DA EDUCAÇÃO BÁSICA AO ENSINO SUPERIOR: UMA CONTEXTUALIZAÇÃO FREINETIANA

No ano de 2016, finalizando o Mestrado em Educação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), passei num concurso público para a Prefeitura Municipal de São Gonçalo/RJ para atuar como professor dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Fui lotado num Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) e direcionado para trabalhar com todas as turmas do 1º segmento do Ensino Fundamental numa disciplina chamada “Estudo Dirigido”, uma vez que os alunos permaneciam em jornada de tempo integral e a escola tinha como objetivo promover uma educação integral aos estudantes.

Neste lócus tive a oportunidade de desenvolver a prática dos Envelopes Freinetianos com meus alunos e socializar essa experiência na 38ª Reunião Nacional da Associação de Pós-Graduação e Pesquisas em Educação (ANPEd), realizada em São Luís (MA)¹.

Este mesmo trabalho, revisto e ampliado, foi publicado no livro coletivo “Fora da Sala de Aula: o lugar da Pedagogia Social”², organizado pelo Prof. Dr. Arthur Vianna Ferreira - coordenador do Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão Fora da Sala de Aula, localizado na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, campus São Gonçalo. Grupo este do qual sou pesquisador integrante, desde o início de 2016.

E, embora tenha sido um tempo, relativamente curto, essa experiência trouxe significativas vivências e reflexões acerca do papel da educação e a função social da escola, nesta contemporaneidade, como se pode observar no destaque que se segue:

A experiência desenvolvida com os “Envelopes Freinetianos” veio a incorporar no CIEP 411 uma poética pedagógica diferenciada na qual os alunos tiveram novas possibilidades de aprendizagem a partir de um olhar afetivo (^{SIRINO, 2017}, p. 11).

Percebam que esta dimensão afetiva, para além da cognitiva, foi a que se evidenciou - criando uma nova lógica no cotidiano escolar deste CIEP. A experiência foi tão prazerosa que estabeleci em mim o compromisso de, aonde quer que eu fosse, levar essa prática mais democrática.

Momento este em que, já em 2018, não estando mais na Rede Municipal de Ensino de São Gonçalo/RJ, inscrevo-me para participar de um processo seletivo para Professor Auxiliar da Universidade Castelo Branco³ - que, curiosamente, foi a instituição onde cursei minha Graduação em Pedagogia.

Tendo passado pelo processo seletivo, no início deste ano, antes mesmo de iniciar com minhas turmas da Graduação, presencial e a distância, fui convidado para ministrar aos estudantes da Pós-Graduação em Educação a disciplina “Técnicas e Dinâmicas de Grupo”.

Convém destacar que tive alunos da Especialização Lato Sensu em Psicopedagogia Institucional e Clínica e, também, Especialização Lato Sensu em Gestão Escolar Integradora. Ao todo, por hora, dialoguei com 60 (sessenta) alunos.

Embora as duas Especializações venham a se constituir por demandas distintas frente a suas especificidades, percebi a necessidade de levar a prática dos “Envelopes Freinetianos” para a Docência no Ensino Superior - assim como pude fazer com a Educação Básica, uma vez que atuando dessa maneira poderia contribuir para uma formação mais qualitativa dos profissionais da educação, além de criar uma nova ‘dinâmica’ na Pós-Graduação ao ofertar momentos de produção de sentido(s) com uma das técnicas mais interessantes de Celéstin Freinet.

POR UMA EDUCAÇÃO MAIS DEMOCRÁTICA: A IMPORTÂNCIA DE FREINET PARA A EDUCAÇÃO

Célestin Freinet (1896-1866) nasceu na França e foi um dos educadores que mais marcou a escola fundamental de seu país neste século [...] Freinet afirmava a existência de uma dependência entre a escola e o meio social, de forma a concluir que não existia uma educação ideal, só uma educação de classes.

(^{GADOTTI, 1999}, p. 179)

Criador da “Pedagogia do Trabalho”, Freinet chamava de “Trabalho” na compreensão de que, por meio de suas ‘técnicas’ - que, por sua vez, utilizavam-se do trabalho manual, tinha-se a oportunidade de ofertar maior sentido histórico à prática pedagógica. ^{Gadotti (1999)} assinala que “a necessidade do trabalho seria necessidade orgânica de se utilizar o potencial de vida numa atividade ao mesmo tempo individual e coletiva” (p. 177).

A Pedagogia Freinet fundamenta-se em 4 (quatro) eixos, a saber: Cooperação; Comunicação; Documentação e Afetividade. Esses eixos, juntos, compreendem o ato de educar enquanto construção coletiva.

Para dar conta desta demanda - de construção coletiva - Freinet elaborou as “Invariantes Pedagógicas” que, segundo Sampaio (1989) se configuram como “princípios pedagógicos que não variam seja qual for o povo que os aplica”.

Dentre as tantas Invariantes Pedagógicas significativas, destacamos a 27ª que afirma que “a democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas” por considerarmos que os Envelopes Freinetianos na Pós-Graduação buscou efetivar esta premissa - do exercício da democracia.

Neste enredo, convém destacar que a Pedagogia Freinet é composta por muitas técnicas que se configuram como um conjunto de práticas que fundamentam o fazer pedagógico, tais quais, a partir de ^{Sampaio (1989)} listamos a seguir.

Dentre as muitas técnicas sinalizadas acima, destacamos 3 (três) que, diretamente, se alinham com o objetivo desse relato de experiência - a prática dos “Envelopes Freinetianos” na Docência do Ensino Superior, a saber: a Expressão Livre; o Texto Livre e o Livro da Vida.

Estas técnicas foram escolhidas, pois, nos “Envelopes Freinetianos”, os estudantes tinham um espaço para se colocarem sem reservas e avaliarem o trabalho desenvolvido ao longo das disciplinas da Pós-Graduação (a expressão livre), após esta reflexão, escreviam de maneira autônoma suas considerações (o texto livre) e, por fim, estes apontamentos modificavam a prática pedagógica desenvolvida em sala de aula e se desdobravam em diversas atividades - desenvolvidas e expostas no portfólio de cada turma (Livro da Vida) - obviamente, tudo realizado com muito diálogo e reflexão coletiva. Subsequentemente, o Livro da Vida era enviado à Coordenação da Pós-Graduação - como uma forma de socializar o trabalho desenvolvido e apresentar as demandas postas pelos estudantes e, desse modo, poder oportunizar uma devolutiva ao longo do processo formativo, uma vez que muitas questões inseridas nos “Envelopes Freinetianos” se alinhavam com a estrutura e organização do curso.

Neste contexto, embasados nos pressupostos de Célestin Freinet, e elaborados a partir da reflexão sobre suas técnicas, os 3 (três) envelopes dispostos na parede da sala de aula - Felicito, Proponho e Critico - se configuravam num espaço de escrita espontânea para os estudantes, de avaliação das atividades desenvolvidas nas aulas e, ainda, de construção de um sentimento de pertencimento do espaço universitário e de valorização do olhar do estudante, na medida em que os alunos entendiam que suas contribuições - inseridas nos envelopes - seriam lidas, refletidas e consideradas.

Fonte: Arquivos Pessoais do Professor (2018).

Ilustração 1 Envelopes Freinetianos 

FREINET NO ENSINO SUPERIOR: A CONSTRUÇÃO DE UM ESPAÇO DE PRODUÇÃO DE SENTIDO(S)

Ao planejar as minhas aulas de “Técnicas e Dinâmicas de Grupo”, lendo, por acaso, a obra “Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão”, organizado por ^{Yves de La Taille (1992)}, compreendi a diferença entre significado e sentido com a discussão que o mesmo trazia em sua obra.

O significado propriamente dito refere-se ao sistema de relações objetivas que se formou no processo de desenvolvimento da palavra, consistindo um núcleo relativamente estável de compreensão da palavra, compartilhado por todas as pessoas que a utilizam. O sentido, por sua vez, refere-se ao significado da palavra para cada indivíduo, composto por relações que dizem respeito ao contexto de uso da palavra e às vivências afetivas do indivíduo (^{OLIVEIRA, 1992}, p. 81).

Exemplificando com a palavra “carro”, o autor abordava uma reflexão que embora esta palavra ‘signifique’, no geral, um veículo, de quatro portas, movido por combustível e utilizado para locomoção, se fosse perguntado a um adolescente o que o mesmo pensa sobre este vocábulo, automaticamente, ele responderia palavras como liberdade, festa, autonomia - dentre outros.

Diferentemente de um motorista, por exemplo, que ao ouvir a palavra “carro” associaria a trabalho, labuta, por vezes, stress etc. e, ainda, aprofunda a reflexão, trazendo a problematização de que se fosse perguntado a uma pessoa que atravessou a rua e, repentinamente, foi atropelada a resposta, certamente, seria outra - mais voltada para medo, traumas e quase morte.

Essa construção me possibilitou perceber a diferença de um significado e dos sentido(s) produzidos individualmente em cada sujeito do processo educativo. Percepção esta que me fez motivar-me a fazer de minhas aulas na Pós-Graduação em locais de produção de sentido(s) na perspectiva de contribuir para a formação mais completa dos estudantes e construir um espaço em que a aprendizagem viesse a ocorrer de forma mais democrática e significativa.

Neste contexto, logo no início da aula, os Envelopes Frenetianos foram postos na parede e a orientação ofertada aos alunos se pautou na liberdade que eles tivessem de - a qualquer momento do dia, visto que as aulas na Pós-graduação são aos sábados das 8h às 18h, quinzenalmente - inserir suas contribuições nos mesmos.

No que tange ao envelope “FELICITO”, os estudantes tinham um espaço para darem os parabéns a alguma aula específica, atividade, dinâmica, fala apresentada ou mesmo sobre o sentimento obtido ao longo da aula.

Com relação ao envelope “PROPONHO” se configurava num campo de possibilidade para que os alunos dispusessem suas contribuições e sugestões para a aula, temas a serem abordados e, ainda, atividades a serem desenvolvidas.

Já referente ao envelope “CRITICO”, os alunos tinham a possibilidade de pontuar suas insatisfações com a tarefa desenvolvida, com a organização da turma ou, também, com os encaminhamentos ofertados - dentre um mar de possibilidades avaliativas - sempre numa perspectiva construtiva e mediadora, com Hoffmann (2014) nos bem sinaliza:

Numa perspectiva construtivista da avaliação, a questão da qualidade do ensino deve ser analisada em termos dos objetivos efetivamente perseguidos no sentido do desenvolvimento máximo possível dos alunos, de uma aprendizagem no seu sentido amplo, alcançada por eles a partir das oportunidades que o meio lhes oferece. Qualidade na concepção mediadora de avaliação é sinônimo de desenvolvimento máximo possível de cada um dos alunos. Visando a um permanente “vir a ser”, sem limites preestabelecidos, embora com objetivos claramente delineados e desencadeadores da ação educativa (p. 34 e 35).

Era muito interessante observar que, no meio de determinada reflexão, um aluno levantava-se - livremente - sem pedir nem avisar e tinha a oportunidade de colocar suas impressões escritas nos envelopes na certeza de que esta sua avaliação seria levada em consideração e que teria um retorno.

Trabalhar com esta técnica da Pedagogia Freinet trouxe aos alunos da Pós-Graduação uma nova lógica de formação, como podemos perceber no depoimento de uma das alunas por meio de uma mensagem de e-mail.

Professor, confesso que não pude conter a emoção!

Me reporto ao passado, e lembro daquele meu colega tão calado, compenetrado, educado...

Me orgulho ao vê-lo hoje! Este professor tão competente, dedicado, motivador... que é você!

Fiquei feliz e emocionada revendo este caderno. Aprendi muito com você!

Foram maravilhosas estas duas aulas!

Deus te abençoe sempre!

Abraços!

Com carinho!!!

Sandra!!!!!

Este retorno tão significativo, reproduzido na íntegra, no recuo acima, revela o quanto as aulas de “Técnicas e Dinâmicas de Grupo” produziram múltiplos sentido(s) aos estudantes da Pós-Graduação.

Percebam que esta avaliação positiva das aulas se propagou, ainda, nas redes sociais quando outra aluna fez questão de registrar, publicamente, sua alegria com os encontros construídos coletivamente.

Fonte: Rede Social Facebook.

Ilustração 2 Agradecimento Público 

Frente a esta devolutiva tão significativa, senti necessidade de socializar esta prática educativa a fim de motivar outros profissionais a serem produtores de sentido(s) no cotidiano escolar da Educação Básica ou do Ensino Superior a fim de que possam modificar-se e, ao mesmo tempo, modificarem suas práticas, como nos sinaliza ^{Scoz (2007)} que “a partir da confluência entre o social e sua própria constituição subjetiva, o sujeito gera novos sentidos que vão modificando a si mesmo e às suas práticas” (p. 127).

Neste contexto, de produção de sentido(s) se evidencia a necessidade - por parte do educador - de uma escuta sensível sobre o processo educativo, em todos os segmentos da educação a fim de perceberem as demandas que emergem dos estudantes e, desse modo, poderem contribuir para a promoção de uma educação de qualidade, mais democrática, mais crítica e mais significativa, como a professora Hoffman (2014) compartilha.

Em 1992, René Barbier (Universidade 8, Paris) iniciou uma palestra dizendo que “conhecimento e experiência não são suficientes para se chegar à verdade!” Desenvolvendo uma tese sobre a “Escuta sensível em educação”, ele fez-me refletir sobre certas posturas dos professores com as quais nos deparamos e a necessária sensibilidade dos supervisores e coordenadores de projetos para entendê-los em seus posicionamentos (p. 37 ).

Esse relato de Jussara Hoffman dialoga com a perspectiva desenvolvida nas aulas de “Técnicas e Dinâmicas de Grupo” - realizadas com os estudantes da Pós-Graduação em Educação da Universidade Castelo Branco, na medida em que para produzir esses múltiplos sentido(s), nas minhas aulas, usei de sensibilidade para democratizar as relações no cotidiano escolar, inseri os Envelopes Freinetianos para oportunizar um espaço de fala, de avaliação e de pertencimento e oportunizei momentos de diálogos e reflexões a todo momento.

Faz-se necessário evidenciar a importância desse movimento no ensino superior uma vez que, em geral, as especializações estão muito preocupadas com o repasse de conteúdos dispostos nas ementas de cada disciplina e pouco materializam ações concretas para que os estudantes se percebam sujeitos de seu processo educativo.

FELICITO, CRÍTICO E SUGIRO: AS CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDANTES DA PÓS-GRADUAÇÃO

Neste primeiro movimento, 60 (sessenta) alunos passaram pelas minhas aulas. Alunos de especializações específicas que se uniram ao estudar os pressupostos de Freinet e que perceberam, na oferta de um espaço democrático em sala de aula, a oportunidade de ter vez e de ter voz na universidade.

Os dois quadros encontram pontos que convergem em cada um dos Envelopes Freinetianos. Iniciando pelo envelope Felicito, quando os alunos parabenizam a Metodologia; Organização; Postura; Reflexão; Pensamento Crítico; Didática; Dinâmicas; Domínio do conhecimento; Teoria x Prática; Abertura para outras compreensões; Respeito à opinião do outro; Organização da aula; Integração oportunizada; Manejo de turma; Conhecimento; Capacidade de entender as demandas e de modificar-se para abordá-las; Inserção de Freinet e Bauman; Abordagem crítica e democrática; Didática; Atuação docente e o Modo carinhoso - estão dando pistas de que a aula cumpriu com o objetivo de produzir múltiplos sentido(s) e de tocar nas demandas que cada um possuía de forma a contribuir para sua formação mais completa.

Dando continuidade, numa perspectiva construtivista, foi oportunizado um espaço para as críticas. Muitos sinalizavam que nada tinham a criticar (Nada; Sem críticas; Nenhuma crítica), entretanto, outros destacavam a escassez no tempo para maiores aprofundamentos (Poucos encontros; 2 aulas; Tempo; Pouco tempo para as discussões). Outros, ainda, utilizaram do espaço para criticar os próprios colegas (Atraso/conversa fora de hora), assim como não deixaram de trazer contribuições significativas para melhor a organização da disciplina (Textos não disponibilizados anteriormente; Poderia haver mais atividades práticas) e o mais rico deste processo é quando as contribuições extrapolam à sala de aula com demandas para a Coordenação da Pós-Graduação dinamizar (Carga horária; Loja de xérox não funcionando; O ar condicionado; Mobiliário da sala e recursos fornecidos pela Universidade) - o que nos possibilita perceber que os alunos precisam de um espaço de fala para se colocarem, externalizarem suas insatisfações e se perceberem como sujeitos desse processo.

Referente às sugestões, os estudantes trouxeram tanto o desejo de continuar com o professor pela forma como o mesmo conduz o trabalho (Continuar com a prática pedagógica com dinamismo; Escrever um livro; Mais disciplinas com o Prof. Marcio; Que o professor volte mais vezes) quanto apresentaram sugestões factíveis para a aula (Socialização por e-mail ou por Webcaf; delimitar tempo para os debates; Um tempo de pausa entre as aulas para descanso; Um quadro interativo maior - melhorando as visualizações dos textos; Envio de material por e-mail; Sugestões de leitura; Trazer diferentes teóricos da Educação; Atividade fora da Sala de Aula) e ainda, deram pistas à Coordenação de caminhos possíveis para melhorar na qualidade do serviço prestado (Critérios para convite de professores para a Pós; Reformulação da carga horária; Um espaço reduzido com cadeiras confortáveis; Curso todos os sábados ao invés de 15 em 15 dias) bem como houve aquele que nenhuma sugestão possuía (Nenhuma sugestão).

Contribuições que foram postas no “Livro da Vida” e encaminhada à Coordenação da Pós-Graduação na perspectiva de dar um retorno aos estudantes sobre as demandas sinalizadas nos Envelopes Freinetianos.

Fonte: Arquivos Pessoais do Professor (2018).

Ilustração 3 Livro da Vida 

Percebam o quão rico se mostra este material uma vez que nele encontram-se inseridos os planejamentos das aulas, os slides utilizados em sala de aula, as atividades realizadas pelos alunos e, ainda, as contribuições inseridas nos Envelopes Freinetianos.

Fonte: Arquivos Pessoais do Professor (2018)

Ilustração 4 Livro da Vida (Parte 2) 

Material este que configura num portfólio das atividades, das discussões, das demandas e das questões dos estudantes e que foi repassado à Coordenação da Pós-Graduação na perspectiva de que uma devolutiva seja dada aos estudantes frente a suas solicitações.

Esse movimento foi tão rico tanto para mim, enquanto professor, quanto para os alunos - enquanto sujeitos do processo de ensino-aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FREINETIANAS

Pode-se afirmar que as contribuições de Célestin Freinet para a Educação são grandiosas e que suas técnicas vêm ao encontro da possibilidade de oferecer uma educação de qualidade aos diferentes sujeitos do processo educativo.

Utilizar a Pedagogia Freinet é navegar na contramão de um ensino tradicional, técnico, fragmentado e descontextualizado - que não produz sentido(s) para os estudantes e, muito pelo contrário, associa o processo de ensino-aprendizagem à memorização; notas altas; obediência e passividade.

Sendo assim, na busca pela produção de múltiplos sentido(s) na Educação - em especial no Ensino Superior - acredita-se que a prática dos Envelopes Freinetianos tem condições de modificar o interior da sala de aula, promover espaços de interação, estabelecer uma nova ‘dinâmica’ sobre a aprendizagem dos estudantes e, ainda, favorecer a democratização das relações no cotidiano escolar.

Neste desfecho, espero que a socialização desta experiência educativa, embasada nos pressupostos de Célestin Freinet, venha a produzir novos sentido(s) aos educadores e contribuir para a promoção de práticas mais democráticas em espaços escolares e não escolares - da Educação Básica ao Ensino Superior.