SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.20 número57ADOECIMENTO DOCENTE: UMA BREVE ANÁLISE DA SAÚDE DE PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE MEDEIROS NETO/BAAS OCUPAÇÕES ESCOLARES DE 2015 E 2016 PELA LEITURA DA ÉTICA DA LIBERTAÇÃO índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Revista Teias

versão impressa ISSN 1518-5370versão On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.20 no.57 Rio de Janeiro abr./jun 2019  Epub 18-Dez-2019

https://doi.org/10.12957/teias.2019.36777 

Artigos de Demanda Contínua

DIÁLOGOS ENTRE A CAPOEIRA E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR. PRIMEIROS APONTAMENTOS DE NOSSO PROJETO DE DOUTORAMENTO

DIÁLOGOS ENTRE LA CAPOEIRA Y LA EDUCACIÓN FÍSICA ESCOLAR. PRIMEROS APUNTES SOBRE SUS PRÁCTICAS, SUS APROXIMACIONES Y SUS DISTANCIAMIENTOS EN LO QUE SE REFIERE AL SABER/HACER

DIALOGUES BETWEEN CAPOEIRA AND SCHOOL PHYSICAL EDUCATION. FIRST NOTES ABOUT THEIR PRACTICES, THEIR APPROXIMATIONS AND THEIR DISTANCES WITH REGARD TO KNOWING/DOING

Lindinalvo Natividade(*) 

(*)Mestre em políticas públicas e Formação Humana - UERJ. Doutorando em Educação - Proped/UERJ. Professor Centro Universitário de Barra Mansa (UBM).


RESUMO

Este trabalho é um primeiro apontamento de nosso projeto tese que ainda submeteremos a um processo seletivo de um programa de pós graduação Stricto Sensu. No momento, nosso objetivo inicial da pesquisa é abordar questões referentes à CAPOEIRA na Educação Física escolar no que tange o saber/fazer com suas aproximações e/ou distanciamentos. A metodologia de pesquisa aplicada inicialmente foi com base revisão de literatura e aplicação de questionários que subsidiaram nossa pesquisa com informações inerentes as atuações dos entrevistados. Observamos que mesmo apesar de leis como a 10.639/03 e 11.645/08, ainda falta em alguns profissionais de educação física segurança, vivência e interesse em aplicar da Capoeira nas aulas de educação física.

Palavras-chave: Capoeira; Educação Física Escolar; Prática Docente

RESUMEN

Este trabajo es un primer apunte de nuestro proyecto tesis que todavía someteremos a un proceso selectivo de un programa de postgrado Stricto Sensu. En el momento, nuestro objetivo inicial de la investigación es abordar cuestiones referentes a la CAPOEIRA en la Educación Física esco lar en lo que se refiere al saber/hacer con sus aproximaciones y/o distanciamientos. La metodología de investigación aplicada inicialmente fue con base revisión de literatura y aplicación de cuestionarios que subsidiaron nuestra investigación con informaciones inherentes a las actuaciones de los entrevistados. En el caso de la educación física, se debe tener en cuenta que, a pesar de las leyes como la 10.639/03 y 11.645/ 08, todavía falta en algunos profesionales de educación física seguridad, vivencia e int erés en aplicar de la Capoeira en las clases de educación física.

Palabras claves: Capoeira; Educación Física Escolar; Práctica Docente

ABSTRACT

This work is a first point of our thesis project that we will still submit to a selective process of a Strict Sensu graduate program. At present, our initial research goal is to address issues related t o CAPOEIRA in School Physical Education in relation to know ing/doing with their approximations and/or distances. The research methodology applied initially was based on literature review and application of questionnaires that subsidized our research with information inherent to the actions of the interviewees. We observe that even though laws such as 10.639/03 and 11.645/08, some physical education professionals still lack safety, experience and interest in applying Capoeira in physical education classes.

Keywords: Capoeira; Physical School Education; Teaching Practice

INTRODUÇÃO

A diversidade cultural é uma realidade que nos remete a pensar novas responsabilidades para a escola, nos seus currículos e nas suas disciplinas. O convívio com as diferenças é uma riqueza, dada à existência de pessoas com variadas heranças culturais no mesmo espaço que nos proporciona a refletir e reconhecer essas diferenças culturais.

Fig. 1 Ilustração de Carybé 

Pretendemos neste trabalho, que é o primeiro apontamento de nossa tese de doutorado que será submetido a um programa Stricto Sensu1, abordar questões referentes à CAPOEIRA e suas práticas na Educação Física escolar no que tange o saber/fazer com suas aproximações e/ou distanciamentos. A Capoeira é uma das manifestações mais dinâmicas das culturas de matrizes africanas e podemos identificar nela segundo Dias (2011, p.1)o corpo como um lugar de observação da vida coletiva, da projeção do simbólico, da inscrição da cultura e da reinvenção da tradição”. Procuramos discutir este “saber/fazer” nas dimensões procedimentais das aulas de educação física, uma vez que segundo Barata apudNatividade (2014), “o saber dos capoeiristas é construído na experiência, ao lidar com conhecimentos práticos. Dentro dessa concepção, ter conhecimento não é aprender coisas, no sentido de acumulação de informações no indivíduo”.

Baseamo-nos inicialmente na revisão de literatura com verificação preliminar de obras sobre o tema e através de questionários dialogamos com a vivência dos sujeitos (Professores de Educação Física) pesquisados. A delimitação desta pesquisa se deu pela escolha de instituições de ensino público e privado da educação básica no município de Barra Mansa/RJ.

IEEE. A VOLTA AO MUNDO...

O subtítulo acima é usado nas rodas de Capoeira, principalmente ao final da ladainha (uma cantiga do jogo de angola) que serve como uma espécie de senha para que os jogadores possam sair para o jogo. Sendo assim, achamos oportuno utilizá-la neste trabalho, uma vez que aqui iniciaremos nossas considerações sobre a Capoeira e suas aproximações e/ou distanciamentos no que se refere ao saber/fazer nas dimensões procedimentais da educação física escolar.

Saímos para jogo pelo entendimento da área da educação física escolar, que a partir dos pressupostos da metodologia crítico superadora (SOARES, 1992), é uma disciplina que trata pedagogicamente de manifestações da cultura corporal de movimento. Sendo assim podemos concluir que o seu ensino é muito mais do que apenas executar exercícios corporais repetitivos e sem sentido.

O profissional de Educação Física não atua sobre o corpo ou com movimento em si, não trabalha com o esporte em si, não lida com a ginástica em si. Ele trata do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humanos, historicamente definidos como jogo, esporte, dança, luta e ginástica. O que ira definir se uma ação corporal e digna de trato pedagógico pela Educação Física é a própria consideração e analise desta expressão na dinâmica cultural especifica do contexto onde se realiza. (DAOLIO, 2004, p.9)

O ensino/aprendizado desta disciplina que contempla toda a educação básica (LDB, 2016 - art. 26 § 3º, p.12) procura compreender seus aspectos históricos, técnicos, sociológicos, antropológicos, biológicos da cultura corporal de movimento. Enfim, busca situá-los no contexto social e instigar aos alunos a realizarem uma leitura de sua realidade. Nesta perspectiva, a Educação Física Escolar expressa diferente tipos de linguagem nas quais cada manifestação da cultura corporal possui seu repertório próprio e específico cabendo aos seus profissionais, o ensino de diferentes linguagens ligadas à cultura corporal no sentido de democratizá- las.

Essa explicação põe em destaque um princípio curricular particularmente importante para o processo de seleção dos conteúdos de ensino: a relevância social do conteúdo que implica em compreender o sentido e o significado do mesmo para a reflexão pedagógica escolar. Este deverá estar vinculado à explicação da realidade social concreta e oferecer subsídios para a compreensão dos determinantes sócio-históricos do aluno, particularmente a sua condição de classe social. (SOARES, 1992, p. 19)

Autores como Bracht, Varjal, Soares, Escobar, Castellani Filho que compõe o COLETIVO DE AUTORES (1992), OLIVEIRA E SILVA (2008), NEIRA (2011), STEFANE (2003) nos mostram que nem sempre foi assim. Estes autores pontuam que os conteúdos e métodos de uma Educação Física tradicional funcionavam como aparelho ideológico de uma sociedade capitalista, de modo que a ideologia de grupos melhores posicionados na escala econômica, sejam transmitido na sociedade.

Esse quadro descrito acima muda com os estudos sobre as teorias críticas e pós-criticas da Educação Física nos remetendo a um comprometimento com a transformação social, privilegiando a educação física escolar desde o seu planejamento, comportamentos democráticos para a decisão dos conteúdos e atividades de ensino, permitindo assim a valorização das experiências e vivências e a reflexão das práticas sociais da cultura corporal do universo vivencial dos alunos, para aprofundá- las mediante o diálogo com outras manifestações corporais.

Numa perspectiva pós-critica do componente, sintetizada na expressão “currículo cultural da Educação Física”, a experiência escolar é um campo aberto ao debate, ao encontro de culturas e à confluência da diversidade de manifestações corporais dos variados grupos sociais (NEIRA, 2011, p.71).

Considerando o atual status da Educação Física enquanto componente curricular obrigatório acreditamos que sua práxis2 precisa ser valorizada inserindo-a no projeto político pedagógico, comprometendo-a assim ainda mais com a socialização e ampliação do universo cultural dos alunos. É ir além do que Tavares (2012, p.24) chamou de colonialismo cognitivo, pois será nesse colonialismo que “[...] se processa a exclusão dos saberes marginais do projeto pedagógico oficial”. A experiência escolar deve contribuir para uma reflexão profunda da própria cultura corporal, com isso, pretenderá não somente a valorização identitaria, mas também a ampliação cultural e o reconhecimento das diferenças.

A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos - a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (SOARES, 1992, p. 27/28).

Sendo assim a Educação física deve proporcionar aos alunos experiências pedagógicas que viabilizem a prática de manifestações corporais veiculadas pelas brincadeiras, pelas lutas, pelos esportes, pelas ginásticas e danças oferecendo a cada aluno, a oportunidade de posicionar-se enquanto produto e produtor da cultura corporal.

SEGURA QUE O SOM VAI SUBIR...3

Educação física escolar e suas dimensões de conteúdos

De acordo com Coll et all apudDarido (2005) conteúdos são seleções de formas ou saberes culturais, conceitos, explicações, raciocínios, habilidades, linguagens, valores, crenças, sentimentos, atitudes, interesses, modelos de conduta etc., cuja assimilação é considerada essencial para que se produza um desenvolvimento e uma socialização adequada ao aluno.

Libâneo (1994), do mesmo modo que Coll et al. (2000) e Zabala (1998), apudDarido (2005) também entendem que conteúdos de ensino são o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida.

Acontece que em muitas das vezes, o termo conteúdo ainda é utilizado para expressar o que se deve aprender em uma relação quase que exclusiva ao que se refere ao cognitivo. É comum observamos alunos afirmando que tal disciplina tem “muito conteúdo”, sinalizando o excesso de informações conceituais.

Na educação física escolar, há a possibilidade de trabalhar quaisquer conteúdos em três dimensões. Ainda nos apoiando em Cool apud Darido (2005) esta classificação corresponde às seguintes questões: a) O que se deve saber? (dimensão conceitual); b) O que se deve saber fazer? (dimensão procedimental); c) Como se deve ser? (dimensão atitudinal).

Estas dimensões de conteúdo propostas pelos autores citados acima, não devem ser segmentadas e/ou divididas, embora possa haver uma ênfase em determinadas dimensões. É comum na área de educação física escolar em algumas práticas docentes, a dimensão procedimental sobressair às dimensões: conceitual e atitudinal. Situação combatida por Darido (2005, p. 67) quando nos pontua que “A educação física, contudo, ao longo de sua historia, priorizou os conteúdos quase que exclusivamente procedimental, o saber fazer e não o saber sobre a cultura corporal [...]”.

Como já dito anteriormente, nosso foco está na dimensão procedimental, ou seja, o saber/fazer, pois situação inversa pode ocorrer quando o conteúdo a ser trabalhado for oriundo de matrizes africanas, como é o caso da Capoeira, nosso objeto de estudo, como também outras manifestações que podemos citar como o jongo, o samba, os maracatus, etc. É possível que conteúdos assim sejam trabalhados e quando são trabalhados somente em sua dimensão conceitual, devido aos preconceitos e racismos que perpassam em nossa sociedade.

Vivemos num país onde as práticas racistas são veladas. Houve significantes tentativas de embranquecimento da população brasileira. Queremos propor outra conotação ao termo “embranquecimento”. Aqui nesse estudo, não estamos somente nos referindo à semente uma questão de pele. Mais do que isso, estamos nos referindo às tentativas de apagamento4 ou exclusão de uma cultura de matriz africana. Silva (2007, p. 29) vai dizer que, a partir da Lei Áurea (1888), “o negro passou de „inferior social‟ para „inferior biológico‟, o que permite a sociedade considerar “natural” o tratamento marginal que essa lhe impõe.”.

Com base nas reflexões de Schimit apudSodré (2002), ao trabalhar com o conceito de nomos (divisão entre o europeu, homem branco, cultural, e o africano, homem negro, não cultural), consideramos que, pode ter havido o inverso dessa condição do negro ex-escravo. Na verdade, passou-se de inferior biológico a inferior social. “No Segundo Império, segundo Viotti da Costa, o preconceito racial servia para manter e legitimar a distância entre o mundo dos privilégios e direitos e o mundo das privações e deveres.” (SODRÉ, 2002, p. 78). Até porque o principal argumento que justificava a escravização de um homem a outro, era a sua superioridade, ou seja, um era humano e o outro sub-humano. Mas concordamos como Silva (2007) que, essas considerações do negro ora inferior biológico, ora inferior cultural e ora inferior social fez com que, o racismo fosse disseminado na sociedade como um fato natural. A partir dessas mudanças de posição do negro na concepção do senhor branco, o racismo deixou de ser o de dominação para ser agora o de exclusão.

É sabido que desde seu surgimento no Brasil, a Educação Física esteve comprometida com o poder dominante, inicialmente com a finalidade de higienização dos corpos. Para Castellani Filho (1991), este corpo eleito representante de uma classe e de uma raça, serviu para incentivar o racismo e os preconceitos sociais a eles ligados, explorando em nome de uma superioridade racial e social da burguesia branca todos que, por suas singularidades étnicas ou pela marginalização socioeconômica, não se adequasse ao modelo anatômico construído pela higiene.

Por muito tempo desconsiderou a ideia de corpo como revelador de atitudes e comportamentos pessoais e expressivos de especificidades culturais. O que se dirá então do corpo negro? É Mbember (2018, p.12) que nos dá essa resposta ao pontuar que “primeiro, deve-se ao fato de o Negro ser este (ou então aquele) que vemos quando nada se vê, quando nada compreendemos e, sobretudo, quando nada queremos compreender”. Entendemos nas palavras do autor uma invisibilidade por parte por parte do mundo quando nos referimos aos negros e suas manifestações.

Júlio César Tavares (2012) foi quem construiu um conceito de saber corporal do corpo negro, que como parte integrante da civilização africana sequestrada5 para o Brasil. “Esse saber estaria introjetado no corpo pela cultura, e teria relação com um novo modelo de memória, a memória gestual [...]” (Soares, 1994, p.16). É o próprio Tavares quem vai nos dizer que sua pesquisa é:

[...] uma leitura que aposta no entendimento da Corporeidade como uma linguagem articulada em ações coordenadas e em múltiplas facetas até configurar o existir dos sujeitos. [...] desenvolvem-se, aqui, os conceitos de memória não verbal, memória corporal, identidade corporeogestual e redescoberta do corpo, consciência corporal, memória corporal, identidade gestual, esquemas corporais, ritmos, atitudes etc., a partir da experiência da Capoeira e sua explosão mundial. (TAVARES, 2012, p. 17/18).

Podemos exemplificar este saber corporal com a ginga, na qual a Capoeira tem seu princípio básico. É ela quem dá identidade, equilíbrio, malícia, leveza e destreza ao capoeirista. É um movimento do corpo em todas as direções buscando utilizar todos os espaços da roda, verdadeiramente, um jeito que o corpo dá. Não só na Capoeira, a ginga está presente também nos batuques, nos sambas, nos candomblés, nos frevos, nos maracatus, nas congadas, etc. Manifestações que traduzem símbolos e criações, e são orientadoras e mantenedoras da memória do corpo negro.

A identidade dos afrodescendentes, na Diáspora, tem-se dado por intermédio do discurso proferido pelo uso do corpo. É pela capacidade de perceber, captar, processar, recalcar, dizer, sentir, traduzir e enunciar mensagens pela via do corpo que, desde quando os africanos aqui chegaram, tem permitido a construção desta experiência de mundo que chamamos, hoje, de Diáspora africana. (TAVARES, 2012, p. 62/63).

O que percebemos em nossas pesquisas6 (assunto que será discutido mais adiante) é que esse legado tem sido muitas vezes secundarizado pelos profissionais de educação física escolar no que tange a dimensão procedimental desta disciplina, mesmo reconhecendo a participação do negro na constituição de uma identidade brasileira.

De acordo com Oliveira (2013), “a condição do negro na educação se dá em um contexto que é ao mesmo tempo histórico e contemporâneo”. Segundo a autora, precisam ser recuperados e evidenciados para darem sustentação as argumentações teóricas e as reivindicações políticas em busca da igualdade substantiva.

A lei 10.639/03 preconiza que o trabalho com as questões raciais na escola perpasse pela consciência de que os africanos e afro-brasileiros existem e são sujeitos na construção da sociedade brasileira, tem historia, memória, valores que precisam ser reconhecidos também dentro da escola. (OLIVEIRA, 2013).

Cultura negra na educação física escolar. A vez da Capoeira

A população negra sequestrada para o Brasil trouxe as mais variadas formas de expressão cultural, que, embora sob a designação genérica de cultura africana, trazem as matrizes e as marcas dos mais diferentes grupos que fazem parte da composição étnica plural daquele continente7.

Sujeitos fundamentais na construção do Brasil que deixaram suas marcas em todas as dimensões da vida nacional, jogando com as diferenças e elaborando trocas, que Sodré (2002) vai chamar de jogo de sedução. Essa capacidade permitiu a população negra promover negociações com o poder vigente. Sendo assim, adéqua a uma luta elementos que até então não faziam parte do seu contexto, além de utilizar elementos dessa mesma luta, que somados ao maxixe e a marcha criariam o passo do frevo. A construção da Capoeira retrata em parte, que o historiador Michel de Certeau8, fez em seus estudos do cotidiano, em que grupos humanos aparentemente dominados criam e inventam sua existência diante de uma ordem dada.

As manifestações artísticas implícitas na Capoeira, as vestimentas, as músicas, enfim, esse conjunto de práticas culturais são campos maravilhosos de possibilidades para as aulas de Educação Física. Nóbrega (1992) pontua que culturas negras “traduzem símbolos, criações e memórias, além de ser orientadora de uma leitura do corpo brasileiro”. Assim podemos afirmar baseado no autor citado que este corpo vai se tornando um espaço socialmente informado, assumindo um repertório de movimentos, definindo assim um lugar de produção e transmissão do saber.

A Capoeira é uma prática plural (CAPOEIRA, 1998,1999; FALCÃO, 2004; PIRES, 2009,2010; REVISTA CAPOEIRA, 1998; SILVA, 2002a; SILVA 2002b; SILVA, 2003 e VIEIRA, 1998). Ela é dotada múltiplas facetas, que podem em determinados momentos, uma sobressair à outra. Portanto, nenhum pesquisador até hoje conseguiu definir o que é a Capoeira. Em nossa dissertação de Mestrado9, procuramos identificar nela momentos em que ela se apresenta como: luta, jogo, brincadeira, folclore etc.

O que queremos dizer é que, mesmo nos dias atuais, se um capoeirista estiver entre a vida e a morte e houver uma possibilidade de utilizar seus conhecimentos capoeirísticos para sobreviver, ali a Capoeira certamente será luta. Quando numa apresentação em alguma praça, ali veremos o jogo, mesmo que ainda possa haver uma agressividade por parte dos participantes. Ao observarmos atentamente um Jogo de Angola, principalmente se esse jogo for entre um Mestre e uma criança, poderemos ver a brincadeira, apesar de todo capoeirista saber que esse jogo é o mais malicioso de todos. Quando estamos próximos de datas como 13 de maio ou 20 de novembro e agora também podemos somar 03 de agosto22, as associações e grupos de Capoeira recebem inúmeros convites para apresentações nos mais variados espaços sociais, aí a Capoeira é folclore. (NATIVIDADE, 2012, p. 18).

Também é uma prática dialógica, pois é considerada por alguns autores e muitos de seus praticantes como um diálogo do corpo. “Diálogo refere-se à fala entre duas ou mais pessoas apontando para uma discussão, uma troca de opiniões, ideias, conceitos, com o objetivo de comunicar, entender e solucionar problemas” (BARRETO, 2002, p. 32). Passos (2014) apropriada dos ensinamentos de Fanon (2008) é quem nos ensina maravilhosamente que “falar é existir absolutamente para o outro”, pois:

[...] quem enuncia tem a possibilidade de escapar do lugar da invisibilidade pela/com a palavra, pelas/com as narrativas. São elas que guardam a potência das renovações e dos deslocamentos, consistindo o que emerge dessas narrativas em material rico para a compreensão da rede de significações e sentidos presentes na cultura, na sociedade. (PASSOS, 2014, p.228).

A partir das concepções de Passos (2014) entendemos o corpo como indicação de linguagem consciente nos cotidianos, corroborada também por Allodi, onde “[...] o corpo participa de uma linguagem global: a postura [...], o caminhar, o sentar, o andar firme ou encurvado, alegre ou cansado é uma linguagem que traduz como sintonizamos o corpo [...]”. (ALLODI apudSILVA, 2003, p. 66). Bem como resumiu Tavares (2012, p.61) o corpo é um componente do mundo da vida, do cotidiano, e por ele percebemos e sentimos o mundo e as demais pessoas em nosso convívio, que se transformam em nosso Outro”.

Esse diálogo entre os dois jogadores no centro da roda de Capoeira, muitas vezes criativo e artístico, é mediado pelo toque do berimbau (seu principal instrumento). É ele quem dita às regras do jogo e consequentemente as desse diálogo, que pode ser lento, bem rasteiro e malicioso, como pode ser rápido e objetivo, como pode ser somente entre os mais experientes da roda10.

Outra característica do jogo da Capoeira são as músicas cantadas nas rodas. Podemos somá- las ao berimbau na mediação dos diálogos dos corpos. As cantigas, chamadas de chulas, falam dos mais variados assuntos, que vão desde histórias da época da escravidão com seus castigos e feitos heroicos, às exaltações de alguns Mestres e mitos do passado. Isso torna as chulas, elementos imprescindíveis, uma vez que a forma de transmissão dos saberes, das memórias e de suas tradições se dá pela oralidade, pois esses saberes podem ser transmitidos sem qualquer necessidade de registro escrito11.

Para os alunos da educação física escolar, o entendimento desse diálogo corporal só é facilitado pela vivência através da dimensão procedimental deste ou daquele conteúdo. Queremos deixar bem claro, que não se trata de menosprezar as outras dimensões até porque elas conversam entre si criando redes de interdependências. Mas no caso da Capoeira, como outros possíveis conteúdos da cultura negra, é imprescindível que eles sejam mais vivenciados do que somente discutidos.

Nesta exclusão dos saberes, temos, de maneira concreta, um total distanciamento daquele que foi a principal arma dos negros para ativar uma resistência e empreender o registro de sua história de rebeldia: o seu CORPO. (TAVARES, 2012, p. 25).

A vivência de qualquer manifestação de cultura proporciona ao seu participante uma apropriação da coisa em si. Para a Capoeira nas aulas de educação física, a vivência corporal dos seus movimentos tão simples e ao mesmo tempo tão complexos, com seus instrumentos que possuem sons vibrantes e apaixonantes, e suas cantigas que proporcionam um repensar da historia do negro no Brasil, como também o conhecimento de pessoas que lutaram pela sobrevivência desta arte, desta cultura, traz ao universo dos alunos possibilidades de desafios.

Desafio do corpo que está na possibilidade de ver num sentido literal o mundo de outra maneira. Às vezes de cabeça para baixo, às vezes de um lado e às vezes de outro. No desafio de produzir sons em instrumentos únicos e peculiar no caso do Berimbau. Desafio da fala que se expressa no cantar, no responder ao coro que é uma das funções ritual da roda e um desafio ao preconceito, ao racismo, repensando atitudes e valores, que nas dimensões de conteúdos da educação física escolar estão atreladas ao conteúdo atitudinal, nos mostrando o que já discutimos anteriormente, não deve haver segmentações na categoria das dimensões dos conteúdos.

Hoje tem Capoeira, fessor12?

Através de um questionário simples com cinco perguntas, sendo 4 com respostas objetivas e 1 com resposta subjetiva, entrevistamos 10 professores de educação física do município de Barra Mansa/RJ13. Todos são atuantes no ensino fundamental da educação básica com tempo de serviço entre 03 e 20 anos, sendo que dentre os dez, quatro são mulheres. Dos entrevistados, oito possuem pós-graduação na área e dois somente a graduação. Três trabalham no ensino público e privado, cinco somente em público e dois somente em privados.

Fig. 2 Revista Nova Escola 

Os questionários foram aplicados sem nenhuma obrigatoriedade de identificação e com perguntas muito objetivas com respostas “sim, não e justificativa”14. Para um melhor relato, dividiremos o grupo em dois. O grupo “A” será composto por 7 professores e o grupo “B” composto por 3 professores. Esta divisão se deu logo em nossa primeira pergunta quando indagamos aos entrevistados se em algum momento em suas aulas fora de datas como 13 de maio ou 20 de novembro, trabalham ou já trabalharam com a Capoeira.

Para nossa surpresa o grupo A (maior quantidade de professores) disse que NÃO. Só o fazem realmente nestas datas e às vezes nem nelas. O Grupo B, optou pela resposta SIM. Trabalham a Capoeira fora das datas mencionadas acima. Seguindo ainda a primeira pergunta, as justificativas por não trabalharem com a Capoeira fora das datas mencionadas acima foram as seguintes: dos sete do Grupo A, cinco disseram não ter experiência com o conteúdo, um disse achar que a escola já anda violenta demais e um justificou falta de interesse dos alunos. O grupo B de um modo geral justificou ser importante tratar do assunto nas aulas de educação física escolar.

Essa dicotomia logo na primeira pergunta já nos fez repensar nossos questionários quando estivermos produzindo a tese de doutorado, pois deveremos compor um questionário para quem aplica o conteúdo em suas aulas como se aplicam outros conteúdos da disciplina e um questionário para aqueles que só aplicam em datas comemorativas, talvez por culminâncias de projetos voltados a cultura negra em suas escolas e também para aqueles que por ventura não aplicam em momento nenhum.

Dando seguimento a pesquisa, a segunda pergunta tratava das três dimensões do conteúdo da educação física escolar, ou seja, se a Capoeira era aplicada conceitualmente, procedimentalmente e atitudinalmente. Esta pergunta somente o grupo B respondeu. Todos os três entrevistados disseram que trabalham as três dimensões.

A terceira pergunta referiu-se como se desenvolve o tema Capoeira em suas aulas no que se refere a pratica docente. Aqui colocamos duas respostas possíveis: a) comigo mesmo; b) com convidados praticantes da Capoeira. O grupo B assinalou as duas respostas, o que nos leva a imaginar uma parceria se desenvolvendo ali no trato com a Capoeira. Já o Grupo A optou pela opção “b”, ou seja, com convidados.

A quarta pergunta se referiu quanto à participação e aceitação dos alunos nas aulas em que o tema fosse Capoeira. O grupo B foi unânime em assinalar a opção boa. Já é grupo A assinalou regular (05 professores) e ruim (02 professores).

Para finalizar o questionário, a quinta pergunta era a única que não era objetiva, até porque queríamos fazer esse levantamento das razões pelas quais poderia haver um distanciamento por parte dos alunos com o tema proposto. Sendo assim, perguntamos se havia por parte de alguns alunos alguma rejeição quanto ao tema Capoeira e que estimasse em porcentagem essa rejeição. Aos que responderam (somente 2 do grupo A que não), os denominaremos com letras do alfabeto, pois como dissemos não pedimos identificação nos questionários propostos.

Sendo assim, o professor A (grupo B), nos disse que dois ou três alunos não faziam aula porque alegavam vergonha. O professor B (grupo B) respondeu não perceber rejeição por parte de nenhum aluno quanto a Capoeira na educação física. Já o professor C (grupo B) disse que sim, tem muitos problemas, pois é só dizer em reuniões de pais que o conteúdo é Capoeira para começar a chegar reclamações de responsáveis e de dirigentes de religiões neo pentecostais. Inclusive deixou claro em sua resposta seu total descontentamento com as atitudes relacionadas acima.

Os professores D, E e F (grupo A) relataram de um modo geral que há uma participação de 50% ou meio a meio como disseram no questionário nas aulas. O professor G (grupo A) alegou que há uma boa participação somente nos 10 ou 15 minutos da apresentação de Capoeira, percebendo uma distração por parte dos alunos após esse período. O professo H respondeu não saber responder a pergunta, pois nunca atentou para esse fato. Os professores I e J como relatamos no parágrafo anterior não responderam a essa pergunta.

Deixamos aqui todo nosso agradecimento a esses profissionais que colaboraram com este trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS E INICIAIS15... ADEUS, ADEUS, EU VOU EMBORA

As reflexões contidas nesse trabalho, em nenhum momento tiveram um caráter ou pretensão de ser um ponto final no que diz respeito à Capoeira e as aulas de educação física escolar. Por isso, “a roda não vai terminar agora” como se canta nas rodas de Capoeira. Acreditamos nas possibilidades de diálogos que esse estudo pode proporcionar, assim como o próprio jogo da Capoeira nos obriga a cada pergunta, uma pronta resposta engajada a outra pergunta.

A Capoeira apresenta um vasto campo de conhecimentos e saberes, que transmite ao corpo saberes étnicos culturais construindo ainda processos de uma identidade étnica através de uma praticas culturais que pressupõem um saber fazer corporal específico. Porém ainda são práticas isoladas quando analisadas dentro das aulas de educação física escolar, mesmo com a obrigatoriedade da Lei 10.639/03 e da Lei 11.645/08.

Percebe-se nesta pesquisa inicial, feita somente para a construção deste apontamento e também para nos dá um direcionamento em nossa futura tese, é que ainda falta em alguns profissionais de educação física segurança, vivencia e interesse em trabalhar com a Capoeira, essa manifestação da cultura afro-brasileira que já esta em mais de 150 países.

Hoje encontramos a Capoeira em praças e projetos sociais, em universidades nos próprios cursos de educação física como também em várias escolas públicas através do programa NOVO MAIS EDUCAÇÃO. Ela está nas salas de cinema com destaque aí para a produção de João Daniel Tikhomiroff, o filme Besouro, como também em jogos interativos como o Tekken 3 e 5 para PSP e o Capoeira Fighter para PC’s. Portanto é um conteúdo que pode ser utilizado sob vários aspectos.

Perceptível também são os preconceitos, o racismo e as religiões protestantes. Parece-nos que talvez as pessoas aceitem melhor a teoria, pois a “prática” é vista como algo que possa corromper a alma, ou até mesmo, impregnar no corpo alguma marca não desejável. A vivência por parte de alunos na Capoeira com todas as suas nuances pode ser uma ferramenta para a discutir preconceitos e racismos que ainda pairam sobre ela.

Há um termo que se utiliza nas rodas de Candomblé para se falar daquelas pessoas conhecedoras do culto e/ou até mesmo os seus participantes. Eles são chamados de “iniciados”. E é deste lugar, “de iniciado”, que viemos convidar os demais professores da área utilizarem em suas aulas, a Capoeira, que é uma das culturas mais dinâmicas da cultura afro brasileira. Parafraseando o Mestre Mao Branca, na Capoeira não “há lugar pra preconceitos e vaidades pessoais, pois nelas os opostos se encontram: o doutor e o analfabeto, o rico e o pobre, o negro e o branco. E o homem vale é pela sua arte”.

São saberes que permitirão que os envolvidos no processo (alunos, professores e porque não dizer também a família) transformem sua realidade, os fazendo entender melhor as diferenças. Proporcionaram aos professores avaliar se as atitudes adotadas em determinado contexto estão de fato, trabalhando para a desmistificação do racismo. Para finalizar podemos dizer que a Capoeira permite trabalhar na educação física escolar indivisivelmente: corporeidade, cognição, emoção, política, cultura e arte.

1Este artigo foi enviado a revista Teias em agosto de 2018. Em março de 2019 me tornei integrante do curso de Doutorado em Educação - PROPED/UERJ.

2Entenderemos práxis como o processo pelo qual uma teoria é executada ou praticada se convertendo em parte da experiência vivida.

3Este subtítulo também se refere a uma cantiga de Capoeira. Geralmente se canta alertando os participantes que o jogo ficará mais rápido, mais objetivo.

4Apagamento no sentido de esquecimento.

5Utilizaremos o conceito de sequestro por acreditarmos que a população negra foi arrancada de sua terra natal.

6Foram aplicados questionários a 10 professores de educação física no município de Barra Mansa/RJ.

7Robert Slenes, no trabalho “Malungo n’goma vem: África coberta e descoberta no Brasil” pontua que a escravidão no Brasil representou uma mescla de povos e culturas diferentes. Com isso, as diferentes línguas, religiões e formas culturais reordenaram valores, símbolos e costumes em torno de um ponto comum: a origem africana.

8 CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1 artes do fazer. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.

9Capoeirando eu vou: cultura, memória, patrimônio e política pública no jogo da capoeira. Rio de Janeiro: Dissertação de Mestrado em Políticas Públicas e Formação Humana. Centro de Educação e Humanidades. Universidade do Estado do Rio de janeiro. UERJ. 2012.

10Nos referimos aos diversos toques de berimbau que dizem aos seus jogadores as variadas formas de se comportar na roda e desenvolver o jogo.

11 Vieira (1998) identifica três funções básicas nos cânticos de capoeira: (a) uma função ritual, que fornece à roda o ritmo e animação; (b) uma função mantenedora das tradições, que reaviva a memória da comunidade capoeirana acerca dos acontecimentos importantes em sua história, e (c) uma função ética, que promove um constante repensar dessa mesma história e dos princípios éticos nas rodas de capoeira.

12Corruptela de professor. Presente cotidianamente no vocabulário dos alunos.

13Consideramos esse questionário ponta pé inicial de nossa pesquisa empírica, para sabermos se o projeto de doutorado está no caminho que imaginamos.

14Grifos nossos.

15Considerações finais no sentido de concluir este artigo. Iniciais porque ao adentrarmos um programa de doutorado, muitas questões aqui discutidas servirão de subsídios para novas questões ainda a serem elaboradas.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Raquel Goulart. Formação de professores, tecnologias e linguagens. São Paulo: Loyola. 2002. [ Links ]

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 13. ed. Brasília: MEC/SEF, 2016. [ Links ]

CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: a história que não se conta. 2. ed. Campinas: Papirus, 1991. [ Links ]

CAPOEIRA, Nestor. Capoeira: Os Fundamentos da Malícia. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1998. [ Links ]

______. O Galo já Cantou. 2. ed. revisada e ampliada. Rio de Janeiro: Record, 1999. [ Links ]

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2008. [ Links ]

DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o Conceito de Cultura. Campinas: Autores Associados, 2004. [ Links ]

DARIDO, Suraya Cristina. Educação física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. [ Links ]

DIAS, João Carlos Neves de Souza e Nunes. Sociologia do corpo e das práticas corporais: notas sobre a gestualidade na capoeira. In: CONGRESSO LUSO AFRO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, XI. Diversidades e (Des) Igualdade. Anais... Salvador: 07 a 10 de agosto. UFBA. 2011. [ Links ]

NATIVIDADE, Lindinalvo. Capoeirando eu vou: cultura, memória, patrimônio e política pública no jogo da capoeira. Dissertação (Mestrado em Políticas Públicas e Formação Humana) - Centro de Educação e Humanidades, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. [ Links ]

______. Capoeirando eu vou: cultura, memória, patrimônio e política pública no jogo da capoeira Berlim: Novas Edições Acadêmicas, 2014. [ Links ]

NEIRA, Marcos Garcia. O currículo cultural da Educação Física em ação: a perspectiva dos seus autores. Tese de Livre Docente (Metodologia do Ensino de Educação Física) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. [ Links ]

NÓBREGA, Nadir. Dança Afro - sincretismo de movimento. Salvador: UFBA/Ed Santa Maria, 1992. [ Links ]

OLIVEIRA, Iolanda. Lei 10.639/03 - Dez anos, o que mudou na educação brasileira? In: SEMINÁRIO VIRTUAL NACIONAL. HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFROBRASILEIRA NA ESCOLA. Anais... [S.l.: s.n], 2013. [ Links ]

OLIVEIRA E SILVA, Rita de Cassia. Formação multicultural de professores de Educação Física: entre o possível e o real. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. [ Links ]

PASSOS, Mailsa C. Pinto. Encontros cotidianos e a pesquisa em Educação: relações raciais, experiência dialógica e processos de identificação. Educar em Revista, Curitiba, n. 51, p. 227-242, jan./mar. 2014. [ Links ]

PIRES, Antonio Liberac Cardoso Simões. Capoeira é defesa, ataque, ginga de corpo e malandragem. Revista Textos do Brasil, Brasília: Ministério das Relações Exteriores, p. 55-59, 2009. [ Links ]

______. Culturas Circulares. A formação Histórica da Capoeira Contemporânea no Rio de Janeiro. Curitiba: Ed. Progressiva, 2010. [ Links ]

REVISTA CAPOEIRA. São Paulo: Candeia, v.1, n. 2, jul./ago. 1998. [ Links ]

SILVA, Gladson de Oliveira. Capoeira: do engenho a universidade. 3. ed, São Paulo: Cepeusp, 2002a. [ Links ]

SILVA, Paula C. Costa. A educação física na roda de capoeira: entre a tradição e a globalização. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Universidade de Campinas, Campinas, 2002b. [ Links ]

SILVA, Jose Milton Ferreira. A linguagem do corpo na capoeira. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. [ Links ]

SILVA, Jorge Luiz T. Capoeira e identidade: um olhar ascógeno do racismo e da identidade negra através da capoeira. Dissertação (Mestrado em Teologia) - Escola Superior de Teologia, Instituto Ecumênico de Pós-graduação Religião e Educação, São Leopoldo, 2007. [ Links ]

SLENES, Robert. “Malungo N’Goma Vem”: África coberta e descoberta no Brasil. Revista USP, São Paulo, v. 12, p. 48-67, 1992. [ Links ]

SOARES et al. Metodologia do Ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. [ Links ]

SOARES, Carlos Eugenio Líbano. A negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro, 1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994. [ Links ]

SODRÉ, Muniz. O terreiro e a cidade. A forma social negro-brasileira. Rio de Janeiro: Imago/ Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2002. [ Links ]

STEFANE, Claúdia Aparecida. Professores de Educação Física: diversidade e práticas pedagógicas. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2003. [ Links ]

TAVARES, Julio Cesar de. Dança de guerra: arquivo e arma, elementos para uma Teoria da Capoeiragem e da Comunicação Corporal Afro-brasileira. Belo Horizonte: Nandyala, 2012. [ Links ]

VIEIRA, Luiz Renato. O jogo da Capoeira: Corpo e cultura popular no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. [ Links ]

Recebido: 17 de Agosto de 2018; Aceito: 30 de Abril de 2019

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution NonCommercial, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que sem fins comerciais e que o trabalho original seja corretamente citado.