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Revista Teias

Print version ISSN 1518-5370On-line version ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.19 no.55 Rio de Janeiro Oct./Dec 2018  Epub Feb 17, 2020

https://doi.org/10.12957/teias.2018.38705 

Editorial

Inclusão escolar e interrogações curriculares: adaptar, modificar, diferir?

Inês Barbosa de Oliveira

Rafael Marques Gonçalves

Jane Paiva


São tempos difíceis para os sonhadores!

(Frase extraída do filme “O Fabuloso destino de Amélie Poulain”)

No filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, em determinado momento é dito para Amélie, personagem principal, uma jovem sonhadora, a seguinte frase: São tempos difíceis para os sonhadores. Curiosamente o filme é francês, a mesma França em que gritaram por liberdade há muito tempo. O fato é que essa liberdade não foi alcançada e, assim, o mundo cheio de estatísticas e variáveis, números e contas, não é um lugar aconchegante para aqueles que são acostumados a sonhar. Porém, sonhar é o que nos move e o que nos une. Sonhar é o que alimenta nossa esperança e força para ninguém largar a mão de ninguém e juntos seguirmos na luta por uma sociedade com justiça cognitiva e social.

Gestar e estar à frente de um veículo de promoção científica demonstra um pouco da nossa força de nadar contracorrente opressora. No ano de 2018 estivemos juntos na luta contra a opressão, contra o fascismo e todas as forças que nos interpelaram, criaram regras e condicionamentos que momentaneamente tentaram nos fazer acreditar que nossos sonhos eram impossíveis. Resistimos e recriamos modos de fazer a pesquisa em educação, publicando em formato de artigos, ensaios e resenhas, ao longo das quatro edições do volume do corrente ano, o que potencializou nossa força de, JUNTOS, em nossas redes de sujeitos e subjetividades, fazer valer nossas ideias e projetos, nunca sem o amparo de nossas experiências científicas e acadêmicas na/da educação, bem como ainda nos/dos/com os movimentos sociais.

Ao continuarmos aperfeiçoando nossa linha editorial, abrindo espaços para garantir a pluralidade institucional e regional, fizemos da Revista Teias um veículo a mais em que pudemos trazer à tona e colocar em pauta inúmeros e relevantes debates que nos fortaleceram enquanto canal de publicação científica - e que nos tornou orgulhosos por ter chegado até aqui, não sem percalços, mas sempre com imensa dedicação e muita parceria com editores convidados, pareceristas, autores e leitores.

Shakespeare nos lembra que “enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”. Assim, nessa última edição de 2018, como de costume em parceria com a Associação Brasileira de Currículo, publicamos a seção temática Inclusão escolar e interrogações curriculares: adaptar, modificar, diferir?, organizada pelas professoras Geovana Mendonça Lunardi Mendes (UDESC) e Fabiany de Cássia Tavares Silva (UFSM), que apresentam um debate que enseja uma ação “reconstrutora” da Educação Inclusiva, face às questões de poder que organizam processos de desigualdades sociais manifestos na escola. A proposta da seção temática passa pelo desejo de enfrentamento dessas questões, aproximando-as da capacidade reconstrutora e, diante disso, de seu papel na interrogação do currículo.

Por fim, para além da seção temática, publicamos artigos submetidos em demanda contínua, cada qual com enfoque próprio, complementando o debate e auxiliando a apostar na pluralidade do mundo como característica, e não como problema, reconhecendo a legitimidade de diferentes sujeitos, de modos de ser e de compreender o mundo. Ensejam, portanto, formas de saída dos contextos em que se inserem, linhas minoritárias de re-existir, traçados diferenciais para processos democráticos. Ainda em relação a esta seção, destacamos a necessidade imperiosa de ampliação da quantidade de artigos publicados, considerando o aumento significativo de submissões que tivemos no ano de 2018.

Se Shakespeare e Amélie Poulan, como citados neste editorial, nos incitam a seguir sonhando, esperamos que o conjunto de textos que compõe esta edição possa ser recebido como instrumento de luta e resistência por nossos leitores e parceiros, sempre na expectativa de que seja útil a pesquisadores e expresse possibilidades plurais de pesquisa, também elemento fundamental de nossa política editorial. Afinal, a vida precisa de sonhadores, já que sem eles a luz a que os poetas dão o nome de esperança desaparece, e a vida se torna um lugar muito escuro, cheio de neblina e gelado. Mesmo que o ano de 2019 se inicie como mais um desses tempos difíceis para nós, os sonhadores, precisamos crer, JUNTOS, em nossas táticas e capacidade inventiva de lutar pela liberdade de poder enxergar nas pequenas coisas as maiores felicidades da vida.

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