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Educação: Teoria e Prática

versión impresa ISSN 1993-2010versión On-line ISSN 1981-8106

Educ. Teoria Prática vol.33 no.66 Rio Claro  2023

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v33.n.66.s17106 

Artigos

Curricularização da extensão nos cursos de licenciatura: uma análise da produção científica brasileira

Curricularization of extension in undergraduate courses: an analysis of brazilian scientific production

Curricularización de la extensión en los cursos de licenciatura: un análisis de la producción científica brasileña

Vânia de Fátima Matias de Souza1 
http://orcid.org/0000-0003-4631-1245

Patric Paludett Flores2 
http://orcid.org/0000-0003-4865-7661

Fernando Lazaretti Onorato Silva3 
http://orcid.org/0000-0002-9247-9869

Lorena Mota Catabriga4 
http://orcid.org/0000-0001-9533-9303

Yedda Maria da S. Caraçato de Sousa5 
http://orcid.org/0000-0002-6602-3921

Evando Carlos Moreira6 
http://orcid.org/0000-0002-5407-7930

1Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná – Brasil. E-mail: vfmatias@gmail.com.

2Universidade do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais – Brasil. E-mail: patricpflores@gmail.com.

3Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná – Brasil. E-mail: feelazaretti@gmail.com.

4Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná – Brasil. E-mail: lorenamotacatabriga@hotmail.com.

5Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Paraná – Brasil. E-mail: yeddacaracato@hotmail.com.

6Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, Mato Grosso – Brasil. E-mail: ecmmoreira@uol.com.br.


Resumo

Esta pesquisa buscou analisar a produção científica sobre a curricularização da extensão em cursos de licenciatura no Brasil após a promulgação da Resolução CNE/CES 07/2018. Para atender ao objetivo, foi realizada uma revisão integrativa, com recorte temporal de 2018-2022, nas bases de dados: Portal Periódicos Capes e Portal Scielo, nas quais utilizaram-se como descritores e operadores booleanos (“Extensão” OR “Extensão Universitária” OR “Curricularização da Extensão”) AND (“Formação Inicial” OR “Formação Docente” OR “Processo formativo” OR “Formação de Professores” OR “Ensino Superior”) AND “Licenciatura”, e na base de dados do Google Acadêmico, com a combinação dos descritores “Curricularização da Extensão” e “Licenciatura”. Após a seleção e a aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, identificaram-se quatro artigos que constituem o corpus desta pesquisa. Das análises emergiram-se as seguintes categorias: a) mapeamento da produção científica sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura; b) procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura; e, c) temáticas abordadas nas produções científicas sobre o processo de curricularização da extensão nos cursos de licenciatura. A partir das categorias analisadas, observaram-se estudos cujo objetivo é contribuir para a estruturação de um currículo que promova uma formação inicial significativa, bem como compartilhar as experiências práticas do processo de curricularização da extensão, promovendo a importância desse processo ao mesmo tempo que possibilita maior aproximação entre universidade e comunidade externa.

Palavras-chave Universidade; Formação de Professores; Curricularização da Extensão

Abstract

This research sought to analyze the scientific production on the curricularization of extension in undergraduate courses in Brazil after the promulgation of Resolution CNE/CES 07/2018. To meet the objective, an integrative review was carried out, with a time frame of 2018-2022, in the databases: Portal Periódicos Capes and Portal Scielo, in which it was used as descriptors and Boolean operators (“Extension” OR “University Extension” OR “Extension Curriculum”) AND (“Initial Training” OR “Teacher Training” OR “Training Process” OR “Teacher Training” OR “Higher Education”) AND “Degree”, and in the Google Academic database, the descriptors “Curricularization of Extension” and “Undergraduate”. After the selection and application of the exclusion and inclusion criteria, four articles that constitute the corpus of this research were identified. The following categories emerged from the analyses: a) mapping of scientific production on the curricularization of extension in undergraduate courses; b) methodological procedures adopted in research on the curricularization of extension in undergraduate courses; and, c) themes addressed in scientific productions on the process of curricularization of extension in undergraduate courses. From the categories analyzed, studies were observed in order to contribute to the structuring of a curriculum that promotes a significant initial training, as well as share the practical experiences of the process of curricularization of extension, promoting the importance of this process while promoting a closer relationship between university and external community.

Keywords University; Teacher Formation; Curricularization of Extension

Resumen

Esta investigación buscó analizar la producción científica sobre la curricularización de la extensión en cursos de licenciatura en Brasil tras la promulgación de la Resolución CNE/CES 07/2018. Para atender al objetivo, fue realizada una revisión integrativa, con recorte temporal de 2018-2022, en las bases de datos: Portal Periódicos Capes y Portal Scielo, en las cuales se utilizaron como descriptores y operadores booleanos (“Extensión” OR “Extensión Universitaria” OR “Curricularización de la Extensión”) AND (“Formación inicial” OR “Formación docente” OR “Proceso formativo” OR “Formación de Profesores” OR “Educación Universitaria”) AND “Licenciatura”, y en la base de datos de Google Académico, con la combinación de los descriptores “Curricularización de la Extensión” y “Licenciatura”. Tras la selección y aplicación de los criterios de exclusión e inclusión, se identificaron cuatro artículos que constituyen el corpus de esta investigación. De los análisis surgieron las siguientes categorías: a) mapeo de la producción científica sobre la curricularización de la extensión en los cursos de licenciatura; b) procedimientos metodológicos adoptados en las investigaciones sobre la curricularización de la extensión en los cursos de licenciatura; y, c) temáticas abordadas en las producciones científicas sobre el proceso de curricularización de la extensión en los cursos de licenciatura. A partir de las categorías analizadas, se observaron estudios cuyo objetivo es contribuir para la estructuración de un currículo que promueva una formación inicial significativa, así como compartir las experiencias prácticas del proceso de curricularización de la extensión, promoviendo la importancia de este proceso al mismo tiempo que posibilita mayor acercamiento entre universidad y comunidad externa.

Palabras clave Universidad; Formación de Profesores; Curricularización de la Extensión

1 Introdução

A partir dos anos 1990, houve uma reconfiguração sustentada na (re)estruturação e no desenho curricular dos cursos superiores, que passaram a ser delineados e implementados no país atendendo às necessidades da sociedade globalizada. Esse cenário incorpora em sua roupagem estruturações políticas pautadas nas prerrogativas curriculares que passam a direcionar os caminhos ideológicos da educação. Tendo a reconfiguração das ações gerenciais do Estado no cumprimento das ações estabelecidas, as políticas públicas passaram a ser orientadas sob a demanda da perspectiva de atendimento e adequação aos pressupostos de um modelo globalizado em prol da efetivação da implementação das regulações postas (DOURADO, 2013).

Historicamente, observa-se que a ação extensionista do ensino superior foi implementada em 1931, com a Reforma Francisco Campos, por meio do Decreto-lei n° 19.851/1931 (BRASIL, 1931), o qual estabelecia que a extensão deveria estar no ensino superior integrada às atividades desenvolvidas. Em 1968, essa prerrogativa foi reiterada por meio da Lei nº 5.540/1968 (BRASIL, 1968), a qual apresentava que, por meio de suas atividades de extensão, as instituições de ensino superior (IESs) deveriam proporcionar aos estudantes oportunidades de participação em programas relacionados com a melhoria das condições de vida da comunidade e no processo geral do desenvolvimento.

Dessa forma, entende-se que a estruturação e a configuração das atividades extensionistas no período apresentado estavam relacionadas com o desenvolvimento de ações com foco na realização de atividades nas modalidades de curso, conferência ou assistência técnica ofertadas à comunidade, sendo, assim, uma ação baseada nos pressupostos assistencialistas direcionados ao atendimento à comunidade.

Já nos anos 1980, ocorreram grandes movimentos sociais e políticos na sociedade brasileira que se refletiram na educação, repercutindo na reestruturação da política educacional. Sendo assim, por conseguinte, nos anos 1990, com a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9394/1996 (BRASIL, 1996), ocorreu a reafirmação da relevância da extensão universitária, relacionada com a propagação das ações desenvolvidas no ensino superior. Nos anos 2000, a partir das demandas postas, novas roupagens e entrelaçamentos políticos com foco no ensino superior apontavam por meio do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010 (BRASIL, 2001), assim reconfigurando o ensino superior. De acordo com a Lei n° 13.005/14 (PNE 2004-2014), meta 12, as IESs brasileiras devem passar a inserir, em seus currículos, no mínimo, 10% do total de extensão universitária (BRASIL, 2014), indicando ainda que a extensão deve seguir o princípio da indissociabilidade dos pilares do ensino superior, ou seja, ensino, pesquisa e extensão.

Para cumprir essas ações, deve-se atentar ao que afirma Hypólito (2010, p. 1338): “o Estado intervém, nesse processo, como agente regulador das políticas educativas de modo enfático e centralizado, muito embora o discurso do Estado mínimo e descentralizador”, fazendo-se presente no discurso posto. Acrescenta-se a esse fato um delineamento na ação interventiva galgando mudanças singulares no processo identitário dos cursos de formação superior, as quais alicerçam-se por meio das (re)definições das políticas curriculares que passam a desencadear normativas organizacionais dirigidas ao Ensino Superior postas a partir de definições estruturais apresentadas sob a égide das Diretrizes Curriculares para os cursos de formação profissional ministrados no Ensino Superior.

Como forma de atender às demandas elencadas pela meta 12.7 do PNE sobre a extensão universitária, foi promulgada a Resolução CNE/CES nº 07/2018 (BRASIL, 2018), que define as diretrizes para extensão na Educação Superior brasileira. A partir dessa resolução, os cursos de ensino superior devem adequar seus currículos, reservando um total de 10% da carga horária total para atividades de extensão (BRASIL, 2018). Nessa direção, emergem as seguintes questões: como os cursos de licenciatura estão tratando o tema da curricularização da extensão em suas ações formativas na formação inicial? O que se tem produzido no campo científico sobre esse tema? Para responder a essas inquietações, o presente trabalho tem como objetivo analisar a produção científica sobre a curricularização da extensão em cursos de licenciatura no Brasil após a promulgação da Resolução CNE/CES nº 07/2018.

2 Metodologia

Esta pesquisa caracterizou-se como uma revisão integrativa de literatura, uma vez que buscou sintetizar resultados de pesquisas anteriores sobre o tema, de modo a sistematizar os achados das pesquisas na compreensão de um fenômeno específico relacionado com a questão investigativa (CROSSETTI, 2012). Conforme a autora, o pesquisador pode utilizar a revisão integrativa de literatura com diferentes finalidades, sendo possível traçar as definições de conceitos, revisão de teorias ou análises metodológicas de pesquisas sobre um tema em particular e, a partir de um comparativo dos dados, estabelecer conclusões gerais sobre o problema da pesquisa.

Para selecionar a produção científica analisada no estudo, com auxílio de três pesquisadores (de modo individual), foi realizado, inicialmente, um levantamento dos artigos científicos nas bases de dados: Portal Periódicos Capes e Portal Scielo. Ressalta-se que, para realizar a busca da produção foco deste estudo, os pesquisadores utilizaram como descritores as palavras-chave: (“Extensão” OR “Extensão Universitária” OR “Curricularização da Extensão”) AND (“Formação Inicial” OR “Formação Docente” OR “Processo Formativo” OR “Formação de Professores” OR “Ensino Superior”) AND “Licenciatura”. Após essa primeira busca, na tentativa de ampliar o número de artigos sobre o tema, foi realizado um levantamento na base de dados do Google Acadêmico, no qual os pesquisadores usaram a combinação dos descritores: “Curricularização da Extensão” e “Licenciatura”. Com a pré-seleção dos artigos realizada, os três pesquisadores, de forma conjunta, compararam seus achados e analisaram a produção científica encontrada. O período de busca ocorreu entre 15 de março e 7 de abril de 2022.

Dessa forma, foram encontrados 1.811 artigos, dos quais 1.270 no Periódicos Capes, 488 no Portal Scielo e 53 no Google Acadêmico. Em posse dos achados, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão. Para que o artigo fosse incluído, era necessário ter sido publicado entre 2018 e 2022 devido à Resolução CNE/CES n° 7 de dezembro de 2018, que estabelece as diretrizes para a curricularização da extensão (BRASIL, 2018); além disso, o artigo precisava: a) abordar a temática do estudo (curricularização da extensão nas licenciaturas); b) estar publicado no formato de artigo científico (verificado por pares); c) abordar a realidade brasileira; e, d) estar disponível na íntegra. Os artigos que não atenderam a esses critérios foram excluídos pelos seguintes motivos: a) não estavam dentro do recorte temporal de 2018-2022; b) não versaram sobre a temática da curricularização da extensão nos cursos de licenciatura; c) foram publicados no formato de ensaio, tese ou dissertação; d) não abordavam a realidade brasileira; e, e) não estavam disponíveis na íntegra. Sendo assim, após o levantamento e a análise das produções, considerando-se os critérios de exclusão (Figura 1), foram selecionados quatro artigos, os quais se configuram como a produção científica explorada nesta pesquisa.

Fonte: Os autores.

Figura 1 Fluxograma da seleção da produção foco desta pesquisa. 

Com a aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, foram identificados os seguintes artigos: artigo 1 – A Curricularização da extensão no curso de licenciatura em física da Universidade de Passo Fundo (CORTEZ et al., 2019); artigo 2 – Extensão universitária e formação inicial docente nos cursos de licenciatura da UNEB Campus IV – Jacobina (BA) (DOURADO, SALVADORI, 2020); artigo 3 – Contribuições da curricularização da extensão na formação de professores (SANTOS, GOUW, 2021); artigo 4 – Curricularização da extensão: o desafio no contexto das licenciaturas (COSTA, 2019).

Após a leitura dos artigos na íntegra, optou-se por avaliá-los com base na análise de conteúdo, seguindo-se o método de Richardson (2017), autor propõe a análise por meio de temáticas fundamentadas em categorizações. Foram criadas, portanto, categorias para temáticas em comum e, por meio delas, foi realizada uma classificação de assuntos, tornando possível isolar temas de registro e retirar partes, visando a auxiliar a interpretação dos resultados do estudo. Nesse contexto, emergiram as seguintes categorias: a) mapeamento da produção científica sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura; b) procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura; e, c) temáticas abordadas nas produções científicas sobre o processo de curricularização da extensão nos cursos de licenciatura.

3 Mapeamento da publicação científica sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura

Na tentativa de mapear um perfil da produção científica sobre a curricularização da extensão encontrada, olhamos não apenas para os sujeitos que produziram esses conhecimentos, como também para os espaços/lugares em que foram divulgados. Quanto aos autores, foi realizada uma busca com o objetivo de identificar as regiões do Brasil nas quais os mesmos se encontram, sendo possível estabelecer um mapeamento da localização em que as produções estão sendo realizadas, conforme exposto no Quadro 1.

Quadro 1 Pertencimento dos autores de acordo com a região. 

Produções Região Sul Região Sudeste Região Centro-oeste Região Nordeste Região Norte
Cortez et al. (2019) 10
Dourado e Salvadori (2020) 2
Santos e Gouw (2021) 2
Costa (2019) 1
Total 10 2 1 2

Fonte: Os autores.

Conforme o Quadro 1, com ênfase na região de pertencimento dos autores, constatou-se que todas as regiões, com exceção da Norte, apresentam no mínimo um(a) autor(a) que buscou pesquisar a curricularização da extensão e os desdobramentos desse processo na formação inicial de professores. Faz-se importante lembrar que o tema ainda vem gerando reflexões e discussões dentro do cenário acadêmico, uma vez que as IESs estão implementando essa demanda em seus currículos, o que pode instigar mais pesquisas (em todas as regiões) sobre o tema aqui analisado.

Ainda sobre os autores, buscou-se, então, analisar detalhadamente o seu Currículo Lattes a fim de delinear a localização de pertencimento de cada um. No artigo de Cortez et al. (2019), encontramos os pesquisadores Jucelino Cortez, Luiz Marcelo Darroz, Cleci Teresinha Werner da Rosa, Alisson Cristian Giacomelli, Álvaro Becker da Rosa, Carlos Ariel Samudio Pérez, Luiz Eduardo Schardong Spalding, Juliano Cavalcanti, Marivane de Oliveira Biazus e Marcelo da Silva, os quais são da cidade de Passo Fundo/RS, região Sul. Dos 10 autores do artigo, não se conseguiu acesso ao Lattes de um deles, não sendo possível, portanto, ter acesso à sua universidade de atuação e à sua qualificação profissional. Sobre os outros nove autores, destaca-se sua formação na Universidade de Passo Fundo, sendo alguns doutores ou mestres.

Na publicação de Santos e Gouw (2021), encontramos as autoras Paloma Marques dos Santos e Ana Maria Santos Gouw, que são, respectivamente, mestra e doutora, títulos especificados na produção científica encontrada (embora no Lattes da autora Santos não conste essa informação). Ressalta-se que as autoras fazem parte da região Sudeste, em específico do estado de São Paulo.

A região Nordeste, por sua vez, conta com o artigo escrito por Gerlane Lima Silva Dourado e Juliana Cristina Salvadori, mestra e doutora, respectivamente, pertencentes à Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Na região Centro-oeste, encontramos a publicação de Costa (2019), a qual foi produzida por uma autora, Wanderleya Nara Gonçalves Costa, que possui doutorado e está vinculada à Universidade Federal do Mato Grosso UFMT).

Sobre o perfil da produção analisada, ao verificar as revistas as quais os artigos foram submetidos, pode-se construir a Tabela 1.

Tabela 1 Revista escolhida pelos autores para a publicação e seu escopo. 

Artigo Revista Escopo
Cortez et al. (2019) Revista Conexão Pesquisas extensionistas
Dourado e Salvadori (2020) Brazilian Journal of Development Todas as áreas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Santos e Gouw (2021) Interfaces da Educação Educação
Costa (2019) Revista Panorâmica Multidisciplinar

Fonte: Os autores.

Observa-se que o artigo de Cortez et al. (2019) foi publicado na Revista Conexão, um periódico que tem ganhado destaque em publicações que visam a divulgar conhecimentos oriundos da extensão universitária. No trabalho de Cortez et al. (2019), os autores retratam as atividades extensionistas da Universidade de Passo Fundo e seus desdobramentos na curricularização das mesmas, indicativos esses que acabam por cumprir o objetivo da revista, que é o fortalecimento do vínculo entre universidade e sociedade.

A produção de Dourado e Salvadori (2020), publicada na revista Brazilian Journal of Development, trata-se também de uma pesquisa que olha para a extensão e, em especial, traz a reflexão desse pilar da universidade como componente curricular incorporado aos cursos de licenciatura da UNEB. A temática abordada contribui para as pesquisas da área das Ciências Sociais e Humanas, que também são foco da revista, uma vez que ela busca abranger em seu escopo todas as áreas do conhecimento descritas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pois a missão da revista é o desenvolvimento da pesquisa científica no Brasil.

Sobre a produção de Santos e Gouw (2021), o artigo foi publicado na revista Interfaces da Educação, a qual aceita produções científicas de diferentes áreas, desde que suas contribuições se entrelacem com questões da Educação. As autoras discutem isso em seu trabalho, pois colocam em pauta a discussão da curricularização da extensão na formação docente.

Costa (2019) publicou o seu artigo na Revista Panorâmica, periódico especializado em conteúdo multidisciplinar em níveis nacional e internacional e que abarca publicações da área da Educação. Sobre essa produção, nota-se que a autora explora as dificuldades e as alternativas encontradas para a inserção da curricularização da extensão na matriz curricular de um curso de licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Mato Grosso.

É importante ressaltar que, dentro das possibilidades de análise, nas bases de dados utilizadas, a temática ainda não é amplamente divulgada. Sendo assim, percebe-se que a curricularização da extensão em cursos de licenciatura se encontra nas mais diversas áreas do conhecimento e está sendo disseminada gradativamente pelas diferentes revistas e pelos autores que escolhem publicar na área da Educação, oferecendo um norte a futuros pesquisadores dessa área que estão construindo caminhos para a inserção da curricularização da extensão em seu cotidiano prescrito e vivido.

4 Procedimentos metodológicos adotados nas pesquisas sobre a curricularização da extensão nos cursos de licenciatura

Considerando o processo metodológico o caminho do pensamento, bem como um tipo de prática exercida na abordagem da realidade na qual o pesquisador deve optar por um tipo de teoria, instrumentos e técnicas que sustentem seu trabalho (MINAYO et al., 1994), observa-se que, entre as pesquisas incluídas no estudo, houve uma unanimidade na utilização daquelas de caráter qualitativo, as quais, conforme Lakatos e Marconi (2008), pressupõem a análise e a interpretação de aspectos mais profundos da complexidade do comportamento humano, fornecendo avaliação mais detalhada sobre investigações, hábitos, atitudes e tendências de comportamento. Esse tipo de pesquisa possibilita a investigação de uma realidade que não pode ser quantificada, explorando um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, atitudes e valores, correspondendo a um espaço de aprofundamento das relações, dos processos e dos fenômenos (MINAYO et. al., 1994).

Tendo como base os pressupostos da pesquisa qualitativa, pode-se notar que cada pesquisa aqui selecionada delimitou um tipo a ser explorado entre o rol de possibilidades da pesquisa qualitativa como forma de cumprir os objetivos propostos. Dessa maneira, no artigo 1, cujo objetivo principal foi “divulgar como o referido curso [Licenciatura em Física] desenvolve os eventos relacionados às ações extensionistas [...]” (CORTEZ et. al., 2019, p. 166), os autores destacaram a realidade de um cenário específico, o curso de Física da Universidade de Passo Fundo, localizada no Rio Grande do Sul/Brasil, utilizando, assim, os princípios e métodos do estudo de caso. Conforme Gil (2008), esse tipo de pesquisa corresponde ao estudo de um ou poucos casos, possibilitando que haja um conhecimento mais amplo e detalhado acerca do objeto de estudo. Além disso, corroborando tais apontamentos, Yin (2001) destaca que este tipo de estudo permite que haja a investigação de um determinado fenômeno dentro de seu contexto real, indicando possibilidades de refletir sobre as ações e os processos que emergem dentro do cenário pesquisado, os quais podem fragilizar e/ou potencializar os objetivos que fazem parte daquela realidade.

Ao encontro dos caminhos metodológicos adotados por Cortez et. al. (2019), no artigo 4, elaborado por Costa (2019) com o objetivo de “refletir o papel da extensão universitária no currículo das licenciaturas [do Campus Universitário do Araguaia da Universidade Federal de Mato Grosso]” (COSTA, 2019, p. 110), nota-se que a autora opta por explorar, de forma mais precisa, um curso de Licenciatura em Matemática do referido campus universitário. Nesse sentido, o artigo acaba por se caracterizar como um estudo de caso. Além disso, a autora exibe, inicialmente, uma pesquisa bibliográfica, como forma de apresentar um breve histórico acerca da extensão universitária no Brasil, estratégia adotada por Cortez et al. (2019). Quanto a esse tipo de pesquisa, Gil (2008) caracteriza como baseada em materiais já publicados.

Dourado e Salvadori (2020), artigo 2, e Santos e Gouw (2021), artigo 3, optaram por utilizar como metodologia a pesquisa-ação, que, no entendimento dos próprios autores, é a forma mais adequada para a construção dialógica e interativa junto aos participantes da investigação, dando vez e voz à comunidade acadêmica. Nesse caminho, o artigo 2 teve como objetivo principal “compreender o papel e contribuições da extensão universitária na formação inicial de professores para as diversidades nos cursos de licenciatura do DCH IV (Departamento de Ciências Humanas – Campus IV)” (DOURADO, SALVADORI, 2020, p. 30794), no qual os autores utilizaram como forma de instrumento para cumprir o objetivo proposto entrevistas semiestruturadas, círculos de cultura e diário de bordo. Sobre o artigo 3, destaca-se que o mesmo objetivou “compreender as contribuições da extensão no processo formativo dos licenciandos em Ciências”, e, para alcançar essas metas, as autoras utilizaram como instrumentos de coleta a entrevista e a observação da confecção dos planos de aula construídos pelos sujeitos participantes da pesquisa.

Corroborando isso, Santos e Almeida Filho (2008) destacam que a pesquisa-ação se apresenta como uma estratégia de pesquisa em potencial para promover a interação entre os saberes populares e os saberes científicos, de forma que haja uma integração efetiva entre a formação profissional e a prática de ensino (comunidade), proporcionando, assim, um espaço de legitimação da universidade ao transcender os princípios da extensão e englobar também a pesquisa e o ensino.

5 Temáticas abordadas nas produções científicas sobre o processo de curricularização da extensão nos cursos de licenciatura

Com base nos artigos encontrados, emergiram temáticas principais e secundárias que configuram o foco das produções científicas que retratam o cenário brasileiro (Figura 2). Observa-se que as produções versam suas análises tendo como base as contribuições teóricas e o processo de implementação.

Fonte: Os autores.

Figura 2 Categorias temáticas encontradas nas produções analisadas. 

Entre os artigos que compõem a temática contribuições teóricas, notaram-se duas temáticas secundárias: estruturação curricular (COSTA, 2019) e processo formativo (SANTOS, GOUW, 2021). Quanto ao processo de implementação, foram encontradas duas temáticas secundárias: implementação em um curso de Física (CORTEZ et. al., 2019) e implementação em cursos de licenciatura de um campus universitário (DOURADO, SALVADORI, 2020).

Com relação à temática secundária processo formativo, Santos e Gouw (2021) apontam que a curricularização da extensão vem sendo reforçada por meio de resoluções, contribuindo para o desenvolvimento das ações extensionistas. A extensão, como prática incluída no processo formativo, possibilita que o estudante experiencie a situação em que possa efetivar a relação entre teoria e prática ao mesmo tempo em que promove uma aproximação entre universidade e escola (SANTOS, GOUW, 2021). Nessa direção, Nóvoa (1954) afirma que disciplinas nas quais há uma relação teórico-prática promovem uma formação mais significativa, pois proporcionam que o estudante tenha uma atuação aproximada da realidade Nessa perspectiva, a curricularização da extensão é vista como uma prática que viabiliza essa integração entre sociedade e universidade, de maneira que possibilita uma formação inicial contextualizada, implicando uma atuação mais significativa do futuro docente no campo de ação (SANTOS, GOUW, 2021). Assim, como forma de viabilizar esse processo, faz-se necessário que a extensão universitária seja implementada de forma a materializar as potencialidades para a formação inicial dos professores.

Com base nesse processo de aporte teórico para a implementação da curricularização da extensão nos cursos de licenciatura, emerge a segunda temática secundária encontrada, estruturação curricular (COSTA, 2019). Conforme a autora, a curricularização da extensão deve ser um processo que possibilite produzir transformações, culminando em uma transformação social. Nesse sentido, as ações de implementação curricular devem ser pautadas prezando pela indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão, garantindo ao estudante universitário um protagonismo (COSTA, 2019). A formação inicial que adota o processo extensionista deve proporcionar para o estudante diversos contextos de atuação, formais ou não formais, promovendo uma visão global acerca da atuação do professor. A autora, nas experiências do processo de curricularização da extensão em um dos cursos de licenciatura em que atua, aponta que o processo contribui para um maior protagonismo dos estudantes (COSTA, 2019).

Corroborando o exposto por Costa (2019), a extensão universitária caracteriza-se como uma prática que viabiliza a efetivação do tripé da universidade ao possibilitar que haja maior articulação entre ensino, pesquisa e extensão, uma vez que há mais ampla interação entre teoria e prática, na qual o futuro docente se apossa do conhecimento científico na universidade e, por meio da extensão, contextualiza-o na sociedade, promovendo uma dialogicidade, pois, além de levar o conhecimento, ele adquire o conhecimento produzido na própria comunidade, possibilitando que haja um diálogo entre os dois tipos de conhecimento. Assim, por meio dessa integração, a universidade é vista como socialmente responsável, dialogando de forma ativa com diversos setores da sociedade, e que propõe formação e produção de conhecimento em diálogo com necessidades sociais (GONÇALVES, 2015).

Considerando-se esse primeiro bloco temático, observa-se que a inclusão de atividades de extensão como componentes curriculares pode ser um modo de as universidades se envolverem com questões sociais relevantes. Conforme a literatura, esse tipo de mudança pode levar à desconstrução do atual modelo de universidade, permitindo que a instituição se reconecte com as necessidades e demandas da sociedade, resultando em uma “ressignificação do ensino superior” (IMPERATORE, PEDDE, IMPERATORE, 2015, p. 2). Dessa forma, a extensão como prática curricularizada vai além da imposição normativa, podendo ser uma oportunidade de trazer novos sentidos e significados existentes entre os cursos de licenciatura e as escolas e possibilitando vivências e experiências formativas transformadoras aos futuros professores e à comunidade escolar (SANTOS, GOUW, 2021). Conforme pontuado por Costa (2019), a crença nas potencialidades do se fazer extensionista vem acompanhada de problemas de gestão das ações e do risco de haver uma banalização do papel da extensão universitária, uma vez que pode haver ruídos no entendimento da curricularização da extensão, descaracterizando o conceito de extensão e seu papel no processo formativo.

Faz-se necessário que se elaborem projetos e programas com base na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e que possam garantir o protagonismo do estudante universitário e o vínculo com à sociedade. Nesse sentido, conforme Costa (2019) e Santos e Gouw (2021) afirmam, a curricularização da extensão, para além de uma imposição normativa, pode ser uma oportunidade de ressignificar a relação existente entre os cursos de licenciatura e as escolas de educação básica, possibilitando experiências e vivências formativas transformadoras tanto para os licenciandos como para os membros da comunidade escolar.

No segundo bloco temático, referente à implantação, foram encontradas duas temáticas secundárias, sendo a primeira em um curso de Física (CORTEZ et. al., 2019), a qual retrata uma pesquisa sobre as formas adotadas para a implementação da curricularização da extensão no curso de Licenciatura em Física na Universidade de Passo Fundo, do Rio Grande do Sul. A partir da nova proposta, o curso oferta a extensão a partir de quatro linhas distintas: “1. integração entre disciplinas e cursos de extensão; 2. disciplinas específicas; 3. disciplinas com caráter extensionista; e, 4. atendimento às escolas e participação em eventos” (CORTEZ et. al., 2019, p. 168). Nesse contexto, as ações extensionistas representam uma via de mão dupla, favorecendo tanto os licenciados quanto a comunidade externa. Dessa maneira, as ações formativas com base na extensão buscam a construção de um sujeito crítico, ético e preparado para enfrentar os desafios que os processos educacionais impõem (CORTEZ et. al., 2019).

Com base no que foi exposto pelos autores, as atividades extensionistas proporcionaram ao curso de Física maior visibilidade, aproximando a formação da realidade social. Dessa maneira, ao concordarmos com Nóvoa (2019), entende-se que a formação inicial precisa ser guiada por uma perspectiva crítico-reflexiva, possibilitando uma autonomia ao futuro docente de forma que ele seja capaz de operar de maneira contextualizada com a realidade em que atua, dialogando com os conhecimentos adquiridos na IES. Com base nos resultados de Cortez et al. (2019), observa-se uma relação próxima com o que Freire (2021) indica, pois, para o autor, a extensão deve se dar por meio de um processo dialógico, no qual há um diálogo entre sociedade e universidade sem que haja uma sobreposição de saberes, mas sim um compartilhamento de ideias, de maneira que ambas as partes sejam beneficiadas. É por meio da democratização do conhecimento científico que a sociedade pode dele se apropriar, bem como a comunidade acadêmica tem a oportunidade de efetivar as teorias vistas em sala de aula, proporcionando um aprendizado significativo e que condiz com a realidade local.

Na segunda temática secundária da temática principal processo de implementação, apresenta-se tal processo em cursos de licenciatura da UNEB Campus IV – Jacobina (BA) (DOURADO SALVADORI, 2020). Dourado e Salvadori (2020) realizaram uma pesquisa sobre o contexto da extensão universitária no referido campus, entendendo que essa deve ser concebida na perspectiva de Freire (2021), ou seja, com base no diálogo social e em uma transformação mediada por teóricos e pelos “olhares e vozes populares” que identificam os problemas. Nessa direção, por intermédio da extensão, juntamente com ensino e pesquisa, é possível buscar soluções e meios para intervir na realidade social (DOURADO, SALVADORI, 2020). Nesse contexto, os autores afirmam que, para que a curricularização da extensão seja realizada de forma efetiva, o processo deve se dar de forma participativa.

Sabe-se que o processo formativo dos futuros professores no Brasil perpassa por diferentes condicionantes que influenciam sua dinâmica de funcionamento, entre eles: a legislação relativa a essa formação, as características socioeducativas dos licenciandos, as características dos cursos formadores de professores e os currículos e ementas dos cursos de licenciatura e pedagogia (GATTI, 2010). Ao se considerar a implementação da extensão, destaca-se que esses mesmos aspectos devem ser (re)pensados como prática curricular (DOURADO, SALVADORI, 2020) e, em especial, que sua organização seja constituída de maneira participativa, ao mesmo tempo em que possibilite práticas que condigam com a realidade à qual os acadêmicos pertencem. Assim, conforme afirmam Reis (1996) e Silva e Kochhann (2018), é crucial promover a democratização e a redistribuição do poder dentro da universidade, a fim de permitir que a sociedade civil tenha acesso à instituição, bem como que seja compartilhado entre toda a comunidade acadêmica. O poder não deve ser exclusivo dos docentes, pois a sua distribuição igualitária é necessária para um aprendizado efetivo. Essa abordagem favorece a representação da extensão e a indissociabilidade entre o ensino e a pesquisa, atendendo às demandas e necessidades da sociedade na totalidade (REIS, 1996, p. 44).

Com base nessa segunda categoria temática, observa-se que a implementação da extensão como componente curricular deve se dar de maneira participativa como forma de tornar o processo extensionista parte integrante da formação inicial ao mesmo tempo em que materializa as relações entre ensino, pesquisa e extensão por meio da integração entre teoria e prática. Nesse caminho, Cortez et al. (2019) e Dourado e Salvadori (2020) apresentam a extensão como uma das práticas curriculares do processo formativo que agrega sentidos e significados da formação de professores, promovendo a formação de um sujeito autônomo e reflexivo que atua com base nos conhecimentos científicos, bem como de forma contextualizada com a realidade da qual faz parte.

6 Considerações finais

A análise da produção científica acerca da curricularização da extensão e dos cursos de licenciatura nas bases de dados selecionadas permite verificar que são poucas as produções sobre esse tema, o que se justifica em virtude de a implementação da curricularização da extensão não ter sido ainda efetivada em todas as IESs do Brasil, conforme a ampliação dos prazos prescritos na Resolução nº 07/2018.

Com base nas pesquisas incluídas nesse estudo, é possível observar que houve uma predominância de pesquisas do tipo qualitativo. Dos quatro artigos, três optaram por realizar uma pesquisa do tipo bibliográfica, bem como análise de uma realidade local, enquanto no quarto artigo, os autores optaram por utilizar uma entrevista e a observação do cotidiano dos sujeitos que participaram da pesquisa. Em síntese, todos os artigos seguiram por linhas semelhantes, apresentando uma parte teórica, revisão bibliográfica, e outra parte prática (pesquisa de campo), pesquisa-ação, entrevistas e acompanhamento de uma realidade local. Essas metodologias apresentaram resultados condizentes com o objetivo dos autores, possibilitando que fosse feito um paralelo entre o que estava posto nos documentos e como era a realidade local.

No referente ao mapeamento dos autores, foi possível observar que não houve uma predominância de publicações em uma única região, exceto pela região Norte, que não apresentou publicação; as demais contam com uma publicação cada. Isso pode ser reflexo dos adiamentos da implementação da Resolução CNE/CES nº 07/2018. Quanto à formação dos autores, todos estão em nível de pós-graduação, variando entre mestres e doutores.

Analisando as revistas nas quais foram publicadas as pesquisas, suas áreas alvo divergem entre si, sendo que apenas uma delas tem como foco a atividade extensionistas nos âmbitos nacional e internacional; as demais versam sobre temas gerais ou multidisciplinares e sobre educação.

Em relação às temáticas, emergiram duas categorias primárias: contribuições teóricas e processo de implementação. Nas categorias das contribuições teóricas, foram encontradas outras duas categorias secundárias: para a estruturação curricular e para o processo formativo. Os dois trabalhos científicos que representam essa categoria compreendem a curricularização da extensão como uma possibilidade de melhorar e tornar a formação inicial mais significativa, promovendo um contato maior com a atuação prática da profissão, tudo isso por meio de vivências e experiências. Nesse sentido, a extensão universitária materializa, na formação inicial, a indissociabilidade entre e ensino, pesquisa e extensão, ao mesmo tempo que oportuniza uma interação entre teoria e prática, propiciando ao futuro docente uma formação com sentidos e significados, pois este se apropria dos conhecimentos produzidos internamente e dos produzidos na sociedade, tudo isso somado a uma prática reflexiva, o que promove a formação de um profissional autônomo e crítico.

Quanto à segunda categoria primária, processo de implementação, também foram encontradas duas categorias secundárias em um curso de Física e em cursos de licenciatura de um campus universitário. Neles, os autores trazem experiências de implementação e aplicação da extensão na prática. Enquanto um apresenta quatro formas de aplicar a extensão universitária no curso de Física, o outro vincula a extensão com a disciplina de estágio. Ambos caminham ao encontro de um processo extensionista que viabiliza maior interação entre universidade e comunidade, assim como uma construção participativa. Essa categoria conversa com a anterior, uma vez que destaca que a implementação, quando feita de maneira que propicia o estreitamento da relação universidade-sociedade, tende a efetivar uma formação contextualizada, de forma que o futuro professor atue na sociedade com base nos conhecimentos científicos, democratizando os saberes produzidos na universidade ao mesmo tempo em que abre as portas para a entrada do conhecimento da sociedade. Assim, com uma perspectiva dialógica, a implementação da curricularização da extensão deve se dar de modo participativo e considerando as especificidades de cada curso, possibilitando uma prática próxima da realidade e provendo uma formação integral dos sujeitos.

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Recebido: 23 de Setembro de 2022; Revisado: 06 de Abril de 2023; Aceito: 10 de Abril de 2023

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