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Revista Teias

versión impresa ISSN 1518-5370versión On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.22 no.67 Rio de Janeiro oct./dic 2021  Epub 23-Feb-2023

https://doi.org/10.12957/teias.2021.53580 

Artigo

INVENÇÕES NA\DA ESCOLA: movimentos estéticos com a massinha

INVENTIONS IN THE SCHOOL: aesthetic movements with pasta

INVENCIONES EN LA ESCUELA: movimientos estéticos con pasta

Bianca de Menezes Castro da Silva1 
http://orcid.org/0000-0002-5173-4739; lattes: 0621295774636679

1Universidade do Estado do Rio de Janeiro E-mail: biancamenezescastro@hotmail.com


Resumo

O cotidiano na\da escola fugaz e aiônico, posicionado pelas crianças, está expresso neste artigo que tem como objetivo sentir a dimensão das relações estéticas na elaboração das aulas e horizontalizar os saberesfazeres tecidos pelos corpos no currículo praticado. Nesse sentido, a metodologia utilizada é da práticateoriaprática, ou seja, as práticas que forem surgindo pelas alunas e pelos alunos serão dialogadas com autores que ajudem a questionar a prática educativa para que, posteriormente, possamos criar novas práticas em decorrências dos desejos e confrontos. Uma aula feita na escola pública, situada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, com crianças do quarto ano, coloca em jogo a lógica da ruptura cotidiana que proporciona outras possibilidades na sala de aula, com práticas instintivas e pensadas das crianças como: pintar, bagunçar, experimentar e criar, movimentamos a obra estética do currículo feito no dia a dia. Portanto, vemos as pistas éticas e estéticas para a democratização microbiana das escolas que são feitas nas alteridades infantis.

Palavras-chave: currículo; arte; corpo

Abstract

The daily life in \ the fleeting and ionic school, positioned by the children, is expressed in this article which aims to feel the dimension of the aesthetic relationships in the elaboration of the classes and to horizontalize the knowledge woven by the bodies in the practiced curriculum . In this sense, the methodology used is the practical theory, that is, the practices that arise by the students and the students will be discussed with authors who help to question the educational practice so that, later, we can create new practices as a result of desires and confrontations. A class held in the public school, located in the west of the city of Rio de Janeiro, with children of the fourth year, puts at stake the logic of everyday rupture that provides other possibilities in the classroom, with instinctive and thoughtful practices of children such as: painting, messing up, experimenting and creating, we move the aesthetic work of the curriculum done on a daily basis. Therefore, we see the ethical and aesthetic cues for the microbial democratization of schools that are made in children's otherness.

Keywords: curriculum; art; body

Resumen

La vida cotidiana en la escuela fugaz e iónica, posicionada por los niños, se expresa en este artículo que tiene como objetivo sentir la dimensión de las relaciones estéticas en la elaboración de las clases y horizontalizar el conocimiento tejido por los cuerpos en el plan de estudios practicado. En este sentido, la metodología utilizada es la teoría práctica, es decir, las prácticas que surgen por parte de los estudiantes y los estudiantes serán discutidas con autores que ayudan a cuestionar la práctica educativa para que, más adelante, podamos crear nuevas prácticas como resultado de deseos y confrontaciones. Una clase que se realiza en la escuela pública, ubicada en el oeste de la ciudad de Río de Janeiro, con niños del cuarto año, pone en juego la lógica de la ruptura cotidiana que brinda otras posibilidades en el aula, con prácticas instintivas y reflexivas de los niños, tales como: pintando, estropeando, experimentando y creando, movemos el trabajo estético del plan de estudios realizado a diario. Por lo tanto, vemos las señales éticas y estéticas para la democratización microbiana de las escuelas que se realizan en la otredad de los niños.

Palabras clave: plan de estudios; Arte; cuerpo

INTRODUÇÃO

Para além do republicanismo dos bons sentimentos, para além da tagarelice do pensamento oficial, é preciso saber identificar a lógica secreta em ação nesta pós-modernidade em gestação.

Michel Maffesoli.

O cotidiano alerta uma dimensão epistemológica cujo alcance e sucesso não dependeria das formulações convencionais do planejamento e da adaptação imposta, tal dimensão residiria na profundidade das coisas, vivências banais e nas criações, muitas vezes, discretas no tempo espraiado no dia a dia. O triunfo do corpo explora a substância escolas, mesclando seus enfrentamentos e cultos de prazeres em uma vasta mobilidade, as interações corpóreas elegem de maneira estética e ética o currículo praticado. As várias escolas que existem simultaneamente em cada escola e inapreensíveis pela compreensão hegemônica da educação formal, nos ajudam a potencializar as lógicas microbianas.

A despeito de tudo, das políticas públicas e demais orientações formais, a escola se faz cotidianamente. Sob essa compreensão, a escola no plural carrega a infinidade das práticas elaboradas na soltura do corpo. O cotidiano escolar nos apresentou a matéria praticável, as ações que vemos nos corredores e demais espaçostempos, desde o controlado tempo das aulas aos breves escapes para banheiros e bebedores revelam o imaginário infantil.

O universo de trocas entre os corpos traz o encanto das alterações dos códigos sociais. Os muros das escolas escondem rituais de afetos, emoções, criatividade a serem revelados, mas jamais colonizáveis pelas palavras que os descrevem, muito menos pelas regras de controle que os tentam alvejar. Tais jogos de existência franca e imprevisível só podem ser fruídos como acontecimentos poéticos plenos de energias epistêmicas e criadoras, pois oferecem o que são: prazer, diversão e modos fugazes de existir sob o peso do que não se escolheu ou sequer compreendeu plena e amistosamente as finalidades.

Muito mais do que livros, cadernos, provas e todos os elementos contratuais da escola, vemos desdobramentos corpóreos que constituem esse universo e criam sem hesitação, relações poderosas de ensino aprendizagem e mesmo que não envolva diretamente as práticas outorgadas de ensino, alcança seus objetivos via o imaginário do gosto pelo mundo. Nas escolas cabem e convivem vários mundos que as transformam nas várias escolas que surpreendem cotidianamente a percepção interessada. Os corpos andarilhos que transitam nos cotidianos escolares com suas histórias e encontros, fazem da minha docência uma contínua formação. O saber aberto do mundo, para além do currículo oficial, ensina a escola a ser múltipla, de modo a acolher, mesmo que transitoriamente, cada corpo que se desloca em seus corredores.

Com uma metodologia em movimento os autores foram surgindo conforme as pistas das crianças, as verdadeiras artistas e produtoras das aulas. Na perspectiva cotidianista, com Alves (2015), “[…] entendemos que essas maneiras incluem, de modo inseparável, o fazerpensar, tanto como a práticateoriaprática, em movimentos sincrônicos que misturam, sempre, agir, dizer, criar, lembrar, sentir (p. 154)”. Logo, recorro à condução teórica e procedimental inspirada nos postulados da pesquisa pós-qualitativa. Conforme Filho et al. (2017), a pesquisa pós-qualitativa conta com o aproveitamento mútuo dos colaboradores e investigadores sobre os acontecimentos vivenciados no campo da pesquisa, ou seja, a validade do trabalho reside no fato de que os processos são positivos a todos os envolvidos. Pesquisador e colaboradores se relacionam como coautores do processo e de seus resultados.

Na tessitura cotidiana, sensivelmente, aguço meus sentidos para os movimentos, balanços, ventos e todo, e qualquer indício de conquista corpórea na ocupação dos espaçostempos, nas práticas cotidianas e, sobretudo, nas ações que implicam na desestabilização das ordens vigentes. São as quebras mínimas da rotina que abrem as rotas para a exaltação e afirmação das alunas e dos alunos na criação curricular, aspecto central ao artigo.

No processo da pesquisa estive exposta às aventuras e à fruição das belezas e agruras da arte de ser. Certamente, ao tratar desses frutos diários na escola não desprezo a problemática da relação ensino e aprendizagem, pois entendo que os objetivos do artigo, mesmo que minimamente alcançados, serão úteis aos esforços dedicados ao fortalecimento da vida escolar.

AS CRIANÇAS QUE ENSINARAM A ESCOLA

É na minha disponibilidade permanente à vida a que me entrego de corpo inteiro, pensar crítico, emoção, curiosidade, desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil.

Paulo Freire.

Nas palavras de Bell Hooks (2013), a educação progressiva e holística, a pedagogia engajada, é mais crítica, advém do compromisso ativo da professora e do professor de atualização que promova o seu próprio bem-estar. Só assim poderíamos ensinar, fortalecer e capacitar as crianças. Aprendi que o fortalecimento docente vem de todas as obras desconhecidas e a nossa curiosidade fomentava mais nosso compromisso com as escolas microbianas. Por isso, registro uma epistemologia das pequenas ações escolares que são locais e que quase não se fazem notar ou simplesmente são desprezadas. São escolas que encontro escondidas dentro do cotidiano das aulas repletas de minuciosidades incoerentes ao estipulado. Certeau (2012) afirma que somos produtores dos nossos cotidianos com trajetos indeterminados e aparentemente desprovidos de sentido, porque não são coerentes com o espaço construído (p.91).

A pesquisa do, no e com o cotidiano implica na absorção das práticas do dia a dia e na exploração das produções e acontecimentos gerados pelos que estão envolvidos no campo investigado. Implica também em desfrutar da inspiração poética que transborda na vida diária, na continuidade do belo. Em março de 2019 iniciei o processo investigativo dentro do meu campo de trabalho escolar e se estendeu até o último dia letivo. A turma 1401 com 33 crianças, em sua maioria meninas, estiveram no envolvimento das experiências que posicionaram uma quebra do protocolo. A experiência com a massinha foi uma entre tantas outras que modificaram o currículo da aula. Para o registro foi utilizado celulares em que as crianças fotografaram suas dinâmicas. A massinha, por sorte, foi um material enviado no início do ano como sobra da educação infantil. O ensino fundamental não costuma receber no kit escolar disponibilizado pela rede do Rio massinha e tinta, então tínhamos em mãos até mesmo uma ruptura da macroestrutura sobre nós. A aula iniciou-se na vontade de utilizar do novo e como proposta a revisão da produção textual. O já sabido sobre como estudar já não interessava a garotada, por isso precisávamos romper com os parâmetros conhecidos. A figura 1 mostra as mãos das crianças e o manuseio com a massinha, uma atividade muito querida à educação infantil e esquecida com a necessidade dos conteúdos disciplinares. No movimento da sala de aula vamos em direção ao desejo de subverter sempre a lógica da repetição.

Fonte: arquivo pessoal, 2019.

Figura 1 Confeccionando a aula. 

Saber captar as diferenças, superando a indiferença (pelo outro) aprendida, exige um longo processo no qual cada sujeito “conta”. Assim, ao contrário do que aprendemos/nos ensinaram, [...] [nos espaçostempos cotidianos], precisamos entender as manutenções para além da ideia de falta de vontade de mudar, submissão ou incapacidade de criar, como tantos fazem. É necessário olhar/ver/sentir/ tocar (e muito mais) as diferentes expressões surgidas nas inumeráveis ações que somente na aparência, muitas vezes utilizada para impressionar alguém postado em lugar superior, são iguais ou repetitivas. Preciso mesmo buscar outro sentido para o que é repetição, buscando entendê-la nas suas múltiplas justificativas e necessidades (ALVES, 2008, p. 11-12).

Estávamos em semana de provas, um dos rituais escolares mais preocupantes para nós, a produção textual deve ser treinada, executada e planejada com as alunas e os alunos. A velha ideia do já sabido nos diria que só escrevendo poderíamos alcançar a perfeição da escrita ao seu domínio satisfatório para a produção textual. O desafio é via a escrita, entretanto, entre as crianças para as quais a tarefa de escrever oscila entre o lúdico e o enfadonho, outras percepções se dão.

Sob o tema o menino que queria aprender a ler e escrever resolvemos explorar outras dinâmicas, centrando a atenção e o investimento pedagógico na dimensão sensorial. Inspirada pela lembrança de que somos substâncias, massa emergindo ao universo, início uma atividade de modelagem com massinha e peço que pensem na posição dos corpos meio ao tema trabalhado. Na ideia de Paulo Freire (2013) o sentido de ensinar não se esgota no tratamento do conteúdo, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. Por isso estendo minha presença docente as práticas instigadoras, inquietas, criadoras e persistentes. Entendendo que além das palavras geradoras, estudo do Paulo Freire, posso desenvolver em sala a estética geradora. Uma maneira de proporcionar experiências acerca dos gostos e criatividade das relações. Sem mais palavras e bastante ação, inúmeras obras vão surgindo nas mãos das crianças, pessoas que se constroem na invenção. Efetivamente outras inscrições no espaço com imagens irredutíveis ao código limitado da alfabetização pela modernidade.

Proponho a visibilidade dos olhares infantis através da modelagem por entender que fazem parte da leitura de mundo que Paulo Freire descreveu como fundamental para a docência e conhecimento da cultura popular. As experiências do ver\sentir surgem com indagações de quantos mundos podemos conhecer e quantos mundos deixo de ver através da minha cegueira visual, neste momento que a fala do outro me apresenta as variáveis das representações da escola.

Fonte: arquvio pessoal, 2019.

Figura 2 Bonecos em azul e branco. 

Algumas produções apresentam as marcas pontuais da sala de aula hegemônica: quadro centralizado, mesas verticais, professor posicionado à frente. O grupo durante a produção soltava frases como:

- Azul e branco, não podemos esquecer.

Disse um aluno em voz alta em referência ao uniforme escolar, muitos concordaram ao balançar a cabeça, porém uma aluna, em voz também alta, diz:

- Meu uniforme não tá igual ao seu.

Na deixa surgiram outras frases que registravam a customização do corpo sobre o uniforme.

- Minha ‘legue’ é rosa e não pode, mas venho.

A aluna que usa sua legue rosa não atende as normas de padronização do uniforme, entretanto ela está na escola feita por ela. No conjunto dos elementos, escolas e crianças a invasão da legue rosa funciona como um golpe astucioso dos produtores de cultura.

Aproveita as “ocasiões” e delas depende, sem base para estocar benefícios, aumentar a propriedade e prever saídas. O que ela ganha não se conserva. [...] Tem que utilizar, vigilante, as falhas que as conjunturas particulares vão abrindo na vigilância do poder proprietário. Aí vai caçar. Cria ali surpresas (CERTEAU, 2012, p. 95).

A massinha abriu o diálogo sobre os modos de tirar proveito das ocasiões. A legue é apenas um exemplo da intromissão das crianças entre tantas outras surpresas. Começamos nesse diálogo a notar nossas alteridades e movimentos necessários para a horizontalização das crianças na sala de aula. A ausência do uniforme padrão não impede o reconhecimento do outro, todos os educandos possuem saberes a somar para a convivência e para a educação.

Além disso, começamos a refletir sobre as padronizações que o discurso exclusivo moderno emprega ao determinar O menino que queria aprender a ler e escrever, invisibilizando sutilmente o gênero feminino. Um detalhe refutado por algumas alunas que modelam suas imagens e dizem:

- Na maioria das vezes os meninos sempre podem fazer mais coisas legais. Também sempre os meninos podem ficar mais tempo jogando bola.

Entramos em uma zona de possibilidades sobre o gênero na escola graças ao modelar a massinha. Na urgência do tema, em roda de diálogo, conto sobre a história da Malala – resumidamente, a menina que lutou para estudar e que todas elas tinham essa força para fazer algo que importasse. Novamente com Paulo Freire prático e penso na ousadia de ser professora em meio a tantos temas que necessitam das trocas. Reconhecendo a legitimidade das diferenças e associarmos a ela práticas sociais de solidariedade para uma sociedade mais igualitária, contribuímos para a diminuição das desigualdades (OLIVEIRA, 2013). Todos os meninos ouviam as meninas em suas demandas:

- Você joga bem, podemos dividir o time.

De alguma forma as alunas e os alunos trocaram fazeres fundamentais para a emancipação feminina. Ao contribuir para a tessitura desta emancipação fundada na responsabilidade de cada um com todos e na igualdade de direitos dos diferentes, pratica-se, também, justiça cognitiva, pois cada conhecimento aparece como contribuição possível (OLIVEIRA, 2013, p.193).

As meninas combinavam suas táticas de times enquanto desenvolviam a modelagem do cenário escola e, no decorrer das conversas o cenário da vida. No íntimo do nosso processo sabia que algo tinha sido feito delas para elas. O currículo oficial contém expectativas que não são suficientes para a complexidade do dia a dia, àquilo que é de fato feito durante as aulas geram o currículo praticado (OLIVEIRA, 2013). Notei sobre isso que as interações não são lineares como os documentos oficiais e que o currículo que estávamos fazendo abrangia toda forma de elaboração do ensino crítico. O currículo estético que nos debruçamos trouxe a ideia do encontro como acontecimento da ordem poética, uma forma de mergulhar com todos os sentidos na escola pública.

O corpo chegou antes da fala, quando dediquei à atividade ao manuseio da massinha, a palavra não era necessária. Toda via, como vimos, corroboramos sempre para criação de signos e a fala é inevitável nesses processos de reflexão coletiva. Sendo assim, não posso nesse processo dispensá-la ou desconsiderá-la, afinal, na ordem e efetivação dos enunciados emergem outros significados que consomem e instauram o mundo. Nessa etapa as alunas e os alunos devolvem o sentimento da produção em falas, compondo mais um atributo ao suporte da criação curricular.

Uma fala que simplesmente me surpreendeu:

- “Todo zumbi isso” (referindo-se à imagem acima das modelagens em branco e azul).

A fala imponente e engraçada me alertou, continuei assim a conversa:

- Você se sente um zumbi na escola?

- Fico não, vocês querem, mas não fico não (risos).

- E como você consegue evitar?

- Na minha bagunça. Eu sempre quero andar pela sala de aula, termino o trabalho muito rápido e quero conversar. Aí dizem para eu sentar, que faço muito barulho. Mas o que vou fazer sentada, eu fico cansado. Ficar sentado muito tempo também cansa (risos). Nem em casa eu fico sentada muito tempo.

Na percepção da criança fui convidada a pensar novamente no meu papel de professora. Quando ela usa o vocês eu estou claramente incluída. Sou parte da contradição cotidiana, sou a figura da professora que não se apagará facilmente. Mas sugiro para as crianças uma nova repaginação da figura professora. A palavra zumbi acrescenta uma simplicidade e melhor compreensão possível dos impactos que o aprisionamento entre quatro paredes podem desenvolver. A rebeldia da sala de aula também me ensina e reforça se estou pensando em práticas em respeito a inquietude das crianças. Até mesmo os saberesfazeres rebeldes produzem a dinâmica do currículo praticado, como, por exemplo pensar em atividades que movimentem o corpo.

O embelezamento e horizontalidade dos papéis na escola entram no jogo e antes de escrever sobre o menino que queria ler e escrever, as crianças aproximaram seus conhecimentos e suas formas de narrar a escola. Agora seria a hora das crianças mostrarem para a escola o que deveríamos saber, ou seja, o que a escola precisa aprender sobre as crianças. Certeau (2012), aponta o “fazer com” um movimento que capta as práticas de consumo, promovendo uma vida produtora que é ocultada pelas formalidades. Por isso, a viabilidade da vida ordinária da sala de aula, como o próprio autor define.

O terreno do cotidiano nunca é plano, espraia-se em altos e baixos, e as atividades, em sua maioria, foram desenvolvidas no momento de aparente estafa mental e meio ao desafio dos confrontos. Na busca empática por soluções dos problemas que nos afrontam e nos invadem, busco olhares entre a diversidade de sensações e preferências dos meus interlocutores, imaginando urdir de alguma forma uma rede de ações educativas marcadamente estéticas, como o são as atividades plásticas, imaginativas, gestuais etc.

É notável a euforia das crianças ao produzirem suas obras que surgiram como detalhes da grandeza do viver espraiado no cotidiano. Como um discente sempre diz ao elaborar um novo feito: não é brincadeira não, hein! Na execução de todo um aparato de saberesfazeres imaginários estávamos diante do desenho das realidades vistas pelas crianças.

O que se passa quando não passa (PAIS, 1993), está expresso na reformulação da escola diante das negociações curriculares nas vastas escolas produzidas. Nós deparamos as visualidades cotidianas, entre o amassar dos dedos, a massinha foi se transformando em composições corpóreas sensíveis encontradas na dimensão da sala, só que, sedimentada na dimensão dos conhecimentos que se formam também por acréscimos e decréscimo, conexões e articulações poéticas, como convém à escultura e à vida que se forma dia a dia na concretude do cotidiano.

É exatamente neste sentido que ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, superficialmente feito, mas se alonga à produção das condições em que aprender criticamente é possível. E essas condições implicam ou exigem a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes (FREIRE, 2013, p. 28).

Quando parece que nada acontece é que sinto a necessidade de aguçar meus sentidos. Pode parecer que nada aconteceu sobre a revisão da prova, mas instigamos as produções infinitas de diálogos e a ultrapassamos o tratamento mecânico do conteúdo. Amassando a regra e improvisando conquistas férteis do gesto plástico frutificamos o encantamento da experiência estética. Inicialmente, vemos a colocação da sala de aula para representar o cenário do tema, conclusões precipitadas invadem o nosso pensamento, no entanto, o que vemos sendo criado surpreende via as pistas contidas nos micros detalhes das obras. Revelações, sutis do cotidiano sob o deslumbramento da criança autora.

Fonte: arquivo pessoal, 2019.

Figura 3 Bonecos coloridos. 

Na ressignificação das concepções e dificuldades em sala tivemos uma série de modelagens com bastante cores. Com a imagem acima os diálogos foram tomando novos rumos e novas lógicas entorno das práticaspensantes. Como Oliveira (2013) nos fala, não há prática indissociável de um pensamento, mesmo que fruído, as construções do fazer interliga um pensar. Por isso essas práticaspensantes abrem portas para vários diálogos. O que quero é realmente instigar essas trocas que constroem e desconstroem nossa sala de aula. A exemplo das descrições sobre as modelagens que praticam e pensam muitas meninas mudaram suas aparências, isso deixa claro as marcas dos preconceitos, segregação e dores. Sendo uma escola de comunidade podemos salientar o número grande de crianças pretas que possuem dificuldade de se autodeclararam como são.

- Eu tenho o cabelo curto, pois tive que tirar a química. Muitos ficam rindo de mim, dizendo que estou igual a um menino. Dizendo que meu cabelo é feio, então não fiz parecido comigo. Pois, não estou bonita. Mas vou colocar tranças na outra semana e ficarei bonita.

Entro na reflexão sobre os impactos que uma ação estética pode impulsionar. Conversamos sobre a importância da luta e fala dela como menina preta e o significado das tranças para ela. Ela me ensina sobre suas dores e dou minha escuta para impulsionar sua luta. Mas ao fim ela já começa a entender e se levantar como menina importante e bonita.

Os percalços são desafios necessários no processo do diálogo, quando resolvemos virar de ponta a cabeça a atividade vivenciamos a elaboração do ensioaprendizagem. Seria um engano afirmar que estou ilesa das armadilhas hegemônicas da instituição escolar, mas curiosamente estou disposta a romper o já sabido. No processo estético posso ter deixado escapar algum indício para novos diálogos, mas o principal resultado é que a busca permanente contínua e sem fim. Além disso, estudo minucioso não evita o contato com as macronegociações das relações, mas dele podemos tirar proveito para estender as epistemologias das nossas aulas.

A fala aponta nossa direção:

Tia, gostei de fazer diferente. É legal você saber o que pensamos. Eu não gosto de fazer provas, mas ainda terei que fazer. Mas alguma coisa foi legal antes da prova. Muitas práticas cotidianas são do tipo tática. E, também, de modo, mais geral uma grande parte das “[…] maneiras de fazer”: vitórias do fraco sobre o mais “forte” (CERTEAU, 2012 p. 46). Nesse sentido, temos a direção de outras maneiras de fazer uma vitória das crianças sobre o sistema rígido escolar.

Alves et al (2019) assinala, a imensidão da vida e suas vastas macronegociações que elaboram os acontecimentos diários. O sentimento de mundo dentro de sala de aula é constituído pela dimensão das experimentações e experiências sempre recriadas nas circunstâncias de cada momento nas escolas. As crianças levantam suas lógicas históricas, sociais e íntimas dentro das atividades, possibilitando as pistas que somam.

Muitas criações resultam do manuseio da massinha e, certamente, dentre estas um pouco da construção de si, na medida em que seus músculos, imaginação, percepção ativada e em alerta, concorrem para o sutil e permanente fortalecimento dos corpos que são. Como observa Le Breton (2012), não temos um corpo, somos um corpo. Um lembrete oportuno ao observarmos as crianças que, a todo instante, estão reconfigurando suas potencialidades por meio do movimento e percepção do e no mundo. O corpo cria o currículo e a prática.

Portanto, não é o caso de intervir a atitude negativa da ação política ou da teoria moderna, mas, sim, de operar uma volta na direção daquilo que existe de originário e de original na vida sem qualidade. Reencontrar a inocência no olhar. Essa acuidade no pensamento e na ação que provém do sentimento de fazer parte, de ser parte “disso” que se busca compreender ou sobre o pretende agir. Stricto sensu, trata-se de um intuicionismo que permite aprender a lógica secreta de uma época (MAFFESOLI, 2009, p. 73-74).

Diante de uma prática prosaica como a manipulação da massinha ou argila, podemos não considerar a contra força deste trabalho, se considerarmos na perspectiva da educação tradicional. Contudo, o corpo que se afirma e exulta em práticas criadoras e sensíveis será efetivamente munido de energias indispensáveis ao êxito de sua participação na realização de uma sociedade justa. Essas práticas produzem sem capitalizar, sem dominar o tempo (CERTEAU, 2012), assim segue os estudos nos\dos\com cotidianos.

Para além do discurso e dos programas políticos pedagógicos, reconhecemos a magnitude do que é produzido na indescritível prática. Este texto contém a crítica a ciência moderna que entende o aprendizado como rígido e meritocrático, buscamos a bagunça, a experimentação como forma de aprender. Na utopia, sigo nas palavras de Eduardo Galeano (1994), quanto mais me aproximo, mais me afasto, por mais que caminhe, jamais alcançarei, no fim a utopia serve para que eu não deixe de caminhar. A despeito da consciência das utopias que de alguma forma nos afetam, a aspiração por realizações contamina nossos movimentos e influenciam as nossas práticas cotidianas, a intenção política não se reduziria. Podemos dizer que foi uma aula mais leve, mas não distante das profundidas da vida.

No ritmo dessas ações compreendo a metodologia das pesquisas dos/nos/com cotidianos escolares: práticateoriaprática, no inexorável cotidiano vivido junto das crianças. E, é considerando o saber dos meus interlocutores, os coautores do artigo que busco registrar questões e reformular o que seria os olhares da professora dos anos iniciais. Para tanto, valorizo a conversa com os autores que destacam a potência das ocorrências diárias. Também as crianças apresentam um melhor jogo aberto para iniciar os diálogos urgentes e questionar o que estamos fazendo. Quando os discentes observam algo que está em construção sentem-se mais propícios à participação da atividade. Além disso, apresentam mais movimento do corpo, uma exigência das crianças no presencial, entendendo que atualmente, na pandemia, estamos reformulando novamente nossas práticaspensadas.

Contudo, as conquistas dessa aula não se reduzem ao encontro com as crianças e os textos aplicados na reflexão do campo investigado. Outros movimentos foram originados da dinâmica do dia a dia e toda narrativa a respeito de alguma experiência estética não escaparia do discurso, entretanto inapreensíveis em sua totalidade pela palavra, estimulam outras e outras experiências. Assim os caminhos propostos às crianças nas aulas e nas decorrentes trocas fomentam novas ações e produções poéticas que ajudam o coletivo ao qual pertencem a equalizar o efeito das dificuldades e demais durezas da vida.

O corpo não é, portanto, uma matéria passiva, submetida ao controle da vontade, obstáculo à comunicação, mas, por seus mecanismos próprios, é de imediato uma inteligência de mundo. Esse conhecimento sensível inscreve o corpo na continuidade das intenções do indivíduo confrontando a seu ambiente; ele orienta em princípio seus movimentos ou suas ações sem impor a necessidade preliminar de uma longa reflexão. De fato, na vida cotidiana, os mil movimentos e ações enriquecem a duração do dia são feitos sem a mediação aprofundada do cogito – encadeiam-se naturalmente na evidência da relação com o mundo (LE BRETON, 2013, p. 190).

Como dizem as crianças, essa coisa aí, tá ligado? Precisamos ser rápidos para não sermos sugados. No toque sentimos um cotidiano que a fala não abarca. Frente aos limites da palavra vemos o corpo indomável do praticante, astucioso e criativo.

Fonte: Arquivo pessoal, 2019.

Figura 4 Boneco indomável. 

Destaco a imagem acima por me parecer uma mistura do hegemônico com o desejo. Além do cabelo, um artifício físico que contrapõe a uniformização escolar, por meio da representação plástica, a força da criação sobre a qual é impossível intervir, temos o ensino rolando. As crianças jogaram pistas da criação democrática do currículo praticado. O conteúdo de português corroborou para temas transversais, como: a luta feminina por direitos, expressões estéticas dentro do campo escolar, relações de poder do corpo na escola e diálogo sobre os gostos e desejos. Todos após o manuseio da massinha organizaram sua escrita a partir das imagens e desenvolveram suas histórias. O currículo estético desta ação possibilitou a organização das ideias e a imaginação fértil para o enredo. Acerca disso, podemos intervir como mais leveza em questões pontuais da estrutura de um texto.

RESULTADOS EM MOVIMENTOS COTIDIANOS

Entre resultados, nada formais, a vivacidade cotidiana do corpo desenhou uma vivência única, proporcionada pelo envolvimento de cada criança com a pesquisadora-professora. No recolhimento das pistas percebi as metamorfoses do corpo e a necessidade diária de reconhecer e explorar a dimensão estética nas temáticas do dia a dia. Os temas recorrentes, de importância democrática, tornam possível os atravessamentos da vida real à invenção imaginária. A escola emerge de práticaspensantes das crianças, elas, por sua vez, não são exclusivamente pertencentes à escola, por vestirem o papel social do aluno e da aluna. Nessa compreensão, o ser humano, dentro dos recursos que pude explorar, pertencem às redes educativas do mundo.

Com um outro olhar, tive a oportunidade de reinventar os processos de ensinoaprendizagem, através das insinuações das crianças. O corpo protagonista apontou a cartografia de um cotidiano fértil e impulsionador das pistas para, no limite dos possíveis, a democratização da sala de aula.

Aponto a necessária combinação dos elementos para caminhar nos\dos\com cotidiano escolar, todos os aspectos de criações estéticas, sentimentos, conhecimentos, práticaspensantes, permeiam a escola e insinuam a linha abissal das rotas cotidianas. Mas, ao mesmo tempo, na profundeza dessas linhas, prezo a superficialidade que demonstram as táticas banais.

A belezura expressa e analisada contempla, para os envolvidos na pesquisa, altos efeitos de estranhamento e pertencimento. Os estranhamentos foram decorrentes das alterações feitas, por uma professora, nos\dos\com cotidianos escolares. Pois, rupturas discentes são encontradas diariamente. A minha intervenção, proposital, atravessou a linha do professor tradicional para um novo papel desempenhado na sala de aula. E, dialogando sobre suas lógicas, as crianças relembraram outras atividades, em outros anos, que foram realizadas por outros professores e professoras. Uma confirmação importante, para embelezar e fortalecer as epistemologias da criação.

Ao desvelar o corpo em seus atravessamentos, emaranhados, confusões, emoções e derivas tratamos de analisar esse corpo em um espaçotempo chamada escola. É claro que nossa base é a escola pública, que abriga uma vasta concentração de alteridades corporais. Tendo também em vista uma maior concentração da juventude que se unificam nos uniformes e se descaracterizam em suas metamorfoses passantes. No início queríamos entender o que faz efetivamente um corpo, posterior vimos seus emaranhados fascinantes que mostra a complexidade que motiva a humanidade a se inventar e fazer sua história a cada instante, agora desejamos viabilizar as artes desses corpos nos\dos\com cotidianos escolares.

O caminhar diário que movimenta os conteúdos e desorganiza a sala de aula – alívio para nós que buscamos rotas. Sendo também a pesquisadora, produtora da beleza escolar, uso meu olhar para encontrar esses momentos simples e preciosos para o fortalecimento da escola. A imagem tem esse poder de expressar o que a palavra não abriga, como o cotidiano que está para além das descrições. O fascinante daquele dia que parecia tão monótono foi ver o que eles elaboram sem minha supervisão, tocam e circulam entre todo o espaço alcançável e inalcançável. No fundo, nessa intimidade poética da escola, aclamada por uma professora, desejo que possam enxergar mais do que pude nesse repertório visual da criação curricular.

No ano de 2019 fizemos essa atividade e exercitei a escrita neste artigo, prosseguindo para o ano de 2020 vivemos o fechamento das escolas. A pandemia nos trouxe outras maneiras de fazer e o cotidiano, novamente, rompeu com nossas rotinas. Deixo essa aula em homenagem a todos os discentes que passaram dificuldades no remoto pelas durezas da vida e tiro como lição a inconstância do modo de ensinar e aprender. Não temos uma receita, temos o agora. E agora o que estamos praticando para e com as escolas?

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Recebido: Agosto de 2020; Aceito: Junho de 2021

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