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Educação: Teoria e Prática

versão impressa ISSN 1993-2010versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.32 no.65 Rio Claro  2022

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v32.n.65.s15872 

Artigos

Refletindo sobre a morte, o morrer e os mortos com estudantes do ensino fundamental

Reflecting on death, the act of dying, and the dead with elementary school students

Reflexión sobre la muerte, el morir y los muertos con los estudiantes de la educación primaria

Adriano Alves da Silva1 
http://orcid.org/0000-0002-1824-9555

Fabio Scorsolini-Comin2 
http://orcid.org/0000-0001-6281-3371

1Colégio Logos, Orlândia, São Paulo – Brasil. E-mail: adrianohistory@gmail.com.

2Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo – Brasil. E-mail: fabio.scorsolini@usp.br.


Resumo

O objetivo deste estudo é apresentar uma experiência exitosa desenvolvida nas disciplinas de história e filosofia com estudantes do 7º ano do ensino fundamental para a discussão da morte, do morrer e dos mortos. Participaram da intervenção 32 estudantes matriculados no 7º ano do ensino fundamental de uma escola privada em um município do interior do estado de São Paulo. Primeiramente, os alunos refletiram sobre os conceitos de finitude e existência, sendo convidados a realizar pesquisas sobre como as diferentes religiões compreendem a morte e os principais rituais fúnebres e de elaboração do luto realizados nas diferentes culturas. A fim de aproximá-los do trabalho etnográfico, realizaram duas visitas ao cemitério da cidade, fazendo registros a partir de entrevistas e fotografias. O projeto foi finalizado com a organização de uma mostra sobre a morte, os mortos e o morrer, com a participação de toda a comunidade escolar. Espera-se que esta intervenção possa ser disparadora de ações conduzidas na escola com vistas ao cotejamento deste importante tema para a formação dos estudantes, sobretudo em tempos nos quais tal discussão emerge de modo onipresente nos processos educacionais e de socialização.

Palavras-chave Morte; Morrer; Ensino de história; Ensino de Filosofia; Ensino Fundamental

Abstract

This study aims to report a successful experience conducted with 7th graders to discuss death, the act of dying, and the dead in the light of the subjects of History and Philosophy. In total, 32 students enrolled in the 7th grade of elementary education at a private school in the countryside of São Paulo participated in the intervention. Students were first invited to reflect upon the concepts of finitude and existence, investigating how different religions understand death, as well as the main funeral and mourning rituals in different cultures. To adopt an ethnographic approach, students made two visits to the city cemetery, conducting interviews and making photographic records. By the end of the project, students organized an exhibition on the theme with the participation of the entire school community. This intervention is expected to trigger school actions aimed to address this important topic for students’ formation, especially in times when such a discussion emerges in a ubiquitous way in the educational and socialization processes.

Keywords Death; Die; History teaching; Philosophy teaching; Elementary school

Resumen

El objetivo de este estudio es presentar una experiencia exitosa, desarrollada en las materias de historia y filosofía con alumnos del 7.º año de la primaria en un contexto de debate sobre la muerte, el morir y los muertos. En la intervención participaron 32 estudiantes matriculados en el 7.° año de la primaria en una escuela privada de una ciudad del interior del estado de São Paulo. En primer lugar, los alumnos reflexionaron sobre los conceptos de finitud y existencia, y debían buscar información sobre cómo las diferentes religiones entienden la muerte y los principales rituales funerarios y de duelo que se llevan a cabo en diferentes culturas. Con el fin de acercarlos al trabajo etnográfico, realizaron dos visitas al cementerio de la ciudad, realizando registros a partir de entrevistas y fotografías. El proyecto finalizó con la organización de una exposición sobre la muerte, los muertos y el morir, que contó con la participación de toda la comunidad escolar. Se espera que esta intervención pueda desencadenar acciones que se lleven a cabo en la escuela con miras a comparar este importante tema para la formación de los estudiantes, especialmente en momentos en los que tal discusión emerge de manera ubicua en los procesos educativos y de socialización.

Palabras clave Muerte; Morir; Enseñanza de la historia; Enseñanza de la filosofía; Enseñanza primaria

1 Introdução

A temática da morte é um grande interdito em nossa sociedade, sobretudo quando tentamos explorar o assunto com crianças e adolescentes. De algum modo, esse público parece ser culturalmente apartado desse universo, como se a morte, o morrer e os mortos fossem elementos passíveis de compreensão e de representação apenas no mundo adulto (TEIXEIRA, 2006; VENDRUSCULO, 2005).

Essa realidade tem sofrido uma mudança importante a partir da pandemia do novo coronavírus e da COVID-19 desde 2020 (GIARETTON et al., 2020). Com a maior exposição da morte em noticiários, nas perdas de pessoas próximas e até mesmo na insegurança gerada a partir de uma doença considerada complexa, esse tema passou a fazer parte da rotina da escola e, nesse sentido, também dos estudantes, crianças e adolescentes, inserindo a família nesse universo. A fim de que esses estudantes possam construir seus próprios significados a respeito do tema e amadurecer as suas experiências, é mister possibilitar a aquisição de conhecimentos formais sobre o assunto, mas também com espaço para reflexões e questionamentos.

Desse modo, neste relato de experiência discute-se que não apenas as crianças e os adolescentes não devem estar apartados dessas reflexões, mas também a escola deve estar engajada neste processo. Envolver-se com a temática é uma forma de a escola mostrar-se relevante em meio às transformações sociais pelas quais temos passado, mas também para que atue como um local de acolhimento de dúvidas e de incertezas que encontram nesse tema uma significativa ressonância. A educação para a morte (KOVÁCS, 2005) tem sido uma possibilidade para que crianças e adolescentes possam se apropriar da temática para além de conhecimentos tácitos, integrando-os às suas experiências de vida, podendo encontrar nesse momento do ciclo vital importantes aprendizados e a desconstrução de tabus e preconceitos que nos afastam de nossa própria condição de finitude, de nossa condição eminentemente humana.

O modo como a nossa sociedade discute a morte, os mortos e o morrer é fruto de diversos processos. A sociedade capitalista e industrial afastou a morte das discussões e das tradições familiares. O advento das novas tecnologias e os avanços da medicina permitiram o prolongamento da vida humana e o tratamento de doenças que vitimavam pessoas de todas as idades (ARIÈS, 2014). Enquanto discussão familiar, a morte precoce limitou-se ao zelo do adulto em afastar os jovens da violência, como se essa fosse apenas reflexo das ações individuais e de suas escolhas. Comumente, em meio aos avanços das comunicações, a mídia banalizou a morte precoce, customizando-a à sorte individual. Assim, as tradições cristãs de rituais fúnebres, preservadas até o início do século XX, foram, aos poucos, sendo abandonadas (KOVÁCS, 2003; 2005; OLIVEIRA-CARDOSO; SANTOS, 2017). No entanto, é importante destacar que outros rituais foram sendo desenvolvidos e transmitidos culturalmente, ainda que se considere o gradual desaparecimento de determinadas cerimônias que tinham por objetivo valorizar esse momento de finalização do ciclo vital.

Esses rituais, no contexto pandêmico, também acabaram passando por um processo de transformação, haja vista que diversos procedimentos foram impossibilitados diante das restrições impostas pela COVID-19, sobretudo no início desse período. A supressão ou a abreviação de rituais fúnebres em função da pandemia pode ser considerada também uma experiência traumática em uma perspectiva do luto, impossibilitando a realização de determinadas homenagens devido à morte repentina ou por imposição dos órgãos de vigilância sanitária. Essa experiência pode vir acompanhada de sentimentos como os de incredulidade e indignação, que se somam ao sofrimento oportunizado pela morte de uma pessoa próxima (OLIVEIRA-CARDOSO et al., 2020).

Retomando os aspectos históricos, segundo Ariès (2014), no século XX, até meados de 1914, ano de início da Primeira Guerra Mundial, católicos e protestantes viam na morte a modificação solene do espaço e do tempo de um grupo social que podia se estender a uma comunidade inteira. Fechavam-se as venezianas do quarto do agonizante, acendiam-se as velas, a casa enchia-se de vizinhos, de parentes e amigos murmurantes e sérios. Quando se dava a morte, o aviso de luto era colocado na porta da casa em substituição à tradição de expor o corpo ou o caixão na entrada da casa.

A partir do século XX, os avanços científico-tecnológicos voltaram-se ao prolongamento da vida. O apego à ilusão da eterna beleza e jovialidade trouxe tristeza e sofrimento pelo fim inevitável da existência, e a morte tornou-se um despropósito perante esses sonhos. O ocidente materialista escamoteou a morte. Proporcionou ao homem um “culto ao ego”, a necessidade de nunca demonstrar fraquezas e a falsa sensação de que a felicidade está em ter domínio sobre coisas e pessoas. Ao conquistar sucesso material e buscá-lo de modo desenfreado, afastar-se-ia cada vez mais da ideia de finitude (ARIÈS, 2014).

Essa tradição materialista ocidental, em oposição à visão espiritualista da morte, surgiu na Antiguidade com Sócrates e Platão. Mais tarde, foi retomada pelos filósofos iluministas do século XVIII. Para eles, a morte se manifesta como o fim total e absoluto, uma interrupção do processo neurofisiológico. Esse pensamento foi lapidado pelos filósofos existencialistas como Sartre e Schopenhauer, que viram na negação da morte um sentido para a vida. O homem ocidental, então, passou a viver no eterno presente que se lança para um futuro promissor, não lhe cabendo pensar sobre a finitude (SOUZA, 2019).

Esse afastamento em relação ao tema da morte pode ser observado em diferentes agências socializadoras, como na família e na escola (MORELLI; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013). As instituições de ensino, que hoje se adequam às tendências do mundo globalizado, têm se libertado da ortodoxia de apenas formar indivíduos eficientes para o mercado de trabalho para orientá-los ao criticismo e à formação de novos aprendizados, como o de manter posições relativistas diante das pluralidades culturais. Cabe à escola, junto à família, introduzir, no âmago das discussões essenciais, algumas ligadas à metafísica, no caso, à morte. No entanto, a escola ainda tem se revelado apartada dessas reflexões, possivelmente temendo suas ressonâncias junto aos estudantes, sobretudo os mais novos (ALVES; KOVÁCS, 2016; FRONZA et al., 2015). Com isso, reforça-se o afastamento do tema e também o seu caráter interdito.

Toda instituição possui sua função no processo de formação dos indivíduos de todas as idades. Família, escola e religião estão entre aquelas que visam a orientar os indivíduos enquanto seres sociais. As sociedades, mesmo as mais remotas, julgaram ser papel das religiões promover discussões ligadas à metafísica, como no caso da morte. A metafísica tornou-se um tabu. Foi afastada das instituições de ensino, dando-lhes apenas a incumbência de promover conhecimentos científicos e formar indivíduos eficientes para o mercado de trabalho. Desse modo, as reflexões sobre a morte, os mortos e o morrer passaram a não mais ocorrer na escola. Como tais temáticas representam um tabu tanto na escola como na família – as principais instâncias socializadoras da criança –, observa-se cada vez mais o distanciamento em relação a esses processos, o que pode repercutir de variadas formas no desenvolvimento, promovendo a construção de fantasias e favorecendo a adoção de posturas de negação diante da morte e mesmo de incompreensão sobre o luto e a sua importância (RODRIGUES et al., 2018).

A partir do panorama aqui apresentado e da necessidade de incentivar a inclusão desses elementos no processo formativo, o objetivo deste estudo é apresentar uma experiência exitosa desenvolvida nas disciplinas de história e filosofia com estudantes do 7º ano do ensino fundamental para a discussão da morte, do morrer e dos mortos. Espera-se que esta intervenção possa ser disparadora de ações conduzidas na escola com vistas ao cotejamento deste importante tema para a formação dos estudantes, sobretudo em tempos nos quais tal discussão emerge de modo onipresente nos processos educacionais e de socialização.

2 Descrição da experiência

Participaram da intervenção 32 estudantes matriculados no 7º ano do ensino fundamental de uma escola privada em um município do interior do estado de São Paulo. Esses estudantes pertenciam a duas turmas (A e B) que, neste projeto, trabalharam juntas. As atividades foram desenvolvidas como parte dos conteúdos explorados nas aulas de história e de filosofia, compondo um projeto integrado. A cada semana foram propostas atividades específicas sobre o tema da morte, do morrer e dos mortos, culminando na organização de uma mostra aberta a toda a comunidade no final do ano, após o dia de Finados, celebrado no dia 2 de novembro. Na primeira etapa do projeto os estudantes participaram de aulas que trataram especificamente do tema da morte.

2.1 A finitude como um convite à reflexão filosófica

A primeira abordagem do tema “A finitude da vida” iniciou-se em uma roda de conversa entre os alunos com a mediação do professor de filosofia. Foram discutidas questões como o que é a existência, o impacto das experiências e do legado cultural de nossos antepassados na nossa existência, as diferentes significações construídas acerca da finitude e os impactos do livre-arbítrio na saúde humana e em suas escolhas ao longo do ciclo vital.

Em uma segunda abordagem, os alunos foram orientados a realizar uma pesquisa em grupo sobre as religiões, as religiosidades e os diferentes pontos de vista a respeito da morte. Cada grupo abordou uma religião específica e descreveu a perspectiva que esta possuía sobre a finitude humana. As religiões escolhidas pelos alunos foram: catolicismo, protestantismo, budismo, Islã, hinduísmo, espiritismo kardecista, judaísmo e religiões de matrizes africanas, como o candomblé e a umbanda. Após as apresentações dos grupos, foi realizada uma roda de conversa sobre os diferentes sentidos da morte presentes nessas religiões, fomentando uma discussão em termos das aproximações e dos distanciamentos entre as religiões estudadas.

Durante esses relatos, os alunos chegaram a conclusões sobre a morte como: um processo inevitável, um plano de Deus, o resultado de um processo biológico de desgaste do corpo, um processo importante de homeostase para evitar a superpopulação na Terra, uma dor que traz saudades. Também foram destacados os sentidos de eternidade, de evolução da alma, mistério, destino, consequência da vida, entre outros. Entretanto, vale ressaltar que os discursos científicos sobre a finitude superaram os discursos religiosos e que a maioria dos alunos se declarou pertencente a uma religião, como a católica, ainda que não fossem praticantes.

Também pôde ser percebido, durante as arguições em grupo, uma redução nos discursos de sofrimento entre os alunos ao apresentarem a finitude como momento de alívio para o corpo no caso da morte natural. Já a morte acidental foi vista pela maioria como fortuita e, para uma minoria, uma providência do destino.

Na terceira semana foram explanados pelo professor os mitos gregos de “Orfeu e Eurídice” e “Sísifo” (BULFINCH, 2001). No mito de Orfeu, a personagem Eurídice é acometida por uma morte trágica às vésperas de seu casamento com o músico. Movido pelo sofrimento, Orfeu tenta trazer de volta a alma de sua amada buscando-a no submundo de Hades. O fracasso dessa aventura leva Orfeu a desistir da própria vida, entregando-se ao luto até o momento de sua morte trágica, quando finalmente pôde unir-se à sua amada. Em Orfeu, discutiu-se a probabilidade do luto insuperável.

Em seguida, foram vistos e discutidos os cinco estágios do luto elaborados pela psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kübler-Ross e publicados originalmente em 1969: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. A apresentação dessa perspectiva teve como objetivo discutir com os alunos que o luto se trata de um processo que pode ser vivenciado de maneiras distintas pelas pessoas, mas atravessando momentos tais como os descritos por Kübler-Ross (1969).

No mito de Sísifo foram analisadas a negação da finitude, a imortalidade e a possibilidade de uma existência sem sentido. Sísifo, por duas vezes, livrou-se da morte enganando Tanatos (personificação da morte) e Hades (rei do submundo). Em um primeiro momento, Tanatos é seduzido por Sísifo a cair em uma armadilha que o acorrentaria, impedindo-o de cumprir a missão de ceifar vidas e levar as almas para o submundo. A consequência de tal ato levaria a humanidade a uma experiência provisória de imortalidade.

Também a recusa de Sísifo em morrer antes que sua velhice chegasse nos remete à ideia da negação da morte trágica e prematura. Existe no mito de Sísifo a recusa do tempo kairótico e a exaltação do tempo cronológico. Uma insistência em se empenhar no tempo de uma vida repetitiva, desordenada e sem propósitos. Também, depois de sua morte natural, o castigo de Sísifo no Hades (carregar pela eternidade uma pedra de mármore até o topo de um monte) nos remete ao trabalho repetitivo e à condenação da personagem a viver uma existência sem sentido.

A partir dessas discussões de caráter mais teórico e buscando refletir com os alunos sobre as suas perspectivas e experiências, planejou-se a parte prática do projeto. Para tanto, os alunos se prepararam para o trabalho de campo que será descrito a seguir.

2.2 O trabalho de campo: uma etnografia do cemitério

Depois dessas primeiras aulas sobre o tema, em que se discutiu o modo como cada cultura e cada religião apreendem a morte, os mortos e o morrer, o professor das disciplinas de história e filosofia fez o convite para que os alunos pudessem visitar o cemitério municipal com o consentimento dos pais e responsáveis. Nessa primeira visita, conduzida pelo professor e realizada no período de aula, todos os alunos da turma participaram. Como o cemitério da cidade fica próximo à escola, o deslocamento foi feito em uma caminhada na qual o professor foi comentando, inicialmente, sobre como eles deveriam se portar na visita e quais aspectos poderiam observar.

No horário em que o grupo esteve no cemitério, próximo à abertura para visitações, não havia quase ninguém no local. Os alunos foram orientados a respeitar o local e não tocar nos túmulos e pertences sobre eles, e assim o fizeram. Em se tratando de uma segunda-feira, dia em que, de acordo com as tradições do catolicismo, reza-se pelas almas do Purgatório (AUGRAS, 2013) e de entes que não estão enterrados no local, perceberam algum movimento no cruzeiro (local onde se acendem velas e realiza-se preces em memória dos falecidos). Motivados pela curiosidade, todos se dirigiram ao local junto ao professor. Uma senhora, que ali rezava, espontaneamente quis explicar a função dos cruzeiros nos cemitérios.

Um aluno notou, entre as velas acesas, a presença de imagens de santos católicos, a maioria de gesso, com corpos e cabeças quebradas. Outros notaram, entre as imagens danificadas, algumas que não pertenciam aos ícones católicos. Mais uma vez, a senhora os elucidou de que o cemitério é um ambiente público de expressão de diferentes religiões, e que os ícones quebrados eram deixados ali porque existe a superstição de que santo quebrado não deve permanecer em casa. Despediram-se da senhora e a aula de campo continuou.

Percorreram juntos todo o cemitério. Os epitáfios lhes chamaram a atenção. O professor apresentou-lhes a etimologia da palavra: epi, que significa “acima” e táphos, que significa “túmulo”. Foram orientados a refletir sobre alguns epitáfios que foram encontrando pelo caminho e a registrá-los. Como a maioria dos alunos era da própria cidade, no caminho encontraram jazigos de parentes e outros jazigos que tinham, em suas insígnias, sobrenomes em comum. Por parte dos alunos, logo surgiu a proposta de dispersão do grupo como se fosse uma brincadeira de “caça aos parentes”, mas todos permaneceram juntos. Foram orientados que, caso quisessem encontrar um jazigo em especial deveriam submeter-se às regras de mapeamento e orientação espacial, típicos dos cemitérios que são divididos em ruas e em quadras. Neste cemitério, essa identificação é possível a partir de placas que orientam os visitantes.

Em uma abordagem interdisciplinar, os alunos visitaram alguns mausoléus, comparando-os a outros já estudados em sala de aula nas disciplinas de história e artes. Puderam observar e comparar as formas, as dimensões, a arte e o material de que foram feitos. A arte tumular, vista nas estátuas e vasos opulentos sobre os jazigos, não passou despercebida. Fora despertado o interesse coletivo em saber de que material eram feitas, como eram fabricadas, do valor em espécie. Os que haviam levado seus smartphones para registrar a aula de campo quiseram fotografá-las, mas foram orientados que esse processo de registro ocorreria em uma segunda visita.

Ainda no trajeto da aula de campo, quando todos se dirigiam para o espaço chamado “ossada perpétua”, os alunos avistaram algumas cuidadoras de túmulos (geralmente mulheres e que são contratadas por particulares para a lavagem semanal ou quinzenal de jazigos) e quiseram entrevistá-las. Gentilmente, enquanto trabalhavam, elas se dispuseram a responder às perguntas. Os alunos quiseram saber se as cuidadoras não tinham medo dos mortos, se o trabalho era perigoso, de quantos jazigos cuidavam por semana, quanto ganhavam pelo trabalho e outras dúvidas. Depois, chegaram ao espaço da ossada perpétua, típica de cemitérios municipais. Ali, depois de exumados, os restos mortais de pessoas sem identificação e daqueles que não puderam comprar o próprio jazigo são guardados por tempo indeterminado e podem ser visitados por parentes.

Por fim, propositalmente, os alunos foram conduzidos pelo professor a um jazigo específico que, segundo conta a tradição oral na cidade, é alvo de peregrinação entre moradores. Todos observaram que o túmulo é repleto de placas de agradecimento e flores depositadas em função de graças alcançadas, além de bilhetes que solicitavam novos milagres. Também ali havia imagens de santos quebradas e outras levadas como presentes. A princípio e sem intervenções, o professor os orientou a observar e registrar tudo para uma discussão.

Munido de conhecimentos prévios da história dos milagres do jazigo, o professor explanou que essas peregrinações eram comuns, principalmente em jazigos de homens, mulheres e crianças que tiveram, em vida, destinos trágicos ou prematuros, ou aqueles que dedicaram suas vidas a ajudar. Quiseram então saber da história de vida daquela mulher que estava enterrada ali. Segundo a tradição oral dos antigos moradores da cidade, aquele era o túmulo de uma senhora nascida no interior de Minas Gerais e que chegou à cidade ainda jovem. Trabalhou como prostituta e foi sepultada como indigente. Na época, os jazigos para indigentes eram simples, sem adornos, e apenas uma pequena placa com números era utilizada na identificação. Também é do dito popular que um juiz, transferido para a cidade, padecia de uma enfermidade no fígado. Bastante religioso, em visita ao cemitério encontrou o tal túmulo sem indumento e coberto de terra batida. Pediu em suas preces o auxílio de cura e prometeu que, caso a alcançasse, cobriria o túmulo com uma lápide e outras honrarias. Obtida a cura, cumpriu a promessa. A notícia se espalhou entre a população e a alma do jazigo passou a ser conhecida como milagrosa.

Na semana seguinte, também uma segunda-feira, os alunos foram instruídos a levar seus smartphones para uma segunda visita ao cemitério municipal da cidade. O objetivo era fotografar aquilo de que mais haviam gostado, registrar e imprimir valores estéticos e históricos às obras de arte do local, descaracterizando o cemitério como local de tristeza que remete exclusivamente à solidão e à saudade. Como trabalho de campo, os alunos foram convidados a se deixarem sentir “afetados” pela experiência, selecionando imagens, recortes e perspectivas capazes de “capturar” suas intenções e registrar a experiência pela qual estavam passando. Não se tratava apenas de um olhar cosmético sobre os objetos e sobre o local, mas de um olhar atento às experiências que podiam vivenciar em campo. A todo momento eram convidados a responder: de que modo essa imagem pode refletir a sua experiência em campo? Os estudantes puderam percorrer livremente o espaço do cemitério para a realização do registro, estando o professor acompanhando-os a distância para dirimir possíveis dúvidas.

Para a produção das imagens fotográficas o professor sugeriu aos alunos recursos técnicos como o estilo em preto e branco, atribuindo a ele o caráter dramático, o estilo monocromático como forma de envelhecer a imagem, além de outros. Separados em grupos, saíram em busca de locais para registros de imagens consideradas significativas. Assim o fizeram e, chegando à escola, receberam uma segunda incumbência: todos deveriam trabalhar em suas fotos e transformá-las em obras de arte utilizando aplicativos do próprio aparelho celular. Cada aluno, após o tratamento das fotos, explicitou à turma o que quis representar com cada imagem, explicando o registro e o trabalho estético sobre a foto. Após essa discussão em grupo, cada aluno foi orientado a escolher apenas duas imagens para que o professor pudesse imprimi-las para a exposição final.

2.3 Uma feira sobre a morte, os mortos e o morrer

Em uma terceira etapa do projeto, foi organizada uma mostra aberta a toda a comunidade escolar. Foram convidados os pais dos alunos dessas turmas, bem como todos os professores do ensino fundamental e médio, além das demais turmas. Os alunos foram orientados a permanecer em seus stands e apresentar o tema aos visitantes. Foi sugerido que eles adequassem a linguagem aos diferentes públicos que fizeram a visita, tanto às crianças menores como aos pais, por exemplo.

Em um dos stands, um grupo apresentou a morte vista pela cultura egípcia. Confeccionaram uma réplica da máscara do Tutancâmon e decoraram o ambiente com fotografias e réplicas que remetiam ao cenário da época, apontando a influência da religiosidade na cultura daquele povo. Abordaram em suas explanações a análise do livro dos mortos e o mito de Isis e Osíris, bases da visão cosmogônica dos egípcios na Antiguidade. Apresentaram também a história do mito de Anúbis, deus dos mortos e da mumificação, apontando aspectos da crença na vida após a morte na trajetória daquela civilização. Relataram seus conhecimentos sobre as mastabas, as pirâmides e os templos, não somente como obras arquitetônicas de opulência e mistério, mas também como símbolos de ligação com o sagrado (céu) vista pela verticalidade de suas formas. Também relataram os conhecimentos científicos do povo egípcio sobre a anatomia do corpo humano, detalhando passo a passo os processos da mumificação e conservação dos corpos.

Outro grupo apresentou a visão de morte na cultura asteca como salvação da vida. Devido a isso, decoraram o stand com muitas imagens coloridas de caveiras, flores e utensílios que simbolizavam oferendas aos mortos. Descreveram a crença asteca nos cinco tipos de mortes: a morte sacrificada, a morte ligada à água, a morte de guerreiros, a morte de crianças e a morte comum. Explicaram que apenas na morte comum, como a acometida por velhice, acidentes e doenças, era possível se chegar ao Mictlán (um submundo vazio e indesejado que abrigava as almas por nove anos até seu completo desaparecimento). Associaram essa história à atual tradição do povo mexicano de manter, em um dos cômodos da casa, altares com fotografias em memória dos antepassados para que esses não sejam esquecidos e suas almas apagadas. Aqui se mostrou a relevância da morte para os antigos astecas e para a cultura mexicana, haja vista que a morte e os mortos são constantemente lembrados, atribuindo-se a eles um papel de valor em razão de seus legados em vida. Essa tradição desvia a ideia de morte como esquecimento e abandono.

Os alunos também descreveram a morte dos guerreiros e a morte por sacrifício como as mais exaltadas pela cultura asteca. Dada a importância de seus atos em vida, esses mortos iam morar com o sol por quatro anos e depois retornavam como colibris ou borboletas (o que mostra a proximidade dessa cultura com a natureza). A guerra e os sacrifícios humanos eram de suma importância para esse povo. A primeira, por ser necessária à manutenção da ordem, e a segunda, por amenizar as forças da natureza diante da fúria dos deuses e garantir prosperidade nas colheitas.

Em uma associação da cultura asteca às tradições da cultura mexicana, o grupo apresentou ao público a tradicional “festa dos mortos”. Declarada patrimônio imaterial da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a festa começa no dia 31 de outubro e vai até o dia 2 de novembro de cada ano. Antigamente dedicada à deusa Mictecacíhuatl pelos astecas, hoje sincretizou-se à fé católica na celebração do dia de Finados. Nesse festejo as pessoas enfeitam suas casas com flores, velas e incensos e preparam as comidas preferidas dos que já partiram, acreditando que estes recebem a permissão divina de visitar seus parentes. Gentilmente, o grupo preparou doces e outras guloseimas para distribuir aos visitantes do stand.

Outro grupo decorou seu stand com a temática da cultura indiana. Reuniram elementos como tapetes, incensários, incensos, imagens de deuses da religião, elefantes, narguilés, bem como indumentárias e vestes típicas da cultura daquele povo. Também reproduziram uma maquete do rio Ganges como temática central da decoração. Ao público, os alunos descreveram as bases da religião hindu, como a crença na reencarnação, a ligação do homem com a natureza, a meditação como fonte de transcendência e iluminação e a lei do karma. Explanaram que, segundo a tradição hindu, o mundo físico é apenas uma ilusão. Para rejeitar o sofrimento, o homem deveria se livrar da ilusão da existência pessoal e física para atingir a iluminação.

3 Análise da experiência

Este projeto foi desenvolvido no segundo semestre de 2019 e, desse modo, antes da pandemia da COVID-19. Decorridos alguns dias da exposição, um aluno da escola, que não participou do projeto, faleceu em decorrência de um acidente automobilístico. A morte desse estudante gerou grande comoção na escola, sobretudo por parte de seus colegas de turma. Como forma de enfrentamento desse momento de intensa mobilização emocional, algumas estratégias foram empregadas pela escola. Primeiramente, os colegas de turma foram ouvidos em relação ao que estavam sentindo, conversa essa realizada pela professora da turma em colaboração com uma psicóloga, também docente e mantenedora da escola. Nessa roda de conversa puderam retomar alguns elementos que tinham aprendido durante a exposição, como a respeito do impacto social da morte de crianças. A partir dessa reflexão, organizaram homenagens ao colega falecido, como o plantio de uma árvore em sua memória, a participação em uma missa e também o respeito à carteira em que ele se sentava, que continuaria vazia para lembrar da sua presença naquele espaço.

Essa passagem nos possibilita compreender que quando a escola se abre à possibilidade de cotejar as temáticas da morte, dos mortos e do morrer de modo aberto e sem reservas, adequando a linguagem e as informações ao desenvolvimento cognitivo e emocional esperado para cada idade, pode permitir a fruição de uma experiência não necessariamente dolorosa, mas potencialmente esclarecedora pela possibilidade de ser efetivamente vivenciada. Ao experienciarem a dor pela morte de um colega, puderam alocar esse sentimento entre as suas diversas outras experiências de vida, sempre de modo respeitoso, empático e considerando a importância de cada um – e de que isso não se finda com a morte. A escuta da perspectiva da criança sobre a morte (VENDRUSCOLO, 2005) pode ser considerada e aceita pela escola, dando origem a uma intervenção construída pelos próprios estudantes, em um processo semelhante a uma elaboração coletiva do luto pela morte do colega de turma.

É de suma importância que a escola possa abordar a temática da morte de maneira contundente e laica, sendo discutida como parte do processo de ensino-aprendizagem e da socialização oportunizada no espaço escolar. Encontramos na literatura científica alguns relatos de experiências desenvolvidas com estudantes da educação básica para a discussão sobre a morte (FRONZA et al., 2015). No entanto, esses relatos colocam em evidência mais as dificuldades encontradas na concretização desses projetos do que propriamente as suas potencialidades e recomendações para outras intervenções nesses cenários. O reforço exclusivo das dificuldades encontradas pode contribuir para que a temática seja apartada de uma discussão mais ampla que envolva diferentes áreas do saber que cotejem elementos históricos, sociais, filosóficos e científicos.

Sendo a escola um lugar de convivência diária e de interação social, também será o ambiente onde os alunos manifestarão seus medos, suas angústias e dúvidas. É comum, por ocasião da perda de uma pessoa próxima ou da experiência de um luto complexo, que as crianças apresentem queda de desempenho e problemas de comportamento (DOMINGOS; MALUF, 2003). Esse cenário pode tornar-se ainda mais complexo considerando o trânsito da pandemia, em que muitos estudantes têm vivenciado a morte em seu cotidiano e em sua família, mas nem sempre encontrando no espaço escolar – presencial ou remoto – o acolhimento para esse momento e a oportunidade de refletir sobre a temática.

Nas escolas, a educação para a morte deve conter, acima de tudo, uma postura laica, para que não haja entendimento de doutrinação por parte daqueles que participarão do projeto. A literatura científica tem reconhecido a importância de uma maior discussão sobre a morte, os mortos e o morrer. No entanto, esse aspecto tem sido mais evidenciado na formação de profissionais de saúde, sobretudo de enfermeiros e médicos, justamente porque se considera que esses são os profissionais que mais diretamente entrarão em contato com a temática e devem estar preparados para esse manejo (OLIVEIRA-CARDOSO; SANTOS, 2017). Essas pesquisas visam a contribuir para que esses profissionais possam desenvolver práticas que minimizem o sofrimento emocional diante da morte de pacientes e a mobilização diante do contato com os familiares enlutados.

Mas essa temática está presente em todos os espaços, sendo um elemento que pode e deve compor a formação também de crianças e jovens. Aventa-se que essa lacuna possa ser decorrente das diversas dificuldades de entrar em contato com temas considerados delicados, como é o caso da morte. Essas dificuldades atravessariam não apenas a falta de capacitação docente para a condução dessa discussão, mas também o receio de que não se trata de um elemento que deve compor o rol de conhecimentos produzidos na e pela escola.

A experiência aqui relatada foi considerada exitosa a partir de diferentes perspectivas. Em conversa posterior à realização da feira, os estudantes mostraram-se entusiasmados para continuar o projeto no ano seguinte. A direção da escola mostrou-se aberta à continuidade do projeto, incentivando que os pais também possam se fazer mais presentes nesse processo, possivelmente discutindo a temática em casa e recuperando memórias familiares e ancestrais. A partir deste relato, pode-se concluir que uma temática considerada tabu pode ser discutida de modo respeitoso e, ao mesmo tempo, crítico, integrando conteúdos das disciplinas de história e filosofia, mas também funcionando como um espaço para reflexões que, na maioria das vezes, são apartadas do contexto escolar e julgadas inapropriadas para crianças. Por meio de diferentes estratégias metodológicas – aulas expositivas, rodas de conversa, pesquisa bibliográfica, trabalho de campo e organização de uma exposição –, configurou-se um espaço seguro para que essa temática fosse endereçada aos alunos e à comunidade escolar.

Há que se destacar que a morte atravessa inevitavelmente a escola. Isso ficou mais evidente em meio à pandemia, com o luto pela perda de pais, avós, professores, parentes e também colegas de turma. Mas trata-se de um processo perene e que não se circunscreve apenas ao trânsito pandêmico. Dar espaço para que essas experiências sejam compartilhadas é permitir que possam ser experienciadas sem reservas e com maior possibilidade de compreensão.

4 Considerações finais

Ao final deste relato, alguns endereçamentos podem ser úteis no sentido de que a presente experiência possa dar origem a importantes projetos sobre a morte, o morrer e os mortos na educação básica. Recomenda-se que projetos dessa monta sejam apresentados e discutidos com a direção, a coordenação pedagógica e com os pais e responsáveis, destacando-se os seus objetivos e o modo como a temática será abordada. Recomenda-se a manutenção de uma atitude de respeito pela diversidade que pode ser encontrada pelos estudantes tanto na discussão sobre as religiões como acerca dos diferentes modos de compreender a morte e o morrer a partir de diferentes culturas. A escola deve estar engajada nessa discussão, permitindo que a morte não seja tratada como um tabu ou como um fetiche, mas em uma proposta respeitosa e que considere as diferentes experiências dos estudantes, suas possíveis dificuldades em relação ao tema e também a possibilidade de construção de uma inteligibilidade mais amadurecida, tornando a temática não apenas mais acessível, mas também possibilitadora de aprendizado, de desenvolvimento e de amadurecimento emocional. Os pontos exitosos da experiência aqui relatada podem e devem ser adaptados a cada realidade escolar, permitindo ajustes que mantenham como objetivo a educação para a morte desde o ensino fundamental.

Referências

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Recebido: 22 de Abril de 2021; Aceito: 18 de Outubro de 2021

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