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Educação: Teoria e Prática

versão impressa ISSN 1993-2010versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.30 no.63 Rio Claro  2020

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v30.n.63.s13626 

Artigos

A POLIFONIA COMO ESTRATÉGIA ARGUMENTATIVA NAS REDAÇÕES DO ENEM

POLYPHONY AS AN ARGUMENTATIVE STRATEGY IN THE ESSAYS OF ENEM

LA POLIFONÍA COMO ESTRATEGIA ARGUMENTATIVA EN LAS REDACCIONES DEL ENEM

Eligiane Manoel Alves1 
http://orcid.org/0000-0002-5105-491X

Almerinda Tereza Bianca Bez Batti Dias2 
http://orcid.org/0000-0003-3350-0899

1Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, Santa Catarina – Brasil. E-mail: gija.alves@hotmail.com.

2Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, Santa Catarina – Brasil. E-mail: bianca@unesc.net.


Resumo

Com base nos estudos da Semântica Argumentativa, a pesquisa estudou o fenômeno polifônico pela perspectiva de Ducrot. O objetivo da pesquisa foi analisar a presença da polifonia na perspectiva de Ducrot, por meio das marcas linguísticas, usadas como recurso argumentativo. O corpus foi composto das dez redações do Enem, edição 2015, cujo assunto foi “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, as quais tiveram sua divulgação no portal de notícia G1 por atingirem a nota máxima. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa descritiva. Após a numeração das redações foram identificadas as temáticas desenvolvidas por cada candidato, seguida da identificação das marcas linguísticas que indicassem possíveis vozes. Como resultados verificamos que a polifonia se apresenta como recurso argumentativo nas redações estudadas. Acerca dos enunciadores o E1 foi o mais recorrente durante as análises, tanto na frequência dos enunciadores por redações, como na análise de frequência dos enunciadores e por parte constituinte do texto. O E1 teve a sua identificação por meio da característica da voz do conhecimento compartilhado.

Palavras-chave Semântica Argumentativa; Polifonia; Recurso Argumentativo

Abstract

This research studied the polyphonic phenomenon from Ducrot's perspective, based on the studies of Argumentative Semantics. The aim of the research was to analyze the presence of polyphony in Ducrot's perspective, through linguistic marks, used as an argumentative resource. The corpus was composed of the ten essays of Enem, edition 2015, whose the theme was "The persistence of violence against women in Brazilian society", which were published in the G1 news portal because reached the highest score. It was a descriptive qualitative research. After the numbering of the essays, the themes developed by each candidate were identified, followed by the identification of the language marks that indicated possible voices. As results, we verified that the polyphony is presented as an argumentative resource in the essays studied. With regard to enunciators, E1 was the most recurrent during the analyses, in the frequency of enunciators by essays, and in the analysis of the frequency of enunciators and by the constituent part of the text. E1 had its identification made through the characteristic of the voice of shared knowledge.

Keywords Argumentative Semantics; Polyphony; Argumentative Resource

Resumen

Con base en los estudios de la Semántica Argumentativa, la investigación estudió el fenómeno polifónico por la perspectiva de Ducrot. El objetivo de la investigación fue analizar la presencia de la polifonía en la perspectiva de Ducrot, por medio de las marcas lingüísticas usadas como recurso argumentativo. El corpus fue compuesto de las diez redacciones del Enem, edición 2015, cuyo tema fue "La persistencia de la violencia contra la mujer en la sociedad brasileña", las cuales tuvieron su divulgación en el portal de noticias G1 por alcanzar la nota máxima. Se trata de una investigación cualitativa descriptiva. Después de la numeración de las redacciones, se identificaron las temáticas desarrolladas por cada candidato y posteriormente las marcas lingüísticas que indicaron las posibles voces. Como resultado, encontramos que la polifonía se presenta como un recurso argumentativo en las redacciones estudiadas. En cuanto a los enunciadores, el E1 fue el más recurrente durante los análisis, en la frecuencia de los enunciadores por redacción, en el análisis de la frecuencia de los enunciadores y por la parte constitutiva del texto. El E1 tuvo su identificación hecha a través de la característica de la voz del conocimiento compartido.

Palabras clave Semántica Argumentativa; Polifonía; Recurso Argumentativo

1 Introdução

Dentro dos estudos semânticos, a Semântica Argumentativa tem como objetivo estudar o sentido da linguagem dentro do seu próprio sistema. À luz dessa perspectiva, Oliveira (2004) reconhece que, na Semântica Argumentativa, o sentido de uma sentença resulta do contexto em que está inserida, ou seja, a interpretação da linguagem não depende de conhecimento externo ao texto, mas do sentido que a linguagem produz no discurso por meio de argumento. O precursor dos estudos que originaram a Semântica Argumentava foi Ducrot (1987) que defende a teoria de que a linguagem não é usada para falar sobre o mundo, mas que a usamos para o convencimento de alguém, isto é, fazemos do discurso um jogo argumentativo cujo resultado esperado é o convencimento do interlocutor.

Dentro da proposta da Semântica Argumentativa têm-se os estudos da Polifonia. Ducrot estendeu essa problemática para o campo linguístico com o objetivo de encontrar explicações para o surgimento de outras vozes para um único enunciado e entender as relações existentes entre o locutor e as vozes ali perceptíveis (MAINGUENEAU, 2013).

O tema em estudo surgiu da inquietação das pesquisadoras em razão da necessidade de conhecer a utilização da polifonia como recurso de argumentação nas redações do Enem (2015). Para tanto, teve-se como o objetivo analisar a presença da polifonia na perspectiva de Ducrot, por meio das marcas linguísticas, usadas como recurso argumentativo.

Esta pesquisa se justifica pela importância da presença do enunciador para o texto argumentativo. Segundo Oliveira (2004), nos estudos da Semântica Argumentativa, a presença de um enunciado orienta a continuidade de um discurso. As sentenças são colocadas para o enunciador com as características àquela comunicação, contribuindo para a compreensão do texto por meio da construção argumentativa, que tem como efeito a compreensão do interlocutor. Por conseguinte, segundo a autora, é a organização dos argumentos, por meio dos enunciadores, que resulta na coerência do texto e alcança o objetivo de convencer o leitor da opinião do Locutor.

2 A Polifonia e a Argumentação em Ducrot

Segundo Frossard (2008), Ducrot contraria a ideia de sujeito único no texto, uma vez que, para Ducrot, o enunciador traz outros sujeitos – vozes – para dentro do texto, por meio de marcas linguísticas, dando então origem a abordagem teórica da Polifonia.

Dessa maneira, para os estudos polifônicos de Ducrot, todos os fatores que permitem a presença da diversidade de vozes no enunciado estão inseridos na linguagem e não em fatores extralinguísticos.

Barbisan e Teixeira (2002) e Frossard (2008) nos asseveram que a teoria polifônica de Ducrot apresentou modificações ao longo do tempo, em razão de críticas recebidas por estudiosos da área da linguística. No princípio, o cientista apresentava no plano do texto polifônico, dois tipos de sujeito, o locutor e os enunciadores sendo que: o primeiro era compreendido como o responsável por aquilo que era falado e os enunciadores eram responsáveis pelo que era subentendido. Isso, porém, não foi suficiente, pois Ducrot passou a perceber que tudo que era subentendido ou implícito exigia certa interatividade e isso passava a ter uma obrigação social, por exemplo, uma pergunta provocava uma resposta, uma ordem provocava a execução do que foi ordenado. Mas, ao desenvolver seus estudos, Ducrot desloca seu foco que estava na interatividade, para um estudo semântico voltado para o enunciado com o objetivo de analisar as vozes ali presentes. Com isso, a noção de interlocutor é ampliada e suas subdivisões são demonstradas no interior do enunciado.

No que diz respeito ao conceito, Ducrot (1987) considera enunciado a materialização linguística do resultado do enunciador, ou seja, a linguagem final usada pelo enunciador para expor sua opinião em uma frase levando em consideração o contexto linguístico.

Ducrot, afirma Brandão (2012), teve como objetivo aplicar a teoria polifônica no plano do enunciado, contestando assim a tese da singularidade do sujeito da enunciação. Tese que pressupõe que, para cada enunciado, há um único responsável por isso. Ducrot queria comprovar, por meio da sua pesquisa linguística, que em um único enunciado pode existir várias vozes, isto é, um jogo polifônico.

Vejamos neste exemplo que, em um diálogo, um locutor L é repreendido por ter cometido um equívoco: Ducrot (1987, p. 162), “Ah! Eu sou um idiota; muito bem, você não perde por esperar”. Nesse exemplo, L é o responsável pela produção da frase, mas não é o responsável pela afirmação da frase, já que ele usa a ironia para contestar e ameaçar a pessoa que fez a afirmação. O linguista considera que, nesse caso, na fala de L, existem dois enunciadores. O E1 que retoma a opinião, e o E2, que assume o ponto de vista expresso por L. Para Ducrot (1987), a voz do locutor (L) pode estar associada a um enunciador (E) ou a vários enunciadores, ou seja, o enunciador é uma opinião que surge durante o discurso sem que a responsabilidade seja atribuída ao locutor (L). O pesquisador ainda confere ao enunciador a capacidade de subjetividade durante o discurso, mas não exclui dele a importância do seu enunciado. Analogamente, Ducrot usa como exemplo a arte cênica em que o autor usa do personagem para representar um papel criado por ele: “Direi que o enunciador está para o locutor assim como a personagem está para o autor” (DUCROT, 1987, p. 192).

Ducrot (1987) afirma que a materialização do enunciado é o produto final do falante ou do Locutor, pois todo o seguimento de discurso que, em outro momento o linguista denomina de enunciado, seria uma enunciação. Ao aprofundar seus estudos, ele passa a considerar enunciação o aparecimento de um enunciado, isto é, o momento em que é dada existência a algo que não existia antes de ter sido mencionado e que não existirá mais depois disso, por este argumento é que Ducrot (1987) considera o acontecimento da Enunciação como um fato histórico. A enunciação não insere um novo Locutor como autor da frase, mas sim um acontecimento em que o enunciado surge no discurso. Nesse momento, os enunciadores também têm suas funções reformuladas. Para Ducrot eles não expressam palavras, mas são vozes implícitas que expressam opiniões que são organizadas pelo locutor.

Sobre essa reavaliação na teoria polifônica ducrotiana, Barbisan e Teixeira (2002) afirmam que, ao desenvolver as primeiras concepções de enunciador e locutor, Ducrot afasta-se do caminho da polifonia como recurso usado no discurso, já que as vozes presentes ficavam limitadas no plano do locutor. Nessa concepção, o locutor é visto ao modo de um ser empírico, o que não é objeto de estudo para a linguística, pois a ciência rejeita o empírico como objeto de estudo. Os enunciadores não expressam palavras, mas são vozes implícitas organizadas pelo locutor para se identificar ou se opor a elas. Essas vozes não são explcitadas e suas existências resultam da imagem que a enunciação produz para o locutor (L). Com a reformulação da teoria em 1984, Ducrot percebe uma pluralidade de vozes na enunciação e focaliza um olhar sobre os temas como a pressuposição, a ironia, o estudo da negação, argumentação e outros. Com o olhar voltado para esses temas, Ducrot percebe que o locutor pode assumir posições distintas levando em consideração as opiniões expressas no enunciado.

Sobre essas posições distintas que pode ocupar o locutor, Barbisan e Teixeira (2002) afirmam que ela pode ser analisada por três modos. O primeiro é quando o locutor se identifica com os enunciadores, isso acontece por meio da aceitação ou afirmação; outro modo é quando o locutor os aprova, como no caso da pressuposição e, finalmente, a situação em que se opõe aos enunciadores, como no caso da ironia. Tais posicionamentos feitos por L dependem da intenção do locutor em querer organizar suas diferentes expectativas para melhor sustentar sua opinião.

Brandão (2012), em seu estudo sobre a polifonia de Ducrot, afirma que, para comprovar a presença de várias vozes em um único enunciado, o linguista faz distinção entre: sujeito falante, locutor e enunciadores. Vejamos as definições dadas por Brandão (2012):

O sujeito falante é o ser que fala por meios de suas experiências no mundo real, ou seja, é um ser empírico. O locutor é o ser que é apresentado como sendo o responsável pelo enunciado em uma discussão fictícia. No texto literário, o locutor é apresentado como responsável pela narração. Podemos, também, ter polifonia no nível dos locutores, isso ocorre quando a enunciação aparece de modo duplo, ou seja, um discurso imaginário, por exemplo, “se alguém me disse: eu vou sair, eu lhe responderia com uma chamada de atenção [...]” neste exemplo há diferença entre o “eu” do fragmento “eu vou sair” do eu do fragmento “eu lhe responderia com uma chamada de atenção”. No primeiro fragmento, o locutor é uma ficção discursiva a quem é atribuída a responsabilidade pelo enunciado, no segundo o locutor é responsável por todo o enunciado.

Os enunciadores. diferentes dos locutores, são seres que se expressam por meio da enunciação sem que, para isso, lhe sejam atribuídas palavras. Em um texto discursivo enunciadores correspondem a posicionamento de uma opinião. Eles não são como os locutores responsáveis por palavras, mas surgem como uma opinião indicando uma retomada de fala.

Pela perspectiva de Brandão (2012), a ótica ducrotiana analisa a autenticidade dos enunciadores por meio do pressuposto, da negação e da ironia demonstrando como, em um enunciado, pode surgir mais de uma voz. Vejamos alguns exemplos: a) Pedro parou de estudar. Nessa sentença o posto é uma frase que afirma que Pedro parou de estudar (posto), porém, uma voz pressuposta nos apresenta uma ideia de que Pedro estudava antes.

No que se refere à autenticidade do enunciador no caso da negação, vejamos o seguinte exemplo: b) Não seja mal-educado. A frase posta adverte alguém por um ato negativo, ou seja: o código social de boa convivência. Nesse enunciado há uma voz implícita falando da expectativa do código seja bem-educado. Ao aconselhar o interlocutor por algo negativo, a enunciação traz uma voz implícita que ordena que sua atitude corresponda ao código social de boa convivência.

No que diz respeito à ironia vejamos o seguinte exemplo: c) Bonito isso que você fez. Nessa enunciação percebemos que a fala em que o locutor se apoia, não coincide com a do enunciador que está inserida no enunciado. Em outras palavras, o que parece ser um elogio do locutor é uma ironia para com a atitude do interlocutor. Neste caso o locutor usa a ironia para fazer uma crítica a algo que, em sua opinião, está incoerente.

Conforme o pensamento de Fiorin e Savioli (2006), argumentar não é construir uma prova de veracidade, mas fazer uso de um recurso de natureza linguística com o propósito de levar o leitor ou interlocutor a aceitar a opinião de quem faz uso dela, ou seja, saber fazer uso dos argumentos é imprescindível para que os fundamentos se sustentem para alcançar o objetivo final do discurso, que é o convencimento do leitor ou interlocutor.

Nesse sentido, Santos (2011) justifica que a figura do Enunciador (E) possibilita ao Locutor (L) expressar ideia sem querer assumir a autoria. Para a pesquisadora, o contexto que está assimilado ao enunciado é imprescindível para a compreensão do leitor sobre o texto. Esse contexto não é uma linguagem homogênea ao discurso, longe disso, é um contexto híbrido, ou seja, está constituído por vários discursos contrários entre si.

Dessa forma, ao fazer uso do jogo polifônico no discurso, o locutor não pretende de maneira alguma construir uma linguagem heterogênea para confundir o leitor, muito pelo contrário, ele pretende, por meio de outros enunciadores, que o leitor conheça outras fontes para se posicionar à opinião mais coerente.

3 Metodologia

Elegemos a pesquisa qualitativa descritiva. De acordo com Michel (2015), na abordagem qualitativa, a verdade não se comprova por meio de números ou estatísticas, pois ela surge a partir da análise feita de forma detalhada e nas argumentações lógicas das ideias. Gil (2007) afirma que a pesquisa descritiva é aquela, cujo objetivo é relatar as características de determinada população, ou acontecimento, estabelecendo relações entre variáveis.

No que se refere ao corpus da pesquisa, foram analisadas as dez redações do Enem em que os candidatos obtiveram a pontuação máxima no ano de 2015. “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira" foi o assunto dado para o gênero textual. Tais redações foram divulgadas no portal de notícia G1 com as identificações dos candidatos, porém é importante ressaltar que os textos não foram modificados pelos avaliadores, permanecendo da mesma forma em que foram escritos.

A análise dos dados teve seu embasamento na teoria da Polifonia por Ducrot (1987) que compreende que a responsabilidade da opinião materializada no enunciado não é obrigatoriamente do locutor, mas que este, eventualmente, apodera-se de outras vozes para assumir o ato. No tocante à coleta de dados, primeiramente foram enumeradas as redações, em seguida foram identificadas as temáticas desenvolvidas por cada candidato e as marcas linguísticas que indicassem a presença de vozes nos textos. Feita essa análise, foi investigada a presença de enunciadores diversos como recurso argumentativo. Cabe apresentar que os candidatos receberam o comando para a produção do gênero textual a fim de contextualizar a produção escrita. Na Figura 1, apresentamos os comandos acerca da redação do referido Enem.

Fonte: MEC-INEP (2015)

Figura 1 Prova e comando da redação Enem – 2015. 

Ressaltamos que são apresentados ao final de cada fragmento a numeração da redação com o R abreviado, seguido do seu número e as letras F ou M, quando seus autores forem respectivamente do sexo feminino ou masculino.

4 Análise Polifônica

Apresentamos os resultados, juntamente com as respectivas análises dos dados da presente pesquisa. Iniciamos pela apresentação das temáticas defendidas (ponto de vista) nas redações, cujo assunto proposto foi: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, cada candidato retratou uma mulher diferente, as quais estão expostas no Quadro 1.

Quadro 1 – Temáticas (ponto de vista) defendidas nas redações

Quadro 1 Temáticas (ponto de vista) defendidas nas redações 

A mulher vítima de uma sociedade com cultura patriarcal. (Redações 1, 2, 4 e 8)
O Empoderamento feminino e a busca por uma sociedade com equidade de gêneros. (Redações 3 e 9)
A mulher, como uma vítima a mais, de uma sociedade violenta. (Redação 5)
A violação aos direitos humanos sofrida pela mulher. (Redações 6, 7 e 10)

Fonte: Elaborado pelas autoras.

As redações que desenvolveram a temática “A mulher vítima de uma sociedade com cultura patriarcal” apresentaram como objeto em questão, a historicidade de um país cuja sociedade foi construída baseada em um modelo patriarcal e consequentemente machista. Tais redações mostram a mulher como vítima que nasce juntamente com essa sociedade, ou seja, a violência contra a mulher acontece desde que a sociedade começou a ser construída, conforme explicitam os seguintes fragmentos: “O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal” (R1F); “Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do ‘Senhor do Engenho” (R2F); “O Brasil cresceu nas bases paternalistas da sociedade europeia, visto que as mulheres eram excluídas das decisões políticas e sociais, inclusive do voto”. (R4M); “A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é um fato que tem origens históricas” (R8F). Essas redações apresentaram, de certa forma, a origem da cultura do país como principal motivo para a persistência da violência contra a mulher.

As redações sobre “O Empoderamento feminino e a busca por uma sociedade com equidade de gêneros” possuem como foco de discussão as conquistas da mulher ao longo do tempo e o reconhecimento de que a luta está no início. Verificamos isso nos seguintes fragmentos: “Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas representações políticas e no mercado de trabalho” (R3F); “Muitos importantes passos já foram dados na tentativa de se reverter esse quadro. Entretanto, para que seja conquistada uma convivência realmente democrática, hão de ser analisadas as verdadeiras causas desse mal” (R9M). Segundo esses fragmentos, podemos verificar que a figura da mulher apresentada no contexto está conquistando espaço na luta por uma sociedade com direitos de igualdade de gênero, isto é, a mulher está tendo uma importante participação na sociedade, mas também está ciente sobre a luta por uma igualdade de gêneros.

Sobre a temática “A mulher, como uma vítima a mais, de uma sociedade violenta”, exemplificamos como fragmento; “Os níveis de homicídios, assaltos, sequestros e agressões são altos, portanto, o número de mulheres atingidas por esse índice também é grande” (R5M). Tal texto apresentou a persistência da violência contra mulher, sendo que esta ação tem relação com uma sociedade que é violenta também com outras classes, ou seja, a mulher é uma vítima a mais nessa sociedade que tem a violência em todos os segmentos e dimensões.

Nas redações 6, 7 e 10, percebemos a mulher sobre a ótica da temática: “A violação aos direitos humanos sofrida pela mulher”, ou seja, a figura da mulher retratada nesses textos configura em um ser humano tendo os seus direitos civis, garantidos por lei, mas violados a todo momento. Vejamos os seguintes fragmentos: “Pesquisas comprovam que, no Brasil, o salário dado a homens e mulheres é diferente, mesmo com ambos exercendo a mesma função” (R6F). “A completa burocracia presente nos processos de atendimento às vítimas de estupro, por exemplo, refuta mulheres que apresentam traumas e não recebem acompanhamento psicológico adequado, sendo orientadas a realizar o exame de corpo de delito, procedimento, por vezes, invasivo” (R7F). “Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante a lei, independente de cor, raça ou gênero [...]. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de homens e mulheres [...]” (R10F). Essa temática sugere que a mulher apresentada é uma cidadã que percebe diariamente seus direitos assegurados pela legislação, sendo violados por um motivo de diferenciação de gênero. No Quadro 2, são apresentadas as características dos enunciadores, as quais emergiram dos textos.

Quadro 2 Características dos enunciadores 

Enunciadores Características
E1 Voz do conhecimento compartilhado
E2 Voz do avanço nas conquistas
E3 Voz da mulher vítima
E4 Voz que se compadece com as mulheres
E5 Voz que instiga mudanças
E6 Voz da intertextualidade
E7 Voz que ratifica a violência e discriminação contra as mulheres
E8 Voz que se compadece, mas que percebe muitos entraves para a mudança.

Fonte: Elaborado pelas autoras..

Apresentamos, no Quadro 3, a frequência de enunciadores por texto. Foram um total de cento e trinta e seis ocorrências nas dez redações.

Quadro 3 Frequência dos enunciadores por redação 

Textos /Enunciadores 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Total
E1 5 4 1 6 3 1 4 3 2 4 33
E2 0 0 3 0 1 2 1 2 2 1 12
E3 1 0 1 1 0 0 3 1 1 0 8
E4 2 4 2 5 3 2 2 4 2 1 27
E5 1 1 1 2 1 1 1 1 3 3 15
E6 2 3 2 0 2 4 1 1 1 1 17
E7 5 4 2 1 1 1 2 1 1 2 20
E8 0 0 0 0 0 1 0 1 2 0 4
Total 16 16 12 15 11 12 14 14 14 12 136

Fonte: Elaborado pelas autoras.

De acordo com o Quadro 3, as redações que apresentaram mais enunciadores (16 cada uma delas) foram a 1 e a 2 cuja temática defendida pelos candidatos foi “A mulher vítima de uma sociedade com cultura patriarcal”.

Acerca da frequência por enunciador, verificamos que o E1, cuja característica é “A voz do conhecimento compartilhado”, foi o mais recorrente na totalidade. O que nos sugere reconhecer que, por ser tratar de um tema com problematização social, o candidato se amparou no conhecimento partilhado pela sociedade para construir seus argumentos, isto é, o conhecimento extralinguístico do candidato aproximou-se do conhecimento público.

Vejamos, nos seguintes fragmentos, tal afirmação: E1“A cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social” (R1F). Consideramos que a presença dos termos: cultura brasileira comprova a presença do E1, pois, ao escolher fazer uso dessas palavras, o locutor quer assinalar que ele, como a sociedade, compartilham da mesma opinião, em outras palavras, o locutor afirma existir a cultura do machismo e que seu argumento está em conformidade com a história da sociedade, que prega a função da mulher submissa ao homem.

O segundo enunciador, com mais recorrência nas redações, foi o E4, (com vinte e sete na totalidade). Este enunciador apareceu em todas as redações cuja característica é a voz que se compadece com as mulheres, talvez em função do comando dado. A maior ocorrência aconteceu na redação 4, vejamos o seguinte fragmento: “A mulher é constantemente tratada com inferioridade pela população e pelos próprios órgãos públicos” (R4M). Verificamos a interferência do E4 na enunciação, com a característica citada acima, ao constatarmos a presença da manifestação linguística: “A mulher [...]”. Ao optar por usar o artigo definido . antes do substantivo mulher o locutor pretendia determinar com precisão a quem ele estava se referindo, ou seja, a um gênero que constantemente sofre violência. Com isso, os dados nos permitem considerar que o E4 apresenta uma voz que se compadece com a mulher e que, independente do gênero do autor da redação, essa consciência de que a mulher é constantemente tratada com inferioridade é percebida. Conforme Ducrot (1987), as vozes que se propagam, por meio da enunciação, expressam opiniões que o locutor organiza ao longo do texto, para se identificar ou se opor a elas.

O terceiro enunciador com maior ocorrência é o E7, cuja característica foi a voz que ratifica a questão da permanência da violência contra a mulher. Esse enunciador teve sua representação em todas as redações analisadas, porém o texto com a maior representatividade foi a redação 1. Vejamos o seguinte fragmento; “Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada” (R1F). O que observamos em E7 é o uso do adjunto adverbial consequentemente, o que indica a necessidade de o locutor em reforçar a ideia exposta anteriormente e o conectivo assim que introduz uma ideia de explicação, justificando o porquê de essas agressões se manterem. Sempre que o E7 foi identificado nos textos, o objetivo do locutor foi de comprovar um raciocínio explicitado na oração anterior. Apresentamos mais um fragmento, agora da redação 2, cujo texto é o segundo em frequência do E7: “Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos” (R2F). Ressaltamos que, ao fazer uso das marcas linguísticas nessa e essa, o objetivo do locutor é retomar algo já mencionado anteriormente, ou seja, fica explícita a ratificação da questão permanência da violência contra a mulher. Segundo Maingueneau (2013), a retomada de termos, pelo demonstrativo, é um recurso usado pelo enunciador para recuperar uma sentença anteriormente usada no texto, possibilitando introduzir uma nova categoria ao enunciado. Com o uso deste recurso usado no fragmento citado acima, o locutor inseriu a ratificação da permanência da violência contra a mulher.

O quarto enunciador com maior ocorrência é o E6, com a característica de trazer uma intertextualidade. Essa voz teve dezessete ocorrências. Segundo Barros (2001), os textos são dialógicos, pois resultam do embate de muitas vozes, resultando assim em polifonia. Para a autora, nenhuma palavra é exclusivamente de um único enunciador, pois ele traz em si a perspectiva de outras vozes. O E6 foi identificado pela conversa que o locutor faz com outros textos, isto é, toda manifestação do E6 está referenciada a elementos existentes em outro texto, mas que dizem respeito ao mesmo conteúdo. Vejamos o seguinte fragmento: “De acordo com o site “Mapa da Violência, nas últimas três décadas houve um aumento de mais de 200% nos índices de feminicídio no país” (R6F). O locutor incluiu, no próprio texto, um índice retirado da estatística de outro texto, para comprovar a persistência da violência contra a mulher. Tal informação encontra-se no caderno de proposta da redação como apoio. Sendo assim, essa questão sugere que os textos apresentados como leituras motivadoras para o desenvolvimento da redação estimulam a presença da intertextualidade nos escritos desenvolvidos pelo candidato. O E6, com exceção da redação quatro, esteve presente em todas as outras redações, com mais ou menos recorrência.

O E5 é o quinto enunciador com mais recorrências nas redações. A marca linguística do E5 é a voz que instiga mudanças para o problema debatido durante o texto, no caso, a permanência da violência contra a mulher. Todas as redações apresentaram a presença do E5, vejamos um fragmento da redação nove: “Ao Poder Judiciário, cabe fazer valer as leis já existentes, oriundas de inúmeros discursos democráticos” (R10F). Comparando o E5 com os outros enunciadores, percebemos que, na sua totalidade, a voz se manifesta sempre que o locutor quer explorar o fato de que, apesar da persistência da violência contra a mulher, a situação precisa ser incentivada às mudanças.

Em princípio, entendíamos que, para escritura das redações, os estudantes recebem em suas instituições de ensino instruções para desenvolverem um texto. A orientação dada geralmente aos estudantes é de que devem utilizar um parágrafo para a introdução, dois a três para o desenvolvimento e um para concluir o texto. Essas orientações estão em conformidade com os estudos de Granatic (2005) que apresenta como esquema básico para o texto dissertativo as seguintes divisões: um parágrafo para a introdução, no qual deverá ser apresentado o tema, acompanhado dos três argumentos que serão desenvolvidos nos parágrafos seguintes. De dois a três parágrafos para o desenvolvimento, no qual acontecerá a construção discursiva dos argumentos e, por último, um parágrafo para a conclusão, em que será manifestada a observação final de tudo o que foi escrito. Então, identificamos as partes constituintes das redações e as controlamos para verificar a frequência e enunciadores presentes, os quais estão expostos no Quadro 4.

Quadro 4 Frequência dos enunciadores por parte constituinte do texto 

Partes do texto/
Enunciadores
Introdução Desenvolvimento Conclusão TOTAL
E1 11 17 5 33
E2 4 7 1 12
E3 2 6 0 8
E4 5 21 1 27
E5 2 2 11 15
E6 5 10 2 17
E7 3 15 2 20
E8 1 2 1 4
TOTAL 33 80 23 136

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Considerando a característica do E1, que é o conhecimento compartilhado, acreditamos que a sua maior ocorrência (33) se deu pelo fato de que o candidato não conhece com antecedência o tema da redação e, também, pela própria característica da introdução, acaba por se valer do uso de um enunciador que contextualiza a temática a ser defendida nos parágrafos sequentes. Além disso, os professores costumam, durante a preparação para o Enem, trabalhar com seus alunos os possíveis temas que surgirão na prova. Isso pode ser um indicativo do porquê de essas generalizações acerca do conhecimento compartilhado na introdução. Considerando que o tipo de texto escolhido para a prova seja o dissertativo-argumentativo, organizar o texto é uma estratégia de convencimento que o candidato utiliza desde o princípio, ou seja, iniciar o texto com um enunciador cuja característica seja o do conhecimento compartilhado é uma opção para o desempenho dele. Para Blasque e Guerra (2012), a linguagem sempre busca alcançar uma meta e, consequentemente, ela não produz enunciadores de modo aleatório.

O enunciador que apresentou maior frequência no desenvolvimento foi o E4, com vinte e uma ocorrências. A característica desta voz é o fato de que se compadece com as mulheres. Ressaltamos que as 10 redações analisadas foram escritas por sete mulheres e três homens, fato este que pode, talvez, interferir na defesa das mulheres. No entanto, verificamos que a redação que mais teve a presença do E4 foi a cinco a qual foi desenvolvida por um estudante do sexo masculino: “Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem e a serem recatadas” (R1F). A marca linguística apenas reflete a exclusão das outras características da mulher, ou seja, de um modo exclusivo essa mulher somente serve para ser objeto do sexo oposto. A presença do E4 faz aparecer uma voz que, motivada por essa situação, compadece-se com a mulher.

Na conclusão das redações, foram vinte e três ocorrências de enunciadores, sendo o E5 que teve a maior representatividade: “Portanto, para reduzir drasticamente a violência contra a mulher, deve ocorrer uma intensificação na fiscalização, através das Leis que protegem as vítimas femininas” (R5M). O E5, cuja característica apresentada é a voz que instiga mudança, apareceu em maior número na conclusão, permitindo-nos inferir que os estudantes seguiram o proposto que era trazer uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Tal proposta está baseada nos estudos de Granatic (2005) que afirma ser na conclusão do texto o momento em que o locutor apresenta o seu desejo de mudança ao problema apresentado nos parágrafos anteriores.

5 Considerações Finais

Com a identificação das vozes, por meio das marcas linguísticas, foi possível perceber que as dez redações escolhidas como corpus da presente pesquisa não desenvolveram temática única, pelo contrário, mesmo o assunto sendo igual para todos, o tema (chamado de ponto de vista no comando da redação) apresentado para a redação, cada autor/candidato apresentou a figura da mulher por diferentes óticas – Quadro 1.

Para a identificação das vozes que surgiram por meio das marcas linguísticas, os estudos de Ducrot (1987) encaminham a identificá-las por meio da materialização dos enunciados, ou seja, o sentido surgido pela enunciação nos direcionou a diferenciar tais vozes conforme apresentamos no Quadro 2. A presença dessas vozes se encontra em todas as partes constituintes dos textos em uma totalidade de cento e trinta e seis ocorrências, sendo que a R1 (redação 1) e a R2 (redação 2) apresentaram em maior quantidade de enunciadores (dezesseis ocorrências cada uma delas).

Pelas análises feitas, podemos afirmar, neste corpus, que a jogo polifônico foi utilizado de modo a organizar a melhor estratégia argumentativa. Para Bezerra, Dionizio e Machado (2010), o texto com a presença da polifonia é como um coro de vozes, do qual o autor é regente e dirige essas vozes que ele cria e recria, porém elas se manifestam com certa autonomia. É válido afirmar que tais vozes, apresentadas no interior das redações, não retiraram a autoria de quem as escreveu.

É preciso salientar que esta pesquisa foi desenvolvida dentro da limitação do acesso às produções, uma vez que somente tivemos acesso àquelas que obtiveram a nota máxima. Por esse motivo, sugerimos a replicação desta pesquisa, mantendo o aporte teórico e ampliando o corpus, por exemplo analisar as redações que foram desenvolvidas em diferentes regiões do país.

Referências

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Recebido: 01 de Outubro de 2018; Revisado: 26 de Março de 2019; Aceito: 29 de Março de 2019; Publicado: 14 de Dezembro de 2020

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