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Revista Teias

versión impresa ISSN 1518-5370versión On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.22 no.64 Rio de Janeiro ene./mar 2021  Epub 30-Jul-2021

https://doi.org/10.12957/teias.%y.58021 

Entrevista

TRAMAS DA MEMÓRIA: entrevista com idealizadoras e editoras/or da Revista Teias

WEFTS OF MEMORY: interview with the creators and editors of the Revista Teias

TRAMAS DE LA MEMORIA: entrevista con los creadores y el editor/as de la Revista Teias

1Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

2Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)


Resumo

Fundadoras e editoras/or de Teias concedem entrevistas às atuais editoras no intuito de recuperar, pela memória de profissionais envolvidos com a criação da Revista, uma história dos movimentos realizados, no ano em que completa 20 anos de existência. São elas: Ira Maciel, Elizabeth Macedo, Ana Chrystina Mignot, Inês Barbosa de Oliveira, Nilda Alves. Participou, também, Rafael Marques Gonçalves que atuou como editor em tempos recentes. A coleta de perspectivas e memórias não se fez em modelo tradicional de live coletiva, com posicionamento de cada entrevistada/o e, futuramente, de transcrição. O que denominamos “roda de conversa” deu-se pela recriação de possíveis diálogos das/o entrevistadas/o, aprovados por elas/ele depois de organizados, redigidos, transcriados no texto a seguir. Inaugura-se uma forma de entrevista em tempos pandêmicos que não exigiu o face-a-face com as/o entrevistadas/o, mas a mediação escrita e metodológica das editoras para a construção e registro de uma história de Teias.

Palavras-chave: Revista Teias; memórias; 20 anos; editoras

Abstract

Founders and editors of Teias grant interviews to the current editors in order to recover, through the memory of professionals involved in the creation of the Revue, a history of the movements carried out, in the year that completes 20 years of existence. They are: Ira Maciel, Elizabeth Macedo, Ana Chrystina Mignot, Inês Barbosa de Oliveira, Nilda Alves. Rafael Marques Gonçalves, who acted as editor in recent times, also participated. The collection of perspectives and memories did not follow the traditional model of collective live, with the positioning of each interviewee and, in the future, transcription. What we call "conversation circle" was the recreation of possible dialogues of the interviewee, approved by him/her after being organized, written down and transcribed in the following text. It inaugurates a form of interview in pandemic times that did not require the face-to-face with the interviewee, but the written and methodological mediation of the publishers for the construction and registration of a history of Teias.

Keywords: Revista Teias; memories; 20 years; publishers

Resumen

Las fundadoras y editoras de Teias conceden entrevistas a las actuales redactoras para recuperar, a través de la memoria de los profesionales implicados en la creación de la Revista, una historia de los movimientos realizados, en el año en que se cumplen 20 años de existencia. Lo son: Ira Maciel, Elizabeth Macedo, Ana Chrystina Mignot, Inês Barbosa de Oliveira, Nilda Alves. También participó Rafael Marques Gonçalves, que actuó como editor en los últimos tiempos. La recogida de perspectivas y memorias no se hizo en el modelo tradicional de directo colectivo, con posicionamiento de cada entrevistado y, en el futuro, de transcripción. Lo que llamamos "círculo de conversación" se dio por la recreación de posibles diálogos de los entrevistados, aprobados por ellos después de organizados, escritos y transcritos en el siguiente texto. Inaugura una forma de entrevista en tiempos de pandemia que no requería el cara a cara con el entrevistado, sino la mediación escrita y metodológica de los editores para la construcción y registro de una historia de Teias.

Palabras clave: Revista Teias; recuerdo; 20 años; editoras

Em pé, da esquerda para a direita: Maria Arisnete Câmara de Morais (UFRN) Joy Costa Mattos (UERJ), Ana Ivenicki (UFRJ), Rosana Glat (UERJ), Antonio Viñao (Universidade de Múrcia), Ana Chrystina Mignot (UERJ) Libania Nacif Xavier (UFRJ), Adônia Prado e Ângela Martins (UniRIO). Sentado: José Gondra (UERJ) ao lado de Maria de Lourdes Tura (UERJ). Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 1 Lançamento de Teias no I Congresso Brasileiro de História da Educação, UFRJ, 2000 

Neste ano comemorativo dos 20 anos de Teias convidamos as/o impulsionadoras/or desse projeto editorial e antigas editoras a rememorarem sua participação na construção desta Revista. Ira Maciel, Elizabeth Macedo, Ana Chrystina Mignot, Inês Barbosa de Oliveira, Nilda Alves e Rafael Marques Gonçalves participaram desta entrevista, considerando que Jane Paiva, também integrante da equipe de criação, é editora atual. No cenário da pandemia, a coleta de perspectivas e memórias não foi realizada de maneira tradicional com a gravação, mas com o envio de questões e a composição do texto aqui apresentado como uma “roda de conversa”. O que denominamos “roda de conversa” é a recriação de possíveis diálogos das/o entrevistadas/o, aprovados por elas/ele depois de organizados e redigidos, inaugurando uma forma de entrevista em tempos pandêmicos que não exija o face-a-face das/o entrevistadas/o, mas a mediação escrita e metodológica das editoras para a construção de uma história de Teias. Uma história e não a história. A memória, como “[...] reconstrução atualizada do passado” (CANDAU, 2018, p. 13), é sempre uma formulação a partir do presente e envolve, necessariamente o esquecimento. Como construção ativa, apresentamos aqui um ponto de vista tramado a partir de outros.

Qual o contexto da demanda de criação, pela direção da EDU, de um Núcleo de Comunicação e de uma Revista acadêmica?

Ira:

Havia por parte da Direção da Faculdade de Educação (EDU) e de professoras/es um consenso em relação à necessidade de disseminar informações que dessem visibilidade ao trabalho desenvolvido pela Faculdade da Educação e que colaborasse para a construção da sua identidade. Eram diretor e vice-diretora na época (1996-1999) Isac João de Vasconcellos e Maria Luiza Pontes.

Quando realizei uma pesquisa que produziu mapeamento de projetos de extensão em toda a UERJ verifiquei que existia um quase desconhecimento das práticas de outras Unidades da Universidade. O que predominava era o isolamento/autocentramento ou uma apreensão superficial da prática das outras Unidades. Eram poucas as iniciativas em parceria e raros os projetos interdisciplinares. Era também visível o déficit no nível de interação entre Unidade/Instituição/Sociedade. Um Núcleo de Comunicação poderia potencializar as interações, disseminar projetos de pesquisa e extensão, entre outros objetivos. A aspiração da época era democratizar o conhecimento e estreitar o diálogo entre pesquisadoras/es de diferentes campos disciplinares que fossem interessadas/os nas questões de educação.

No contexto de criação do NUCOM estavam em destaque na comunidade acadêmica os debates sobre a era da informação, sociedade do conhecimento, era digital e temas relacionados às novas tecnologias educacionais da informação e comunicação (TICs), no âmbito da educação. Emergiam discussões sobre a implementação de projetos com base em novas tecnologias da informação e comunicação, discutia-se a potência de redes cooperativas virtuais, do impacto do hipertexto nos ambientes de aprendizagem.

Autores como: Pierre Bourdieu; Manuel Castells; Cornelius Castoriadis; Gilles Deleuze; Félix Guattari; Eni Orlandi; Edgar Morin; Muniz Sodré; Pierre Lévy; Jane Paiva, Nilda Alves entre outros, fundamentavam as discussões. Claro que a base epistemológica que nos movia era essencialmente Paulo Freire. Afinal, ele já tinha dado a régua e o compasso quando defendeu a indissolubilidade entre educação, comunicação e cultura e afirmou que só por meio da comunicação a vida humana poderia adquirir significado.

Por que essa tarefa foi dada a você, Ira?

Ira:

Iniciei as atividades na UERJ coordenando a criação do Centro de Tecnologia Educacional (CTE), o que envolveu interação com diversas Unidades da UERJ. Entre as metas, estava a de colocar as novas tecnologias a serviço da produção do conhecimento, veicular por meio de programas a produção da Universidade e ampliar o diálogo com a sociedade. Retornava do Curso de Mestrado em Tecnologia Educacional do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Atuei, em seguida, na equipe de Henrique Aquino, Sub-Reitor de Assuntos Comunitários (1988-1991), em diversos projetos que desenvolviam articulações com diferentes Unidades da UERJ e a comunidade do estado do Rio de Janeiro. Em 1992, construímos — e fui a primeira coordenadora — o Programa de Cidadania e Direitos Humanos da UERJ. Programa que articulava Unidades da UERJ e o Movimento Nacional de Direitos Humanos, Regional Leste 1.

Em 1998, retornava do Curso de Doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano, realizado na Universidade de São Paulo (USP) e as turmas já tinham sido distribuídas. O Núcleo de Comunicação Social tinha iniciado suas primeiras atividades e, naquele momento, era coordenado pela Profa. Raquel Villardi. Diante da impossibilidade de continuação da coordenadora e considerando meu perfil profissional e minha trajetória na Universidade, recebi o convite para a coordenação do NUCOM.

Já existiam outras Revistas na EDU?

Ira:

Não, a proposta foi inaugural. Naquele momento não existia outra Revista na Faculdade de Educação. Aliás, a Revista veio para preencher uma lacuna existente no estado do Rio de Janeiro que, apesar de sediar várias Faculdades de Educação, inclusive quatro Universidades Públicas Federais e duas Estaduais, estas não possuíam nenhuma Revista de Educação. A democratização das produções dos núcleos de pesquisa, de ensino e extensão era absolutamente necessária. Faltava uma publicação que fosse um veículo de problematização e reflexão sobre educação, cultura e cidadania. Era fundamental ampliar o diálogo entre pesquisadores dos diferentes campos disciplinares, interessados nas questões da educação.

Como foi o processo de organização da equipe? Quais foram os caminhos escolhidos e aqueles abandonados no percurso?

Ira:

A equipe foi organizada a partir do critério de representação, participação dos Departamentos tendo em vista o desenvolvimento de um processo de construção coletiva. A linha metodológica optou pela organização de uma rede de sujeitos que tivessem interesse em torno das finalidades de um núcleo de comunicação, aceitassem o desafio da cocriação do conhecimento e construção de propostas de solução criativa às demandas institucionais e educacionais.

Foi constituído um Grupo de Trabalho articulando professores dos diversos Departamentos da Faculdade de Educação. Em abril de 1998, o NUCOM passou a ser integrado pelas Profas. Ana Mignot, Isabela Frade (atualmente aposentada do IART), Jane Paiva, Maria de Lourdes Tura, Rosana Glat e Edil Vasconcellos representando os Departamentos da EDU e o Mestrado em Educação, sob a minha coordenação.

Este Grupo de Trabalho formulou uma nova proposta e definiu uma rota de interação com diferentes instâncias da Universidade que tivessem interfaces com o trabalho desenvolvido pelo NUCOM. Foi articulada, também, uma reunião ampliada com os docentes da Unidade, tendo em vista estabelecer um diálogo mais amplo, ajustar as propostas dos representantes departamentais a outros interesses, porventura não contemplados.

Duas metas foram priorizadas: elaboração de um pré-projeto para a construção da Home Page da Faculdade de Educação e a Revista da Faculdade de Educação.

Entre os caminhos escolhidos pela equipe, definiu-se que a Revista privilegiaria na organização temática a publicação de artigos que abordassem questões atuais relativas à educação no cotidiano escolar, nos movimentos sociais, no mundo do trabalho, nos meios de comunicação de massa, nas políticas públicas e em todas as manifestações da cultura, da arte e do pensamento. Visaria, também, propiciar diálogos plurais entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, especialmente latino-americanos do campo da educação e/ou de áreas afins.

Optou-se por uma publicação semestral, dirigida a profissionais da educação e a demais interessados na análise e busca de propostas criativas para o campo social. Promoveria, desse modo, a divulgação científica e o intercâmbio entre instituições, divulgando o conhecimento resultante de pesquisas, teses, dissertações, monografias e experiências, bem como a discussão desenvolvida em eventos específicos, realizados no estado do Rio de Janeiro, tendo em vista a compreensão e a crítica das múltiplas formas de inclusão/exclusão social. Pode-se apontar, em síntese, os seguintes objetivos para a publicação: a) democratização das produções resultantes de projetos de pesquisa, de ensino e de extensão sobre temáticas advindas de núcleos de pesquisa e de eventos específicos; b) estreitamento de diálogo entre pesquisadores de diferentes campos disciplinares, interessados em questões da educação.

Entre as discussões realizadas, houve atenção especial para a criação de mecanismos que favorecessem o caráter técnico-científico da publicação e padrões de periodicidade determinados. Para aprofundar essa questão, analisaram-se registros do II Encontro de Revistas da Educação. No evento, discutiu-se o quanto Revistas ligadas a Universidades, muitas vezes, acabam se fechando em si próprias e não dando conta de demais inovações ocorridas no campo da educação. Também destacava o fator limitante de entraves burocráticos, a falta de apoio financeiro e o pouco valor atribuído a periódicos acadêmico-científicos por parte das próprias Universidades. Estes fatores, segundo a percepção dos participantes, afetavam a produção gráfica e a periodicidade das Revistas. Outro aspecto destacado dizia respeito à necessidade de enfrentar problemas de distribuição para periódicos em maioria impressos, à ocasião. Para enfrentar esses desafios, o II Encontro gerou várias propostas e, muitas delas, seguramente, ao longo do tempo fizeram avançar não apenas o número de representantes presentes, pela criação de muitos novos periódicos, assim como organizar, em Natal, em 2011, na Reunião da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd), o Fórum de Editores de Periódicos da Área de Educação (FEPAE).

Estava claro para toda a equipe que seria indispensável mobilizar parcerias que articulassem diferentes esferas técnico-administrativas da UERJ para a publicação da Revista, otimizando a produção, sem replicar estruturas ou funções. Para viabilizá-la, foram constituídas e definidas normas de atuação para uma Comissão Editorial; um Conselho Editorial; e um Conselho Consultivo. Na medida das necessidades a Revista solicitaria a contribuição de Editores Convidados e de Consultores ad hoc. A mesma equipe definiu a estrutura de seções da Revista, e a maioria permanece ainda hoje. Acredito que a consistência do projeto possa ter colaborado para a longevidade de Teias.

Ana Chrystina:

Quando o Núcleo de Comunicação e Educação foi criado, a Faculdade de Educação não possuía uma Revista. Nem o seu Mestrado em Educação. A rigor, sem consultar documentos, penso que nem a UFRJ, UFF e PUC-Rio tinham. Universidades de outros estados já editavam suas revistas especializadas em educação. Para a criação de Teias, lembro de termos examinado mais de 40 revistas de várias áreas para elaborar a nossa política editorial e eleger um projeto gráfico. Cheguei do Congresso Lusobrasileiro de História da Educação, em Porto, em 2000, com várias revistas na bagagem. Também da Universidade de Barcelona trouxe a revista Memoria: Revista de Estudios Biográficos, à época editada pela premiada pesquisadora Anna Caballé, que muito nos inspirou do ponto de vista gráfico. Naquele momento, Estudos Históricos, da FGV, já trabalhava com a perspectiva de dossiês e editores convidados. Isto me parecia muito interessante, mas não foi o caminho que tomamos. Resolvemos organizá-la por eixos temáticos, com uma seção de entrevista e outra com uma característica muito desafiadora naquele momento em que nossos laços internacionais eram muito tênues ainda, pois era destinada aos artigos de autores estrangeiros convidados. Nela ampliamos a compreensão para estudos sobre educação no exterior. Uma decisão muito acertada logo de início foi que queríamos ser um periódico de circulação nacional e, por isto, não poderia ser endógena, algo difícil de ser entendido pelo corpo docente num primeiro momento. Fizemos uma proposta de Conselho Editorial com a participação de professores da PUC-Rio, UFRJ, UFF e UniRIO para a qual convidamos Ana Waleska Mendonça, Pedro Benjamin Garcia, Cecília Goulart, Ligia Marta Coelho, Ricardo Freitas e Ira Maciel que durante o tempo em que estive na equipe de frente, inicialmente com Maria de Lourdes Tura, Jane Paiva, Siomara Borba (que substituiu Ira posteriormente na representação do Departamento de Fundamentos da Educação) e outros se reunia com certa regularidade para aprovar eixos temáticos, sugerir autores e indicar livros para serem resenhados. Algumas vezes desempatavam pareceres, também. Tivemos a preocupação de pensar um Conselho Editorial constituído por professores de várias universidades do país, inclusive da nossa, e não aceitamos pressão para vetos de nomes. Ira Maciel foi fundamental nesse momento. Lançada a primeira chamada para o número 1 – Magistério, memória, história – recebemos a submissão de um volume significativo de artigos. Convidamos Antonio Viñao, da Universidade de Múrcia, Espanha – que havia conhecido no Congresso Iberoamericano de História da Educação Latinoamericana, em Santiago, Chile – para Elos, que nos enviou com extrema presteza um texto muito importante e referenciado posteriormente: Las autobiografías, memorias y diarios como fuente histórico-educativa: tipología y usos; Carlota Boto (USP) e Silvia Alicia Martinez (UENF) que nos encaminharam Sociedade portuguesa em revista: o método da escola e a escola como método no século XIX e Memória de professores: o processo de transformação da universidade argentina (1968–1976), respectivamente. José Gondra também assinou a entrevista feita com Babi Teixeira por ocasião do centenário de Anísio Teixeira. Contamos ainda com Margarida de Souza Neves e Clarice Nunes, dentre outros. Já tínhamos a Revista pronta, com nome e textos selecionados, e não sabíamos como viabilizá-la porque não havia recursos financeiros para a impressão. Maria de Lourdes Tura entrou no circuito e acionou seus conhecimentos na Universidade. Tivemos um encontro com o Prof. Ricardo Vieiralves, que viria a ser nosso Reitor anos depois, que nos encaminhou ao Prof. André Lázaro, então Sub-Reitor de Extensão e Cultura que, pronta e gentilmente, disponibilizou os recursos necessários. Maria de Lourdes acompanhou todo o processo de finalização da Revista (um trabalho hercúleo para quem estava se iniciando nesta tarefa) que ficou sob os cuidados do Laboratório de Comunicação Social da Faculdade de Comunicação Social, sob supervisão competente de Carmen da Mata. Demorou tanto tempo para o primeiro número ser publicado que, quando saiu, o editorial foi assinado por mim, Maria de Lourdes Tura, Jane Paiva e Siomara Borba porque Ira Maciel se desligara para assumir o cargo de Diretora de Ensino de Graduação. Foi substituída por Maria de Lourdes na coordenação. Mais adiante, quando ela se afastou, fiquei à frente.

Da esquerda para a direita: Babi Teixeira, filha de Anísio Teixeira, homenageado no primeiro número da Revista, com José Gondra (UERJ) ao lado de Maria de Lourdes Tura (UERJ). Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 2 Lançamento de Teias no I Congresso Brasileiro de História da Educação, UFRJ, 2000 

De quem partiu a ideia de um concurso para o nome da nova Revista? Como foi organizado?

Ira:

A proposta do concurso foi ideia minha em função de diversas variáveis. Teve como base minhas ansiedades como gestora do Núcleo, o próprio clima de cocriação do Grupo de Trabalho e a aspiração de atingir as metas do NUCOM. Considerávamos importante que a Faculdade de Educação ampliasse sua interação com as diversas Unidades da UERJ. A pergunta era como ampliar sua visibilidade? Como atrair e ampliar o diálogo entre os pesquisadores de diferentes campos disciplinares, nas questões da educação? Como construir apoios para a implementação do projeto da Revista da Educação?

No desenvolvimento do pré-projeto iniciou-se uma discussão se não seria melhor que a Revista de Educação fosse vinculada ao Mestrado em Educação. Apesar de o projeto já estar na fase de conclusão no Grupo de Trabalho do NUCOM, percebi que realizar esta mudança implicaria alocar mais tempo para o lançamento da Revista. Não havia consenso em relação a essa demanda e, em nossa percepção, qualquer postergação seria desnecessária. Afinal, o Mestrado já estava representado no NUCOM e tinha participado desde o início do projeto da Revista. O projeto tinha sido amplamente debatido, avaliado em todas as instâncias e atendia os critérios da comunidade científica.

Fui, então, apresentar e solicitar apoio à Sub-Reitoria de Graduação para implementação das metas do NUCOM. Na reunião, expressei meu desejo de conseguir patrocínio para realizar um Concurso para escolha do nome da Revista. Estava presente a assessora Alzira Lopes que se colocou à disposição para cooperar. Conseguiu, por meio de seu filho Pedro Lopes de Souza, proprietário de uma Agência de Turismo, a doação de duas passagens, para o(a) vencedor(a), a Nova York.

Considerei muito bem-vindo o patrocínio obtido, pois atendia a aspirações do NUCOM. Considerei, também, que a publicidade do Concurso poderia gerar uma situação de fato e, talvez, pudesse estancar a pressão pelo adiamento do lançamento da Revista. O Concurso foi lançado para a participação de toda a UERJ. Partimos para a composição da Comissão Julgadora, presidida por Ricardo Ferreira Freitas, professor da Faculdade de Comunicação da UERJ e, entre outros convidados, Ivana Bentes, da UFRJ, Ítalo Moriconi, também da UERJ. O Concurso teve a adesão de todas as Unidades da Universidade. Foram recebidas 830 inscrições e houve um excelente acontecimento de divulgação. A Comissão premiou a Profa. Elizabeth Macedo, que sugeriu o título Teias para a primeira Revista de Educação da UERJ.

Ao fundo, a professora Edmée Salgado (1999). Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 3 Cartaz do concurso para o nome da Revista que seria criada espalhado por corredores e rampas da Universidade, 2000 

Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 4 Aluna depositando sugestão de nome para a Revista na urna instalada no gabinete da direção da Faculdade de Educação, 1999 

Nilda:

Quando a Revista foi pensada, tendo Ira Maciel e Ana Chrystina Mignot à frente, entrei no concurso que foi feito para nomeá-la. O prêmio era uma viagem para Nova York (risos). Minha proposta era que a Revista se chamasse... REDES (risos). Teias, proposta de Elizabeth Macedo, ganhou porque o nome dizia mais acerca de tramas (risos).

Inês:

No meu caso, eu já trabalhava na Faculdade de Educação da UERJ quando Teias foi criada. Na época mandei sugestões de nomes que não foram contempladas. Como o nome Teias foi vitorioso, a Revista então começou a ser publicada em papel, naquela época. Não me lembro exatamente em que ano foi. Mas sei que era feita em papel pela DP&A editora, com a qual tínhamos muito contato lá no Programa. Então, eu conheci a Revista Teias antes mesmo de ela ser criada e ser chamada de Revista Teias.

Ana Chrystina:

Remexendo em fotos antigas, vejo que comemoramos a entrega do prêmio com uma festa no hall do 12o andar da UERJ. Tínhamos o nome Teias, ao qual acrescentamos Revista da Faculdade de Educação da UERJ. Posteriormente trocaram para Revista Teias.

E você, Beth, qual era a sua posição na Faculdade quando o concurso foi lançado e como soube dele?

Elizabeth:

Eu era professora da Faculdade concursada há não muito tempo. Acho que estava também na coordenação de graduação da Faculdade, atuava na graduação em Pedagogia e nas eletivas da Licenciatura. Do que me lembro, ainda não estava no ProPEd.

Por que Teias?

Elizabeth:

Entrei no concurso com vários nomes, todos mais ou menos com a mesma ideia de fractal ou de um empacotamento desordenado, tridimensional, que se mantém agregado pela interdependência. O nome Teias, finalmente escolhido pela comissão, ainda permitia dar conta de que tais agregados podem ser muito distintos, tanto em sua estrutura quanto em sua finalidade. A teia nutre, serve de ninho, abriga, ajuda na mobilidade. Interessante que talvez tenha sido o único nome dos que sugeri que era material – os demais tinham mais a ver com modelos matemáticos – e mais do que isso, algo produzido pelas aranhas com seus próprios fluidos, uma espécie de extensão das entranhas. Mas isso acho que não pensei na época, porque toda a discussão neomaterial ainda não estava tão forte por aqui. Em texto recente, em coautoria com Thiago Ranniery, a aranha que se insinuou neste nome, como uma premonição, talvez, voltou de forma mais intensa. Nele, defendemos que as aranhas nos desafiam “[...] a uma exploração sobre a implicação mútua e intersubjetiva, a inseparabilidade entre sujeito e mundo, entre eu e o outro e, também, sobre materialidade e relacionalidade”. Tomamos a aranha, as teias e o mundo em sua indiscernibilidade para argumentar que “[...] nenhuma política precisa nos fazer desembocar na ‘escolha infernal entre identidade e indiferenciação’ (MASSUMI, 2017, p. 98)” (MACEDO, RANNIERY, 2018, p. 748).

Da esquerda para a direita: o diretor Isac João de Vasconcellos; a vice-diretora Maria Luiza Pontes; Rosana Glat diretora eleita; Elizabeth Macedo e Ira Maciel, coordenadora do NUCOM. Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 5 Cerimônia de entrega do prêmio à vencedora do concurso do nome da Revista, 1999 

Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 6 Elizabeth Macedo recebendo o prêmio de duas passagens para Nova York, das mãos de Pedro Lopes de Souza, proprietário de agência de turismo parceira, 1999 

O que significou a premiação para você?

Elizabeth:

O concurso foi um acontecimento que mexeu muito com a EDU naquele momento, e que serviu mesmo para tornar a Revista um pouco mais nossa, mesmo antes de ela existir. Um acerto da comissão, em especial da Ana Chrystina [Mignot], que fez do concurso uma mega promoção, com prêmio e comissão de julgamento de alto nível. Claro que, com isso, a felicidade de ganhar foi muito grande, talvez uma sensação de estar criando teias na UERJ. Para alguém que chegava na instituição, algo muito significativo. Ao mesmo tempo, o prêmio era duas passagens para Nova York, o lugar de que mais gosto no mundo, num momento em que ainda podíamos voar por aí [parece tão longe]. Lembro bem da viagem, num fim de semana de maratona em NY em que não tinha hotel livre na cidade. Acabei ficando num hotel, na época, muito simples chamado Washington-Jefferson. Quando chegamos, reparamos que ali tinha sido filmado “Trapaceiros”, do Woody Allen. O hotel não ficou melhor, mas teve seu charme.

Você se recorda do número de concorrentes e de outras propostas?

Elizabeth:

Não me lembro de isso ter sido divulgado. Mas só eu coloquei muitos nomes. Todo dia eu botava vários, as pessoas até brincavam comigo, mas eu estava decidida a ganhar.

Como foi produzida a escolha da logomarca, a arte de capa do início de Teias?

Ira:

A criação da logomarca foi proposta de Adriana Melo, uma artista sensível e criativa que poderia expressar a mensagem latente no Projeto. Formulou a proposta e fez um teste de recepção com os integrantes do NUCOM. A Profa. Jane Paiva foi uma das interlocutoras mais atuantes para definição da proposta final da logomarca. A imagem precisava encarnar as intenções de um diálogo plural, a construção de pontes e redes institucionais, as contínuas relações e interações necessárias para a construção do conhecimento.

Como foi seu ingresso na equipe (e no Núcleo) que passou a organizar a nova revista da EDU, Ana Chrystina?

Ana Chrystina:

Logo depois que concluí meu doutorado na PUC-Rio, fui convidada para integrar o Núcleo de Comunicação e Educação, o que me deixou muito animada por se tratar de uma atividade acadêmica extremamente desafiadora. Criado na Faculdade de Educação, em 1998, na gestão de Isac João de Vasconcellos, seus objetivos, em linhas gerais, eram permitir que a Unidade incorporasse as novas tecnologias nos processos de formação, participasse do debate e iniciativas acerca da democratização da internet e, sobretudo, dar maior visibilidade à produção acadêmica. O corpo docente já tinha um significativo número de doutores que se beneficiaram das políticas de formação docente da Universidade que visavam incentivar a titulação de seus quadros, com licenças inclusive para os que cursavam doutorado fora da cidade e redução da carga horária em turmas para aqueles que estudavam em Programas de Pós-graduação sediados no Rio de Janeiro. Vivíamos um momento de profundas mudanças no nosso modelo de universidade. Os debates sobre a carreira docente já apontavam para não mais realizar concursos para auxiliares e praticamente todos eles se voltavam para assistentes e alguns para adjunto. Nesse contexto institucional, a Direção criou alguns núcleos que não eram organizados com a rigidez que orienta a divisão departamental. Neles estavam, portanto, reunidos professoras de diferentes departamentos: Ira Maciel, Maria de Lourdes Tura, Jane Paiva, Isabela Frade e eu que fui convidada para representar o Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino. Com a criação do Instituto de Artes, Isabela se afastou. Das atividades desenvolvidas a que mais me mobilizou foi a criação da Revista, mesmo porque Ira Maciel e Jane Paiva entendiam muito mais das demais tarefas que diziam respeito ao Núcleo de Comunicação e Educação do que eu. Já tinham, inclusive, clareza de que poderiam ser criados cursos não presenciais para a formação de professores, o que para mim era algo muito difícil de vislumbrar e executar. Lembro que as primeiras demandas envolviam o cabeamento de internet do 12o andar, o que exigia conversas com a Diretoria de Informática e com a Prefeitura do Campus (Maracanã), mais um constante ir e vir a vários setores da Universidade, tarefas que Ira, que coordenava o Núcleo, sabia articular muito bem porque havia atuado na administração central em outros momentos. Uma das parcerias mais importantes que conseguiu se deu com Ricardo Freitas, da Faculdade de Comunicação Social, que foi incansável na ajuda e orientação. Graças ao empenho dela, conseguimos engenheiros e técnicos de informática que ajudaram no projeto para passar os cabos por todos os andares, assim como o primeiro computador, a impressora e uma sala finalmente com internet.

Na frente, da esquerda para a direita as professoras Maria Luiza Tindó; Ana Maria Magaldi; Ana Chrystina Mignot; Suzana Brunet Camacho e Andrea Caruso (estudantes da graduação e bolsista da Revista, respectivamente); e Jane Paiva, da Comissão Editorial de Teias e do NUCOM. Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 7 Lançamento de Teias na Faculdade de Educação, 2000 

E qual foi o modelo pensado, o público, a periodicidade?

Ana Chrystina:

Teias nasceu com vocação para ser uma Revista de natureza acadêmica, com tiragem de 1.000 exemplares, destinada a professores e estudantes da pós-graduação e da graduação, com o compromisso de ser publicada semestralmente, tarefa muito difícil para uma Revista pertencente a uma Faculdade de Educação que contava com minguados recursos num estado que vive sempre na corda bamba para quitar seus compromissos com fornecedores e folha de pessoal, mesmo obtendo pequenos apoios financeiros da Sub-Reitoria de Graduação, que passou a ter à frente o antigo diretor da Faculdade de Educação, Isac João de Vasconcellos.

Quem mais participava da equipe e como se dividiam os trabalhos?

Ana Chrystina:

Para manter o fluxo das avaliações, fundamental para a periodicidade, contamos com bolsistas de extensão e, posteriormente, uma do Programa de Apoio Técnico (Proatec). Desde o primeiro número enviamos exemplares para várias faculdades e programas de pós-graduação em educação do país e de outros países, em regime de permuta, e recebíamos uma quantidade igualmente significativa de periódicos que encaminhávamos à Biblioteca do Centro de Educação e Humanidades, o que contribuiu para melhorar significativamente o nosso acervo. Lembro de estagiários, em especial de Andrea Caruso que esteve mais tempo na Revista, trabalhando para colocar os exemplares em grandes envelopes que eram despachados pelos correios de nossa Universidade, um serviço caro com o qual não poderíamos arcar com recursos próprios, visto que eram inexistentes. Também eram responsáveis por manter os arquivos com exemplares da Revista, os originais de artigos que chegavam pelos correios acompanhados de disquetes e pareceres impressos em papel. Cuidamos, assim, desde o início, da memória de Teias, esperando talvez que um dia alguém viesse a estudá-la.

Quem foram as editoras seguintes e como se deu sua saída da Revista?

Ana Chrystina:

Uma das características da Revista que foi discutida e aprovada no Conselho Departamental era o seu pertencimento. Tratava-se de uma publicação da Faculdade de Educação. Tudo foi submetido ao seu colegiado máximo. O primeiro número saiu na gestão de Rosana Glat que assinou inclusive o texto de apresentação e manteve aquilo que fora anteriormente definido: a Revista ficaria aos cuidados de professores dos vários departamentos. Da composição original do Núcleo de Comunicação e Educação apenas eu ainda permanecia, quando saí. De longe, penso que isto se deu porque nossa diretora acreditava na necessidade de permanente renovação na editoria de revistas. Apesar de ter ficado decepcionada, atualmente tendo a concordar com esta opinião. Lembro que me sucederam Rita Ribes e depois Donaldo Bello de Souza e Lia Faria, dentre outros. Não tenho muito precisas essas datas e teria que consultar relatório detalhado entregue à direção, mas creio que saí em 2002 e me lembro que cuidei dos números 3 e 4 que versaram sobre Escola, cidadania, exclusão social e Conhecimento, sociedade, educação, cujos editoriais vejo que assinei com Luiz Cavallieri Bazílio e Rita Ribes e, o outro, com estes dois mais Donaldo Bello de Souza, o que indica que já estava havendo transição. Os números 5 e 6 deixei adiantados ou com as chamadas divulgadas. Já faz muito tempo e não tenho certeza. Uns anos depois, quando houve nova eleição da direção da Faculdade de Educação, recebi de Nilda Alves, então coordenadora do nosso Programa de Pós-graduação em Educação, a incumbência de conversar com Eloíza Oliveira para solicitar que Teias passasse ao ProPEd. A diretora não colocou obstáculos e a Revista que vinha enfrentando sérias dificuldades financeiras para manter a periodicidade ficou conosco. Sem recursos da Universidade para tocar o trabalho e sem atender aos critérios das agências de fomento para submeter projetos com vista à obtenção de financiamento, algumas colegas defenderam que ela passaria a ser uma publicação digital, numa reunião de colegiado. Não tive argumentos para contrapor nem competência para dirigir o periódico nesse novo formato. Outras professoras assumiram o desafio. O tempo da Revista em papel tinha chegado ao fim.

Inês, você é de uma geração de editoras mais recente da Revista, a quem você sucedeu neste trabalho?

Inês:

Em 2008, sucedi na editoria da Revista a professora Raquel Goulart Barreto que vinha trabalhando junto com a professora Nilda Alves e mais uma pessoa, que já não me lembro mais exatamente quem era. Elas estavam começando a recuperação da Revista, trazendo-a para o ProPEd porque a Faculdade de Educação já não tinha mais condições de editá-la. Como era impressa, os custos inviabilizaram sua continuidade. Assim, em 2006 ou 2007, ao ser assumida pelo ProPEd, Teias foi transformada de uma Revista impressa em publicação online. Nesse período, elas fizeram algumas publicações, propuseram números únicos anuais para preencher o período em que a Revista ficou fora do ar, acho que dois ou três anos, inseriram a Revista em uma série de indexadores necessários naquela ocasião para que a Revista pudesse, então, começar a decolar, sendo não mais uma Revista da Faculdade de Educação mas do Programa de Pós-Graduação em Educação, não mais uma Revista impressa, mas uma Revista online.

Como se deu a apreensão de Teias pelo Programa de Pós-graduação em Educação? Como se deu a mudança da EDU para o ProPEd?

Nilda:

Quando uma diretora da Faculdade (cujo nome não pronuncio, nem escrevo) resolveu que não tinha mais interesse na Revista, tivemos uma conversa em um colegiado do ProPEd para ver se assumíamos. Ficou decidido que sim, com a minha coordenação (e gasto de dinheiro de meus projetos para isto; como foi no início da página do ProPEd, aliás...). Decidiu-se que seria online e que iríamos recuperar desde o primeiro número por este meio – deu um “trabalho de cão”, pois precisamos pedir a todos os autores de artigos licença para publicarmos online; fomos uma das primeiras revistas que migrou para o online (acho que foi a primeira, mas não vou garantir). Pedi ajuda de Inês (que assumiu depois que todos os números foram colocados online), Paulo Sgarbi (que estava no ProPEd) e deu um trabalho louco, pois era contra o template; queria algo mais livre, mas não sabia dizer como fazer isso; eu tive que brigar com ele dizendo: “trabalhando com imagem, claro que quero algo mais ágil, mas ninguém sabe agora como fazer isto, logo, ficamos com o template”); Raquel Barreto; e, claro, Alessandra Nunes Caldas estava por perto.

Inês:

Quando se sentiu necessidade de voltar a fazer Teias, num momento mais difícil da Faculdade de Educação, surgiu a sugestão de trazer a Revista para o ProPEd. Era, também, o momento em que isso começava a ser valorizado pela Capes para avaliação do Programa. Naquela época, almejávamos a nota 7. Então, Teias foi trazida por Nilda com a ajuda de Raquel (Goulart) que logo assumiu a chefia da editoria. Pelo que me lembro, Elizabeth Macedo participou desse processo, mas confesso não saber ao certo quem mais poderia estar envolvido.

De que maneira aconteceu seu ingresso na Revista, Inês?

Inês:

Meu ingresso na editoria da Revista foi logo no início de sua incorporação pelo ProPEd. Raquel não queria continuar. Na época, ela era uma pessoa muito ligada às mais recentes tecnologias, por isso a importância de sua presença na migração do formato impresso para o formato online e para as atividades com indexação e essas coisas que eram mais facilmente factíveis por pessoas ligadas ao trabalho com tecnologias, que era o caso de Raquel. Ela fez esse trabalho, mas não queria continuar como editora. Então, Nilda me pediu para assumir a Revista. Raquel ainda me socorreu por um tempo, me ajudou bastante até eu sentir mais segurança e liberá-la desse trabalho e assumir autonomamente a chefia editorial da Revista. Isso aconteceu mais ou menos em 2008 se a memória não me falha. A Revista já havia publicado alguns números online, números aglutinados de um ano inteiro, visando a manter a coerência da proposta e da publicação e a continuidade da publicação, importante para sua valorização. Então, publicaram-se com atraso números de anos anteriores para cobrir lacunas. Quando isso estava atualizado e a Revista indexada, Raquel então quis sair e eu assumi a editoria chefe da Revista.

Poderia apontar as principais ações ao longo dos dez anos desse trabalho?

Inês:

Eu fiquei à frente da Revista pouco mais de dez anos. Foi o momento que tentamos tornála mais adequada e com um Qualis mais apropriado a um programa 7 na Capes. Éramos um programa 6 e fomos desenvolvendo uma série de ações para retirar a Revista de um Qualis baixo — acho que éramos B4 — para um Qualis melhor que esse, almejando, inicialmente, o B1 para depois tentarmos o A2. Fomos fazendo uma série de esforços que envolveram bolsistas, novos colegas no comitê editorial, tentativa de parcerias na comissão editorial e outras ações de aperfeiçoamento da Revista. Pude contar com algumas pessoas de muito boa vontade. Lembro que Leila Nunes foi uma parceira importante e era uma possibilidade para assumir o meu lugar na chefia editorial. Mas acabou que os processos começaram a se alongar. A gente conseguiu vários financiamentos Faperj – foram quatro entre 2008 e 2014, cada um com duração de dois anos – para poder editar a Revista, pagar revisão, editoração e uma padronização mais caprichada. Mexemos no layout da Revista criando um mais apropriado a uma Revista online. Pudemos fazer um trabalho ainda com novas indexações, também importantes para os estratos mais altos do Qualis. Enfim, com esses financiamentos e essas ações, conseguimos uma ajuda muito importante, mais tarde, de um estudante de doutorado, que tinha muito interesse, muita experiência em Juiz de Fora com a editoria de periódicos. Rafael Marques Gonçalves praticamente assumiu todo o trabalho de editoria da Revista me deixando bastante tranquila para cuidar dos financiamentos e do contato com a equipe de revisão e padronização, além, é claro, das ações que envolviam a política da Revista e de suas relações com o próprio ProPEd. Nas quatro vezes em que Teias foi contemplada com verba Faperj, sendo que a última, já em plena crise do estado e a gente não recebeu os recursos, foi possível uma sala para muitas coisas importantes que ajudaram a nos fazer sair do nível B4 e chegar, perto do final da minha gestão, ao nível B1, que já era um nível bastante aceitável no Qualis anterior em que tínhamos A1, A2 e B1 como as Revistas consideradas de melhor nível para publicação de autores de excelência.

Para vocês, quais foram as principais dificuldades enfrentadas?

Ana Chrystina:

As dificuldades financeiras enfrentadas para publicar o primeiro número me animaram a procurar uma saída de natureza duradoura. A Revista havia sido avaliada apenas com seu primeiro número publicado pela primeira Comissão de Avaliação de Periódicos da Capes coordenada, se não me engano, por Osmar Fávero e da qual Elizabeth Macedo participou e nos colocou a par dos critérios adotados. Teias ficou no estrato C. Precisávamos cuidar com atenção da periodicidade. Procurei o editor da EdUERJ para fazer nossa Revista. O Prof. Ivo Barbieri, nosso querido ex- Reitor, muito amável como sempre, me explicou que a editora enfrentava dificuldades para atender a demanda de livros e, por isso, não assumia as revistas da Universidade. Depois de muita conversa, de ver a qualidade do primeiro número e tomar conhecimento de que havia sido citada numa nota elogiosa no Boletín de la Sociedad Española de Historia de la Educación e ouvir outros argumentos insistentes que devo ter usado para convencê-lo, acertamos nossa publicação. De fato, se o primeiro número estava excelente, o segundo não ficava atrás. Elizabeth Macedo deu importante colaboração informal pois era Currículo, cultura e cidadania o eixo temático escolhido e para o qual contamos mais uma vez com Antonio Viñao e, ainda, Agustín Escolano e José Pacheco, como autores estrangeiros. Passamos à etapa de revisão. Quando recebemos a Revista fiz uma última leitura para aprovar a impressão. Depois de uns dias, comentei com uma funcionária da editora que havia problema em um dos textos no qual a autora trabalhava com Bourdieu, pois em várias vezes nas quais aparecia a palavra campo, o revisor substituíra por espaço, lugar, área, âmbito etc. Passado um tempo significativo, finalmente, saiu publicada, com revisão feita por uma nova e criteriosa equipe contratada, chefiada por Dau Bastos, que atuou por longo tempo na editora. A periodicidade, no entanto, já estava comprometida.

Nilda:

Falta de verba e muita dificuldade de migrar do papel para o online.

Inês:

Acho que vale concluir dizendo que nesse período procuramos organizar dossiês com participação de colegas do exterior, com atenção para a diversidade institucional e regional dos autores, além da rubrica Elos, em que sempre um autor estrangeiro tinha que estar. Fizemos o mesmo com o nosso comitê de pareceristas e pudemos encorpar nossa equipe da comissão editorial. Tudo isso ainda diz respeito às ações desenvolvidas nesses últimos dez anos de trabalho. Com relação às dificuldades, foi sempre muito difícil institucionalizar a Revista. Apesar de eu ter contado com o apoio de alguns colegas, isso foi sempre esporádico. Em relação ao próprio ProPEd eu acabei ficando muito só na Revista. É o desafio que permanece: o de tornar a Revista uma responsabilidade maior do ProPEd, envolvendo-o institucionalmente e aos colegas. A gente pôde, também, desde a criação da Associação Brasileira de Currículo (ABdC), em 2011, criar o dossiê em parceria com a Associação, o que foi muito importante para ter autores de projeção nacional e internacional na Teias. Mas nunca foi fácil. Muita solidão. Depois que a Faperj parou de financiar, 2012 foi o último recurso em edital, nós trabalhamos basicamente sem verba nenhuma, na base mesmo da cooperação. Enfim, deu mais ou menos certo, mas se a gente pudesse ter tido uma institucionalidade maior, um apoio maior da Universidade, talvez pudéssemos ter chegado um pouco mais longe.

Rafael:

Destaco a falta de financiamento e ausência de equipe com mais pessoas para auxiliar nos processos e fluxos editoriais.

Qual a equipe que trabalhou com você ao longo desses anos, Inês?

Inês:

Com relação à equipe, trabalhei em um primeiro momento com Suzana Marques, que era uma bolsista de apoio técnico que me ajudava com submissões e outras coisas pontuais. Mas isso foi muito no início, a Revista não era muito procurada. Depois eu fiquei muito só. Contei com a ajuda pontual de colegas que voluntariamente contribuíram com a Revista. Depois, basicamente trabalhei com Rafael Marques Gonçalves e com o apoio da editora, não mais a DP&A que a editava no começo, mas agora a DP et alii, uma editora que sucedeu a anterior e que foi sempre muito parceira. Inclusive quando não havia verba para padronização e revisão, fazia o trabalho voluntariamente como colaboradora do Programa. Quando conseguíamos alguma verba, pagávamos o que se tinha feito. Foi uma parceria muito importante.

Em um determinado momento houve a migração do site da Revista do ProPEd para o Portal da Uerj, um pouco uma faca de dois gumes. Porque ao mesmo tempo que institucionalizou a Revista e nos permitiu inclusive atribuir DOI e entrar em um período em que as exigências aumentaram, sendo capazes de atendê-las porque estávamos no Portal da Universidade, por outro lado o Portal também enfrentou muitos problemas ao longo da crise do estado, a partir de 2015 até 2018, e mesmo 2019. E, finalmente, quando saiu o Qualis intermediário de 2019, no apagar das luzes dw nossa gestão, a gente conseguiu uma classificação melhor no extrato A2 da Capes, porque conseguimos também a aprovação da Revista no Scielo Educ@. Com isso, atendemos um critério para ser A2 que a gente não tinha conseguido até então. Esse A2 deriva ainda fundamentalmente do nosso trabalho com a colaboração de Rafael. Nesse movimento, mais uma vez a Profa. Elizabeth Macedo foi muito importante por ter podido, como membro da comissão, advogar em favor da nossa Revista que estava, de fato, com nível bem alto e se tornou uma Revista de forte impacto nacional. Agora, de fato, temos esse patamar A2. Eu acho que eu e Rafael deixamos a Revista com a sensação do dever cumprido, porém, cientes do grande desafio que é trabalhar sem verba, sem condições de profissionalizar mais amplamente uma Revista que tem de manter um padrão de qualidade muito alto.

E você, Rafael, como foi seu primeiro contato com Teias?

Rafael:

Meu contato aconteceu durante a Graduação, entre os anos de 2005 a 2008, com a leitura de artigos recomendados pelos professores do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Desde então a Revista Teias, devido à sua natureza e qualidade de textos publicados, passou a ser uma referência para estudos. No ano de 2011 tive meu primeiro artigo aprovado e publicado na Revista, intitulado O cotidiano escolar em tempo integral: alternativas emancipatórias, em coautoria com a Profa. Luciana Pacheco Marques, fruto de estudos e pesquisas desenvolvidas durante o curso de Mestrado em Educação.

O ingresso nas atividades da Revista ocorreu no ano de 2014 como atividade complementar do curso de Doutorado em Educação, no ProPEd.

Quais foram suas atividades na Revista?

Rafael:

Inicialmente, atuei como auxiliar de Secretaria, durante o ano de 2014, operando o sistema OJS. Após a saída da servidora da secretaria do ProPEd da equipe da Revista passei a realizar algumas atividades editoriais, como envio de textos para avaliação e preparação de manuscritos finais para publicação das edições. Entre os anos de 2015 a 2019 atuei como Editor Gerente do Sistema. Desde 2017 até os dias atuais atuo como membro do Conselho Editorial. Além do trabalho com a Profa. Inês, trabalhamos também com Nathália, da Eduerj, e Antonio De Paulo, diagramador.

Poderia apontar as principais ações, os momentos mais significativos que você viveu no trabalho com a Revista Teias?

Rafael:

No ano de 2015, foram realizadas todas as etapas necessárias para registro da Revista como projeto de extensão, regra da Uerj, para a entrada da Revista no Portal de Periódicos oficial da Instituição. Também trabalhei na adequação e melhorias no layout da Revista. Ainda sobre a migração de Teias para o Portal institucional, destaco a atribuição do DOI, em conjunto com a EdUerj. Ao longo dos anos, foram realizados outros procedimentos, conforme indicações da área de avaliação da Capes, a classificação Qualis, cadastro em novos Indexadores e, em especial, a submissão da Revista para indexação junto ao Scielo Educ@.

E quais as experiências mais marcantes vividas ao longo desse trabalho, Rafael?

Rafael:

Durante os anos que atuei junto a Teias foram inúmeras as experiências que marcaram minha trajetória profissional, hoje como professor da Universidade Federal do Acre. Atuar na Revista possibilitou ampliar meus conhecimentos como Editor de Periódico e fazer parte do Fórum de Editores de Periódicos (FEPAE, ligado à ANPEd). Contudo, destaco a aprovação da Revista para a indexação junto ao Scielo Educ@, pois foram dois anos desde o preenchimento inicial da proposta, aprovação e adequação de Normas.

Sua passagem por Teias teve desdobramentos na sua vida acadêmica? Se sim, quais?

Rafael:

Sim! A atuação junto a Teias me colocou em contato com o FEPAE, com outros Editores e ampliação de currículo que possibilitou, em conjunto com outras experiências, a aprovação como Membro do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Educação (RBE) da Anped.

Vocês gostariam de acrescentar algumas palavras finais?

Ira:

Gostaria de parabenizar toda a equipe que sustentou por estes 20 anos a produção da Revista Teias. Somos testemunhas dos enormes desafios do campo editorial e do alto investimento de todos para o alcance do nível de qualidade e o reconhecimento alcançado na comunidade científica.

Sinto orgulho de ter semeado e construído coletivamente o Projeto da Revista Teias. Ainda está na memória a parceria inicial com as colegas Ana Mignot, Isabela Frade, Jane Paiva, Maria de Lourdes Tura, Rosana Glat e Edil Vasconcellos. Quero reconhecer a dedicação de Inês Barbosa nos dez anos em que esteve como editora e ressaltar a contribuição fundamental de Jane Paiva, atual editora, que esteve ativa, cooperativa, desde o primeiro número da Revista.

Ressaltar a necessidade de a comunidade da Revista Teias problematizar, refletir e resistir às ameaças do Governo atual à educação pública. Os ataques atingem a democracia brasileira. Vivemos um momento de colapso social, destruição, desumanização que requer a instauração de diálogo entre pesquisadores de diferentes campos disciplinares sobre as questões da educação.

O momento de pandemia do coronavírus pede a todos imaginar novas formas de agir politicamente, convocando os educadores a repensarem alternativas para a construção de uma sociedade mais igualitária, solidária e justa.

Elizabeth:

Depois de um período em que a Revista foi descontinuada, foi muito bom que tenhamos podido trazê-la para o ProPEd, fazendo edição online como a maioria das revistas hoje na área. Julgo que a Revista tem uma importância grande para a área de educação, na medida em que está entre as mais citadas da área no país. Em função da visibilidade do ProPEd, não temos dificuldade de captar bons textos, o que, junto com uma avaliação de qualidade, faz uma boa revista. Afinal, a boa revista é aquela que capta a confiança da área tanto quando os pesquisadores submetem seus textos quanto quando se busca boa literatura. O Programa de Pós-graduação cuida da Revista com muito compromisso: investe tempo, trabalho e, também, recursos financeiros. É muito bom ter revistas de acesso aberto, mas é preciso discutir como serão custeadas e o que será priorizado para definirmos uma boa revista, sob pena de privilegiarmos as grandes corporações. Teias tem sofrido muito dessa dificuldade de financiamento: demorou para conseguir custear o DOI; luta a cada número para produzir os xml necessários para o Scielo e o Educa; em alguns momentos, tem mesmo dificuldades para custear revisão ou contar com um secretário. Mas segue contando com a confiança da comunidade acadêmica e isso nos enche de orgulho.

Ana Chrystina:

Para dar visibilidade e assegurar maior circulação de Teias adotamos algumas estratégias. Por uma feliz coincidência, o lançamento da Revista se deu no I Congresso Brasileiro de História da Educação, em 2000, na UFRJ, que teve Antonio Viñao – autor de um dos artigos – em nossa cidade como conferencista convidado de um importante evento e espaço de divulgação. Depois, fizemos um lançamento no hall do 12o andar, na Faculdade de Educação, quando recebemos professores de várias universidades do Rio de Janeiro e a nossa querida e saudosa Reitora, Profa. Nilcéa Freire. Além da permuta que fazíamos com revistas de outras universidades, todos os professores e professoras que viajavam para congressos passavam na sala da Revista e levavam exemplares para darem aos colegas. Todos os visitantes que chegavam para reuniões, conferências e bancas também a recebiam. Desde seu primeiro número, Teias funcionou como um cartão de visitas e um importante dispositivo de articulação acadêmica do qual todos nós nos orgulhávamos e, ainda, nos orgulhamos.

Inês:

Quero terminar desejando muito bom trabalho às Profas. Jane Paiva e Paula Leonardi que já estão fazendo um trabalho ótimo desde que assumiram a Editoria. Teias tem saído no prazo, com qualidade ao longo desse primeiro ano de nova gestão e eu espero que continue assim.

É um modo de reafirmar a importância das pesquisas da área, de resistir às ações de desmonte da pós-graduação e da pesquisa no país e de nos manter ativas na luta pela educação pública de qualidade social e por tudo o que ela pode gerar de positivo.

Da esquerda para a direita Jane Paiva; Maria de LourdesTura; Isabela Frade; Ira Maciel; Ana Chrystina Mignot; e Rosana Glat. Fonte: arquivo pessoal de Ana Chrystina Mignot.

Figura 8 Equipe original do NUCOM, responsável por Teias na entrega do prêmio do concurso para a escolha do nome da Revista, com a diretora eleita da Faculdade de Educação, 1999 

REFERÊNCIAS

CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2018. [ Links ]

MASSUMI, Brian. O que os animais nos ensinam sobre política. Trad. Francisco Trento; Fernanda Mello. São Paulo: n-1 edições, 2017. [ Links ]

MACEDO, Elizabeth; RANNIERY, Thiago. Políticas públicas de currículo: diferença e a ideia de público. Currículo sem Fronteiras, v. 18, n. 3, p. 739-759, set./dez. 2018. [ Links ]

Recebido: Fevereiro de 2021; Aceito: Fevereiro de 2021

Informações das autoras

Jane Paiva

Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

E-mail.janepaiva27@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3501-8740

Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/3049044829510326

Paula Leonardi

Profª. Drª. Faculdade de Educação e Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

E-mail: leonardi.paula@gmail.com

ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4046-9703

Link Lattes: http://lattes.cnpq.br/6930629041565848

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