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Revista Teias

versão impressa ISSN 1518-5370versão On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.21 no.62 Rio de Janeiro jul./set 2020  Epub 09-Fev-2022

https://doi.org/10.12957/teias. 

Editorial

EDITORIAL: De como ser / viver Carolina Maria de Jesus v. 21 • n. 62 • jul. / set. 2020

1Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)


Quando cheguei em casa era 22,30. Liguei o rádio. Tomei banho. Esquentei comida. Li um pouco. Não sei dormir sem ler. Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem. (Carolina Maria de Jesus, 1960, p. 18)

Mais um número de Teias vem a público, nesse tempo de sobressaltos em que a pandemia se expandiu e confirmou as consequências de uma política negacionista que instalou a divisão na população brasileira quanto aos riscos de contaminação e espalhamento do coronavírus amplamente por todo o país.

Teias, mais do que nunca atenta aos clamores da sociedade e às urgências da democracia, faz surgir uma edição que toma a si a responsabilidade de dar voz a pesquisadorxs do campo das relações étnico-raciais que, nos últimos tempos, tornaram-se alvo de ataques das políticas públicas, em vez de as defenderem, como direito inalienável à diversidade, à cultura, à vida criativa que se tece e retece nos contextos cotidianos brasileiros. Apesar das muitas incertezas, das inseguranças, a fertilidade que emerge dos textos é visível e atesta a urgência de temas exacerbados, pela negação de direitos a largos segmentos populacionais, assim como pela ação desqualificadora, sórdida e de deslegitimação de pessoas, ancestralidades, de povos originários e presentes no território antes da fundação da nação.

Por isso, Carolina Maria de Jesus abre nosso editorial, com a epígrafe retirada de Quarto de despejo, obra publicada em 1960, reveladora das condições iníquas das populações de favelas, em maioria, homens e mulheres pretas e pobres. Os anos passaram, mas a iniquidade e a desigualdade se acirraram, especialmente para mulheres e negros/as. Carolina, mulher negra, cuja compreensão / ação no mundo passava pela leitura e pela escrita, para dizer / narrar suas histórias cotidianas de opressão, que não lhe tiravam o gosto de viver, nem impediam seus sonhos de emancipação — o que incluía sua escrita potente.

Carolinas e tantas outras mulheres estão presentes nessa edição, na potência das vozes que teorizam um campo legítimo e em crescente produção, arrombando portas e instituindo lugares de falas autênticas que se pensam, se nutrem e possibilitam a produção de epistemologias outras no meio acadêmico.

REFERÊNCIAS

JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo. Edição popular. [S. l.]: 1960. [ Links ]

Informações das editoras

Jane Paiva

Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

E-mail: janepaiva27@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3501-8740

Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/3049044829510326

Paula Leonardi

Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

E-mail: leonardi.paula@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4046-9703

Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/6930629041565848

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