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Educação: Teoria e Prática

versão impressa ISSN 1993-2010versão On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.33 no.66 Rio Claro  2023  Epub 31-Dez-2023

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v33.n.66.s15587 

Artigos

O rugby tag na educação física escolar: contribuições de uma formação

Rugby tag in school physical education: contributions from training

Rugby tag en la educación física escolar: contribuciones de la formación

Joubert Caldeira Penny1 
http://orcid.org/0000-0002-1126-1148

José Antônio Bicca Ribeiro2 
http://orcid.org/0000-0002-1638-6687

Patrícia da Rosa Louzada da Silva3 
http://orcid.org/0000-0002-0259-299X

Tairã Gonçalves Soares4 
http://orcid.org/0000-0001-5080-6051

Eraldo dos Santos Pinheiro5 
http://orcid.org/0000-0002-5749-1512

1Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul – Brasil

2Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul – Brasil

3Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul – Brasil

4Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul – Brasil

5Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, Rio Grande do Sul – Brasil


Resumo

A formação continuada tem sido objeto de muitos estudos realizados no campo educacional, e o investimento nesse aspecto formativo tem se mostrado relevante para a potencialização e a diversificação de práticas pedagógicas. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi investigar a contribuição da formação continuada para a modalidade esportiva de rugby tag frente à possibilidade de seu desenvolvimento na Educação Física escolar. Com abordagem qualitativa, a presente pesquisa contou com a participação de 13 professores, os quais atenderam aos critérios de inclusão do trabalho e responderam individualmente a uma entrevista semiestruturada. Como principais resultados, foi possível: a) observar a importância da formação continuada para a ampliação do conhecimento sobre o rugby tag; b) averiguar suas possibilidades de aplicação na Educação Física escolar; c) compreender melhor os conceitos sobre o ensino do esporte. Considera-se que os resultados alcançados só foram possíveis por meio do fomento à realização da formação continuada dividida em três etapas, permitindo maior tempo de diálogo e acompanhamento dos professores, assim como esses espaços de ressignificação do esporte são pertinentes para a melhor qualidade do ensino no âmbito escolar.

Palavras-chave: Esporte; Escola; Crianças; Professores

Abstract

Continuing education has been the subject of many studies carried out in the educational field, and the investment in this formative aspect showed to be relevant for enhancing and diversifying pedagogical practices. The aim of this study was to investigate the contribution of continuing education on the sport of rugby tag in view of the possibility of its development in school Physical Education. With a qualitative approach, the present research counted with the participation of 13 teachers, who met the inclusion criteria of the work and answered individually to a semi-structured interview. As main results, it was possible to: a) observe the importance of continuing education to expand knowledge about rugby tag; b) to investigate its possibilities of application in school Physical Education and; c) better understand the concepts of sport teaching. It is considered that the results achieved were only possible through the promotion of continuing education divided into three stages, allowing more time for dialogue and monitoring of teachers, just as these spaces for the re-signification of sport are relevant for a higher quality of teaching in school setting.

Keywords:  Sport; School; Children; Teachers

Resumen

La educación continua ha sido objeto de numerosos estudios realizados en el ámbito educativo, y la inversión en este aspecto formativo ha demostrado ser relevante para potenciar y diversificar las prácticas pedagógicas. El objetivo de este estudio fue investigar el aporte de la educación continua en el deporte del rugby tag ante la posibilidad de su desarrollo en la Educación Física escolar. Con un enfoque cualitativo, la presente investigación contó con la participación de 13 docentes, quienes cumplieron con los criterios de inclusión del trabajo y respondieron individualmente a una entrevista semiestructurada. Como principales resultados, fue posible: a) observar la importancia de la educación continua para ampliar el conocimiento sobre rugby tag ; b) investigar sus posibilidades de aplicación en la Educación Física escolar; c) comprender mejor los conceptos de la enseñanza del deporte. Se considera que los resultados alcanzados solo fueron posibles a través de la promoción de la educación continua dividida en tres etapas, permitiendo más tiempo para el diálogo y seguimiento de los docentes, así como estos espacios para la resignificación del deporte son relevantes para una mayor calidad de la enseñanza en el ámbito escolar.

Palabras clave:  Deporte; Escuela; Niños; Profesores

1 Introdução

A prática pedagógica docente é fruto dos diversos saberes adquiridos na formação inicial, mas também das experiências agregadas durante toda a vida pessoal e profissional do professor. Sendo o ambiente escolar desafiador, demanda uma busca constante por novos saberes, assim como o repensar das práticas pedagógicas já existentes, para que possa haver reinvenção e inovação na construção do conhecimento.

Para Alvaro-Prada, Freitas e Freitas (2010), uma ferramenta que pode auxiliar os educadores no processo de atualização do ensino-aprendizagem de seus alunos, na medida em que suscita a busca de novos conhecimentos teórico-metodológicos, é a formação continuada de professores. Ao destacarmos essa formação como espaço de aprimoramento profissional, a universidade adquire papel fundamental ao promover tais espaços formativos e articular a teoria e a prática profissional dos professores, satisfazendo sua responsabilidade social com a comunidade. Assim, é possível ressignificar as práticas pedagógicas por meio das trocas de saberes, promovendo “mais motivação e envolvimento dos profissionais com os processos formativos imbricados em seu exercício profissional” ( ILHA et al., 2019 ).

Nesse sentido, destacamos o campo de estudos sobre a formação continuada pautado na “epistemologia da prática”, em que o professor é compreendido como um intelectual que produz teorias, conhecimentos e saberes a partir da reflexão sobre sua prática pedagógica ( ARAÚJO; SILVA, 2009). Tal abordagem é capaz de fazer que os docentes se apropriem dos saberes construídos na sua vida cotidiana e profissional e que possam ter autonomia para compartilhá-los dentro da sala de aula e, a partir daí, refletir sobre isso ( VASQUES; SARTI, 2017). Esses saberes, adquiridos com as experiências docentes, trabalhos cotidianos e conhecimento do meio em que se inserem (TARDIF, 2002), necessitam de valorização no sentido de reforçar a docência enquanto profissão ( MARQUES; IAOCHITE, 2016).

Com relação à formação continuada no município de Pelotas, no Rio Grande do Sul, a Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SMED), em parceria com Instituição de Ensino Superior (IES), por intermédio do laboratório de estudos, oferta, sistematicamente, cursos de formação continuada anuais para os professores das redes pública e privada. O investimento tem sido na ampliação do repertório cultural do esporte, fomentando a reflexão de métodos de ensino e diversificação dos temas e modalidades esportivas para a prática pedagógica da Educação Física escolar.

Assim, com base nas experiências do laboratório e nos estudos da Confederação Brasileira de Rugby (CBRu), investiu-se na disseminação da modalidade rugby no ambiente escolar da cidade de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul (RS), por meio do Projeto Rugby Tag, que é uma adaptação da modalidade rugby com regras simplificadas e estrutura elaborada com ênfase na fase de formação, o que agrega à modalidade características facilitadoras para sua inserção na Educação Física escolar. O contato entre os jogadores passa a ser por meio da captura do tag/cinto, evitando, assim, que as crianças em idade escolar vivenciem o enfrentamento físico que é o fundamento tackle do rugby.

A partir da reflexão sobre a importância da formação continuada para aprimoramento profissional e construção de novos saberes sobre o ensino do esporte, o presente artigo direciona sua investigação para a formação continuada sobre a modalidade de rugby, especialmente por meio do Projeto Rugby Tag, organizado pela SMED e IES. O objetivo do presente estudo foi investigar as contribuições da formação continuada para a modalidade esportiva de rugby tag frente à possibilidade de seu desenvolvimento na Educação Física escolar na cidade de Pelotas-RS a partir da percepção dos professores participantes.

2 Caminhos metodológicos

Esta seção foi estruturada da seguinte forma: primeiramente, foi contextualizada a formação continuada investigada, com ênfase em suas características e fases; posteriormente, foram descritos os procedimentos adotados durante a coleta das informações.

2.1 Apresentação geral da formação continuada de rugby tag

Inicialmente, foi realizado contato com a SMED a fim de se averiguar a viabilidade de uma capacitação com os professores de Educação Física da rede municipal, apresentando a proposta de introdução do rugby nas escolas de educação básica por meio do rugby tag. Após a autorização da SMED, os professores foram convidados a participar da formação continuada sobre o projeto, a qual envolveu três fases, conforme detalha a Figura 1:

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Fluxograma demonstrativo da execução da formação continuada. 

Com relação à primeira fase, os professores das escolas municipais participaram de um curso de formação continuada com duração de quatro horas ministrado por um Coach Educator CBRu – World Rugby. O conteúdo teórico/prático ministrado foi sobre o histórico da modalidade e sua prática no mundo e, posteriormente, foi apresentada a sua fundamentação teórica com base na organização da Confederação Nacional de Rugby. A orientação de ensino, durante a formação continuada, foi estruturada em três dimensões “TENTAR, JOGAR E FICAR”. A presente formação dedicou-se a explorar a dimensão TENTAR, momento em que se propõe a quebrar preconceitos sobre a modalidade e reforçar os ensinamentos sobre a modificação na regra de enfrentamento. Além disso, essa dimensão indica a utilização do tag e detalha as principais regras da modalidade e as ações funcionais, como o passe ocorrer apenas para lado ou para trás.

Ademais, nesse momento da formação continuada, os participantes foram instigados a refletir sobre os aspectos pedagógicos do desenvolvimento da modalidade, como tático-cognitivo, espírito de liderança, pluralidade de biotipos físicos em relação à prática e ao gerenciamento de riscos necessários com a segurança dos alunos participantes durante o jogo. Ao longo das discussões, o potencial de indivisibilidade entre teoria e prática foi mantido em uma tentativa de que os professores passassem a identificar as possibilidades de ensino do rugby tag com mecanismos de diálogo entre teoria e prática em uma contínua reflexão sobre os aprendizados existentes e a consolidação do que para eles era novo e poderia vir a ser parte de sua prática pedagógica ( OLIVEIRA; ALMEIDA, 2019).

Em seguida, foram debatidas questões de adaptações que poderiam ser realizadas no ensino da modalidade, conforme as diferentes realidades dos professores em relação a materiais e espaços físicos disponíveis em suas respectivas escolas. Durante o curso em questão, foi distribuído um kit esportivo aos professores 1 para familiarização e, posteriormente, a sua utilização durante o ensino da modalidade na escola.

No segundo momento da fase da formação, formadores e participantes passam a explorar de forma prática a modalidade, vivenciando cada uma das regras discutidas e aplicando os fundamentos específicos em situações de jogo. Destaca-se que, durante a ação prática, ocorreram pausas e mediações para que todas as dúvidas sobre como ensinar fossem discutidas e encaminhadas em conjunto com os participantes.

O encaminhamento final da fase 1 da formação continuada ocorreu com o preenchimento de um questionário de avaliação sobre o momento formativo vivenciado. Também foi solicitado que os professores, tão logo tivessem tempo de aplicar a modalidade em suas escolas, organizassem um torneio interno com os estudantes para que pudessem desfrutar de um momento de competição pautado no espírito de liderança, delegando-lhes funções como ajudantes e auxiliares técnicos. Esse momento também foi indicado para estimular a aplicação das ações fundamentais desse esporte pela descoberta da lógica do jogo no ato de jogar e competir, respeitando seus colegas de equipe e adversários.

Por fim, foi pré-agendado, para o próximo semestre, um segundo encontro formativo para investigar sobre o torneio interno e planejar um evento de integração entre as escolas, em que os professores participantes realizariam a inserção da modalidade rugby tag.

Na fase 2, ocorrida conforme o combinado (três meses depois da fase anterior), os participantes foram convidados para um encontro na IES com o objetivo de dialogar sobre a realização dos torneios escolares em suas escolas. Foram elencados pontos chaves positivos e/ou negativos com a intenção de impulsionar a troca de experiências e construir, em conjunto, uma ação maior, denominada Festival Interescolar, como marco de encerramento do ciclo de formação do Projeto Rugby Tag.

A partir dos acordos entre professores participantes e formadores, a terceira fase, designada Festival Interescolar, foi promovida, sendo aberta aos participantes inscritos e frequentes durante as fases 1 e 2 do projeto de formação continuada estudado. O Festival Interescolar foi estruturado para possibilitar que professores e alunos usufruíssem de um ambiente de competição escolar, no sentido de integrar crianças e adolescentes de diversas escolas por meio do rugby tag. A competição foi organizada por chaves de disputa, nas quais os campeões de cada chave disputavam a “taça de ouro”; os vices, a “taça de prata”; os terceiros lugares, a “taça de bronze”; e, por fim, os quartos lugares competiam pela “taça de participação”. Foi previsto o mesmo número de partidas para que os escolares pudessem ter diversas experiências com a competição. O processo de encerramento do Projeto Rugby Tag contou, ainda, com uma entrevista semiestruturada, agendada conforme a disponibilidade de cada professor participante, com a intenção de investigar a percepção de cada um sobre o desenvolvimento do projeto.

2.2 Coleta de informações

Ao longo da formação continuada e das fases do Projeto Rugby Tag, foram ofertadas 40 vagas para formação. O número de participantes variou, o que se justifica pela demanda de afazeres docentes, assim como pelo perfil e interesse de cada professor. Com isso, participaram da primeira fase do projeto 36 professores de diferentes escolas da rede pública de Pelotas-RS. Desses, 20 participaram da realização da segunda fase e 16, da terceira e última fase do Projeto Rugby Tag.

O presente estudo se caracteriza por uma abordagem qualitativa, com um caráter descritivo ( GIL, 1999), e teve como participantes 13 professores da educação básica (oito mulheres e cinco homens) que atenderam aos critérios de inclusão na pesquisa, a saber: a) ter participado das três fases da formação continuada; b) ter disponibilidade para participar do estudo, lendo e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da IES sob o parecer de número 3.325.110. O instrumento investigativo foi uma entrevista semiestruturada, aplicada a partir de um roteiro, na qual foram questionadas informações pessoais e profissionais dos participantes, assim como a sua percepção sobre o processo de formação continuada durante o Projeto Rugby Tag, por meio das seguintes questões: qual a importância do rugby na Educação Física escolar? Quais as expectativas iniciais com o Projeto Rugby Tag? Quais os objetivos em participar do projeto? O que você aprendeu ao ter participado de todas as etapas do projeto? Como você avaliaria o Projeto Rugby Tag na escola? Esse instrumento foi utilizado, também, para indagar suas expectativas ante a possibilidade de inserção do rugby tag nas aulas de Educação Física, bem como suas maiores facilidades e/ou dificuldades ao longo do processo.

As entrevistas foram agendadas e aplicadas no ambiente escolar dos professores participantes, sendo individuais, face a face, gravadas em áudio e transcritas por dois pesquisadores experientes nesse processo investigativo. Para explorar as respostas, foi aplicada a técnica de análise de conteúdo, respeitando-se as fases de pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados. No decorrer da pré-análise foi realizada a organização do material coletado, bem como a sua leitura flutuante. Nessa fase de pré-análise, procedeu-se, ainda, à identificação das possíveis categorias do estudo. Posteriormente, durante a exploração do material, foram agrupadas as respostas obtidas, por proximidade de significados entre as evidências, e esquematizadas as seguintes categorias: a importância do rugby na escola, as expectativas com a formação continuada de rugby tag e o impacto da formação continuada de rugby tag. Por conseguinte, após definidas as categorias, bem como a leitura aprofundada das unidades de registro identificadas no tratamento dos resultados, foram realizadas as inferências possíveis, bem como discussões com base na literatura da área ( BARDIN, 2009).

3 Resultados e discussão

Com a finalidade de caracterizar o perfil dos professores participantes do estudo, as informações foram organizadas no Quadro 1 e discutidas ao longo dos resultados.

Quadro 1 - Caracterização dos participantes. 

Identificação* Sexo Idade (Anos) Tempo de docência(Anos) Formação Inicial Concluída Pós-Graduação Concluída
Professor 1 Feminino 41 8 2009 -
Professor 2 Feminino 40 23 1997 2001
Professor 3 Feminino 31 1 2012 -
Professor 4 Masculino 36 15 2002 -
Professor 5 Masculino 37 14 2002 -
Professor 6 Masculino 31 7 2006 -
Professor 7 Masculino 26 2 2011 -
Professor 8 Feminino 54 32 1982 1991
Professor 9 Feminino 27 5 2010 -
Professor 10 Feminino 23 3 2014 2015
Professor 11 Masculino 37 28 1990 -
Professor 12 Feminino 40 17 2001 -
Professor 13 Feminino 34 12 2003 -

Fonte: Elaborado pelos autores.

*A identidade dos participantes foi preservada, conforme previsto no termo de consentimento assinado. As evidências expostas foram seguidas de participante e número.

Conforme se observa no Quadro 1, o perfil dos participantes foi constituído por oito mulheres e cinco homens, com média de idade de 35,1 anos e média de tempo de docência de 12,8 anos. Com relação à formação inicial, identificou-se que 10 sujeitos tiveram sua formação concluída nos anos 2000; dois, na década de 1990; e somente um nos anos 1980. Além disso, apenas três indivíduos possuem pós-graduação concluída em nível stricto ou lato sensu.

A partir da análise das informações coletadas, emergiram as seguintes categorias: a) a importância do rugby na escola: discorre acerca das impressões que os professores têm a respeito da modalidade, bem como sobre sua aplicação nas aulas de Educação Física; b) expectativas com a formação continuada de rugby tag: trata das percepções dos professores quanto às expectativas iniciais, assim como de possíveis superações ao longo das suas fases; e c) impacto da formação continuada de rugby tag: discorre sobre os aprendizados dos professores por meio da formação continuada.

3.1 A importância do rugby na escola

Os professores foram questionados quanto às suas percepções a respeito da importância do rugby na Educação Física escolar. A frequência das respostas indicou uma percepção positiva, no sentido de que os docentes consideraram a modalidade importante, especialmente por ser nova. Aplica-se, aqui, a ideia apontada por Bracht (2011), quando defende que, para se falar de algo novo na prática pedagógica, é preciso considerar articulações entre a cultura escolar, a cultura geral, a vida pessoal e profissional do professor e as características do sistema educacional em que esse profissional está inserido.

Entende-se, assim, que, para o contexto investigado, com professores da rede municipal de Pelotas-RS, o rugby era considerado um conteúdo novo. Para nove dos 13 participantes, tratava-se de uma modalidade inédita em suas aulas, sendo esse o principal fator de relevância para a aplicação desse esporte no ambiente escolar, conforme demonstra o fragmento a seguir:

Eu acho importante, uma modalidade totalmente diferente que a gente não está acostumada a ver no cotidiano da escola. Os fundamentos são bem diferentes, as questões de respeito a regra também. Eu acho que é um jogo que, por ser diferente, chama a atenção e que traz bastante fundamentos e ensinamentos bem legais pra eles. (PROFESSOR 3)

O posicionamento do professor 3 também pode ser identificado nas falas dos demais participantes, quando refletem sobre o intuito de propiciar experiências diferentes a seus alunos. Com isso, os estudantes experimentam os benefícios de modalidades pouco convencionais, como o rugby, conforme ilustram os fragmentos a seguir:

Eu considero o rugby importante na Educação Física escolar, porque eu acho que os alunos precisam sair da mesmice do futebol, vôlei e caçador, que é muito adorado aqui na escola. Eu uso muito o rugby em função disso, de tentar sair um pouco dessa mesmice. (PROFESSOR 10)

É importante sim a questão do rugby. Quando eu conheci o rugby, eu conheci realmente na questão da capacitação, comecei a prestar a atenção e, quando vi, assim, caiu assim, justamente numa hora em que estava precisando de uma coisa nova, e que a proposta é realmente que fosse uma diferença que eu incluísse todo mundo e conseguisse trabalhar de uma forma mais prática, mais fácil. Assim, que conseguisse motivar os alunos a participarem. Estava procurando, um pouco assim em relação aos conteúdos, digamos meio já caindo na mesmice, estava meio enjoado, ai apareceu o foco da questão do rugby. (PROFESSOR 11)

Eu acho que rugby desafia muito eles, que a lógica de jogo é completamente diferente dos outros[...] a bola à frente, os outros não podem ir à frente para receber, então é a estrutura cognitiva que eles têm que reelaborar, como eles enxergam o jogo né. É muito importante desafiar o cognitivo, têm uns que não sabem, não são tão bons fisicamente, motoramente, mas tem uma inteligência, uma visão do jogo muito boa e nos outros jogos eles não conseguem jogar porque o que vale é a técnica e tática. (PROFESSOR 9)

Entre os achados com relação à importância do rugby no ambiente escolar, os professores também citaram a superação do preconceito direcionado à modalidade, rompendo com a caracterização desse esporte como uma modalidade violenta. Em outras palavras, os professores indicaram perceber aspectos lúdicos no ensino dessa modalidade, assim como os valores que o rugby possui em sua essência, como o respeito e o trabalho em equipe. Para Oliveira e Almeida (2019), um dos aspectos importantes das formações continuadas dizem respeito às possibilidades de significado dos temas debatidos, permitindo um processo de reflexão crítica de suas práticas e sendo possíveis mudanças sem que se perca o comprometimento com as suas realidades. A seguir, fragmentos que destacam as mudanças de concepção dos professores sobre o rugby no ambiente escolar:

Desfez um mito para mim de que é um esporte violento, especialmente por propor atividades diferenciadas, fugir dos esportes tradicionais que acabam sendo referência na Educação Física escolar e perpassam durante toda a vida escolar. (PROFESSOR 6)

Pelos princípios que ele apresenta, pelas possibilidades pedagógicas de uso dele [...], é um esporte não violento, quando estimula o respeito ao adversário, o jogo coletivo. Achei várias questões ali bem apropriadas para trabalhar dentro da escola. (PROFESSOR 5)

Os excertos apresentados descrevem o rugby tag como uma modalidade importante para a Educação Física no ambiente escolar, uma vez que, além de proporcionar atividades diferenciadas, estimula valores como o respeito e o senso de coletividade. Nesse sentido, vão de encontro ao que discute Vaz (2005) com relação à formação desses profissionais, ou seja, os professores de Educação Física precisam encontrar novas formas de manter seus alunos motivados nas aulas. Entende-se, ainda, que o rugby, em sua concepção e regras, pode se tornar limitado às aulas de Educação Física, porém, no ambiente escolar, o rugby tag é indicado pelo fato de a tag reduzir os riscos do jogo, uma vez que minimiza o contato físico por meio da captura da fita, sem impedir o ensino das demais características e fundamentos do jogo, como passe, corrida e aspectos táticos de forma educacional.

Ademais, ao se ensinar rugby no ambiente escolar, atendem-se às recomendações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto à unidade temática “esporte”, com ênfase na categoria “esporte de invasão” ( BRASIL, 2017). Além disso, de acordo com autores como Pinheiro et al.(2015) e Golin e Sambrana (2016), o rugby tag representa uma possibilidade para a implementação do rugby nas aulas de Educação Física na escola em decorrência de sua baixa complexidade e adaptabilidade a espaços.

Nesse sentido, a categoria aqui discutida indica que os professores investigados, ao serem apresentados à modalidade rugby tag, passaram a considerá-la importante para o seu contexto escolar. Isso reforça a percepção de Pugh (2014) a respeito desse esporte, segundo a qual, no ambiente escolar, podem ocorrer os primeiros contatos com a modalidade, de modo não apenas a ampliar o repertório motor dos alunos, mas também de encontrar futuros adeptos ao rugby por meio de boas experiências com o jogo.

3.2 Expectativas com a formação continuada de rugby tag

Nessa categoria, discorre-se sobre as impressões dos participantes no que se refere ao Projeto Rugby Tag. Investigaram-se, para tanto, as expectativas iniciais relativas ao projeto, assim como se essas foram superadas ou não ao longo de sua realização.

Desse modo, ao serem questionados sobre as suas expectativas, dos 13 participantes do estudo, dois disseram, claramente, que não tinham expectativas quanto à formação continuada, tampouco com relação ao ensino do rugby tag. Os depoimentos a seguir expressam suas percepções:

Sinceramente, no início eu não estava muito entusiasmado, não criei nenhuma expectativa, até porque eu também não conhecia o rugby [...], até as regras eu entendia pouco, mas não me sentia muito motivado, no primeiro momento, para trabalhar. Participei do festival ajudando a montar as equipes, e eu acabei me motivando assim quando vi a obra pronta [...] ainda estava conversando com uma colega que está afastada por licença maternidade e comentei com ela o quanto é importante se pensar em projetos assim, que tenham planejamento de início, meio e fim, que foi o que aconteceu com Projeto de Rugby Tag. (PROFESSOR 7)

No mesmo sentido, o Professor 3 disse não ter expectativas iniciais a respeito da formação continuada, chegando a duvidar da aplicabilidade do rugby tag, conforme evidenciado a seguir:

Como eu não conhecia o esporte, não tinha expectativas, nem imaginava em aplicar na escola. Eu fui pra conhecer, sem saber que a proposta era ter uma continuidade e fazer um festival no final. Quando eu comecei, pensei: não vai dar certo. Mas, fui vendo os alunos aderirem, ai eu gostei [...] foi muito legal, eles adoraram muito, eu tinha dúvida de tudo porque pra mim tudo era novo, assim como pra eles, principalmente a saída da escola pro festival foi o que mais superou as expectativas. (PROFESSOR 3)

Ao analisar as falas dos participantes 3 e 7, nota-se que o desconhecido gerava a baixa ou inexistente expectativa, entretanto isso não os impediu de tentar, visto que ambos participaram da formação continuada e passaram a aplicar a modalidade nas suas aulas, concluindo todas as fases do Projeto Rugby Tag. Além disso, relatam ter sido surpreendidos positivamente diante da possibilidade de aplicação da modalidade no ambiente escolar, bem como destacam a significância de participar do Festival Interescolar.

Ressalva-se que os dois participantes que indicaram não ter expectativas iniciais com relação à formação continuada encontravam-se na etapa denominada por Farias (2012) como entrada de carreira. Esse momento é definido como um período de ideias novas e de mentalidade mais aberta, porém, marcado por dúvidas ou incertezas quanto à profissão. Julga-se necessária a discussão sobre a carreira docente, uma vez que a categoria 2 trata das percepções dos participantes quanto à formação, relacionando-a com a sua vida profissional. Dessa forma, é possível compreender as características próprias de cada sujeito, considerando o momento em que se situam, os sentimentos e a apropriação do conhecimento pertinente para sua atuação no campo profissional.

Em outras palavras, ainda que houvesse incertezas quanto ao novo, havia também o desejo de tentar, característico da etapa de entrada de carreira, ou seja, a mentalidade mais aberta propiciou que os docentes fossem capazes de investir no desafio de experimentar algo novo, o que veio a surpreendê-los positivamente no decorrer do Projeto Rugby Tag.

Então, para 11 participantes, as expectativas, desde o início, eram positivas e, desses, dois esperavam superar o receio de que a modalidade teria uma baixa aceitação entre os alunos. Os desfechos dos participantes evidenciam que o medo foi superado:

[...] a formação foi muito boa, os conteúdos foram bem apresentados e a expectativa de que não fosse bem aceito por eles foi superada. Eu fiz primeiro uma pesquisa com eles, me trouxeram um trabalho escrito, todos praticam e estão jogando bem direitinho, uma situação nova pra eles e superou minhas expectativas. Primeiro em aprender uma modalidade diferente pra poder aplicar com eles, porque acredito que tudo que a gente aprender de novo e poder repassar pra eles é válido. (PROFESSOR 4)

Entre as evidências exploradas, destacamos o professor 12, que registrou um equívoco em sua percepção inicial, pois julgava que os alunos não aceitariam a modalidade por não a entenderem. Tão logo, no entanto, levou o conteúdo para as aulas, o participante percebeu que a dificuldade de entendimento estava muito mais nos professores do que nos escolares.

A expectativa de que queriam aprender algo novo que pudesse proporcionar mudança nas suas aulas de Educação Física foi descrita por 11 participantes, os docentes apontaram, ainda, que a expectativa foi superada, uma vez que, segundo eles, “ocorreu uma excelente aceitação dos alunos”, “trata-se de uma modalidade boa de trabalhar na escola”, “é importante devido à aplicabilidade dos valores que a modalidade tem em sua essência”.

Ainda sobre o receio inicial dos professores com relação à aceitação do rugby pelos alunos, entende-se que esse sentimento pode ser explicado por uma insegurança gerada pela própria cultura escolar, na qual não é sempre que se consegue desenvolver um trabalho com características inovadoras, uma vez que se trata, muitas vezes, de uma atividade isolada, em vez de coletiva. Existem também barreiras como: a) a falta de conhecimento, por parte da escola, quanto ao papel da Educação Física; b) o não reconhecimento do trabalho que o professor realiza; c) a inexistência de infraestrutura e de condições objetivas para a realização das práticas, entre outras. Nesse caso específico, destaca-se o desconhecimento da modalidade em si ( DE ALMEIDA, 2017).

Considera-se, então, que a percepção dos professores participantes foi a de que a formação continuada de rugby tag superou as suas expectativas, tornando-se significativa para eles. Nesse sentido, Luiz et al.(2016) salientam o papel da universidade em promover a ressignificação da prática pedagógica por meio da discussão da teoria e sua aplicação prática. Dessa forma, segundo os autores, contribui-se para que os professores ampliem seus conhecimentos e possam incorporar novas ações em seu cotidiano escolar.

Essa ideia pode ser sustentada, inclusive, pelo pensamento de muitos professores entrevistados, os quais revelaram o desejo de levar algo diferente para as aulas de Educação Física, buscando uma “inovação pedagógica”, um fator capaz de proporcionar a referida motivação ou aumentar o interesse dos alunos por determinados conteúdos. Assumimos que tal termo, conforme De Almeida (2017), é multifatorial, complexo e difícil de ser explicado a partir de uma teoria fechada em si, no entanto trazemos a ideia de Lucarelli ( 2003, p. 99), em que a autora menciona que:

[...] inovação é que a prática líder de ensino ou programação de ensino, na qual a partir da busca pela solução de um problema relacionado às formas de operar com um ou vários componentes de ensino, há uma ruptura nas práticas habituais que ocorrem em sala de aula, afetando o conjunto de relações e a situação didática.

Dessa forma, o esforço de inovar nas aulas perpassa o ideal de promover uma ruptura na prática tradicional, rompendo, muitas vezes, com os paradigmas construídos na formação do professor, desacomodando seu conhecimento e construindo novos saberes que, de fato, eram utilizados na prática pedagógica.

Corroboramos com Vaz et al.(2011) quando apontam que uma boa prática pedagógica se encontra sempre em movimento de reconstrução, não se tratando de “um dado, mas um possível”. O rugby tag e a formação continuada em si apresentam-se como uma ferramenta de ruptura e possuem uma ação pedagógica na qual os professores fazem uma tradução do conhecimento sobre a modalidade para as aulas e produzem espaços de aprendizagem para alunos.

Entende-se que a formação continuada é fundamental para a qualidade do ser professor e que a comunidade escolar é influenciada por uma Educação Física de melhor qualidade, uma vez que os espaços são ofertados aos professores. Com isso, fica evidente a necessidade de se investigarem as influências e os impactos de propostas de formação continuada. Assim, a seção a seguir busca descrever as percepções positivas e negativas dos participantes sobre os impactos da formação continuada estudada em todas as fases do Projeto Rugby Tag.

3.3 Impactos da formação continuada de rugby tag

No que diz respeito à formação continuada em rugby tag, os participantes foram convidados a compartilhar suas percepções quanto aos impactos dessa experiência, ou seja, se acreditavam ter ocorrido alguma modificação a partir do processo vivenciado. As respostas foram unânimes: todos conseguiram aprender conteúdos novos e passaram a identificar o rugby tag como uma possibilidade concreta de aplicação em suas aulas de Educação Física.

Outro aspecto apontado por nove dos 13 professores participantes foi que a formação continuada corroborou, também, a apropriação de conceitos sobre o esporte capazes de serem transferidos ao ensino de outras modalidades esportivas ou atividades do componente curricular.

A compreensão de valores relacionados com a cooperação, o trabalho em equipe e o respeito também foi citada como um dos aspectos que podem ser aplicados a outros conteúdos. De forma semelhante, os princípios pedagógicos do esporte foram percebidos como ferramentas de ensino e aprendizagem indispensáveis a outros momentos das aulas de Educação Física e, obviamente, ao ensino do próprio rugby. Em concordância com isso, observa-se o fragmento a seguir:

As possibilidades pedagógicas, os princípios de cooperação, respeito dá para extrapolar para outras modalidades desportivas. A questão dos valores: a ética, a moral bem diferenciada do que outros esportes apresentam. O respeito ao indivíduo, ao adversário, muito interessante, assim, e pra mim foi a parte mais legal e mais importante que aprendi. (PROFESSOR 5)

O processo de ensino e aprendizagem está diretamente ligado às relações interpessoais. A compreensão do respeito como um valor, por exemplo, não contribui apenas com o entendimento esportivo dos alunos, mas também influencia a sua formação pessoal. Assim, ao propor o ensino de uma modalidade esportiva, ensina-se o esporte e também pelo esporte ( GRECO et al., 2009 ).

Outro aspecto digno de nota é que sete dos 13 professores participantes disseram ter interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre o rugby:

Eu acredito que, se o professor seguir o que ele teve na formação, pode muito bem fazer parte do currículo da Educação Física. Aliás, já têm alguns professores [que usam o] rugby como conteúdo. Eu acredito que tinha que continuar as formações, mas, talvez, expandir-se para além do rugby tag. (PROFESSOR 12)

No que diz respeito aos impactos positivos da formação continuada, nota-se que, entre as considerações de todos os professores, aparece o seguinte pedido:

[...] o ensino desse esporte e o evento não podem parar com uma ou duas edições, precisa se tornar parte do calendário das escolas, ele vai ser desenvolvido, é preciso ter o rugby tag como realidade nas escolas. [...] acredito que é um projeto extremamente positivo, um projeto pioneiro na nossa região e que traz uma pratica diferente, essa, sem dúvida nenhuma, é um aspecto positivo. (PROFESSOR 6)

Com o exposto nesta seção, reflete-se que, de modo geral, as percepções quanto aos impactos da formação continuada em rugby tag indicaram apropriação do conteúdo por parte dos professores, assim como a ampliação dos conceitos sobre ensino do esporte para as demais práticas do contexto escolar da Educação Física.

Nesse sentido, Nóvoa (2009) e Imbernón (2010) destacam que a formação continuada pode representar, além de uma necessidade, uma possibilidade de produzir ações pedagógicas coerentes com o contexto de ação profissional do docente. Os professores participantes conseguiram adquirir conhecimento sobre o rugby tag e, assim, foram-no instrumentalizando para (re)pensar a modalidade e aplicá-la de acordo com as necessidades da escola em que se inserem. Dessa forma, defendemos que as práticas pedagógicas e os processos de formação pelos quais passam os professores não devem ser considerados de forma descolada, e, sim, em caráter de interdependência, sob a lógica de um movimento não linear.

Esse movimento deve ser no sentido de reflexão/ação/reflexão, conforme apresentam Lüdke e Cruz (2005), em que existe uma articulação entre o que é vivenciado na formação continuada e os contextos de atuação profissional. Segundo os autores, a “reflexão na e sobre a ação” pode ser uma estratégia para que os professores analisem, problematizem e compreendam suas práticas, contribuindo para uma transformação e um avanço no sentido de qualificar essas práticas.

Dessa forma, podemos perceber uma ressignificação na aplicação do esporte dentro da escola, pois os professores participantes aprenderam sobre uma nova modalidade esportiva, adquirindo conhecimentos técnicos e pedagógicos sobre ela. Ademais, conseguiram produzir novos saberes ao refletir sobre essas práticas a partir da interação com os alunos. Podemos afirmar, ainda, que, ao promover uma reflexão dos professores sobre aquilo a que se propõem ensinar, é possível proporcionar uma (re)construção da identidade pessoal e profissional desses indivíduos.

4 Considerações finais

Neste artigo buscamos investigar as contribuições da formação continuada sobre a modalidade esportiva de rugby tag frente à possibilidade de seu desenvolvimento na Educação Física escolar na cidade de Pelotas-RS a partir da percepção dos professores participantes. Ao finalizar este estudo, podemos apontar que as contribuições da estratégia foram potencializadas por fatores diretos como: a) o envolvimento entre a SMED e a universidade, assumindo sua responsabilidade social em uma proposta de fortalecer laços entre teoria, prática e na consolidação dos saberes; b) a estrutura da formação que ampliou o tempo e o acompanhamento das ações por meio da construção e do diálogo com os participantes; c) a avaliação da formação continuada, dando voz aos atores do processo, cujas percepções compuseram o corpus deste estudo.

Entre as limitações da formação, foi apontado que os participantes gostariam de um aumento da carga horária, tema que pode ser explorado em intervenções futuras e na ampliação da terceira etapa, ou seja, a ocorrência do Festival Interescolar em mais dias. Por fim, entende-se que o Projeto Rugby Tag colaborou para a ampliação da modalidade no ambiente escolar dos professores envolvidos. Destaca-se que, a partir dos achados do estudo, a manutenção de formações continuadas como proposta entre universidade e SMED passou a integrar o calendário das formações, dando seguimento à disseminação do rugby por meio da formação continuada.

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1O kit esportivo entregue aos professores era composto por: dez cintos de rugby tag e uma bola de rugby n° 4.

Recebido: 11 de Janeiro de 2021; Aceito: 18 de Novembro de 2022

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