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Revista Teias

versión impresa ISSN 1518-5370versión On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.19 no.53 Rio de Janeiro abr./jun 2018  Epub 19-Feb-2020

https://doi.org/10.12957/teias.2018.35063 

Seção Temática

APRESENTAÇÃO: IMAGENS E SONS PARA ALÉM DAS ESCOLAS

Nilda Alves

Mailsa Carla Pinto Passos


"É preciso tomar posse do território intelectual."

Bell Hooks

O dossiê IMAGENS E SONS PARA ALÉM DAS ESCOLAS da Revista Teias, que ora apresentamos, tem como foco pesquisas que tratam de repertórios culturais distintos que estão sempre em diálogo em todo processo educativo, mas que muitas vezes são invisibilizados. Aparecem, com insistência, nas tantas e complexas redes educativas que formamos e nas quais nos formamos, permitindo aparecimentos momentâneos ou duradouros nos múltiplos processos curriculares desenvolvidos nos cotidianos escolares.

Em tempos tão duros de retirada de direitos e ataque à democracia, proclamamos o direito ao livre pensamento, o direito a fazer uma Ciência comprometida com as populações subalternizadas, com os historicamente excluídos, com as mulheres e homens ‘praticantes-pensantes’ dos cotidianos, (re)inventores de sonhos e de esperanças, afirmando sua presença - mesmo que invisibilizada - na criações de múltiplos processos curriculares. Pensamos, assim, em uma Educação, que, em sua dimensão tanto ética quanto estética, abrace um projeto emancipatório, participativo e criativo.

A música, as religiosidades de matriz africana, a cultura surda, as memórias das populações quilombola, políticas culturais, o cinema e as ações dos jovens, um jornal comunitário de uma favela do Rio de Janeiro, e outras inúmeras manifestações culturais que aparecem nos tantos ‘fora’ das escolas penetram nas escolas porque seus criadores vão a elas - como estudantes, docentes, trabalhadores outros (merendeiras, vigilantes etc.) - e porque estão no em torno das escolas, sendo ‘vistosouvidos’ pelos que nela estudam, trabalham e militam. Essas múltiplas criações e vivências, mesmo que invisibilizadas, tantas vezes, nos ‘espaçostempos’ escolares por outras expressões culturais, sociais, religiosas, estão nesses tantos ‘praticantespensantes’ das escolas e formam seus processos curriculares e didáticos, sem que disso nos apercebamos, muitas vezes. E é preciso perceber e compreender, sempre.

Deste modo, trazer essas expressões criativas - e os modos como vêm sendo pesquisadas - para um dossiê de revista do campo de pesquisas em/com a Educação possui três sentidos básicos: o primeiro tem a ver com a necessidade de conhecer melhor estas expressões/criações - presentes de modos variados, nos processos curriculares, insistimos - para compreendê-las, respeitá-las e criar modos de melhor incorporá-las ao trabalho pedagógico. A segunda delas - e com elas - poder ampliar o repertório com que buscamos estudar e pesquisar as tantas redes educativas que as múltiplas relações humanas criam em nossos tantos cotidianos. A capacidade criativa e relacional dos seres humanos é infinita e isto pode/deve ser pensado e praticado nos currículos escolares. Por fim, as demonstrações de ódio ao diferente são tantas e tão presentes em nossa contemporaneidade, que, entendemos, é necessário, voltarmos nossos olhos para o belo, o pequeno, o próximo, as artes, para reencantar nossos mundos com o que tantos criam de beleza.

O primeiro artigo que compõe este dossiê, “Das terras de preto às salas de aula: modalidade educacional quilombola, um ensino para todos”, discute a Educação Quilombola, articulada aos repertórios culturais de matriz africana e às formas de sociabilidade das populações quilombola.

No artigo “Compreendendo a Cultura Surda por Meio da Imagem: a arte surda em questão” a autora problematiza “diferentes formas de constituir a cultura surda para além dos locais institucionalizados, por meio de um dos artefatos que a compõem: a arte surda”, tendo como interlocutores três artistas surdos de regiões distintas, no sentido de pensar a produção de significados na cultura surda.

No terceiro artigo “Reparar Miúdo, narrar Kékeré: Notas sobre nossa Fotoetnopoética com crianças de terreiros”, Caputo escreve sobre infância e cotidianos nos terreiros de candomblé, nos contando como estudar “o miúdo” é fundamental para compreendermos a sociedade em que vivemos.

No quarto artigo, “Na cadência bonita do samba”, astúcias de sambistas que vivem o tensionamento entre a miséria e a festa é o foco da discussão, que se desenvolve com a contribuição ‘teóricoprática’ de Michel de Certeau.

Em “Entre a efemeridade das stories e a memória da escola”, os autores apresentam uma pesquisa qualitativa de caráter biográfico que discute os cotidianos escolares e as tensões ali existentes, tendo como foco as stories e as memórias que circulam nos ‘espaçotempos’ escolares.

O sexto artigo, “Um pensamento mais luizgonzaguiano: música e sonhos de uma escola de comunidade rural” narra uma pesquisa cujo objetivo geral foi “analisar como políticas de programas-projetos educacionais influenciam a re-contextualização do currículo na escola, tendo como lócus uma escola de Ensino Fundamental situada numa comunidade rural no Município de Mossoró-RN.

Em “O visível e o invisível nos cadernos escolares de uma aluna da terceira idade na EJA”, as autoras os usos e significados atribuídos aos cadernos escolares de uma estudante em uma turma de EJA.

Soares, em “Dançando cultura: saberes coreografados sobre a festa de Iemanjá no Município do Rio Grande/ RS” se propõe a analisar a dança em uma festa de Iemanjá em 2018, em um terreiro de uma cidade no Rio Grande do Sul, através de visitas a este e outros centros religiosos.

O texto “O confinamento jovem no filme Maze Runner: cultura e pedagogia tecnocapitalística” trata de juventude e cinema e os processos de subjetivação envolvidos neste diálogo, pensado a questão da “cultura do jovem”.

Se o artigo anterior deteve-se em processos de subjetivação da juventude, o texto “Sondas culturais como método para a criação de dados em pesquisas com crianças”, trata as sondas culturais como uma tática metodológica lúdica para a produção de dados de pesquisa qualitativa em psicologia com crianças.

Na seção ELOS, Eunice Muruet-Luna, professora da Universidad Cristóbal Colón, do Estado de Veracruz, México, apresenta “Comunicadores comunitários como narradores de territórios habitados na periferia do Rio de Janeiro”, que consiste em um recorte da sua pesquisa de Mestrado em Educação, realizado no Programa de Pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPED/UERJ). Aqui, ela discute o periódico comunitário “O Cidadão da Maré” como uma narrativa em diálogo na Favela da Maré, no Rio de Janeiro.

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