Maria Junqueira Schmidt no Brasil e a possível aproximação com o projeto de educação das famílias empreendido na França, com destaque a duas intelectuais católicas que estiveram à frente da criação da Escola de Pais. O texto analisa os papeis representativos de Vérine-Lebrun e de Schmidt na circulação de modelos pedagógicos para a educação das famílias, indicando as aproximações do modelo francês e ressaltando as estratégias utilizadas para a concretização do projeto de educação familiar da Escola de Pais no Brasil, que objetivava a ampliação da atuação católica no país, frente à trilogia Deus, Pátria e Família.

Quanto ao debate sobre a formação inicial e continuada de professores, indicamos a leitura dos artigos Representações sociais de discentes de pedagogia sobre o componente curricular educação física, o qual destacou que a Educação Física no ensino superior possui um caráter prático desportivo, proporciona aos alunos uma diversidade de atividades, e amplia o conhecimento sobre a cultura corporal de movimento, apontando as representações sociais de discentes do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) sobre os componentes curriculares EF I, II e III e o texto O processo de reflexão sobre a própria prática de futuros professores de educação física, um relato do processo reflexivo de cinco estagiários de um curso de Licenciatura em Educação Física, ao longo de suas intervenções no âmbito do estágio curricular supervisionado no Ensino Médio, no qual se apontou que ao longo dos registros nota-se aspectos da aprendizagem analisar a própria prática, dando destaque o esforço em concretizar as ações esperadas de um docente e a contraposição com as apreensões de futuros professores, havendo uma relação entre as etapas do processo reflexivo e as mesmas se mostraram como possibilidade para sistematizar aquilo que a prática pedagógica traz no dia-a-dia do exercício da docência.

Para entender a formação continuada numa perspectiva mais ampla, indicamos o texto A atratividade para a docência na educação infantil em ingressantes do curso de pedagogia, que buscou identificar as impressões iniciais de estudantes de pedagogia acerca do trabalho do professor com crianças pequenas e constatou que a docência na educação infantil é a primeira intenção de atuação entre a maioria dos ingressantes, numa conjuntura de queda no interesse pela docência, por parte dos jovens e o Desafios na formação docente em diversidade sexual que evidenciou os desafios encontrados na efetivação da formação docente em diversidade sexual e indicou que pouca atenção tem sido dispensada a perspectivas não-heteronormativas no campo formativo, pois a formação docente em diversidade sexual tem sido comprometida em função de investimento ativo de um grupo conservador majoritariamente com ideais religiosos fundamentalistas que se opõem a direitos humanos e agendas inclusivas na educação.

Para além da formação inicial e continuada de professores, faz-se necessária a atenção à formação dos gestores e é com essa preocupação que se desenvolveu o artigo Gestão de creches: (re) leituras de um processo de formação continuada, cujo propósito foi analisar percepções de gestoras de creches sobre a formação continuada ofertada pela Secretaria de Educação de Santo André, com vistas a identificar elementos que contribuem para aprimorar seu papel como “formadoras de professores”, em torno do seguinte questionamento central: Quais características são importantes para que uma gestora de educação infantil conduza bem o processo formativo de sua equipe? O estudo conclui que algumas gestoras não se reconheceram como formadoras do que se extraiu a conclusão de que pode ocorrer em função do sentido construído no campo das políticas educacionais que atribui ao termo formação um significado que pode induzir à percepção de distanciamento entre programas de governo e a realidade das redes de ensino.

No que tange ao fenômeno da violência na escola, selecionamos dois artigos: o primeiro é Agressões online e cultura digital: considerações sobre o cyberbullying como objeto de pesquisa que reflete que o cyberbullying vem sendo entendido como uma forma mais sofisticada e ainda mais cruel de violência ao se utilizar dos aparatos tecnológicos para agredir e humilhar as vítimas, contendo agressões contra professores, com o objetivo de compreender de que modo o tema cyberbullying é investigado como objeto de pesquisa nas produções acadêmicas brasileiras. O segundo artigo se intitula A violência na escola e os adolescentes em conflito com a lei: estudo de caso, que tem por objetivo refletir sobre a percepção dos professores acerca da violência no ambiente escolar e a relação desta com a presença, na escola, de alunos adolescentes em conflito com a lei. Constatou-se um discurso, entre os professores, de rejeição e de vitimização coexistindo com o medo e a insegurança frente aos adolescentes em conflito com a lei.

O artigo Programa Ciências Sem Fronteiras: estudo de caso com estudantes intercambiários da FATEC/TQ discutiu os dados do estudo de caso, realizado com estudantes intercambiários do Programa Ciências sem Fronteiras (CSF), da Faculdade de Tecnologia (FATEC), Campus de Taquaritinga/SP cujos resultados indicaram que a maioria dos estudantes intercambiários teve as expectativas atendidas, de ascensão pessoal, profissional, estudantil e cultural e, por isso, não concordam com a revogação desta política.

A revista traz, ainda, o artigo A análise do fórum de apresentação como gênero discursivo analisou a ferramenta fórum - no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle, como um gênero do discurso na perspectiva do Círculo de Bakhtin, percebendo-o como um espaço de construção de enunciados e de interações, destacando-se que se trata de ferramenta com dinâmica e característica própria, podendo se tornar um canal de aprendizado por meio de interações dos cursistas mediados pelo tutor.

Ao final, publicamos a resenha do livro Perspectivas mundiais da avaliação na educação superior.

Referências

COSTA, A. C. Editorial. Educação: Teoria e Prática. Rio Claro, v. 29, n. 60. p.1-5. 2019. [ Links ]

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