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Revista Teias

versión impresa ISSN 1518-5370versión On-line ISSN 1982-0305

Revista Teias vol.22 no.especial Rio de Janeiro oct./dic 2021  Epub 18-Feb-2023

https://doi.org/10.12957/teias.2021.53096 

Resenhas

A ERA DA CURADORIA: o que importa é saber o que importa!

THE TIME OF CURATION: what matters is knowing what matters!

EL MOMENTO DE LA CURACIÓN: ¡lo que importa es saber lo que importa!

1Autônoma E-mail: freirethalytap@gmail.com


Resumo

A resenha destina-se a exibir o livro “A era da curadoria: o que importa é saber o que importa!” publicado em 2015 pela Editora Papirus 7 Mares, em que o filósofo e educador Mario Sergio Cortella realiza uma conversa dinâmica e significativa com o jornalista e criador do site Catraca Livre Gilberto Dimenstein, quanto à necessidade de saber selecionar o que importa, possui relevância e credibilidade em meio ao excesso informacional da atualidade. O ponto central da obra é a curadoria do conhecimento na filtragem do essencial e o papel de disseminador do curador em diversas áreas. Isso porque, o excesso de informação não significa necessariamente conhecimento e o poder de publicação não gera exatamente constatação. Assim, dominar a habilidade de saber selecionar o que importa é imprescindível para a transformação da informação em tempos velozes.

Palavras-chave: educação; comunicação; tecnologia; informação; conhecimento

Abstract

The review is intended to show the book “The age of curation: what matters is knowing what matters!” published in 2015 by Editora Papirus 7 Mares, in which philosopher and educator Mario Sergio Cortella conducts a dynamic and meaningful conversation with journalist and website creator Gilberto Dimenstein, regarding the need to know how to select what matters, has relevance and credibility amidst the informational excess of the present time. The central point of the work is the curatorship of knowledge in filtering the essential and the curator's role as a disseminator in several areas. This is because the excess of information does not necessarily mean knowledge and the power of publication does not exactly generating evidence. Thus, mastering the ability to know how to select what matters is essential for the transformation of information in fast times.

Keywords: education; communication; technology; information; knowledge

Resumen

La reseña está destinada a mostrar el libro “La era de la curaduría: ¡lo que importa es saber lo que importa!” publicado en 2015 por Editora Papirus 7 Mares, en el que el filósofo y educador Mário Sergio Cortella mantiene una dinámica conversación y plantea con el periodista y creador del sitio web Gilberto Dimenstein sobre la necesidad de saber seleccionar lo que importa, posee y credibilidad a través del exceso informativo del tiempo presente. El punto central del trabajo es la curaduría del conocimiento en el filtrado de lo esencial y el rol del curador como divulgador en varias áreas. Esto se debe a que el exceso de información no significa necesariamente conocimiento y el poder de la publicación no genera exactamente evidencia. Por tanto, dominar la capacidad de saber seleccionar lo que importa es fundamental para la transformación de la información en tiempos rápidos.

Palabras clave: educación; comunicación; tecnología; información; conocimiento

Desde o primeiro capítulo “Educar pela comunicação; comunicar pela educação” é explícito a perspectiva da investigação como catalisador da transformação. Esse poder de transformação encontra convergência na comunicação e educação. A mistura da comunicação e educação cria o neologismo “educomunicar”, como a arte de comunicar ao mesmo tempo em que ensina. O ponto em comum dessa mistura é a formação de pessoas que saibam selecionar, transformar e gerar partilha.

No capítulo dois “Curadoria do conhecimento”, os autores apontam que o curador não é um detentor ou proprietário do conhecimento, mas sim um disseminador, alguém que cuida para repartir. Cortella explica que curar, em português lusitano, é pensar. Pensar é ser capaz de cuidar. A curadoria está no pensar e, consequentemente, no valorizar o que importa. A curadoria é o ensinar e o saber selecionar. O curador é um ser ativo, cético e seletivo, que pensa e busca assiduamente por alternativas.

Nos capítulos três “Cidadania, comunicação e educação: eixo indissociável” e quatro “Credibilidade e crítica” fica ainda mais evidente a importância da curadoria na educação. Os autores discutem a necessidade de ressignificação do papel do professor, aluno e escola no novo contexto educacional de inserção das tecnologias digitais. Sendo a tecnologia vista ao mesmo tempo como promotora da cidadania e limitadora da credibilidade.

Dimenstein aponta que “[...] não existe cidadania completa se não houver educação” (p. 42). A educação tem a função de desenvolver habilidades, como a leitura crítica. Cortella ainda destaca que criticar é selecionar, e para selecionar é necessário ter critérios. A ideia de criticidade não é a de suspeita pela ofensa ou mera descrença, é a suspeita crítica que conduz a credibilidade pelo cruzamento das informações.

O quinto capítulo “Aprender em tempo real e pelo resto da vida” apresenta a junção da educação e comunicação como um dos motores da cidadania. Com a multiplicidade de canais, além da facilidade e rapidez no acesso à informação, o cidadão adquiriu a oportunidade de interpretação e produção de conteúdos. A conexão do presencial com o virtual também é um ponto complexo, no que diz respeito à evanescência na informação, com mudanças ultrarrápidas, mas manutenção da linha evolutiva da humanidade com a comunicação.

No sexto capítulo “Nova era? E o que já era? De Gutenberg ao virtual de nossos dias” os autores identificam o conhecimento tomando formas cada vez mais interativas e interessantes. Um desses caminhos de inovação educacional pela tecnologia é o adaptative learning, em português ensino adaptativo, em que as tecnologias digitais contribuem com o processo de aprendizagem do estudante pela orientação do professor. Com as novas metodologias proporcionadas pelo mundo digital, o papel do professor é ressignificado, o que não significa que ele seja dispensável, mas sim ainda mais importante na atuação como mediador.

O conhecimento virou mercadoria, e o diamante é a curadoria. A facilidade de acesso faz a curadoria do conhecimento tão importante. O curador é um compartilhador, que possui a tarefa de colocar o conhecimento à disposição da comunidade, pela relevância da partilha, existindo um elemento cidadão na curadoria. Assim, os autores destacam o empoderamento como um eixo de cidadania dos indivíduos, pelo alcance de mais poder. Basicamente, a função da “educomunicação” é empoderar às pessoas a não se limitar, baseando-se no protagonismo para o enriquecimento coletivo.

No capítulo sete “Simultaneidade, instantaneidade e conectividade”, é apontado por Cortella que a digitalização do mundo é absolutamente favorável. Entretanto, impede os momentos de reflexão do indivíduo. A velocidade informacional obsessiva tem como encargo o impedimento à criação. De modo geral, o tédio é o combustível da criatividade. A ausência de tédio pela navegação digital é distrativa e reduz o repouso para reflexão. Cortella ressalta ainda a importância de ter o acesso sem ser servo dessa condição, ou seja, a vida com o digital é guiada com GPS, o que pode dificultar a tomada de decisões exatamente pela falta de senso crítico.

Ainda no capítulo sete os autores fazem um link entre emoção e conhecimento. Dimenstein evidencia que só fazemos coisas que nos emocionam e Cortella completa afirmando que a escola que consegue emocionar é aquela na qual o conhecimento faz sentido para o aluno. Essa interligação entre interesse e oferta é a customização. Com as tecnologias digitais o mundo todo é customizado e a educação também está sendo. A customização da educação está no entender que os alunos aprendem de formas diferentes.

Ao final dessa conversa, no último capítulo intitulado “O que importa é saber o que importa” é retomada a questão da cidadania e do empoderamento pela comunicação. O comunicar é empoderar, o conhecimento é autonomia. As interfaces na comunicação produz diversidade, que constitui o prognóstico da hipertextualidade, em que uma coisa leva a outra. E é em meio ao excesso que a resposta do que é importante está na curadoria, em saber o que importa e compartilhar o que importa. O que move essa busca, esse encontro, é a comunicação, seja pela contemporaneidade da proximidade física ou on-line.

Considero que o livro mesmo publicado em 2015 é atual e necessário. A curadoria não é novidade, mas a aplicação em campos para além das artes sim. A importância da curadoria está na seleção. Com o excesso de informação, redes sociais diversas e fake news, ocorreu uma queda da intermediação da informação dificultando o processo de constatação da credibilidade. No mundo digital, todos são ao mesmo tempo consumidores e produtores de conteúdo, criando o que Dimenstein conceitua como a figura do “cidadão comunicante” que tem o poder de publicar.

A temática da customização do ensino no texto deve ser destacada. Ao final do sétimo capítulo, Cortella declara que nos anos 90 ajudou a inserir o ciclo em larga escola nas escolas brasileiras, mas ao longo do bate-papo, ele concorda que um dos aspectos necessários é a alteração da estrutura organizacional por faixa etária. A customização ou personalização do ensino é uma série de estratégias pedagógicas, contrária à padronização, que se baseia na ideia de que os alunos aprendem de formas e ritmos diversos. Na personalização do ensino o aluno é visto como indivíduo de diferentes interesses e necessidades e não como uma massa.

Outra forte tendência da educação que é abordada implicitamente no livro é o ensino híbrido, ou blended learning. O ensino híbrido é uma combinação metodológica entre o ensino presencial e on-line que mistura possibilidades. Ao longo do diálogo as palavras; mistura, diversidade e proximidade são constantes e usadas como sinônimo de inovação. O ensino híbrido adota essa perspectiva na proximidade do professor com o aluno no processo de ensino e aprendizagem, onde o papel do educador mesmo com inserção da tecnologia é indispensável. Dimenstein caracteriza essa proximidade como o olhar humano capaz de perceber coisas que o computador não consegue.

CAPA DO LIVRO 

REFERÊNCIAS

CORTELLA, Mário. S.; DIMENSTEIN, Gilberto. A era da curadoria: o que importa é saber o que importa! (Educação e formação de pessoas em tempos velozes). Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2015. [ Links ]

Recebido: 00 de Julho de 2021; Aceito: 00 de Outubro de 2021

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