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Educação: Teoria e Prática

versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.29 no.60 Rio Claro jan./abr 2019  Epub 01-Set-2019

https://doi.org/10.18675/1981-8106.vol29.n60.p180-196 

Artigos

AGRESSÕES ONLINE E CULTURA DIGITAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O CYBERBULLYING COMO OBJETO DE PESQUISA

ONLINE AGGRESSIONS AND DIGITAL CULTURE: CONSIDERATIONS ABOUT CYBERBULLYING AS A RESEARCH SUBJETC

AGRESIÓN ONLINE Y CULTURA DIGITAL: CONSIDERACIONES SOBRE CYBERBULLYING COMO OBJETO DE INVESTIGACIÓN

Camila Sandim de CastroI 
http://orcid.org/0000-0001-9863-6557

Antônio Álvaro Soares ZuinII 
http://orcid.org/0000-0002-6850-2897

I Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil- E-mail: camilasandim23@gmail.com.

II Universidade Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil - E-mail: dazu@ufscar.br.


Resumo

A violência escolar continua sendo objeto de investigação de diferentes pesquisas acadêmicas nas mais diversas áreas do conhecimento científico, principalmente nas Ciências Humanas. Majoritariamente discutida como algo que precisa ser entendido para ser prevenida e até mesmo erradicada do espaço escolar, a violência, atualmente, tem se manifestado de forma inédita através dos casos de cyberbullying. Quando comparado às conhecidas manifestações de bullying escolar, o cyberbullying vem sendo entendido como uma forma mais sofisticada e ainda mais cruel de violência ao se utilizar dos aparatos tecnológicos para agredir e humilhar as vítimas. Em função do crescimento da prática de cyberbullying verificada pelo aumento significativo de vídeos publicados no ciberespaço contendo agressões contra professores e do número incipiente de pesquisas científicas na área da Educação sobre tal fenômeno, o objetivo deste artigo é compreender de que modo o tema cyberbullying é investigado como objeto de pesquisa nas produções acadêmicas brasileiras realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação que discutem tal temática.

Palavras-chave: Cyberbullying; Cultura Digital; Pesquisa em Educação; Tecnologias.

Abstract

School violence continues to be object of investigation of different academic research in the most different areas of scientific knowledge, mainly in the Human Sciences. Majorly discussed as something that needs to be understood to be prevented, and even eradicated from the school space, violence has today manifested itself in an unprecedented way through cases of cyberbullying. When compared to the well-known manifestations of school bullying, cyberbullying has been perceived as a more sophisticated and even more cruel form of violence when using the technological to attack and humiliate their victims. Due to the growth of the cyberbullying practice verified by the significant increase of videos published in the cyberspace containing aggressions against teachers and the incipient number of scientific researches in the area of Education on such phenomenon; the objective of this article is to understand how cyberbullying is investigated as an object of research in the Brazilian academic productions carried out in the Graduate Programs in Education that discuss this theme.

Keywords: Cyberbullying; Digital Culture; Research in Education; Technology.

Resumen

La violencia escolar sigue siendo objeto de investigación de diferentes investigaciones académicas en las más diversas áreas del conocimiento científico, principalmente en las Ciencias Humanas. En la mayoría de los casos, se discute como algo que necesita ser entendido para ser prevenido e incluso erradicado del espacio escolar, la violencia, actualmente, se ha manifestado de forma inédita a través de los casos de cyberbullying. En cuanto a las conocidas manifestaciones de bullying escolar, el cyberbullying viene siendo entendido como una forma más sofisticada y aún más cruel de violencia al utilizar los aparatos tecnológicos para agredir y humillar a sus víctimas. En función del crecimiento de la práctica de cyberbullying verificada por el aumento significativo de videos publicados en el ciberespacio conteniendo agresiones contra profesores y del número incipiente de investigaciones científicas en el área de la Educación sobre tal fenómeno; el objetivo de este artículo es entender cómo el estudio del cyberbullying es objeto de investigación en las producciones académicas brasileñas realizadas en los Programas de Postgrado en Educación que discuten este tema.

Palabras clave: Cyberbullying; Cultura Digital; Investigación en Educación; Tecnologías.

Introdução

A violência escolar, reverberada tanto na prática pedagógica quanto nos mais diversos espaços educacionais, continua sendo objeto de investigação de pesquisadores da área das Ciências Humanas, sobretudo da Educação, da Psicologia e da Sociologia. Em relação às pesquisas brasileiras sobre tal temática, Sposito (1998) afirma que nas décadas de 1980 e 1990 os estudos se debruçavam sobre as depredações, os atos de vandalismo, as ocorrências de furto e as invasões à escola muitas vezes não associadas aos alunos como seus principais autores. Este fato vai gradativamente se modificando ao longo do desenvolvimento das pesquisas na área da Educação sobre a questão da violência escolar. A autora assevera que “as investigações sobre o incêndio do grupo escolar na região de Liberdade/SP identificaram os responsáveis: ex-alunos, pré-adolescentes, que afirmavam terem sofrido injustiças e a agressão era declarada como ato de vingança contra os professores” (SPOSITO, 1998, p.66). O deslocamento da compreensão sobre os atos de violência escolar contribuiu para um entendimento mais crítico e abrangente sobre a questão, já que foi possível verificar um aumento significativo das agressões físicas entre os estudantes e destes contra seus professores(SPOSITO, 1998).

A respeito da violência nas escolas, as agressões provenientes dos casos de bullying entre estudantes é objeto de estudo de pesquisadores em diversos países. Leme (2009)assevera que a prática de bullying é caracterizada pela intimidação e/ou perseguição numa relação desigual de poder em que o agressor busca admiração por parte de seus colegas. As pesquisas realizadas na área da Educação sobre os casos de bullying ampliaram a compreensão acerca das agressões praticadas entre professores e alunos no interior das instituições escolares.

Nesse contexto, a violência, que é historicamente renovada por meio das atuais formas de agressão entre os agentes educacionais, adquire ainda mais visibilidade quando praticada em tempos de cultura digital. A chamada cultura digital é definida, segundo Castells(2008, p.52), em seis tópicos, a saber:

1. Habilidad para comunicar o mezclar cualquier producto basado en un lenguaje común digital; 2. Habilidad para comunicar desde lo local hasta lo global en tiempo real y, viceversa, para poder difuminar el proceso de interacción; 3. Existencia de múltiples modalidades de comunicación; 4. Interconexión de todas las redes digitalizadas de bases de datos [...]; 5. Capacidad de reconfigurar todas las configuraciones creando un nuevo sentido en las diferentes multicapas de los procesos de comunicación. 6. Constitución gradual de la mente colectiva por el trabajo en red.

Desse modo, a cultura digital está relacionada com uma transformação significativa tanto no modo de produção das tecnologias, que deixaram de ser fabricadas no modelo analógico e passaram a ser produzidas nos meios digitais, quanto na mudança de comportamento interpessoal. Para Maia(2015, p. 142-143), a cultura digital é o ambiente sociotécnico de convergência dos suportes midiáticos tipográficos/eletrônicos e analógicos e de toda forma de expressão cultural e de linguagem para a imaterialidade da informação, podendo esta ser processada no ciberespaço e ter amplitude planetária”. A cultura digital envolve, nesses termos, profundas modificações no que concerne à produção e democratização da informação influenciando o processo de construção do conhecimento em termos políticos, econômicos, culturais e ideológicos. Tal cultura tem provocado transformações no que se refere aos meios de comunicação de massa que passaram a viabilizar o contato em tempo real com diferentes pessoas, haja vista a criação dos sites de relacionamento como Facebook, MySpace, WhatsApp, Instagram eYoutube, que permitem a postagem assim como o compartilhamento de comentários, fotos, vídeos e até mesmo de arquivos digitalizados como, por exemplo, obras de pensadores clássicos.

Seguindo esta linha de raciocínio, tudo o que é acessado, postado, comentado e compartilhado não é esquecido. A denominada memória digital possibilita, além do armazenamento de informações, a reprodução ad infinitum de tais informações no formato de fotos, vídeos e textos, fazendo com que não haja um esquecimento daquilo que um dia foi publicado no ciberespaço.

Nesse contexto, a cultura digital vem possibilitando a prática de um tipo de violência anteriormente inédito: o cyberbullying. Nele os estudantes utilizam seus aparelhos celulares para humilharem colegas e professores postando as filmagens que contêm tais humilhações nos espaços das chamadas redes sociais. Em linhas gerais, o cyberbullying pode ser definido como a prática de criação de imagens e comentários vexatórios e humilhantes direcionados contra o outro e publicados no ambiente virtual.

Apesar do crescente número de vídeos publicados nas redes sociais, notadamente no Youtube, contendo imagens de professores sendo agredidos por alunos, as pesquisas científicas produzidas nas universidades brasileiras sobre o fenômeno do cyberbullying ainda são recentes. Assim sendo, o objetivo deste artigo é compreender de que modo o tema cyberbullying é investigado como objeto de pesquisa nas produções acadêmicas brasileiras realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Educação que discutem tal temática.

Na segunda seção foi feita a pesquisa sobre os trabalhos acadêmicos a respeito do cyberbullying encontrados nos sítios eletrônicos de dois dos principais repositórios digitais. Com base na análise destas produções, na terceira seção foram investigadas as características do cyberbullying como um produto da cultura digital.

O cyberbullying nas pesquisas acadêmicas produzidas na área da educação

Com a finalidade de compreender o modo como o cyberbullying está sendo investigado como objeto de pesquisa nas produções educacionais brasileiras, realizou-se um levantamento de teses e dissertações, considerando o período de 2010 a 2016, no Banco de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e no da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDBTD). Os descritores utilizados foram: cyberbullying, violência virtual, violência escolar e tecnologias. O levantamento feito no Banco de Teses da Capes permitiu encontrar quatro teses de doutorado e vinte e uma dissertações de mestrado que abordam o cyberbullying. Dessas quatro teses, uma foi defendida em 2010, outra em 2013 e duas em 2014. Das vinte e uma dissertações, uma foi defendida em 2011, três em 2012, três em 2013, oito em 2014 e seis em 2015. Já em relação ao levantamento das teses e dissertações na BDBTD foi possível encontrar uma tese e dez dissertações. Contudo, desses onze trabalhos acadêmicos, nove são exatamente os mesmos que se encontram disponíveis no Banco de Teses da Capes. Assim, apenas duas dissertações de mestrado encontradas na BDBTD não constam no Banco da Capes, sendo que ambas foram defendidas em 2016, uma na área de Psicologia e a outra em Desenvolvimento Humano e Tecnologias.

Os trabalhos analisados neste artigo foram provenientes do seguinte critério de seleção: teses e dissertações produzidas em Programas de Pós-Graduação em Educação. Assim, dos vinte e cinco trabalhos encontrados no Banco da Capes, apenas duas dissertações e duas teses foram defendidas na área da Educação, as quais são apresentadas a seguir.

A dissertação de Della Flora (2014, p. 38) teve como objetivo “analisar em que medida as possíveis ações de cyberbullying podem repercutir na ambiência escolar, considerando como pensam e agem os adolescentes e seus professores”. A abordagem metodológica consistiu num estudo de caso em que foram entrevistados professores e alunos de uma instituição pública da rede estadual de Santa Maria/RS.

Os dados mostram que o cyberbullying (virtual) é considerado uma derivação do bullying (real) e para isso se utiliza necessariamente da Internet” (DELLA FLORA, 2014, p. 95). Entendimento que corrobora a compreensão da pesquisadora acerca do conceito de cyberbullying quando afirma que o mesmo pode ser denominado de “bullying virtual” ou ainda com o avanço da tecnologia, mais precisamente com a utilização da Internet e celular, novas formas de bullying surgiram. Citamos o cyberbullying, violência que, infelizmente, é realizada de maneira insensata no ciberespaço” (DELLA FLORA, 2014, p. 97). Ademais, dentre as práticas do cyberbullying mais utilizadas nas redes sociais, sobretudo no Facebook, estão a divulgação de fotos íntimas e a criação de perfis falsos para ofender e humilhar a vítima.

Em relação aos sentimentos dos alunos e dos professores diante das práticas de cyberbullying, a pesquisa da referida autora revelou que entre os estudantes os sentimentos mais citados foram: raiva, tristeza, medo, nervosismo, vergonha, frustração e vingança. Já entre os professores foram a tristeza, a angústia, a ansiedade, o nervosismo, o medo, a vergonha e a frustração. Sobre os “modos de enfrentamento e estratégias de sobrevivência” que foram citados pelos investigados estão a resiliência, ignorar a agressão sofrida, comunicar os pais e a escola sobre a agressão, excluir o agressor da rede social, buscar tratamento psicológico e realizar o registro de boletim de ocorrência em delegacias de polícia.

Já a dissertação de Santos (2015, p. 17) objetivou “interpretar a história e as memórias do bullying ao cyberbullying no cotidiano escolar pessoense, partindo das lembranças e narrativas de educandos e educadores no período de 1993 a 2011”. A instituição pesquisada foi uma escola da rede particular de ensino da cidade de João Pessoa/PB. A pesquisadora realizou entrevistas semiestruturadas com três professores e uma estudante do Ensino Médio.

A pesquisa revelou que o bullying e o cyberbullying aparecem ligados a relações que são marcadas por gozações, xingamentos, humilhações, constrangimentos, ameaças e intimidações” (SANTOS, 2015, p. 63). Os entrevistados afirmaram que os agressores geralmente são vistos como os “sujeitos mais populares” da escola, mas também como caçoadores, zombadores, depreciadores do bem comum, briguentos e agressivos” (SANTOS, 2015, p. 65). Outro dado encontrado diz respeito ao modo como algumas instituições de ensino lidam com a violência escolar, pois a aluna entrevistada relatou que denunciou as agressões praticadas pelos colegas para a direção da escola que, inicialmente, reagiu com indiferença. A estudante acabou procurando ajuda com a família: “eu falei para minha mãe, ela foi à escola, comunicou o fato. Houve uma parcial tomada de decisão, mas não parou aí então eu disse para minha mãe que queria sair da escola” (SANTOS, 2015, p. 107).

No caso de um dos professores entrevistados, que foi vítima de bullying durante a faculdade, a autora assevera que o bullying não é apenas praticado por educandos, mas também por educadores. Numa situação desigual de poder, desqualificar em sala de aula o educando promove risadas e exibe a superioridade do educador diante do educando perante a turma” (SANTOS, 2015, p. 66). Segundo a pesquisadora, os relatos encontrados nas falas dos entrevistados permitem constatar a presença de lembranças de descontentamento, de ressentimentos, de mágoa e de dor” (SANTOS, 2015, p. 68) em relação às práticas de bullying e cyberbullying.

A tese de Rocha analisou o processo de produção discursiva, as práticas de cyberbullying dirigidas a professores no Orkut, os procedimentos e estratégias deste tipo de violência engendrado por meio do virtual” (2010, p. 16-17). O estudo investigou duas comunidades na rede de relacionamento Orkut, quais sejam, “Eu odeio o professor George” e “Professores Sofredores”.

A pesquisa mostrou que as comunidades, principalmente aquela criada pelos alunos, ao mesmo tempo em que são espaços de reflexão crítica sobre as práticas dos professores, podem se tornar regressivas porque expressa as opiniões de maneira violenta” (ROCHA, 2010, p. 192). Desse modo, “é nesse contexto de violência que identificamos que, apesar dos alunos exprimirem opiniões importantes sobre os seus professores, eles também banalizam o ódio e a violência, através de um discurso que já se encontra naturalizado para sua geração” (ROCHA, 2010, p. 192).

No caso da comunidade “Professores Sofredores”, a pesquisa de Rocha (2010, p. 152-153) revelou que os professores entrevistados já foram ofendidos em sites de relacionamento (Orkut, Facebook, MySpace, Twitter, entre outros), através de mensagens por meio de páginas pessoais na internet, em vídeo no youtube, em blogs, por mensagens ou chamadas de celulares, por e-mail, em jogos on-line e em fotoblogs”. A pesquisa também mostrou que “as análises realizadas a partir dos discursos dos docentes demonstraram que os professores que cobram obediência, respeito, disciplina são os mesmos que na sua prática não conseguem ocultar o autoritarismo e a sensação de onipotência” (ROCHA, 2010, p. 193). Rocha (2010, p. 193) alerta que o professor ainda não consegue identificar na cultura escolar algumas fontes de violência, inclusive aquelas geradas pela sua própria prática pedagógica”. Desse modo, a autora compreende que os agentes educacionais são “corresponsáveis” pela prática do cyberbullying, pois “o primeiro grupo [alunos] não leva a sério o que diz na internet, acaba por banalizar o cyberbullying; o segundo professores não se vê como protagonista dele, embora faça uso de violência como medida educativa e disciplinadora” (ROCHA, 2010, p. 166).

O último trabalho, a tese de Garcez, teve como objetivo “identificar e analisar as representações sociais de diretores e/ou coordenadores pedagógicos acerca do papel da escola nas questões relativas ao cyberbullying, em interação com o discurso midiático” (2014, p. 17).

A pesquisa consistiu na análise de matérias veiculadas a alguns meios de comunicação impressos e não impressos e na realização de entrevistas com diretores e coordenadores pedagógicos de escolas da rede municipal da cidade do Rio de Janeiro.

Os dados permitiram verificar que o cyberbullying foi entendido como um “novo tipo de bullying” mais abrangente e ainda mais grave. “O cyberbullying é tratado nos meios de comunicação como um assunto relacionado prioritariamente à tecnologia, informática, internet ou ‘vida digital’ e à Educação” (GARCEZ, 2014, p. 165). Já em relação à escola, a autora critica o entendimento dos professores entrevistados que consideraram o bullying e o cyberbullying como “algo natural, ‘coisa de adolescente’”. Sobre isso a pesquisadora assevera que enquanto tais práticas são entendidas dessa maneira questões importantes ligadas a esse tipo de agressão, como o racismo, o machismo e a homofobia, que permeiam não apenas as relações entre os alunos, mas de toda a sociedade, estão sendo escamoteadas e não enfrentadas” (GARCEZ, 2014, p. 166). As entrevistas ainda permitiram verificar que as vítimas de bullying e cyberbullying são culpabilizadas pelas agressões sofridas seja porque apresentam determinada característica física que as destacariam de maneira negativa de seus pares; seja porque quando insultadas revidam as agressões e/ou porque ao serem agredidas dão muita importância para o fato, estimulando novas agressões. A culpabilização das vítimas é um dado que no entendimento de Garcez (2014) é preocupante por entender que desse modo a escola acaba se eximindo da responsabilidade de punir os agressores e de buscar uma compreensão crítica sobre o cyberbullying.

Diante do exposto, percebe-se a preocupação que pesquisas recentes realizadas na área da Educação têm tido em relação à violência entre os agentes educacionais que se expressa nos casos de bullying e cyberbullying. Para pesquisar esse assunto os trabalhos acadêmicos utilizaram diferentes abordagens metodológicas e encontraram resultados semelhantes em relação à compreensão do cyberbullying no que se refere às dificuldades de conceituação, principais características dos agressores, vítimas e testemunhas, desconhecimento de muitos gestores escolares, professores e alunos sobre esse tipo de violência. Além da espetacularização do bullying/cyberbullying pela mídia, da contradição presente no uso das tecnologias no espaço escolar e de apontamentos para novas pesquisas na área da Educação a fim de que o cyberbullying possa ser compreendido de maneira mais aprofundada.

Cyberbullying como produto da cultura digital

Em relação à conceituação das agressões online, os trabalhos de Della Flora (2014), Garcez (2014) e Santos (2015) compreendem o cyberbullying como uma nova espécie de bullying nomeando-o de “bullying virtual” e “bullying digital”. O cyberbullying é entendido como sendo mais grave, pois as agressões realizadas no ciberespaço se tornam ainda mais intensas à medida que qualquer usuário pode ter acesso ao conteúdo de tais agressões, inclusive, compartilhando-o com outras pessoas. E também ainda mais cruel considerando a dificuldade de localizar os agressores em função da criação de perfis falsos fazendo com que o suposto anonimato oferecido pela internet atue como multiplicador das postagens e dos compartilhamentos das agressões no ciberespaço. No entanto, para Rocha (2010, p. 194), as discussões geradas em torno do conceito de cyberbullying, conferindo-lhes apenas mais uma forma de praticar o bullying por meio da internet, apresenta uma conceituação generalista, sem análise de suas extensões”. Ou seja, “se a definição de cyberbullying estiver apenas dependente da definição tradicional de bullying, a qual se acrescente a dimensão da mediação tecnológica, podemos não enquadrar esta prática [...] como algo novo” (ROCHA, 2010, p. 121). Desse modo, a pesquisadora trata o cyberbullying considerando suas especificidades em relação ao bullying entendendo, por exemplo, a prática do cyberbullying como “corresponsabilidade” de professores e alunos.

Apesar da dificuldade de conceituação do cyberbullying verificada nesses trabalhos, as pesquisadoras concordam que é necessário compreender as tecnologias utilizadas para as agressões como ferramentas criadas pelo trabalho humano que estão carregadas de contradição. Assim, existe nesses trabalhos uma compreensão crítica dos aparatos tecnológicos, pois, por um lado, podem ser utilizados no processo educativo como ferramentas pedagógicas que auxiliam na compreensão dos conteúdos escolares e na criação de novos conceitos. Por outro, tem intensificado novas formas de violência escolar que ultrapassam o espaço educacional como a utilização das redes sociais com o objetivo de agredir e humilhar. Para Rocha (2010, p. 194) “as redes sociais podem contribuir para a mobilização dos saberes, o reconhecimento das diferentes identidades e a articulação dos pensamentos que compõem a coletividade”. No entanto, as redes sociais também podem ser utilizadas para humilhar, intimidar ou assediar como acontece nos casos de cyberbullying em que os recursos tecnológicos proporcionam a prática de violência realizada contra um indivíduo ou grupo de indivíduos (ROCHA, 2010).

Ademais, tais pesquisas apresentaram as dificuldades de as escolas enfrentarem as agressões que se realizam sob as formas de bullying e cyberbullying pelos seguintes motivos: desconhecimento a respeito das características dessas agressões, dificuldade de identificação dos agressores e silenciamento das vítimas e testemunhas. Essas dificuldades são ainda maiores nos casos de cyberbullying, porque a publicação das imagens contendo tais agressões e/ou a criação de comunidades nas redes sociais para ofender professores e alunos geralmente são feitas em lugares que não são a escola. Rocha (2010) critica professores e alunos que por não darem a devida importância sobre a prática de cyberbullying acabam entendendo-o como uma espécie de “brincadeira”. Nesse sentido, não é possível que as instituições escolares continuem tratando as agressões praticadas pelos cyberbullies como eventuais brincadeiras, pois tanto o bullying quanto o cyberbullying são marcados por agressões intencionais, causando profundo sofrimento nas vítimas. No texto da Lei nº 13.185 (BRASIL, 2015), que tem como finalidade prevenir e combater o bullying e o cyberbullying, os danos causados às vítimas englobam mudanças comportamentais, emocionais e sociais concernentes à vergonha, humilhação, depressão, ansiedade, medo, isolamento, tentativa de suicídio e/ou vingança por meio de extrema violência.

Portanto, faz-se necessário realizar uma articulação mais aprofundada entre cyberbullying, escola e cultura digital. Se considerarmos a pesquisa de Garcez (2014), a escola é vista como despreparada para lidar com os casos de cyberbullying, sendo muitas vezes omissa e negligente, não entendendo como sendo sua também a responsabilidade de prevenir e combater esse tipo de agressão. A capacitação do corpo docente é apontada como uma necessidade de primeira ordem para compreender o cyberbullying, especialmente com a capacitação tecnológica, de modo a fazer com que a contradição presente nas tecnologias seja trabalhada em sala de aula. A internet aparece nas pesquisas analisadas como um recurso tecnológico que deve ser utilizado pelos agentes educacionais a fim de possibilitar uma compreensão mais crítica sobre a própria tecnologia, os perigos presentes no ciberespaço e as responsabilidades referentes ao seu uso. Contudo, apesar de os trabalhos comentarem sobre a sociedade digital para discutir as agressões virtuais, a articulação que é feita entre cultura digital, escola e cyberbullying ainda é incipiente.

Desse modo, os trabalhos abordam o cyberbullying como prática que deve ser de responsabilidade da escola no que se refere às causas, prevenção e combate, sendo que esta conclusão é muitas vezes apresentada de forma espetacular nos meios de comunicação de massa, como a televisão e a internet. Além disso, a escola é responsabilizada, por que desconhece o cyberbullying; os agressores não são punidos; não há capacitação de professores para que trabalhem com as tecnologias em sala de aula; a punição é utilizada para castigar os alunos que usam as tecnologias sem a autorização dos professores, etc. Desse modo, é insuficiente pensar o cyberbullying atribuindo uma enorme responsabilidade sobre a escola, sendo necessário, para a compreensão desse fenômeno, considerar os elementos extrapedagógicos que incidem sobre a realidade escolar. Porém, não estamos com essa afirmação eximindo a escola de sua função no processo de desbarbarização, tal como foi apontado por Adorno ao afirmar que desbarbarizar tornou-se a questão mais urgente da educação” (1995, p. 155).

Dessa maneira, um desses elementos extrapedagógicos é a espetacularização midiática dos casos de bullying e cyberbullying que aparece, em alguma medida, na pesquisa de Garcez (2014) quando analisa a forma como o cyberbullying é apresentado nos meios de comunicação. A espetacularização midiática pode ser pensada a partir da afirmação de Debord (1997, p. 14) que “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”. Os casos de bullying e cyberbullying costumam ganhar visibilidade nos veículos de comunicação como, por exemplo, os assassinatos que aconteceram na Columbine High School1, no Instituto Politécnico da Virginia2 e na Escola Municipal Tasso de Oliveira3 (ZUIN, 2012). De fato, a violência transformada em espetáculo já se tornou comum na era da cultura digital que tem contribuído, através das tecnologias digitais, para criar um público cada vez mais sedento por imagens espetaculares, sobretudo cruéis. A violência que é transformada em espetáculo, inclusive aquela envolvendo professores e alunos, é consumida de maneira alienada na cultura digital. O consumo acrítico do espetáculo, segundo Debord (1997, p. 26), é responsável por transformar o espectador em um indivíduo isolado que quanto mais contempla, menos vive; quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende a sua própria existência e o seu próprio desejo”.

Nesses termos, os casos de bullying e cyberbullying têm crescido num contexto de produção e consumo alienado de imagens espetaculares criadas com os aparatos tecnológicos fornecidos pela cultura digital. Por isso, o cyberbullying deve ser entendido como sendo um produto da cultura criado no atual período histórico em que o avanço das forças produtivas capitalistas culminou no desenvolvimento das tecnologias digitais sem, contudo, eliminar a produção da barbárie social. Este tipo de análise não se faz presente nas produções acadêmicas anteriormente citadas. Com efeito, a barbárie é definida por Adorno (1995, p. 155) como

estando na civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação a sua própria civilização [sendo] [...] tomadas por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo ou, na terminologia culta, um impulso de destruição.

A transformação da violência em espetáculo pela cultura digital reverbera a produção da barbárie entendida como sendo a contradição existente no desenvolvimento científico-tecnológico que, em vez de proporcionar aos sujeitos os elementos objetivos para a formação cultural, acabou conduzindo-os às formas mais primitivas de agressividade.

Desse modo, os casos de cyberbullying, antes de já terem sido transformados em imagens espetaculares, têm início quando os cyberbullies publicam nas redes sociais as agressões direcionadas às vítimas. Essas agressões, em determinados casos, adquirem tamanha visibilidade que os agressores, através da reprodução das imagens violentas, acabam atendendo perversamente ao imperativo do “Ser, é ser percebido” discutido por Türcke (2010). A necessidade de ser percebido é o imperativo que rege a chamada sociedade excitada que tem transformado a existência humana em sinônimo de produção de imagens audiovisuais chocantes. Para o autor, estar vivo atualmente significa se propagar midiaticamente, ou seja, a existência passa a se dar pela imagem que é construída com o auxílio das tecnologias, sem estas existir corresponde a uma “não-existência viva” (TÜRCKE, 2010).

De fato, quando os cyberbullies publicam nas redes sociais as imagens da agressão praticada, possibilitando sua visualização por milhares de pessoas, a sensação de pertencimento sentida por eles é incomensurável e prazerosa. Ser percebido midiaticamente significa também fazer propaganda de si mesmo. Para Türcke (2010), a auto-propaganda permite que o sujeito seja notado por aqueles a quem a propaganda atinge. Ser propaganda de si mesmo significa certificar-se de que se é notado, de que se está ‘aí’” (TÜRCKE, 2010, p. 52). Nas agressões virtuais a auto-propaganda para ser percebido (leia-se, para continuar vivo midiaticamente) acontece mediante a exposição do sofrimento alheio que é ainda mais intensificado quando as imagens contendo as agressões podem ser reproduzidas ad infinitum graças aos recursos tecnológicos. Ademais, a chamada memória digital responsável pelo armazenamento de informações no ciberespaço faz com que aquilo que um dia foi publicado no ambiente virtual não seja esquecido.

Dessa maneira, o fato de ser percebido midiaticamente, mesmo que graças à produção da dor alheia, proporciona um regozijo, mas também impõe outra necessidade que é, conforme Türcke (2010), a necessidade de se certificar em relação à própria existência. Tal necessidade cresce na mesma proporção em que, cada vez mais, as pessoas sofrem de uma profunda ânsia por experiências táteis” (TÜRCKE, 2010, p. 74). Tal ânsia está relacionada justamente com a dificuldade experimentada por elas de poder se agarrar efetivamente a algo que permita uma experiência continuada de si próprio” (TÜRCKE, 2010, p. 74). A falta de tato, de palpabilidade é produzida pelo fato de o mundo e as relações humanas terem sido dissolvidas microeletronicamente (TÜRCKE, 2010).

Segundo Türcke (2010), para entender o fenômeno das agressões envolvendo professores e alunos é insuficiente associá-las à história de vida dos agressores, mas é preciso compreendê-las como produto da sociedade capitalista contemporânea que tem inviabilizado as experiências táteis, duráveis e formativas. Nesse contexto, as agressões praticadas pelos cyberbullies podem ser pensadas como resultado dessa sociedade que incita a necessidade de ser percebido, permitindo a satisfação instintual por meio de um prazer fugidio proporcionado pela sensação de pertencimento social, proveniente da espetacularização da barbárie praticada com o auxílio das tecnologias digitais. Seguindo esta linha de raciocínio, a reflexão sobre as características da cultura digital tem papel decisivo para a compreensão do cyberbullying, pois, ao mesmo tempo em que são produzidas as condições objetivas para a sua realização, oblitera-se as condições subjetivas para sua erradicação, uma vez que as causas de tal fenômeno são exclusiva e espetacularmente imputadas às instituições escolares.

Considerações finais

A violência escolar continua sendo interesse de diversos pesquisadores da área da Educação utilizando para sua compreensão diferentes abordagens metodológicas, fato que tem contribuído para um entendimento crítico sobre essa temática. As pesquisas brasileiras que discutem as formas contemporâneas de violência entre professores e alunos, sobretudo a violência que se expressa por meio do cyberbullying, ainda são recentes, mas já trazem resultados importantes que permitem apreender o fenômeno da violência escolar no contexto da cultura digital capitalista. Tal cultura precisa ser considerada como central para a acentuação dos casos de bullying e cyberbullying devendo ser, portanto, também objeto de análise nas pesquisas científicas, pois ela não apenas disponibiliza os aparatos tecnológicos digitais para consumar as agressões como modifica as maneiras com que os sujeitos se relacionam entre si.

Desse modo, responsabilizar demasiadamente a escola pelas causas, prevenção e combate ao bullying e cyberbullying, como foi feito nas pesquisas analisadas, significa desconsiderar a forma como a cultura digital atua no espaço escolar e nas relações entre professores e alunos. Investigar a violência virtual significa também pesquisar o modo como os elementos extrapedagógicos incidem sobre o ambiente educacional e como interferem e modificam os próprios elementos pedagógicos como o processo de ensino e aprendizagem e a relação entre os agentes educacionais. Nesse sentido, as pesquisas investigadas parecem ter ainda uma visão muito centrada na escola como a responsável pela violência que acontece em seu interior. Contudo, este artigo não tem o objetivo de retirar a responsabilidade que compete à escola quanto a necessidade de desbarbarizar, educando para a sensibilidade e para o exercício do pensamento crítico, tal como discutiu Adorno (1995).

Apesar do tratamento incipiente dado à cultura digital e sua influência nas práticas de bullying e cyberbullying, as pesquisas científicas compartilham um entendimento semelhante à contradição presente nas tecnologias digitais que devem ser utilizadas no espaço educacional como ferramentas pedagógicas, mas que também podem se tornar instrumentos para agredir e humilhar. O entendimento dialético da tecnologia possibilita enxergar os efeitos deletérios causados pelos produtos da cultura digital que além de promover a espetacularização da violência, furta dos indivíduos a possibilidade de realizarem representações simbólicas que proporcionariam uma problematização da violência que praticam.

Nesse contexto, como os próprios trabalhos apontam é preciso realizar novas pesquisas na área da Educação pesquisando o cyberbullying como um fenômeno complexo que é produto do desenvolvimento das forças produtivas capitalistas que culminou na produção da chamada cultura digital. Desse modo, a realização de pesquisas sobre o cyberbullying pode permitir a criação de estratégias para combater esse tipo de violência. Além da construção e do refinamento de metodologias científicas para a investigação, compreensão e discussão das formas contemporâneas de violência como a utilização das redes sociais como lócus de coleta de dados, análise e interpretação crítica dos casos de cyberbullying.

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Notas:

1Os alunos Eric Harris e Dylan Klebold assassinaram doze estudantes e um professor, suicidando depois. Disponível em: http://canalcienciascriminais.com.br/o-massacre-de-columbine/. Acesso em: 7 abr. 2017.

2O estudante Cho Seung-hui assassinou, entre professores e alunos, trinta e duas pessoas, e se matou em seguida. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/12/massacre-em-universidade-deixou-32-mortos-em-2007.html. Acesso em: 7 abr. 2017.

3Wellington Menezes de Oliveira assassinou onze estudantes. Ao ser surpreendido pela polícia, atirou contra a própria cabeça. Disponível em: http://g1.globo.com/Tragedia-em-Realengo/noticia/2011/04/atirador-entra-em-escola-em-realengo-mata-alunos-e-se-suicida.html. Acesso em: 7abr. 2017.

Recebido: 10 de Dezembro de 2017; Revisado: 08 de Março de 2018; Aceito: 03 de Janeiro de 2019

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