SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.29 número61REFLEXOS HISTÓRICOS: POR QUE UMA AULA DE ARTE? índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Educação: Teoria e Prática

versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.29 no.61 Rio Claro maio/ago 2019  Epub 18-Dez-2019

https://doi.org/10.18675/1981-8106.vol29.n61.p264-268 

Editorial

Editorial - Educação Teoria e Prádica v29n61: Maio-Agosto 2019

IUniversidade Estadual Paulista - Câmpus de Rio Claro, São Paulo - Brasil. E-mail: laura.chaluh@unesp.br


Caros leitores:

É com muita alegria que apresentamos a nova edição da Revista Educação: Teoria e Prática.

A configuração dos trabalhos mostra uma grande diversidade de temáticas e perspectivas teórico-metodológicas. Todos eles trazem contribuições para pensar em aspectos que tangenciam a Educação. A Educação e os sujeitos: crianças, jovens professores em formação, professores em exercício. A Educação sob o olhar de diferentes segmentos: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, Educação Especial, Educação Integral, Educação Popular, Educação do Campo. A Educação e seus atravessamentos com as políticas públicas. A Educação e suas vinculações com concepções de infância, de arte e de uma formação atenta à emancipação.

Talvez, no atual contexto histórico, seja importante deixar em evidência a importância das pesquisas que desenvolvemos e assumir a nossa responsabilidade e compromisso com uma educação emancipadora e humana.

O trabalho intitulado Reflexos históricos: por que uma aula de arte?, de autoria de Maria Betânia e Silva, contextualiza o momento no qual o ensino de arte, chamado Educação Artística, no período civil-militar passou a fazer parte do currículo escolar de forma obrigatória. Para isto, foram analisados diferentes documentos (leis, pareceres, resoluções, propostas curriculares) e depoimento de uma professora, além das concepções dos legisladores e das equipes de trabalho que elaboraram as diretrizes para o ensino da Educação Artística.

Continuando com a temática da arte, apresentamos o trabalho de Uelinton Castro, Áurea de Carvalho Costa e Paulo Cesar Duarte Paes, intitulado A arte como disciplina epistêmica no ensino básico. O texto faz uma crítica à apropriação da Arte com fins mercantis, no contexto capitalista. A partir do referencial teórico do materialismo histórico e dialético, propõe-se uma formação artística no contexto escolar que resgate a sensibilidade e que amplie as referências estéticas dos alunos.

Retomando a questão da emancipação, o artigo Da semiformação à omnilateralidade: reflexões sobre utopias formativas e emancipação, de autoria de Guilherme Prado Roitberg, apresenta os aspectos formativos de duas perspectivas de formação: a Paideia grega e a Bildung alemã. Levando em consideração a perspectiva histórica, o trabalho também tematiza o conceito de omnilateralidade de Karl Marx e a teoria da semiformação de Theodor Adorno. Isto, na busca por resgatar as origens e os fundamentos filosóficos das utopias formativas.

O artigo A perspectiva político-pedagógica na educação popular de Paulo Freire e a relevância de seu pensamento, de autoria de Cláudia Battestin e Cênio Back Weyh, apresenta o resultado de um ensaio bibliográfico e teve o objetivo de destacar a vigência e relevância do pensamento de Paulo Freire para refletir sobre a educação popular. Trata da concepção da práxis freireana e suas contribuições para potencializar práticas educativas de caráter progressista e popular. Isto diz de práticas que, sustentadas no diálogo, afiançam a dimensão democrática, libertadora e igualitária, no processo de construção do conhecimento.

Na mesma linha de pensar em mudanças e transformação, Marcia Aparecida de Barros da Cruz, Ilma Ferreira Machado e Laudemir Luiz Zart, autores do trabalho O MST como sujeito educativo: história do assentamento Roseli Nunes, em Mirassol D´Oeste-MT, contextualizam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, sinalizando suas lutas históricas no contexto brasileiro e, especificamente do Assentamento Roseli Nunes, do município de Mirassol D’Oeste - MT. A partir da pesquisa participante realizada em Mirassol D’Oeste, depreende-se que a formação que se dá nos contextos educativos, contribui para: a construção da identidade dos trabalhadores do campo (uma identidade “sem terra”) e para lutar pela superação do atual modelo de sociedade, excludente e desumanizadora.

O artigo Formação inicial docente no contexto do PIBID e o trabalho com portfólios, de autoria de Mariane de Freitas e Kelen dos Santos Junges, é resultado de uma pesquisa que objetivou analisar o uso do portfólio como estratégia formativa de bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência) do curso de Pedagogia da Unespar/Câmpus de União da Vitória e que participavam do subprojeto intitulado “Projeto Mão Amiga”- Capes/PIBID. Entende-se o uso do portfólio enquanto recurso de aprendizagem docente. Para compreender as concepções sobre a utilização do portfólio, dez bolsistas, participantes do referido subprojeto, responderam questionário.

Tratando da temática da formação inicial de professores, os autores Roberto Tadeu Iaochite, Roraima Alves da Costa Filho, Mayra Matias Fernandes e Ana Palla-Kane apresentam o artigo Potencialidades da aprendizagem observacional para o ensino inclusivo em educação física, que investigou a autoeficácia docente de 188 licenciandos em Educação Física que responderam a uma escala de autoeficácia para inclusão e de fontes de autoeficácia do professor. Afirma-se no estudo que o desenvolvimento de estratégias para ensinar Educação Física de forma inclusiva precisa acontecer ao longo da formação professores.

Ainda com a temática do PIBID, apresentamos o artigo PIBID como experiência de formação: perspectivas de professores supervisores, de autoria de Maria Mikaele Silva Cavalcante, Maria Adriana Borges Santos, Silvina Pimentel Silva e Heraldo Simões Ferreira, que discute a experiência no estado de Ceará. O trabalho questiona se o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência é uma experiência inovadora, se pensarmos que na configuração do Programa existe a presença do professor supervisor, professor da escola que assume a coformação pelos bolsistas. Para atingir o objetivo foram realizadas entrevistas semiestruturadas com trinta professores que participavam do Programa sendo eles de diferentes áreas de ensino e de diferentes localidades do estado do Ceará.

Tendo o foco nos professores, Pamela Ranielle da Silva Pereira e Katharine Ninive Pinto Silva, autoras do artigo Trabalho docente e ensino de Química no ensino médio integral, apresentam considerações sobre pesquisa que objetivou identificar se existem adequadas condições de trabalho para os professores de Química no Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco, levando em considerações a saúde do trabalhador docente. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com docentes de seis escolas que fazem parte do Programa de Educação Integral (PEI) do Ensino Médio da Rede Estadual de Pernambuco.

Acerca da escola, o artigo Política de ampliação do ensino fundamental: a criança ingressante e sua educação nos documentos oficiais, de autoria de Jaqueline Cristina da Silva e Géssica Priscila Ramos, contextualiza período no qual foi aprovada no Brasil a Lei nº 11.274. Essa legislação teve duas implicações: a mudança da duração do ensino fundamental para nove anos e a matrícula obrigatória da criança a partir dos seis anos de idade. A partir de pesquisa documental, são analisados documentos oficiais para compreender a concepção de criança ingressante e de educação que sustentam a política em questão. Foram consideradas como categorias de análises: brincar, espaço, currículo, metodologia de ensino, tempo, relação professor/aluno e aprendizagem/desenvolvimento.

Gabriella Pizzolante da Silva, Carolina Rodrigues de Souza e Sandra Fagionato-Ruffino, na continuidade com a temática da criança, apresentam o artigo Crianças, natureza e fotografia: uma experiência no cerrado, que trata de pesquisa que analisou a relação das crianças com a natureza, a partir de imagens obtidas por instrumentos tecnológicos e das narrativas produzidas por eles. A partir de uma concepção de criança como sujeito de direitos, valorizando a autoria e a lógica infantil foram realizados os seguintes movimentos: a tomada de imagens em uma trilha de cerrado, a análise dessas imagens e sua categorização.

O artigo Cartões mesada para crianças e jovens: uma pedagogia aos moldes do teatro negro?, de autoria de Lucas Vitor Vilela Souza e Inês Hennigen, trata das redes discursivas que sinalizam certos modos de educar e lidar com questões de dinheiro e finanças. A partir da perspectiva foucaultianna, são discutidos conceitos tais como poder microfísico e governamentalidade. Também é considerada a perspectiva cênica do Teatro Negro para problematizar acerca da pedagogia implicada. Como material de análise foi considerada a oferta de cartões mesada, veiculada nos sites do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, da Caixa Econômica Federal e da incorporadora Visa. As discussões apresentadas objetivam trazer contribuições para pensar uma educação que articule a questão do consumo, das finanças, da renda etc.

No artigo Método repetitivo para disléxicos: como diagnosticar e desenvolver habilidades de leitura em disléxicos, o autor André Pontes tematiza a Dislexia, considerada como um distúrbio de aprendizagem e que tem sido estudada tanto no campo da saúde como da educação. No artigo procurou-se evidenciar as principais manifestações de bloqueio da linguagem no sujeito que tem Dislexia e, ainda, apresentar um método para desenvolver habilidades de leitura. A partir dos estudos, foi possível propor uma nova estratégia de intervenção educacional multissensorial na educação básica que permite desenvolver habilidades de leitura em disléxicos.

No artigo Conhecimento dos profissionais de educação infantil sobre o transtorno do espectro autista, as autoras Carine Ramos de Oliveira-Franco e Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues tematizam o Transtorno do Espectro Autista (TEA), caracterizado por afetar o desenvolvimento neurológico, o que gera prejuízos nas áreas de comunicação social. Foi realizado estudo com 170 profissionais da Educação Municipal Infantil Integrada (EMEII) de um município do interior do São Paulo para investigar o conhecimento que esses profissionais tinham acerca tanto da temática do TEA como um dos conhecimentos necessários no momento de acolher essas crianças nas suas salas.

O artigo Para além da diferença: uma intervenção educativa não formal no âmbito da deficiência mental, de autoria de Maria Conceição Antunes e Ana Patrícia Sampaio, trata de um projeto de investigação/intervenção desenvolvido com jovens e adultos com deficiência. O contexto no qual esse processo se desenvolveu foi o Centro de Atividades Ocupacionais que foca a promoção de uma vida mais autônoma, ativa e participativa. A intervenção implicou na realização de sete oficinas com o objetivo de promover processos de educação/aprendizagem dos participantes.

Por último, apresentamos a resenha do livro Jogos e brincadeiras: tempos, espaços e diversidade, de autoria de Ubirajara da Silva Caetano e Marineide de Oliveira Gomes que socializa o conhecimento produzido por diferentes pesquisadores estudiosos das temáticas do jogo, do brinquedo e da brincadeira. Assim, problematizam-se características, conceitos e dimensões dos mesmos, sempre em interlocução com diferentes contextos e realidade.

Por fim, acreditamos que todos os trabalhos trazem contribuições tanto para repensar o fazer docente e as práticas educativas, como para ampliar as investigações acerca de temáticas tão relevantes como as aqui discutidas.

Referências

CHALUH, L. N. Editorial. Educação: Teoria e Prática. Rio Claro. v. 29, n. 61, p. 264-268. 2019. [ Links ]

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons