SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.30 número63FORMACIÓN DOCENTE: METODOLOGÍAS ACTIVIDADES DE APRENDIZAJE PARA LA ENSEÑANZA SUPERIORLA TELEVISIÓN PÚBLICA Y LA EDUCACIÓN PÚBLICA EN LOS SIGLOS XX Y XXI: ESCUELA 2.0 índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Compartir


Educação: Teoria e Prática

versión impresa ISSN 1993-2010versión On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.30 no.63 Rio Claro  2020  Epub 01-Jul-2020

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v30.n.63.s13185 

Artigos

“FALTA TEMPO, TEM QUE CORRER”: O TEMPO NA CONTEMPORANEIDADE E SUA CONCEPÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

"LACK TIME, GOTTA RUN": THE TIME IN CONTEMPORARY TIMES AND ITS DESIGN IN THE SCHOOL CONTEXT

"FALTA TIEMPO, TIENES QUE CORRER": EL TIEMPO EN ÉPOCA CONTEMPORÁNEA Y SU DISEÑO EN EL CONTEXTO ESCOLAR

Susana Angelin Furlan1 
http://orcid.org/0000-0002-7624-5237

José Milton de Lima2 
http://orcid.org/0000-0001-5519-2618

Márcia Regina Canhoto de Lima3 
http://orcid.org/0000-0003-2435-923X

1Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo – Brasil. E-mail:susanaangelin20@gmail.com.

2Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo – Brasil. E-mail:milton.lima@unesp.br.

3Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente, São Paulo – Brasil. E-mail:marcia.rc.lima@unesp.br.


Resumo

Este artigo retrata reflexões de uma pesquisa que investigou a aceleração do tempo na contemporaneidade e como esse movimento permeava a escola. A investigação é advinda de uma pesquisa de mestrado que contou com a participação de duas professoras e aproximadamente 50 crianças, observadas durante todo o ano letivo de 2017. Desta maneira, este estudo utiliza uma base teórica e filosófica para entender o movimento do tempo na atualidade e suas repercussões no contexto escolar. Notamos que essa aceleração do tempo, marco da sociedade contemporânea, já recai nas crianças numa antecipação do que elas são capazes de fazer. Dessa forma, é necessário atentarmos-nos às relações entre as crianças e seus pares e entre as crianças e os adultos, que são bases de um sistema educativo de qualidade. É imprescindível, também, desacelerar, para prestar mais atenção nos detalhes e nas singularidades.

Palavras-chave Educação Infantil; Tempo; Aceleração do tempo

Abstract

This paper portrays reflections of a research that investigated the acceleration of time in contemporary times and how this movement permeates the school. The research is based on a master's research that counted on the participation of two teachers and approximately 50 children, observed throughout the school year of 2017. Thus, this study relied on the theoretical and philosophical basis to understand the current movement of time and its repercussions in the school context. We perceive that this acceleration of time, a characteristic of contemporary society, already falls on children in anticipation of what they are capable of doing. Thus, it is necessary to be attentive to the relationships between children and themselves and adults, which are the basis of an educational system of quality; and it is also essential to slow down, to pay attention to the details and singularities.

Keywords Early childhood education; Time; Acceleration of time

Resumen

Este artículo describe reflexiones de una investigación que investigó la aceleración del tiempo en la contemporaneidad y cómo este movimiento impregna la escuela. La investigación se basa en una investigación de maestría que contó con la participación de dos maestros y aproximadamente 50 niños, observados a lo largo del año escolar de 2017. Así, este estudio se basó en la base teórica y filosófica para entender el movimiento actual del tiempo y sus repercusiones en el contexto escolar. Percibimos que esta aceleración del tiempo, un hito de la sociedad contemporánea, ya está en los niños en previsión de lo que son capaces de hacer. Por lo tanto, es necesario estar atentos a las relaciones entre niños y niños y adultos, que son la base de un sistema educativo de calidad; Y es indispensable, también, para frenar, para prestar más atención a los detalles y singularidades

Palabras clave Educación infantil; Tiempo; Aceleración del tiempo

1 A pesquisa e o tempo

Este artigo é fruto de uma pesquisa etnográfica (Viégas, 2007) sobre o tempo, realizada numa escola de Educação Infantil, do interior paulista e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)1. O estudo contou com a participação de duas professoras e aproximadamente cinquenta crianças, acompanhadas e observadas durante o ano letivo de 2017. Seguindo as exigências do Comitê de Ética, destacamos que os nomes citados são fictícios, a fim de resguardar a identidade dos participantes.

Assim que iniciamos a pesquisa no contexto escolar, tivemos a sensação de aceleração do tempo, retratada na fala de uma das professoras, ao nos relatar sobre o atraso da apostila: “É difícil, a apostila não chegou ainda e quando chega, não é só dar conta do que falta, mas voltar no conteúdo da apostila... falta tempo! Tem que correr!” (FURLAN, 2017).

Desta forma, esse artigo almeja explorar e analisar a aceleração do tempo, colaborando na compreensão do seu movimento dentro da escola, onde nos deparamos com um excesso de fatos e noções de tempo, muitas vezes, conturbados e em conflito.

Deleuze (1992) revela-nos que passamos de uma sociedade disciplinar (séculos XVIII e XIX, atingindo seu apogeu no século XX) para uma sociedade de controle, vigente até hoje. Na sociedade disciplinar, passava-se de um espaço fechado para o outro, com instituições bem definidas sobre seus papéis, ou seja, a família educa e ensina valores; a escola prepara o indivíduo para a sociedade; os hospitais e os presídios exercem suas funções específicas, dentre outras instituições. Desta forma, por exemplo, na fábrica, trabalha-se com horários que devem ser cumpridos com o rigor disciplinar que merecem, regulando-se o que o indivíduo faz nesse espaço. Pelbart (2000) destaca que havia moldes fixos, delimitando-se o que se devia fazer em todos os lugares, ou seja, era tudo controlado na tentativa de ser disciplinarmente cumprido.

Na contemporaneidade, passamos a viver numa sociedade de controle, na qual impera a fluidez e a mobilidade, corroborando Deleuze (1992, p. 226), ao afirmar que “[...] nunca se termina nada, a empresa, a formação, os serviços estão em estados metaestáveis e coexistentes de uma mesma modulação, como que um deformador universal”. Percebemos, por exemplo, que o indivíduo pode se tornar mais produtivo no seu lar, com os respectivos apetrechos de trabalho neste ambiente. A educação formal deixou de exclusiva da escola, tendo hoje um processo educativo continuado, cujos indivíduos estão sempre em formação.

Nesse sentido, para o autor, ampliam-se as técnicas de controle e de significância das subjetividades. O homem, que antes era sujeitado no registro disciplinar, enfrenta hoje a realidade do grupo sujeitado no âmbito da biopolítica, até mesmo na escola.

Segundo Carvalho (2013, p. 6), a escola é um lugar privilegiado de produção e irradiação de poder. Ela agencia formas produtivas de subjetividades significativas que se somam às "[...] relações de poder, de sujeitamento à autoridade de valores redundantes e de perpetuação do próprio Estado".

Antigamente, podíamos pensar em espaços que não se constituíam por um poder agindo diretamente sobre nós, como no nosso corpo ou inconsciente, e assim desenvolvíamos a sensação de preservar uma autonomia em relação aos poderes. Hoje, no entanto, como pondera Pelbart (2007), tudo é monitorado e controlado de alguma forma, seja pela linguagem, pela fé, pelo sexo, pelo nosso modo de pensar etc.

Isso tudo retrata uma diluição e mudança do funcionamento das instituições na sociedade de controle; antes, percebia-se que o funcionamento de cada instituição: -escola, exército, fábrica, família - estava marcado por uma lógica própria, distinta. Com a diluição das fronteiras entre as instituições e a extensão ilimitada da lógica de funcionamento e sobreposição entre elas, “nunca se abandona nada, nem se quita nada: não é mais o homem confinado, diz Deleuze, mas o homem endividado” (PELBART, 2000. p. 30).

Este homem endividado se refere também ao endividamento de tempo, uma vez que se não tem mais um trabalho com horários bem definidos; as tarefas que eram para ser realizadas nos escritórios são levadas para dentro do lar. Isto consumirá o tempo que, muitas vezes, era gasto com lazer e descanso, visto que o trabalho é necessário para gerar renda a fim de se fazer algo que seja útil.

Nessa lógica de fazer com que todo o tempo seja produtivo, haja vista que não há mais a compartimentalização e locais específicos de realização, desenvolvemos o que se intitula capacidade multitarefa, ou seja, a habilidade de desenvolver várias tarefas ao mesmo tempo. Essa capacidade é exigida porque as pessoas, nos dias atuais, por exemplo, dentro dos seus lares, nas suas folgas que seriam de descanso, há uma cobrança por checar a caixa de e-mail, resolver problemas ao telefone, entrar nas redes sociais, colocar tarefas em dia, etc.

Nessa perspectiva, essa habilidade de multitarefa não é um avanço na nossa capacidade de atenção, mas um retrocesso, pois, ao realizarmos diversas coisas ao mesmo tempo, assemelhamo-nos ao cotidiano da vida dos animais selvagens, visto que, pela sua condição de vida, necessitam dessa atenção multifocada, como retrata Han (2015). Como exemplo, podemos ilustrar a situação na qual um animal, ocupado com sua mastigação, preocupa-se com inúmeras atividades à sua volta. Em um primeiro plano, cuida de comer e de não ser comido; em segundo lugar, concomitantemente, presta atenção na prole e cuida de seu parceiro, não permitindo que se concentre em uma atividade (HAN, 2015).

Algo que preocupa, porém, é o fato de que todos os avanços culturais que tivemos ao longo dos anos foram advindos de um aprofundamento contemplativo, que requer muita atenção ao que se está fazendo em um tempo adequado, tais como obras de arte, os escritos e os tratados feitos ao longo dos anos. Certamente, se pensarmos nos filósofos, perceberemos que suas obras demandaram uma análise dos problemas da época, de uma atenção contemplativa e focada, o que se coloca na contramão do que se prega hoje, uma atenção dispersa e rasa.

Duque (2012) disserta que hoje temos uma urgência do tempo presente no qual a nossa energia temporal submete-se sempre ao imediatismo. Cada vez mais em nossa sociedade, percebemos que se atribui maior valor ao presente e menos valor a projetos de vida e ideais pensados a longo prazo. Instaura-se assim a ditadura do tempo real.

Para Mattos (2008, p. 456), a temporalidade nos dias atuais pode ser definida como “presenteísmo”, que se apodera de todos os espaços, corroborando a posição de Duque (2012), cujo tempo é "[...] fatalizado pela ordem das urgências, que significa uma oscilação na razão instrumental, o culto dos meios e o esquecimento dos fins. Ele é o reino das revoluções tecnológicas do progresso".

Nesta lógica, não nos é permitido a demora na realização das tarefas, como exemplo, o deleite na leitura de um livro. O advento da televisão, do computador, dos games e outras formas de entretenimento, transformaram a nossa capacidade de atenção que passou a ser reduzida a imagens, focos curtos, com poucas palavras para resumir um texto, criando-se, assim, alguns problemas em nossa sociedade, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), com diagnósticos crescentes em crianças. Sobre este transtorno, Turkce (2016, p. 21) esclarece que:

Trata-se de crianças que não conseguem se concentrar em alguma coisa, demorar-se em algo, construir uma amizade, persistir em uma atividade em comum, crianças que começa, qualquer coisa e nada levam a termo. Elas são impelidas por uma agitação motora constante, não acha nenhum jazigo, nenhuma válvula de escape, e se transformam em estorvos constantes para a escola, família e colegas.

É importante destacarmos que, para Carvalho (2013, p. 13), a escola estruturou a sua organização para o arranjo de classes de indivíduos. Nesse sentido, as potências humanas podem ser reunidas e tratadas coletivamente. Porém, nas classes, os sujeitos que estão fora do “padrão”, são alocados conforme o que o efeito administrativo pretende atingir. Assim, a escola não exerce só o papel de acesso à cultura e de produção de relações com o conhecimento, mas também seleciona os indivíduos de modo cautelar. Nesse caso, por meio de um diagnóstico como o do TDAH, as crianças são consideradas carentes de atenção especial para serem produtivas, porém sem perder de vista o seu efeito no modo capitalista.

Em uma das observações, percebemos a entrada de uma criança nova. Seu comportamento era diferente das demais já acostumadas à rotina da professora. Em um momento, Emanuele andava pela sala para emprestar um lápis, no meio da explicação e não prestou atenção nas cores que a professora definiu para o desenho e assim pintou diferente. No intervalo, perguntei à professora se Emanuele era nova e ela me respondeu: - Chegou ontem, você percebeu, não tem noção de regras. Não sabe se comportar, deve ter déficit de atenção; nem consegue prestar atenção nas cores certas.

(FURLAN, 2017).

Para Carvalho e Camargo (2015), os sujeitos dissonantes dos fluxos capitalistas são um problema a ser tratado por meio do descarte de suas potencialidades. A escola, desta forma, é um limiar produtivo: sujeitos padrões para os moldes das sociedades e os sujeitos residuais, imperfeitos para o sistema, são alocados como ameaças, predeterminando-se o que é bom ou ruim para um ambiente consumidor promissor.

O movimento dentro da escola é o da biopolítica praticada fora dela. Segundo Carvalho (2013, p. 6), desde o final do século XVIII, a escola é a instituição que se comprometeu a formar jovens para a indústria, tornando-se um importante aparelho de doutrinamento e disciplina, um espaço de controle das resistências individuais e coletivas. Educar é visto como um empreendimento voltado às demandas utilitaristas em função das projeções produtivistas do Estado Capitalista.

Homens e mulheres com bom desempenho, depois do crescimento de uma sociedade empresarial a partir da década de 1960, passaram a ser intitulados como empresários de si mesmos. Isto se torna mais acintoso ao observarmos os outdoors e propagandas dispersos pela cidade e percebermos que somos bombardeados por cursos que mostram como “investir” em nós mesmos, como administrar melhor a vida, aumentar o desempenho e assim se portar como espera o mercado de trabalho. Neste viés, tudo depende da nossa capacidade de empreendedorismo, cuja palavra empreender é a marca dessa sociedade, a nova obstinação. Nesta lógica, segundo Ehrenberg (2010, p. 117):

Empreender não é mais percebido como um meio de extorquir a mais-valia em benefício. É uma solução, ao mesmo tempo, mais justa e mais eficaz de lutar conta a exclusão e a desigualdades de todas as ordens. O espírito de empresa seria o ponto de apoio da sociedade de parceria generalizada, que constitui hoje a referência comum em matéria de solidariedade.

Nesta ótica, o trabalhador não recebe um salário, mas um rendimento por seu capital (ele mesmo), que é colocado na roda econômica, sendo que ele é reconhecido como empresa, máquina, fruto do trabalhado adicionado à sua competência. Portanto, torna-se o foco dessa sociedade empresarial, com a vida no sentido produtivo, na qual o capital equivale à sua capacidade de produzir, acompanhada pela capacidade vital do indivíduo.

O que modificou em si, na administração empresarial, foi a emergência de uma nova ideia de liderança, que agora não é mais a de um líder ou chefe da multinacional, por exemplo, mas aquela solicitada aos empregados para que se tornem líderes, capazes de superar dificuldades, gerenciar o tempo e suas emoções. Cabe salientar que esse espírito empresarial foi reiterado pelo discurso da autoajuda, que valoriza o esforço individual e técnicas de motivação (ROSA, 2009).

Para que essa empresa avance, é preciso haver investimentos no capital humano, ou seja, no capital que é a minha empresa, no caso, eu próprio. Cabe salientar, segundo o autor, que esses investimentos recaem sobre a vitalidade, a força e a saúde da pessoa. Cada aquisição é feita no nível homem, máquina, capital, investimento, que o transforma em um diferencial no mercado, conhecido como recursos raros.

“O sujeito não mais se submete a regras, ele as investe”, segundo Pelbart, (2000, p. 34) “investe nas mais diversas informações para se rentabilizar, para se fazer render, para fazer render seu tempo”. Esta lógica de economia e trabalho afeta a relação da sociedade com o tempo, no sentido de que o homem “para ter todo o tempo ele perde todo tempo”, ou seja, para ter tempo livre, ele compra instrumentos para agilizar o seu trabalho, causando-lhe uma ilusão, visto que gastará mais dinheiro, forçando-o a trabalhar cada vez mais (PELBART, 2000, p. 34). Podemos entender essa relação com o tempo e trabalho de maneira mais singular, como se o capital tivesse engolido, de alguma forma, nossa vida e nosso tempo. A própria subjetividade tem-se tornado uma fonte para esta valorização do trabalho em si.

O capitalismo, que tinha o trabalho como principal roda de engrenagem, tem agora, no tempo, o seu principal instrumento. Na sociedade disciplinar, a indústria concedia ao trabalhador um tempo livre, mesmo se este fosse completamente controlado, mas necessário para que ele conseguisse descansar com o intuito de aumentar a produção. Na contemporaneidade, este tempo livre é para ser investido em nome de um crescimento do capital humano.

Sem sair do tempo na lógica do Capital, Silva (2016) enfoca que os gregos antigos acreditavam que, para ter uma vida boa, precisavam adquirir sabedoria no uso do tempo. Assim, o autor transcreve um diálogo de Sêneca (2010, p. 15) com seu discípulo sobre a sabedoria do tempo: “comporta-se assim meu Lucílio, reivindica o teu direito sobre ti mesmo e o tempo que até hoje foi levado embora, foi roubado ou fugiu, recolhe e aproveita esse tempo. [...] Todas as coisas, Lucílio, nos são alheias; só o tempo é nosso”.

Hoje, estamos submetidos ao tempo do relógio, regido pela pressa e velocidade, não sobrando tempo para vivermos os ritmos de nossos corpos, de nossos pensamentos e de aproveitarmos as relações sociais (SILVA, 2016).

“Tempo é o único recurso que os que estão no fundo da sociedade têm de graça” (SENNETT, 2008, p. 14). Porém, os mais afortunados aceleram-no para alcançar êxito em suas atividades. Esta "correria" é sentida também dentro da escola, onde já não é permitido vivenciar o tempo conforme os ritmos e situações.

O caso a destacar é o da professora Roberta que para dispor de um tempo livre para as brincadeiras, em dias da semana, estabelecia como condição o cumprimento do conteúdo. As crianças só brincavam se terminassem as atividades. Esta sequência é evidenciada na leitura da rotina com os alunos, ou seja, apresentando as atividades que seriam realizadas naquele dia, por meio de desenhos, como na Figura 1 abaixo.

Fonte: Elaborada pela própria autora.

Figura 1 Rotina 

Numa observação, vimos que Aparecida, aluna da professora Roberta, não atentou que naquele dia teria brincadeiras depois da atividade e quando viu a professora colocando as peças de montar no meio da sala, logo exclamou: - Calma, Prô, tô terminado aqui, tô quase terminando.

(FURLAN, 2017).

Ao questionarmos a professora sobre o brincar liberado só depois de concluídas as atividades, ela nos esclareceu:

Perder o tempo da brincadeira, até perdem, mas se a gente não fizer assim, as crianças não fazem as atividades. É um acordo feito no início do ano. Primeiro termina a atividade, depois brinca. Quando constatam que isso acontece de verdade, percebem que estão perdendo e se esforçam para terminar mais rápido.

(FURLAN, 2017).

Constatamos, em vários momentos, as crianças pensando em voz alta; fato costumeiro para a idade delas. Em um dia, depois de Gabriel não ter brincado na rotina do dia anterior, em razão de não terminar a atividade, observamos o menino a olhar para o seu desenho e dizer para si mesmo: - “Vamos, Gabriel, você consegue! Rápido, vamos!” (FURLAN, 2017). A pressa é um elemento presente e está na entrada da criança no mundo. A aceleração do tempo na lógica capitalista também aparece dentro da escola, criando subjetividades e mostrando formas de conceber o tempo. Nesta realidade pesquisada, o não cumprimento das atividades, trazia como penalização, a não participação nas brincadeiras. Nas fábricas, essa penalização, para quem não finaliza as tarefas, consiste na redução do salário ou perda do emprego.

Fonte: Elaborada pela própria autora.

Figura 2 Ainda não acabei 

2 A aceleração do tempo

Ai, os meus bigodes. É tarde!

Tão tarde até que arde!

Ai ai, meu deus

Alô, adeus

É tarde

Não, não, não, eu tenho pressa

Eu tenho pressa à beça

(Coelho Branco, Alice no país das Maravilhas).

Esse trecho do filme Alice no país das maravilhas, no qual há um coelho branco com um relógio no pescoço, que passa correndo por Alice e diz o texto acima, certamente poderia ser o desenho do lema da contemporaneidade e de nossa pressa constante.

Neste contexto, Elias (1998, p. 7) ressalta: “Há uma pergunta que continua à espera de respostas: como medir uma coisa que não se pode perceber pelos sentidos? Uma hora é algo de invisível”. Mas então, por que a sensação de que ultimamente o tempo que temos não é suficiente? Na verdade, o aspecto central não é o relógio que mede o tempo, mas sim a sensação de que o tempo acelera.

Os relógios são processos físicos que a sociedade padronizou, decompondo-os em sequências-modelos de recorrência regular, como as horas ou os minutos. (...) Graças a eles, é possível comparar a duração ou a velocidade de processos que se desenrolam sucessivamente e que, por isso mesmo, não podem ser diretamente comparados - como a duração de dois discursos, proferidos um após o outro.

(ELIAS, 1998, p. 7).

Segundo Elias (1998), quanto mais complexa uma sociedade, mais presente os instrumentos que ajudam na contagem precisam do tempo. Nas sociedades tradicionais, a medida do tempo era atrelada aos ritmos sociais e ciclos de vida. Já nas sociedades ocidentais, quando se cria o relógio mecânico, mede-se o tempo, independentemente destes fatos, o que leva uma reificação do tempo, fazendo com que ele adquira característica de algo palpável, como uma “coisa”, que pode ser vendido, comprado, desperdiçado.

O tempo também pode ser um fator social, uma vez que depende das instituições, dos valores e das normas a serem construídos e impostos aos indivíduos em sua socialização, sem que necessariamente se tenha consciência disso. Ele se apresenta, muitas vezes, como uma experiência a ser construída nas relações humanas.

Pelo fato de o tempo ser nosso meio vital de existência, deveríamos, como afirma Duque (2012), saber utilizá-lo de forma involuntária, assim como o ar que respirarmos. Porém, a consideração que o autor faz é a mesma que fazemos: por que hoje se corre tanto?

Neste contexto de aceleração do tempo, algumas palavras ganham um sentido único, a flexibilidade, segundo Sennett (2008), é bastante solicitada. A palavra e a significação surgiram no século XV, quando o autor viu uma árvore que, por mais que se dobrasse com o vento, sempre voltava a sua posição inicial. A flexibilidade é isso: a capacidade de restauração da forma. “O comportamento humano flexível deve ter a mesma força tênsil: ser adaptável a circunstâncias variáveis, mas não quebrado por elas. A sociedade hoje busca meios de destruir os males da rotina com a criação de instituições mais flexíveis” (GUTIÉRREZ, 2008, p. 53).

A flexibilidade gera mudanças e a criação de novos empregos na ordem liberal. Enquanto, antigamente, aposentava-se trabalhando na mesma função ou empresa, atualmente, as pessoas mudam de emprego, sem nem mesmo contestar, apenas porque receberam uma proposta melhor. Porém, Sennett (2008, p. 115), ao retratar este cenário, destaca que essas mudanças geram apreensão, “[...] uma ansiedade sobre o que pode acontecer; é criada num clima que enfatiza o risco constante e aumenta quando as experiências passadas parecem não servir de guia para o presente”. Desta forma, segundo o autor, a seta do tempo se partiu, e pessoas sentem falta de relações humanas constantes e objetivos duráveis.

O capitalismo foi sempre implacável, mas, de diferentes modos. Sennett (2008) enfatiza que, na atualidade, o capitalismo flexível tem irradiado uma indiferença pessoal cruel, no qual o “nós” é pouco usado, pois não há a ideia de indivíduos importantes, personalizados e únicos, mas de uma massa que deve se submeter e se limitar ao sistema.

Segundo Carvalho e Camargo (2015), várias máquinas operam com o intuito de ativar a grande máquina de organização e efetivação do capitalismo. Cada máquina opera para estabilizar a ordem das coisas, dos indivíduos e dos coletivos, a fim de que haja a serialização de diferenças sociais. Essas diferenças dão sentido ao tecido social no qual vivemos, preparando-nos para aceitar como normalidade algumas situações.

Notamos também a difusão dessas máquinas nas relações sociais, de forma subjetiva e singular, para conduzir os nossos modos de pensar, viver, consentir, balizar e estar no mundo. Desta maneira, este tipo de sociedade combate e produz “vacinas paralisantes” contra qualquer tipo de processo de singularização. “Uma vez que a máquina capitalística segue par e passo com a sociedade industrial, a subjetividade tende a ser produzida em linha seriada, contínua e massificada” (CARVALHO; CAMARGO, 2015, p. 113).

O capitalismo concebe que todos os setores da sociedade são produtivos e neste contexto, a escola se destaca como um dos equipamentos coletivos responsáveis por preparar os indivíduos e trabalhar com as suas potencialidades, atendendo à lógica dominante.

Como máquina social, a escola também se torna uma usinagem de planificação subjetiva ao reproduzir a ampla gama de referentes modelares capitalísticos. A máquina escolar, então, acaba exercendo o seu papel dentro da axiomática capitalística para devolver o que lhe convém ou não, para filtrar as competências, as apetências e as percepções de cada um de seus sujeitos. Por isso mesmo, a revolta nunca esteve tão démodé em nossa sociedade e a indisciplina tão presente na escola. De um lado, como em um processo de fagocitose, somos digeridos por um sistema capitalístico de normopatia. De outro lado, a indisciplina na escola é equivalente à produção dos resíduos da sociedade, dos que não operam na normopatia e que, por isso mesmo, são tomados como significantes a serem utilizados como engrenagem de produção de medo à exclusão, ao não encaixamento social, à deriva, à reclusão, ao fracasso existencial, à desclassificação, enfim, medo ao modo de ser não reconhecido no que se é.

(CARVALHO E CAMARGO, 2015, p. 116).

Esses valores capitalísticos são produzidos na forma de comportamentos de submissão às hierarquias e aos individualismos, de todas as ordens, podendo ser percebidos pelas táticas nas ações pedagógicas, nas punições empregadas e no próprio projeto espaço arquitetônico.

Figura 3 Pintou "rabicado"Fonte: Elaborada pela própria autora. 

A pintura deve ser da cor que a professora coloca na lousa, todos iguais e sem rabiscar o desenho. Quando vi Ana triste, perguntei o que tinha acontecido e ela me falou que não sabia pintar direito, que a professora falou que ela tinha só rabiscado o desenho todo.

(FURLAN 2017).

Um dos traços mais marcantes da sociedade contemporânea diz respeito ao culto à velocidade, encarada como um reflexo social na qual predominaram os valores industriais por mais de duzentos anos e que determinaram o comportamento nas sociedades capitalistas do ocidente. Os valores que imperam desde a Revolução Industrial são: "padronização, massificação, mecanização, mercantilização e, certamente, a aceleração" (BAUER, PANOSSO NETTO, TRIGO, 2015, p. 2). De acordo com os autores, com o surgimento da visão mecanicista, a partir dos séculos XVII e XVIII, descobriu-se a possibilidade de os seres humanos trabalharem pelo tempo do relógio. Nisso, o tempo se converteu, nessa lógica, ao bem mais precioso e mensurável, o que permitiu a sua manipulação. Avalanches de informações atuam para transformar os tempos individuais e as experiências com as diversas noções de tempo.

Duque (2014, p. 157) afirma que “somos filhos da época. Ela infiltra-se no nosso pensamento e acaba por se manifestar em ações concretas”. Cada época apresenta as suas teorias dominantes e com um novo enfoque. Desta forma, olhando para a história, percebemos que inúmeras concepções sociais de modelo de desenvolvimento fizeram a organização da vida, visando à materialização de um determinado tempo e delimitações entre fronteiras cronológicas.

Em nossa época, descrevemo-nos como lógicas voltadas somente ao presente e, quando se age dessa maneira, atendemos só ao urgente, apenas ao que é prioritário, ou seja, tudo deve ser resolvido no imediato, numa aceleração que, segundo Larossa, (2016, p. 108) “[...] tende a anular qualquer pensamento ou reflexão. Vive-se de forma tão celebre e agitada que o futuro pode esfumar-se nas tarefas do dia-a-dia”.

O tempo presente está repleto de sinais de descontinuidade, são sinais paradoxais; por lado, exprime-se a satisfação com a vida, a plenitude de felicidade, por outro, encontra-se a crise e a inexorável deterioração que ela acarreta, que levanta novas dúvidas sobre a matéria de que é construído o presente!

(DUQUE, 2014, p. 158).

Na análise de Duque (2012), o mundo moderno, no seu todo, é uma teia acelerada de processos, na qual é o movimento que define a sua matriz genética, cuja aceleração descreve o seu modo de operar. A velocidade é a nossa linguagem cotidiana do próprio estado de mudança social que, por natureza, é tão acelerado que inquieta e desassossega.

Para Maia (2016), a aceleração do tempo social tem produzido novos processos de subjetivação que expressam novos modos de querer, sentir, pensar, desejar, diferentes e distantes das formas tradicionais de experimentar e viver a relação com o tempo.

As transformações da sociedade e do mundo do trabalho, o acirramento da competição e dos riscos na sociedade capitalista são fatores responsáveis por uma compressão tempo-espaço ou de aceleração do tempo, fazendo com que o mundo se pareça menor (GUTIÉRREZ, 2008).

A autora destaca também o conceito de “culto à urgência”, dissertando que, nos dias atuais, alimenta-se, viaja-se e vive-se cada vez mais rápido e o paradoxo concentra-se no reclamar da falta de tempo, que é prova de que a velocidade dos processos econômicos não cumpriu a promessa de que se poderia dedicar-se mais horas ao lazer e ao lúdico.

Ao pesquisarmos sobre a aceleração do tempo, deparamo-nos com a entrevista do autor alemão, Hartmut Rosa, concedida em 2014, ao Diário de Pernambuco à Wanderley (2014), esclarece que essa aceleração pertence à modernidade. Há estágios diferentes de velocidade que a sociedade experimenta desde as revoluções política e digital. Porém, com o advento da internet e a abertura da "cortina de ferro", os países foram submetidos ao imediatismo produtivo. Desta maneira, não é fácil imaginar que a história da humanidade nos ensinou que corpo e mente devem se adaptar ao aumento da velocidade.

O autor reitera que, mesmo antes das atuais inquietações, nos séculos XVIII e XIX, já se percebia a sensação de pressa como um elemento da sociedade. Já no Iluminismo, o tema foi abordado por Marx, Engels, Weber e Simmel. Todavia, hoje a diferença é o pessimismo das pessoas, no atual contexto histórico, em relação ao futuro da sociedade para seus filhos e netos. O que antes era esperança de algo melhor, transformou-se em ameaça e sombra dessa aceleração da velocidade, entendendo que nos dias de hoje, a concepção de uma vida plena e os fatores para considerá-la como tal, perpassa pela relação que estabelecemos com o tempo (ROSA, 2013).

A organização do tempo, para Mattos (2008), é a figura mais importante quando pensamos na alienação e na dominação da sociedade capitalista, pois cada vez mais há a percepção de que perdemos o sentido e o controle do tempo em nossas vidas.

3 Tem como se contrapor ao tempo acelerado?

Conforme destacamos, os dados da pesquisa revelam que a pressa é um elemento presente que marca a relação dos adultos com as crianças, em estreita coerência com a lógica capitalista. O que prevalece é a velocidade e o tempo cronológico impostos pelo adulto, que quando não cumpridos acarretam penalizações das mais diversas, entre outras, impedimento das crianças de brincarem. Todavia, com suas formas genuínas de expressão e comunicação, as crianças reagem, resistem, revelando que existem outros modos de conceber o tempo e que, portanto, precisam ser considerados no contexto escolar.

Nesta direção Duque (2012, p. 125), nos ensina que devemos reaprender a viver com o tempo, criando significados e interpretações, ser o "[...] veneno, na forma de remédio que procura curar corrida vertiginosa do progresso, mas que também a pode matar". Assim, as sociedades combinam a resistência: mudança com uma agitação superficial. O progresso se transformou numa utopia técnica informatizada, num movimento desordenado, numa agitação sem regras e numa dissipação de energia. A verdade, segundo o autor, é que não temos tempo a perder, o que significa que o presente não dura muito, ou seja, é passageiro. Assim, devemos construir uma sociedade nova, para qual a contagem do tempo seja diferente, numa expressão mais rica do tempo vivido. A introdução de um elemento diacrônico no sincrônico para devolver à vida o que lhe foi retirado, devolvendo o humano ao tempo e reconhecendo o seu valor.

Bauer, Panosso Netto, Trigo (2015) apresentam um movimento: o Movimento Slow, como uma resposta à aceleração de que tanto falamos. É um movimento social que propõe uma crítica à lógica da eficiência e à mudança de comportamentos, ressignificando os valores da nossa sociedade.

Na tradução, o Movimento Devagar representa uma alternativa para a vida, mostrando que existe outro caminho para "[...] viver com mais qualidade neste contexto onde o turbo-capitalismo tem um custo humano muito alto" (NAIGEBORIN, 2011, p. 32). Este movimento não nega a velocidade, mas estabelece uma relação mais saudável com o tempo e os seus descompassos, em busca do equilíbrio. A escola, portanto, pode promover interlocuções entre o tempo do adulto e o tempo da criança, reconhecendo, valorizando e equilibrando esses modos distintos; gerando assim aprendizagens significativas para todos os envolvidos.

Algumas referências desse Movimento Slow pode ser o Slow Food, que revoga a padronização alimentar, especialmente as comidas rápidas, incentivando o prazer da alimentação através dos produtos caseiros, feitos de maneira a respeitar o meio ambiente. Contrapondo, por exemplo, os irmãos McDonald, que instauraram nos EUA, os sanduíches em Drive-in, que são ingeridos nos carros e assim geram uma rotatividade maior e uma aceleração do processo de produção e consumo do produto.

Todos os movimentos Slow tiveram origem na Itália, dos quais o criador do Slow Food, Carlo Petrini, em entrevista no livro de Honoré (2002), explica o movimento com muitos exemplos, entre outros, o sexo devagar, a aprendizagem tranquila:

“Quem anda sempre devagar é burro – e não é em absoluto o que estamos procurando”, explica ele. “Ser devagar significa controlar os ritmos de nossa vida. É você quem decide em que velocidade deve andar em determinado contexto. Se hoje eu quiser andar depressa, vou depressa; se amanhã quiser andar devagar, vou devagar. Estamos lutando pelo direito de determinar nosso próprio andamento”.

(HONORÉ, 2002, p. 28).

Segundo Carvalho (2013), precisamos educar de forma artesanal, o que significa que no lugar unificador do estado em torno da racionalização, da eficiência e da previsibilidade, precisamos de um trato pedagógico mais lento, singular, refinado, dedicado à cumplicidade, aberto aos imprevistos destinados às outras formas e aos outros ganhos subjetivos de tempo.

Diante dessa lógica, incluímos a escola que é, para Carvalho e Camargo (2015, p. 113), o espaço responsável por produzir as subjetividades e, por derivação, “[...] estorna os mesmos indivíduos, hoje e nas próximas gerações, para os fluxos sociais de captura pertinentes à máquina capitalística”.

Agamben (2014), ao atentar-se para o fato da inversão da vida pelo jogo como uma consequência e mudança da condição de aceleração do tempo, apoia-se num trecho de Pinóquio, no qual, “Em meio aos passatempos contínuos e divertimentos vários, as horas, os dias, as semanas, passavam num lampejo” (COLLIN, 2005 apud AGAMBEN, 2014, p. 83). Essa percepção acelerada não imobiliza o calendário, nem o relógio, mas podemos considerar como hipótese de que o ritmo da sala de aula é estruturado no calendário. No entanto, a brincadeira pela característica de um tempo próprio, acentua o divertimento e desacelera a rotina.

Diante dos argumentos apresentados, torna-se urgente pensarmos em processos educativos que proporcionem essa singularização determinante de diferentes formas de operar, inclusive, na lógica capitalista. Processos educativos que superem a aceleração temporal que adoece; da competição que enlouquece; da falta de singularização que empalidece a todos, proporcionando a descoberta de grandezas do ínfimo do que realmente importa.

1Processo 2016/08292-9

Referências

AGAMBEN, G. Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2014. [ Links ]

BAUER, R. C.; PANOSSO NETTO, A.; TRIGO, L. G. G. Princípios do Slow Movement: reação ao descompasso entre ritmos sociais e biológicos. Revista de Estudos Culturais. Universidade de São Paulo (ECAH/USP) São Paulo, 2015. [ Links ]

CARVALHO, A. F. A escola: uma maquinaria biopolítica de rostidades? Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, Brasília, n. 2. p. 4-29, maio/out. 2013. [ Links ]

CARVALHO, A. F.; CAMARGO, A. C. Guattari e a topografia da máquina escolar. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, SP, v. 17, n. 1, p. 107-124, jan./abr. 2015. DOI: https://doi.org/10.20396/etd.v17i1.8634821. Disponível em: https://www.fe.unicamp.br/revistas/ged/etd/article/view/6457. Acesso em: 29 abr. 2015. [ Links ]

DELEUZE, G. Post-scriptum sobre as sociedades de controle. São Paulo: Editora 34, 1992. [ Links ]

DUQUE, E. “Contributos para uma crítica da aceleração do tempo”. In: ARAUJO, E.; DUQUE, E. (org.). Os tempos sociais e o mundo contemporâneo. Um debate para as Ciências Sociais e Humanas. Braga: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade/Centro de Investigação em Ciências Sociais, 2012. [ Links ]

DUQUE, E. É possível sair do presente? Uma teoria prospectiva. In: ARAÚJO, E.; DUQUE, E.; FRANCH, M.; DURÁN, J. (ed.). Tempos Sociais e o Mundo Contemporâneo - As crises, As Fases e as Ruturas. Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho. p. 154 -169, 2014. [ Links ]

EHRENBERG, A. Rumo a uma empresa pós-disciplinar? In: EHRENBERG, A. O culto da performance. Da aventura empreendedora à depressão nervosa. Aparecida, SP: Letras & Letras, 2010. [ Links ]

ELIAS, N. Sobre o tempo. Rio de Janeiro: Jorge, 1998 [ Links ]

FURLAN, S. A. Diário de Campo: registro da coleta de dados. 2017. [ Links ]

GUTIÉRREZ, M. F. Tempos, Contratempos E Passatempos: Um estudo sobre práticas e sentidos do tempo entre jovens de grupos populares do Grande Recife. 2008. 315 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. [ Links ]

HAN, B. C. Sociedade do cansaço. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015 [ Links ]

HONORÉ, C. Devagar. São Paulo: Editora Record, 2002. [ Links ]

LARROSA, J. Pedagogia Profana: danças, piruetas e mascaradas, editora Autêntica, 2016. 208 p. [ Links ]

MAIA, A. F. Universidade e aceleração: celeridade, despolitização e semiformação no trabalho acadêmico. In: CARDOSO, C. M. (org.). Universidade, poder e direitos humanos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2016. p. 45-58. [ Links ]

MATTOS, O. O mal estar na contemporaneidade: performance e tempo. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 4, p. 455-468, dez. 2008. [ Links ]

NAIGEBORIN, M. B. O Movimento devagar e seu significado plural na contemporaneidade mutante. 2011. 122 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. [ Links ]

PELBART, P. P. Biopolítica. Sala Preta, São Paulo, USP, v.7, n.1, p. 57-66, 2007. [ Links ]

PELBART, P. P. Da claustrofobia contemporânea. In: PELBART, P.P. A vertigem por um fio. Políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras; FAPESP, 2000. [ Links ]

ROSA, H. Social acceleration: a new theory of modernity. Translated by Jonathan Trejo Mathys. New York: Columbia University Press, 2013. [ Links ]

ROSA, S. O. Os investimentos em “capital humano”. In: ROSA, S. RAGO, M.; VEIGA-NETO, A. Para uma vida não-fascista. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2009. [ Links ]

SÊNECA, L. A. Aprendendo a viver. Tradução de Lúcia Sá Rabello e Ellen Irtanajara N. Vranas. Porto Alegre, L&PM, 2010. [ Links ]

SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Editora Record, 13. ed., 2008. [ Links ]

SILVA, D. J. Temporalidade do presente e o governo da vida. In: CARDOSO, C. M. (org.). Universidade, poder e direitos humanos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2016. p. 59-73. [ Links ]

TURCKE, C. A cultura do déficit de atenção. In: PUCCI, B. et al. (org.). Teoria crítica na era global. São Paulo: Nankin, 2016. [ Links ]

VIÉGAS, L. S. Reflexões sobre a Pesquisa Etnográfica em Psicologia e Educação. Diálogos Possíveis, Salvador, v. 6, n. 1, p. 102-123, jan./jun. 2007. [ Links ]

WANDERLEY, E. D. Entrevista especial: Hartmut Rosa. Diário de Pernambuco. Pernambuco, 14 de abril de 2014, Entrevista especial, p. 3. A3. [ Links ]

Recebido: 10 de Abril de 2018; Revisado: 21 de Outubro de 2019; Aceito: 07 de Novembro de 2019; Publicado: 30 de Junho de 2020

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado.