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Educação e Filosofia

versión impresa ISSN 0102-6801versión On-line ISSN 1982-596X

Educação e Filosofia vol.35 no.74 Uberlândia mayo/aug 2021  Epub 15-Ene-2024

https://doi.org/10.14393/revedfil.v35n74a2021-58747 

Artigos

O ensino de filosofia para/com crianças: uma revisão sistemática da literatura

The teaching philosophy to/with children: a sistematic review of literature

La enseñanza de la filosofía con/para niños: una revisión sistemática de la literatura

Williams Nunes da Cunha Junior* 
lattes: 6969852812435282; http://orcid.org/0000-0002-6528-8880

Isabel Ferreira Freitas** 
lattes: 6323714373562385; http://orcid.org/0000-0003-3069-3146

Vanessa do Rêgo Ferreira*** 
lattes: 7597144067565703; http://orcid.org/0000-0002-2819-2660

*Doutorando em Educação na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professor na Secretaria Estadual de Educação de Alagoas, (SEDUC/AL). E-mail: williams.junior@cedu.ufal.br

**Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professora na Rede Municipal de Educação de Coruripe, Alagoas. E-mail: isabel.ferreiraf@gmail.com

***Doutoranda em Educação na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Professora na Secretaria do Estadual de Educação de Alagoas (SEDUC/AL). E-mail: vanessadorego@hotmail.com


Resumo

O presente estudo tem como objetivo identificar, na literatura existente, quais os estudos sobre filosofia para/com crianças que investigam sobre as experiências das crianças nessa prática. Por meio de uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), realizada em três etapas: planejamento, seleção e extração, em cinco bases de dados diferentes, encontramos trinta e três (33) pesquisas sobre o ensino de filosofia para crianças (Philosophy for Children), porém, apenas duas (2) pesquisas que abordam especificamente sobre as experiências das crianças com o ensino de filosofia. Por meio dessa Revisão, desejamos contribuir com as pesquisas sobre Filosofia para Crianças.

Palavras-chave: Crianças; Filosofia; Infância; Revisão

Abstract

The presente study aims to indetify, in the existing literature, which studies on philosophy for / with children that investigate children’s experience in this practice. Through Sistematic Literature Review (SLR), carried out in the three stages: planning, selection and extraction, in five different databases, we found thirty-three (33) researches on teaching philosophy to children, however, only two (2) surveys that specifically address children’s experiences with teaching philosophy. Through this Review we wish to contribute to research on Philosophy for Children.

Keywords: Children; Philosophy; Childhood; Review

Resumen

El presente estudio tiene como objetivo identificar, en la literatura existente, qué estudios de filosofía para / con niños que investigan las experiencias de los niños en esta práctica. Mediante una Revisión Sistemática de la Literatura (RSL), realizada en tres etapas: planificación, selección y extracción, en cinco bases de datos diferentes, encontramos treinta y tres (33) investigaciones sobre la enseñanza de la filosofía a los niños (Filosofía para Niños) sin embargo, solo dos (2) encuestas que abordan específicamente las experiencias de los niños con la enseñanza de la filosofía. A través de esta revisión, deseamos contribuir a la investigación sobre Filosofía para Niños.

Palabras Clave: Niños; Filosofía; Infancia; Revisión

Introdução

O ensino de filosofia para crianças (p4c) tem sua origem nos Estados Unidos, com o filósofo Matthew Lipman, nos fins dos anos 1960 (OLIVEIRA, 2004). Sua motivação para a criação do programa que busca desenvolver o pensar por excelência foi perceber como seus alunos universitários apresentavam dificuldades em questões de raciocínio lógico.

A proposta de Lipman era promover uma reforma no sistema educacional (KOHAN, 2008) para que ele fosse capaz de desenvolver o raciocínio e a capacidade de julgar dos alunos de forma adequada. Tal intento parecia ser mais eficaz se começasse desde cedo e não apenas quando os alunos chegassem na universidade, assim, as crianças foram escolhidas como alvo do programa Educação para o Pensar.

A filosofia seria, na concepção de Lipman (1990), a disciplina capaz de desenvolver esse pensar de ordem superior, daí que ele tenha apostado no ensino de filosofia para crianças (p4c). Para levar adiante esse programa, o filósofo estadunidense criou um currículo e uma metodologia própria a fim de levar a filosofia às escolas. Por meio das chamadas novelas filosóficas, elaboradas para trabalhar os conceitos filosóficos com as crianças nas distintas séries, Lipman leva a filosofia para as escolas.

O programa não ficou restrito a Lipman, nem aos Estados Unidos, apenas. No início, o pensador recebeu o apoio de Ann Margaret Sharp e outros colaboradores, os quais criaram um Instituo especializado em p4c (OLIVEIRA, 2004), o Institute for the Advancement of Philosophy for Children (IAPC), o qual oferecia treinamentos para os interessados na prática de p4c. A partir da década de 1970 o programa foi sendo traduzido e trabalhado em vários países. Assim o programa se espalhou para os cinco continentes. Com o passar do tempo, o programa foi sendo adaptado as mais diferentes realidades, ganhando contornos de acordo com os contextos nos quais estava inserido, recebendo até nomes e siglas diferentes.

A ideia de comunidade de investigação ocupa um lugar central no programa de Lipman. A proposta seria que as salas de aula se transformassem nessas comunidades de investigação filosófica, nas quais é garantido a discussão coletiva sobre os temas filosóficos e onde é possível desenvolver habilidades para o pensar bem (OLIVEIRA, 2004). É na comunidade que todo o processo acontece.

A Revisão Sistemática da Literatura (RSL) que aqui empreendemos busca investigar quais os estudos realizados sobre a experiência das crianças com o ensino de filosofia. Além disso, buscamos saber quais as metodologias utilizadas nessas investigações. Num universo de mais de mil artigos, os quais compreendem o período de 1990 a 2018, em cinco bases diferentes, encontramos 35 artigos que tratam sobre a temática do ensino de filosofia para crianças.

A RSL foi realizada em três etapas: planejamento, em que organizamos o nosso protocolo de pesquisa, definindo as perguntas da pesquisa, os objetivos, as bases para a investigação, os critérios de inclusão e exclusão, as strings de busca, bem como os critérios de qualidade; seleção, em que selecionamos entre todos os artigos exportados das bases aqueles que atendem aos critérios de inclusão/exclusão; e extração, em que aplicamos os critérios de qualidade nos estudos oriundos da fase anterior, a fim de discutir aqueles que atendem a esses critérios.

A diversidade de temáticas, de países de origem dos artigos nos sugere o quanto o programa se expandiu e a importância que ele possui na educação de diversos países, principalmente pelos resultados de p4c apontados nos estudos aqui selecionados.

1. Preparando e executando a revisão

A Revisão Sistemática de Literatura (RSL)

tem como objetivo responder uma pergunta e para isso utiliza procedimentos metodológicos objetivos, claros e transparentes para encontrar, avaliar e sintetizar os resultados dessas pesquisas, sendo comum o estabelecimento de instrumentos pré-desenhados para dar conta de cada uma dessas etapas (SOARES; YONEKURA, 2011, p. 1508).

Assim sendo, desejamos responder a duas perguntas em nossa RSL: QP1: O que já foi investigado sobre as experiências das crianças com o ensino de Filosofia? QP2: Quais as abordagens teóricas e metodológicas mais utilizadas na investigação sobre as experiências das crianças com a filosofia? Apresentamos como objetivo: a) identificar na literatura quais os estudos sobre filosofia com/para crianças que investigam sobre as experiências das crianças nessa prática pedagógica; e b) analisar quais as abordagens teóricas e metodológicas mais utilizadas quando se trata da investigação sobre as experiências das crianças com o ensino de filosofia. Nosso interesse é saber sobre as experiências que as crianças possuem com o ensino de Filosofia e saber como as investigações sobre essas experiências foram realizadas. Para atingir nosso objetivo, escolhemos 5 bases de pesquisa, das quais, a partir das strings de busca, selecionamos 1.259 artigos.

O trabalho por nós desenvolvido teve início com a preparação do protocolo de pesquisa, no qual explicitamos nossos objetivos, nossas questões de pesquisa, os critérios que escolhemos para a seleção das fontes, o método de busca das fontes, os critérios de inclusão e exclusão, os critérios de qualidade, bem como as bases e os strings de busca utilizados. Para a seleção das fontes escolhemos como critérios: estar disponível via web, em base de dados científicas da área relacionada a nossa temática de pesquisa, desde que disponibilizassem textos em forma de artigo.

O método de busca por nós utilizado consistiu na investigação por artigos de periódicos científicos da área de interesse, por meio da web, utilizando palavras-chaves previamente definidas e por meio de protocolo planejado para tal finalidade. Assim, escolhemos as seguintes bases com seus respetivos strings de busca, conforme o quadro abaixo:

Quadro 1: bases e suas respectivas stings de busca 

BASES ENDEREÇO STRINGS DE BUSCA
IEE http://ieeexplore.ieee.org/Xplore/dynhome.jsp ((experience) OR (understanding)) AND ((teaching) OR (teach)) AND (philosophy for children); (experience) AND (philosophy) AND (children).
SCOPUS http://www.scopus.com/home.url (experience) AND (philosophy) AND (children)
SCIENCE DIRECT https://www.sciencedirect.com/ ((experience) OR (understanding)) AND ((teaching) OR (teach)) AND (philosophy for children)
WEB OF SCIENCE http://apps.webofknowledge.com/ (teach OR experience) AND (philosophy for children)
ERIC https://eric.ed.gov/ (teach OR experience) AND (philosophy for children)

Fonte: Os autores (2020)

O protocolo inicial apresentava um total de quatro bases. Do quadro acima, estavam excluídas as bases: Web of Science e Eric e acrescida a base Springer Link. Todavia, a dificuldade na exportação dos arquivos para o formato exigido pela ferramenta que utilizamos para viabilizar nossa RSL nos levou a proceder a substituição, como consta acima. Vale salientar que encontramos a mesma dificuldade com as duas últimas bases, entretanto, pelo volume menor de arquivos, acabamos realizando a seleção dos artigos destas bases de forma manual, sem o uso do software.

O passo seguinte do nosso protocolo foi a definição do tipo de artigo que iríamos pesquisar: optamos por selecionar artigos de periódicos científicos da área investigada. Para a seleção desses artigos, definimos os seguintes critérios de inclusão, conforme o quadro abaixo apresenta:

Quadro 2: critérios de inclusão 

Critério Descrição do Critério de Inclusão
CI1 Tratar especificamente sobre o ensino de Filosofia com crianças;
CI2 Compreender o período entre 1990 e 2018;
CI3 Estar disponível em sua versão completa via web e de forma gratuita;
CI4 Estar disponível em inglês, português ou espanhol

Fonte: Os autores (2020)

Além dos critérios de inclusão, definimos também os critérios de exclusão, conforme apresentamos no quadro abaixo:

Quadro 3: critérios de exclusão 

Critério Descrição do Critério de Exclusão
CE1 Fazer parte da literatura cinzenta (teses, dissertações, TCC, resumos);
CE2 Estar indisponível em versão completa e via web de forma gratuita;
CE3 Tratar sobre outros temas que não o ensino de Filosofia.
CE4 Não ter passado por revisão por pares.

Fonte: Os autores (2020)

O último passo para a elaboração de nosso protocolo foi a definição dos critérios de qualidade, os quais são apresentados no quadro abaixo:

Quadro 4: critérios de qualidade 

Critério Definição do Critério de Qualidade
CQ1 Apresentar coerência e coesão textual.
CQ2 Apresentar de modo explícito uma abordagem sobre o ensino de Filosofia com crianças.
CQ3 Apresentar as abordagens teóricas e metodológicas utilizadas na investigação da experiência das crianças com o ensino de Filosofia.

Fonte: Os autores (2020)

A partir dos critérios de qualidade, elaboramos o formulário de qualidade e o campo de extração de informações para preenchimento do protocolo no software StArt1. Decidimos utilizar essa ferramenta para a seleção dos artigos após a investigação nas bases. A seguir, descrevemos como foram realizadas as buscas em cada base e quais os resultados encontrados em cada base.

A primeira base consultada foi a IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers). Nela utilizamos as strings conforme o quadro 1. Como encontramos um número insatisfatório de artigos na primeira busca, resolvemos modificar as strings para tentar obter um número mais elevado de artigos. Nas duas buscas, encontramos poucos artigos. Na primeira busca, encontramos 4 artigos, dos quais 3 eram documentos de conferência e 1 de curso. Na segunda busca, encontramos 5 artigos, dos quais 4 eram documentos de conferência e 1 de curso. Dos 9 artigos encontrados, 2 estavam duplicados e os 7 restantes foram rejeitados, primeiro por não serem artigos de periódicos e por tratarem sobre outros temas que não o ensino de filosofia, conforme o critério de exclusão CE3.

A segunda base que utilizamos para a pesquisa foi a SCOPUS (SciVerse Scopus). Utilizamos apenas um grupo de strings, conforme demonstrado, o que nos possibilitou encontrar 79 artigos. Ao aplicar o critério de língua, CI4, utilizando dispositivo do próprio site, o número foi reduzido para 73 artigos, os quais foram exportados para o software StArt. Após a seleção, com base nos critérios estabelecidos, apenas 6 artigos foram aceitos para a etapa de extração. Não encontramos artigos duplicados. Os demais 67 artigos foram rejeitados, em sua maioria pelo critério de exclusão CE3, ou seja, tratar outros temas que não o ensino de filosofia.

A base seguinte, utilizada para a pesquisa, foi a SCIENCE DIRECT. Nela, utilizando as strings já mencionadas, encontramos 8. 742 artigos. Ao utilizarmos o critério de open acess, o número foi reduzido para 1. 056 artigos. Com o auxílio do software StArt procedemos a seleção que resultou em: 6 artigos aceitos, 1.042 rejeitados e 8 duplicados. A maioria dos artigos rejeitados se enquadravam no CE3. Assim, 6 artigos foram selecionados para a etapa de extração.

A sequência dessa etapa da investigação se deu com a busca na base ISI WEB OF SCIENCE, na qual encontramos 59 artigos. Utilizando os recursos disponíveis na própria base, aplicamos o critério de inclusão CI2, o que resultou em 47 documentos. Após selecionarmos apenas os artigos, esse número caiu para 43 artigos. Como houve uma dificuldade na exportação dos dados para o software StArt, levando em consideração o número de artigos, decidimos por realizar a seleção de forma manual. Assim, foram aceitos 8 artigos para a fase de extração. 34 foram rejeitados e 1 foi classificado como duplicado.

A busca final foi realizada na base de dados ERIC (Education Resources Information Center), na qual encontramos, inicialmente, 500 artigos, utilizando as strings do quadro 1. Na própria base, selecionamos apenas os artigos, o que fez o número reduzir para 486. Ainda na base aplicamos o critério de inclusão CI2, o que resultou em 403 documentos. Aplicamos ainda a seleção pela área de filosofia, o que reduziu o número de documentos para 78. Pela dificuldade na exportação, também fizemos a seleção de forma manual, utilizando a ferramenta MENDELEY2 como auxílio para ter acesso aos artigos. Após a seleção, 63 artigos foram rejeitados, em sua maioria pelo critério de exclusão CE3, e 15 artigos foram aceitos para a extração de dados.

A seguir, apresentamos os dados da seleção em forma de gráficos:

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Gráfico 1 Etapa de seleção dos artigos 

O gráfico nos mostra como houve um elevado número de artigos encontrados na base Science Direct, a qual é considerada uma das maiores bases científicas existentes, senão a maior, abrigando um universo de aproximadamente 2.500 revistas científicas. A base IEEE não teve nenhum artigo aceito e poucos artigos encontrados a partir das strings utilizadas, o que pode se justificar pela temática da base, voltada a área de engenharia envolvendo tecnologias da eletricidade e da informação. Além disso, sugere que não há ou há poucas pesquisas que envolvam o ensino de filosofia para crianças e o uso de tecnologias da informação e comunicação.

2. Procedendo a extração dos dados

A etapa de extração de dados foi feita a partir da leitura dos 35 textos selecionados, em sua íntegra. Na fase anterior, a seleção se deu com base na leitura dos títulos, resumos e palavras-chaves dos artigos. Nessa fase, antes mesmo da leitura, eliminamos dois artigos, por não conseguirmos acessá-los quando da abertura do arquivo, com base no CE2. Assim, para a extração dos dados restaram 33 artigos. Mostraremos por meio de gráfico a origem desses trabalhos, a língua em que foram escritos e o ano de publicação.

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Gráfico 2 origem dos artigos 

A origem dos artigos sugere que há relevante interesse de pesquisa em Filosofia para Crianças (p4c) na África do Sul e no Havaí. Também mostra que esse tipo de abordagem tem um alcance mundial, uma vez que é possível perceber uma diversidade de países, nos cinco continentes, nos quais o p4c é investigado e praticado.

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

Gráfico 3 língua de origem dos estudos 

Os dados sobre a linguagem em que os artigos são escritos mostram uma predominância da língua inglesa, o que pode sugerir a confirmação desta como língua científica de nossos tempos e a necessidade de que o pesquisador esteja familiarizado com ela.

Fonte: dados da pesquisa (2020)

Gráfico 4 ano de publicação dos estudos 

O gráfico anterior nos mostra que as pesquisas que compreendem um período de 10 anos, ainda que em nosso planejamento o intervalo pesquisado tenha uma abrangência bem maior: entre 1990 e 2018, isto é, 28 anos. Nenhum artigo da década de 1990 que atendesse aos critérios por nós definido foi encontrado. Uma hipótese possível para isso poderia ser a proximidade temporal dessa década com o surgimento do p4c. Aqui no Brasil, por exemplo, é somente na década de 1990 que ele chega (SILVA, 1990).

A seguir, apresentaremos os artigos selecionados, por bases, apresentando também um pouco do que foi possível encontrar.

2.1 Scopus

Os artigos encontrados na base SCOPUS encontram-se discriminados conforme o quadro abaixo:

Quadro 5: estudos selecionados da base SCOPUS 

Língua Título Título em Português Origem
Inglês grounded theory. a research method for advancing the comprehension of philosophy for children’s processes. teoria fundamentada. um método de pesquisa para avançar na compreensão dos processos de filosofia para crianças Canadá
Inglês Africanising Philosophy for Children (P4C) in the South African Context Africanização do ensino de filosofia para crianças (P4C) no contexto da África do Sul África do Sul
Inglês Developing the language of thinking within a classroom community of inquiry: pre-service teachers’ experiences Desenvolvendo a linguagem do pensamento em uma comunidade de investigação em sala de aula: experiências de professores em formação África do Sul
Inglês Promoting Student Teachers' Reflective Thinking Through a Philosophical Community of Enquiry Approach Promovendo o pensamento reflexivo dos professores em formação através de uma comunidade filosófica de investigação Reino Unido (Inglaterra)
Português A infância do professor: currículos vividos no despertar da experiência - Brasil

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

O primeiro artigo se propõe investigar qual os impactos do p4c nos alunos, entendendo este programa como uma práxis e não uma prática simplesmente. Por meio da Teoria Fundamentada nos dados, Daniel (2018, p. 310 - tradução nossa) busca “elaborar uma ferramenta que possa contribuir para a avaliação e compreensão dos processos (cognitivos, dialógicos e sociais) inerentes à práxis do p4c dentro da sala de aula”. Como resultado há a construção de um Modelo Operacional do Processo de Desenvolvimento de Pensamento Crítico Dialógico.

O segundo artigo traz uma defesa da africanização do ensino de filosofia para crianças. Nele, Letseka (2014) defende a compreensão mais profunda da filosofia africana através do P4C e a introdução de habilidades de pensamento crítico por meio do p4c. A pergunta que orienta a investigação é: como o p4c pode ser africanizado e em que consiste essa africanização? Tal africanização deve começar na escola, segundo o autor. O artigo em questão foi excluído por não se adequar aos critérios de qualidade CQ2 e CQ3.

O artigo seguinte traz como questão de pesquisa: como os professores em formação percebem o uso da abordagem da comunidade de investigação em sala de aula? Trata-se de uma pesquisa qualitativa, na qual 47 professores em formação utilizaram a abordagem da comunidade de investigação em sala de aula de línguas. O período de intervenção ocorreu em seis meses, no período de maio a agosto de 2009, com alunos de 4ª a 9ª séries. Conforme apresenta Condy (2012, p. 326 - tradução nossa), “Os participantes acreditam que a abordagem pode encorajar os alunos a participar ativamente da aula e também deem exemplos de bons movimentos de raciocínio”. Por não se adequar aos nossos critérios de qualidade (CQ2 e CQ4), este artigo também foi descartado.

O artigo quarto faz tem como objetivo examinar

se e como a participação dos estudantes professores em uma comunidade filosófica de investigação (PCoE) impactou em sua vontade de tomar uma postura reflexiva para conceitos pedagógicos tipicamente problemáticos, como o papel da investigação na aprendizagem e a natureza do conhecimento. (DEMISSIE, 2015, p. 2 - tradução nossa).

A ideia do artigo é mostrar como a PCoE não desenvolve apenas o pensamento das crianças na escola, mas também dos professores em formação sobre a sua prática. É possível notar como há um número expressivo de estudos que tratam sobre a utilização do P4C ou de algum conceito ou método a ele relacionado para a formação de professores.

O último estudo selecionado nesta base realiza o que podemos chamar de filosofia da infância, buscando refletir sobre esse conceito à luz da filosofia, afirmando a infância como lugar da experiência e a espontaneidade, sensibilidade e autenticidade como condição existencial da criança. No fim do artigo, Marton (2018) apresenta a experiência desenvolvida no projeto de extensão desenvolvido entre 2010 e 2012, na cidade de Angra dos Reis, Rio de Janeiro, destacando a utilização da estética da arte como potencializadora da criação de sentidos em uma experiência filosófica.

2.2 Science Direct

A seguir apresentamos os artigos selecionados da Science Direct, os quais, em sua maioria contemplam a Europa, com exceção para um artigo de origem brasileira:

Quadro 6: estudos selecionados da Science Direct 

Língua Título Título em Português Origem
Inglês The philosophy for Children, an ideal tool to stimulate the thinking skills A filosofia para crianças, uma ferramenta ideal para estimular habilidades de pensamento Romênia
Inglês Examination of elementary teacher candidates' perception of the concept of philosophy through metaphor analysis Exame da percepção dos candidatos a professores do ensino fundamental sobre o conceito de filosofia por meio da análise de metáforas Turquia
Inglês International Conference on Education and Educational Psychology (ICEEPSY 2010) Philosophy in the early years Conferência Internacional sobre Educação e Psicologia Educacional (ICEEPSY 2010) Filosofia nos primeiros anos Turquia
Inglês The study on challenges of teaching philosophy for children Estudo sobre os desafios do ensino de Filosofia para crianças Irã
Inglês Views of primary school teachers on philosophy books prepared for children Opiniões de professores de escolas primárias sobre livros de filosofia preparados para crianças Turquia
Inglês Can we teach to think in primary schools? A comparative analysis of the English and the Brazilian National Curriculum and the impact of a small-scale cognitive enhancement study in Brazil. Podemos ensinar a pensar nas escolas primárias? Uma análise comparativa dos currículos nacionais inglês e brasileiro e o impacto de um estudo de aprimoramento cognitivo em pequena escala no Brasil. Brasil

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

O primeiro artigo afirma como, nos sistemas educacionais de países avançados, a filosofia ocupa um lugar de liderança. Gruioniu (2013, p. 380 - tradução nossa) defende que

afilosofia para criançaspode ser uma das ferramentas mais valiosas que podemos usar para treinar jovens alunos, a fim de serem capazes de lidar com as rápidas mudanças atuais e adquirir a capacidade de aprender e de adotar e implementar o que é importante.

Ele apresenta uma série de principais características e abordagens específicas da filosofia que fazem com que ela seja uma ferramenta ideal para estimular habilidades de pensamento. Sua conclusão expõe diversos benefícios de ordem social, política e econômica que seriam proporcionados se as crianças estudassem m filosofia na perspectiva de desenvolver as habilidades de pensamento.

O estudo seguinte tem como objetivo determinar as percepções dos candidatos a professores do ensino fundamental no que diz respeito a filosofia. Para isso, Akkocaoglu e Yagci (2012) utilizaram como ferramenta de coleta a produção de metáforas por parte de 98 professores em formação do segundo ano da Universidade de Hacettepe. Para a análise dessas metáforas foi utilizada a Análise de Conteúdo, classificando-as em 11 categorias. A conclusão do estudo é que “o ensino de filosofia tem um papel importante na formação de professores” (AKKOCAOGLU; YAGCI. 2012, p. 2384 - tradução nossa).

O terceiro estudo objetiva apresentar a abordagem da filosofia para crianças (p4c) e contribuir para estudos de implementação na Turquia e no norte do Chipre. É uma pesquisa bibliográfica em que se explica o método de p4c e os seus objetivos, narra sua história, aponta os resultados de pesquisas de todo o mundo sobre p4c e examina práticas de filosofia para crianças na Turquia e mostra sua implementação. Alguns resultados de p4c são apresentados, segundo as pesquisas expostas: desenvolvimento do raciocínio lógico, da compreensão de leitura, de competências matemáticas, da autoestima, das habilidades de leitura, linguagem expressiva e pensamento crítico.

O estudo seguinte apresenta como objetivo examinar desafios e soluções com relação a filosofia e o ensino de filosofia para crianças (p4c). Há a apresentação de vários estudos sobre p4c. Como efeitos positivos do programa, Farahani (2014) apresenta: leitura, pensamento crítico, habilidades de raciocínio, autoestima, habilidades cognitivas e matemáticas. Com relação aos desafios, são apresentados oito de trinta, evidenciando três categorias: filosófico, psicológico e educacional.

O quinto estudo teve como objetivo determinar as opiniões dos professores do ensino fundamental sobre quais propriedades os livros de filosofia preparados para crianças com idade entre 6 e 12 anos deve ter. Conforme afirmam Akkocaoglu e Celepoglu (2014, p. 2498 - tradução nossa), “As histórias devem estimular a curiosidade natural das crianças e motivá-las para a discussão”. Foram apresentadas aos professores 5 questões sobre os livros.

Segundo os professores, para que as crianças entendam e discutam conceitos abstratos nos livros, estes devem ser associados a exemplos que se sobrepõem às suas vidas diárias. Além disso, os professores do ensino fundamental também afirmaram que os conceitos tais como liberdade, direitos, justiça e felicidade são concretizados na vida diária das crianças [...] Os professores da escola primária enfatizaram que os exemplos nos livros não devem estimular comportamentos negativos. Embora não seja esse o objetivo, afirma-se que o uso de exemplos como o tabagismo e o uso de drogas criaria um efeito encorajador. Além disso, os professores do ensino fundamental também explicaram que os exemplos dados nos livros devem refletir nossa cultura características. Assim, os exemplos que carregam as propriedades do ambiente sociocultural são necessários para a criança associar a filosofia ao seu cotidiano; no entanto, os professores indicaram que os exemplos e as vidas de as famílias ou crianças nelas apresentadas devem ser dirigidas a crianças que moram em vilas, cidades e áreas suburbanas. Esta vista apoia a ideia de que a filosofia é uma atividade acessível não só a determinados setores da sociedade, mas também para todo mundo (AKKOCAOGLU; CELEPOGLU, 2014, p. 2502 - tradução nossa).

O último estudo dessa base apresenta como objetivo verificar se os debates em grupo sobre conceitos e atitudes tiveram impacto sobre os alunos e sua conduta disciplinar. Nele, Marques (2014) faz uma comparação entre o Currículo Nacional Inglês que apresenta, desde o ano 2000, o ensinar a pensar como um de seus componentes. No caso do Brasil, não há essa indicação explícita.

2.3 Web of Science

Os artigos encontrados na base Web of Science apresentam uma predominância de artigos de origem latina, com exceção de um artigo da África do Sul. Três países da América do Sul despontam como origem desses estudos: Argentina (1), Colômbia (2) e Venezuela (3). No quadro abaixo apresentamos esses artigos com a língua da escrita, o título original e em Português e o país de origem:

Quadro 7: estudos selecionados da Web of Science 

Língua Título Título em Português Origem
Inglês “Philosophy for Children” in Africa: developing a framework Filosofia para crianças na África: desenvolvendo uma estrutura África do Sul
Espanhol Aportes de la filosofía para/con niños a la eseñanza y el aprendizaje, en la EGB y el Polimodal Contribuições da filosofia para/com crianças para o ensino e aprendizagem no ensino fundamental e no ensino secundário Argentina
Espanhol Actitud filosófica, infancia y formación de maestros Atitude filosófica, infância e formação de professores Colômbia
Espanhol Apropiaciones y experiencias pedagógicas de filosofía e infancia en Colombia Apropriações e experiências pedagógicas de filosofia e infância na Colômbia Colômbia
Espanhol El valor de educar y la filosofía para niños y niñas de Matthew Lipman O valor de educar e a filosofia para meninos e meninas por Matthew Lipman Venezuela
Espanhol Narrar, Educar y filosofar: las novelas del programa de filosofía para niños Narrar, educar e filosofar: as novelas do programa de filosofia para crianças Venezuela
Espanhol Filosofía para niñ@s: contexto para la construcción de la imagen igualitaria entre mujeres y varones. Filosofia para crianças: contexto para a construção da imagem igualitária entre mulheres e homens Venezuela

Fonte: Dados da pesquisa, 2020

O primeiro artigo apresenta uma defesa da abordagem híbrida do ensino de filosofia nas escolas africanas que considerem a tradição africana, utilizando de seus provérbios e mitos, considerando a especificidade da filosofia para o diálogo, inclusive, com o pensamento contraditório. Ao longo do estudo, Giddy (2012) apresenta uma vasta fundamentação filosófica para basear seu ponto de vista.

O segundo estudo tem como objetivo analisar os conceitos, estratégias e procedimentos de filosofia para/com crianças que podem ser eficazes para o ensino e a aprendizagem da filosofia nos espaços próprios da EGB (que corresponde ao nosso Ensino Fundamental) e do Polimodal (que corresponde ao nosso Ensino Médio) do sistema educativo argentino. Em seu estudo, Vargiu (2008) apresenta o que é e quais os fundamentos da filosofia para crianças e como esses fundamentos impactam numa abordagem educacional para o pensar. Além disso, há relatos de experiências ocorridas a partir do ensino de filosofia para crianças (ou dos seus princípios).

O problema apresentado pelo estudo seguinte é: como criar estratégias para o desenvolvimento da atitude filosófica em professores e crianças do Jardim Infantil da Universidade Pedagógica e Tecnológica de Colômbia? Mais uma vez se pensa na formação de professores a partir da filosofia. O objetivo dessa investigação, aponta Díaz (2016), é o desenho e a implantação de uma proposta de formação para professores para o desenvolvimento da atitude filosófica nos estudantes do jardim da Universidade Pedagógica e Tecnológica da Colômbia (UPTC).

O estudo seguinte, realizado por Vaca e Vargas (2017), constitui-se como um estado da arte sobre a Filosofia para Crianças na Colômbia. Nele, é feita uma compilação de artigos em revistas especializadas e capítulos de livros sobre o tema. Os trabalhos investigados compreendem o período de 2000 até o momento em que o artigo foi escrito e são agrupados em três categorias: educação filosófica, pensando o pensamento e experiências. Segundo os autores

A Colômbia aposta na filosofia com e para crianças; diversas experiências, construções, caminhos e olhares o manifestam. A filosofia como ferramenta de aprendizagem que vá para além da sala de aula evidencia a necessidade de a vincular com a vida dos sujeitos, pois é um gatilho de transformação e encontro com o conhecimento e compreensão da realidade. Por isso é pertinente pensar em um ensino de filosofia que ultrapasse um acumulado de teorias e postulados para fazê-la um princípio de vida, isto é, fazer filosofia é ensinar aos outros e a si mesmo a pensar melhor (VACA; VARGAS, 2017, p. 241 - tradução nossa).

O quinto estudo aposta na possibilidade do ensino de filosofia para crianças como educação para os valores, ou seja, como educação moral. Segundo os autores, “O projeto de vida de Filosofia para crianças, é inserir aos seres humanos desde crianças na trama da vida e em sua transcendência” (MÁRQUEZ-FERNÁNDEZ; GARCÍA, 2007, p. 5 - tradução nossa). Com isso, se espera que se chegue à humanização, através do único meio que dispomos, conforme os autores: a racionalidade. Uma racionalidade que se constrói junto com os demais uma vez que apenas assim é possível falar numa sociedade em que a civilidade e a convivência sentimental estejam presentes.

O próximo estudo trata sobre um dos aspectos importantes do ensino de filosofia para crianças (p4c) proposto por Lipman: as novelas filosóficas. Conforme apresenta a autora,

As Novelas contêm elementos os próprios do pensamento filosófico, isto é um caráter inquisitivo, a presença dos grandes problemas que tem guiado o desenvolvimento da História da Filosofia, a escolha cuidadosa dos termos conceituais e uma atenção especial para a argumentação de ideias (GRANERO, 2008, p. 12, grifo da autora - tradução nossa).

As novelas contribuem, nessa perspectiva, principalmente para a instauração do diálogo. O ouvir o outro encontra acolhida especial no processo de ensino de filosofia para crianças, mediado pela literatura. Assim, despontam as possibilidades para a construção de cenários de convivência cidadã.

O sétimo estudo tem como objetivo mostrar que o Programa de Filosofia para Crianças p4c, proposto por Matthew Lipman, representa uma das mais novas propostas para inculcar, desde a escola, a possibilidade de erradicar os estereótipos sexuais ensinados ao longo da história. Nele, Ferrer (2007) apresenta ainda as confluências entre p4c e feminismo.

2.4 Eric

A base ERIC foi aquela que mais teve artigos selecionados, num total de 15 artigos, como mostrado em gráfico. No quadro abaixo apresentamos algumas informações sobre os dados selecionados:

Quadro 8: estudos selecionados da base ERIC 

Língua Título Título em Português Origem
Inglês Philosophy for Children Filosofia para crianças Havaí
Inglês Philosophy for Children Kenyan Style O modelo queniano de Filosofia para Crianças Havaí
Inglês Elementary school philosophy: A response Filosofia na escola primária: uma resposta Estados Unidos (EUA)
Inglês Philosophy for Children, Values Education and the Inquiring Society Filosofia para crianças, valores educacionais e a sociedade de investigação Austrália
Inglês Swimming against the tide: philosophy for children as conter-cultural practice Nadando contra a maré: filosofia para crianças como prática contra-cultural Reino Unido
Inglês A Synopsis of Philosophy for Teachers (p4t): A Study of the Philosophy for Children Hawai‘i (p4cHI) Educational Framework Applied in Pre-Service Teacher Education Uma sinopse de filosofia para professores (p4t): um estudo da estrutura educacional de filosofia para crianças no Havaí (p4cHI) aplicada na formação inicial de professores Havaí
Inglês Philosophy with children as part of the solution to the early literacy education crisis in South Africa Filosofia com crianças como parte da solução para a crise da alfabetização precoce na África África do Sul
Inglês Philosophy for Children and its Critics:
A Mendham Dialogue
Filosofia para crianças e seus críticos: um diálogo em Mendham Estados Unidos (EUA)
Inglês The Philosophy for Children Curriculum: Resisting
‘Teacher Proof’ Texts and the Formation of the Ideal
Philosopher Child
A filosofia para o currículo infantil: resistindo a textos à ‘Prova do Professor’ e a formação ideal da criança filósofa África do Sul
Inglês Practicing Philosophy for Children in the Search for a Better Society Praticando filosofia para crianças na busca por uma sociedade melhor Japão
Inglês Is respecting children’s rationality in their best interest
in an authoritarian context?
Está respeitando a racionalidade das crianças em seu melhor interesse em um contexto autoritário? Canadá
Inglês Reflections on Theory and Pedagogy of Challenges in Facilitating Children’s Dialogues in the Community of Inquiry Reflexões sobre a teoria e pedagogia dos desafios na facilitação de diálogos com crianças na comunidade de investigação Filipinas
Inglês The Top 10 Things I LOVE about p4c Hawai‘i As 10 coisas que eu mais amo sobre p4c Hawai’i Havaí
Inglês Comments on Big Ideas for Little Kids Comentários sobre Grandes ideias para crianças pequenas Estados Unidos (EUA)
Inglês Thoughts on teaching thinking: perceptions of practitioners with a shared culture of thinking skills education Reflexões sobre o ensino do pensamento: percepções dos profissionais com uma cultura de educação de habilidades de pensamento Reino Unido

Fonte: dados da pesquisa

O primeiro artigo dessa base se constitui num relato de experiência sobre o ensino de filosofia para crianças sob o olhar de um professor observador, ou melhor, de uma professora observadora. Segundo Kim (2012, p. 28 - tradução nossa), “Filosofia para crianças não muda o mundo, mas tem o potencial de mudar mundos individuais e auxiliar na criação de transformadores de mundo”. Aqui fica perceptível a crença numa potência transformadora que possui o ensino de Filosofia para crianças, o que nos sugere a importância da pesquisa sobre essa prática.

O segundo estudo traz um relato dos aspectos positivos causados no Quênia, por ocasião da aplicação do p4c naquele país. Odierna (2012) chama a atenção para a importância de respeitar os contextos dos países ou regiões na aplicação de p4c. Conforme a autora, “Alunos que participaram das comunidades de p4c melhoraram suas pontuações nos testes e frequência nas aulas durante os cinco meses em que p4c foi implementado em suas salas de aula” (ODIERNA, 2012, p. 49-50 - tradução nossa).

O artigo seguinte é uma resposta do autor às críticas feitas ao seu livro Big Ideias for Little Kids. As críticas dizem respeito a afirmação de que qualquer pessoa pode facilitar discussões filosófica em sala de aula, por exemplo. Segundo os críticos, é preciso diferenciar discussão filosófica de fazer filosofia (filosofar). Conforme Wartenber (2012), não é necessário ter uma formação específica para ser facilitador, basta um bom ouvido e isso pode ser adquirido com o tempo.

O estudo que se segue defende que a educação para os valores deve acontecer sob a tutela, digamos assim, da filosofia e não da instrução religiosa, uma vez que esta última teria um caráter dogmático. Cam (2014) chama a atenção para a responsabilidade pessoal com os valores sociais a fim de evitar o dogmatismo e o relativismo.

O quinto estudo selecionado argumenta que a ideologia do racionalismo econômico, no Reino Unido, promulgada através da política educacional e manifestada em uma cultura de performatividade e curto prazo em sala de aula, expõe conflitos para professores primários no que diz respeito a implementação do p4c que parecem sugerir, no atual clima, uma prática contra-cultural. O’Riordan (2016) chama a atenção para a dificuldade de realizar uma educação para o pensar quando se tem um modelo de educação que privilegia a memorização e tem como foco a eficiência medida apenas pelo crescimento econômico. O objetivo do texto é explorar as percepções dos professores sobre os fatores que determinam a implementação de p4c em sala de aula.

O sexto estudo traz a seguinte questão: o que acontece quando um curso de formação de professores é ministrado por meio de uma abordagem educacional p4cHI3? Segundo Bush (2017), P4C permite aos professores refletir sobre sua própria prática e perceber o peso da burocracia educacional sobre sua prática. A base do estudo é o uso da estrutura p4cHI na formação de professores. Trata-se de um estudo fenomenológico em três diferentes cursos de formação de professores utilizando a abordagem p4cHI, com um total de 47 participantes. Os benefícios da abordagem foram reconhecidos pelos professores, uma vez que permitiu que eles questionassem a própria concepção de educação e de como deveriam ensinar, além de sentirem-se motivados a mudar a própria prática.

O estudo que se segue defende que a inclusão do pensamento filosófico na alfabetização da primeira infância pode ajudar a ensinar a ‘alfabetização plena’, conforme estabelece documento das autoridades sul-africanas. A abordagem do p4c, segundo Murris (2016, p. 653 - tradução nossa) “é altamente adequada para uma abordagem à alfabetização emergente que se concentra em particular no desenvolvimento da imaginação das crianças pequenas e nas habilidades de raciocínio ativo”. Ainda segundo ela, “Estudos sugerem que o p4c ajuda a desenvolver o vocabulário e as habilidades de questionamento de alto nível, e que as crianças se tornam leitores e escritores críticos mais fluentes” (MURRIS, 2016, p. 663 - tradução nossa). É importante perceber como vários dos artigos encontrados ressaltam a contribuição que o ensino de filosofia pode proporcionar às crianças, o que torna essa prática um problema de investigação recorrente.

O próximo estudo traz um diálogo fictício sobre as críticas realizadas ao p4c, de Lipman e Ann Sharp. São, pelo menos, cinco tipo de críticas apresentadas por Gregory (2011), nesse artigo, as quais são realizadas por diferentes grupos sociais. Os conservadores religiosos e sociais não querem que seus filhos questionem os valores tradicionais; os psicólogos (principalmente os de linha piagetiana) acreditam que certos tipos de pensamento, como p4c, estão fora do alcance de crianças de certa idade; os críticos teóricos, por sua vez, acreditam que o programa é muito neutro e compatível politicamente; e os pós-modernistas se preocupam que a abordagem seja imperialista e hegemônica treinando as mentes das crianças de acordo com as ideias do cientista burguês e do liberalismo ocidental.

O nono estudo aqui selecionado tem como proposta uma abordagem particular sobre o que significa pensar filosoficamente e examinar se um texto pode, em princípio, conseguir isso por conta própria, ou seja, ensinar pensamento complexo, filosófico e meta-pensamento. Aqui, Murris (2015) problematiza o currículo de filosofia para crianças p4c proposto por Lipman, afirmando a necessidade da formação filosófica acadêmica para que se possa conduzir o processo de p4c. Vale lembrar que o próprio Lipman não enfatizava essa necessidade. Murris (2015, p. 14 - tradução nossa) ainda afirma que

[...] a preparação e a formação de professores par a prática filosófica deve ser menos focada na indução em currículos definidos e mais na aquisição de uma ampla gama de conhecimento de conteúdo filosófico de várias tradições em combinação com a aprendizagem de habilidades e atitudes pedagógicas filosóficas.

O décimo artigo problematiza sobre a questão da formação moral no p4c. Conforme afirma Toyoda (2012, p. 21 - tradução nossa):

[...] a investigação p4c tem fornecido importantes oportunidades para as crianças compartilharem ideias sobre questões morais, e ajudou a fornecer maneiras de praticar a atenção plena. As sessões de p4c permitem diálogos morais reais na sala de aula, que servem para integrar os aspectos críticos e atenciosos do pensamento.

O artigo seguinte propõe a reflexão de quando, onde e como seria adequado para a criança utilizar as habilidades adquiridas no p4c. Assim, Ghazinejad e Ruitenberg (2014, p. 317 - tradução nossa) propõem, pensando no contexto iraniano, que além de ajudar a desenvolver o pensamento crítico e analítico e promover um ‘espírito crítico’, p4c “também para ajudar os alunos a desenvolver a sabedoria prática para julgar onde, quando e como usar essas habilidades e disposições”. O perigo não se encontra apenas em contexto autoritários como o do Irã, mas em qualquer um que represente um perigo para as crianças. Mais uma vez encontramos autores que chamam a atenção para a importância de se considerar o contexto em que p4c é aplicado.

O décimo segundo estudo tem como objetivo compreender melhor a arte de facilitar a comunidade de investigação e o papel do facilitador tentando responder as seguintes questões: a) como um facilitador deve considerar a pedagogia do diálogo filosófico? b) como um facilitador deve ver as crianças pequenas? c) como um facilitador deve abordar e reconhecer perguntas e ideias das crianças? e) quais habilidades de pensamento e comportamento um facilitador deve ser capaz de modelar para eles? Para Canuto (2015, p. 12 - tradução nossa), “A arte de facilitar a comunidade de investigação é aprendida fazendo, vivendo as habilidades e as disposições de um professor genuinamente aberto, curioso, respeitoso e reflexivo”. Nesse sentido, o autor destaca a importância da prática para a aprendizagem dos saberes e habilidades necessárias para ser um facilitador de uma comunidade de investigação.

O artigo seguinte trata da experiência com o ensino de filosofia para crianças no Havaí p4cHI, expondo dez coisas que a autora mais ama no programa. Também há a exposição do que é chamado no p4cHI de “Kit de ferramentas do bom pensador”, com seis ferramentas: W - o que você quer dizer com isso?; R - quais são os seus motivos; A - o que você está assumindo?; I - o que podemos inferir de uma crença?; T - é verdade? Sempre? Às vezes?; E - você pode fornecer exemplos ou evidências?; C - existe um contra-exemplo?

O penúltimo artigo selecionado nessa base traz uma série de comentários sobre a obra Big Ideias for Little Kids. Kelly (2012, p. 84) afirma que uma facilitação em sala de aula “envolve uma forma de discussão que deve evitar o subjetivismo e o relativismo, por um lado, e a inculcação dogmática de valores e virtudes, por outro”. O autor parece defender um equilíbrio, um meio-termo na facilitação em sala de aula.

O último estudo apresenta como objetivo delinear as experiências relatadas de profissionais da Inglaterra, onde, uma alta proporção de professores realizaram, desde meados da década de 1990, desenvolvimento profissional na área de ensino de habilidades de pensamento. Como resultado do estudo foram apontados como benefícios dos programas para pensar, entre eles p4c, desenvolvimento cognitivo e meta-cognitivo, social e afetivo dos alunos; envolvimento dos alunos nas aulas; benefícios para o currículo, de inclusão e dos professores (melhora os professores. Por outro lado, os desafios apontados foram: disposições e habilidades do professor; falta de tempo para planejar e/ou desenvolver recursos; falta de tempo no horário escolar.

3. Discutindo os resultados

A fase da extração de dados revelou que apenas dois artigos atendiam aos critérios de qualidade, respondendo às perguntas que nos propomos na RSL, as quais recapitulamos aqui: QP1: O que já foi investigado sobre as experiências das crianças com o ensino de Filosofia? Como foi possível observar, há um número considerável de dados sobre o p4c, entretanto, apenas dois artigos tratam especificamente sobre a experiência das crianças com o ensino de filosofia. QP2: Quais as abordagens teóricas e metodológicas mais utilizadas na investigação sobre as experiências das crianças com a filosofia? Dos dois artigos que selecionamos, apenas um traz uma clareza sobre a abordagem metodológica, apontando a Teoria Fundamentada nos Dados (GT), como abordagem metodológica pertinente para compreender o progresso que os alunos podem alcançar com o ensino de filosofia.

A seguir, apresentamos uma síntese sobre cada um desses artigos e a contribuição possível que eles oferecem. O quadro 9 refere-se ao primeiro dado selecionado na fase final:

Quadro 9: informações sobre o primeiro artigo selecionado 

Título: grounded theory. a research method for advancing the comprehension of philosophy for children’s processes.
Título em português teoria fundamentada. um método de pesquisa para avançar na compreensão dos processos de filosofia para crianças
Localidade: Universidade de Montreal - Canadá
Idioma: Inglês

Fonte: Dados da pesquisa (2020).

O artigo foi selecionado porque se trata de uma investigação sobre a experiência das crianças com o ensino de filosofia. O estudo investiga quais os impactos de p4c nos alunos, entendendo este como práxis e não prática. A autora se utiliza da Teoria Fundamentada nos Dados (GT) como método de sua pesquisa, pois, segundo ela, seria o método mais completo para a compreensão do progresso em filosofia dos alunos. O objetivo do estudo é “elaborar uma ferramenta que possa contribuir para a avaliação e compreensão dos processos (cognitivos, dialógicos e sociais) inerentes à práxis do p4c dentro da sala de aula” (DANIEL, 2018, p. 310 - tradução nossa). Uma importante ferramenta que pode contribuir para confirmar ainda mais as contribuições que p4C pode proporcionar para a aprendizagem das crianças.

A autora, sobre o método, afirma que ele é reconhecido pelo seu papel significativo no avanço do conhecimento, pois orienta os pesquisadores na modelagem de contextos, processos, comportamentos e atitudes evolutivas. “Na GT, o objeto de pesquisa é um fenômeno social pouco conhecido para o qual pesquisadores desejam aprofundar a compreensão teórica” (DANIEL, 2018, p. 310 - tradução nossa). O que sugere ser uma metodologia viável para a pesquisa sobre p4c, principalmente sobre as contribuições que essa prática pode proporcionar.

O texto apresenta três pontos de estudo: a) o desenvolvimento gradual de uma comunidade de investigação durante um ano escolar; b) a aprendizagem do processo de diálogo filosófico por grupo de alunos; c) o desenvolvimento do processo de Pensamento Crítico Dialógico (DCT) nesses grupos de alunos. As etapas de análise são expostas da seguinte forma: coleta de dados, codificação, agrupamento de códigos em categorias, definição e variação de categorias, integração final da teoria e autoavaliação do pesquisador.

A pesquisa resultou em um Modelo Operacional do processo de desenvolvimento do pensamento crítico dialógico (DCT), composto de perspectivas epistemológicas e modos. A proposta da autora seria “usar GT como um método de pesquisa para avaliar diferentes abordagens p4c, bem como seus impactos em diferentes planos” (DANIEL, 2018, p. 21 - tradução nossa). Como alguns autores destacam a importância de se considerar o contexto de aplicação de p4c e como essa consideração leva a formulação de diversas abordagens de filosofia para crianças, torna-se relevante pensar os impactos de p4c em diferentes contextos.

A seguir apresentamos os dados do segundo estudo selecionado conforme os critérios de qualidade:

Quadro 10: informações sobre o segundo artigo selecionado. 

Título: Can we teach to think in primary schools? A comparative analysis of the English and the Brazilian National Curriculum and the impact of a small-scale cognitive enhancement study in Brazil.
Título em português Podemos ensinar a pensar nas escolas primárias? Uma análise comparativa dos currículos nacionais inglês e brasileiro e o impacto de um estudo de aprimoramento cognitivo em pequena escala no Brasil.
Localidade: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerias, Brasil.
Idioma: Inglês

Fonte: Dados da pesquisa (2020)

A pesquisa realizada por Marques (2014) envolveu dois grupos de alunos, com idades entre 10 e 11 anos de idade, em duas escolas públicas primárias diferentes, conhecidas por apresentarem problemas disciplinares, entre os anos de 2010 e 2011. A investigação se propunha saber qual o impacto de F4C na disciplina, na autoestima e na capacidade de comunicação das crianças.

A metodologia constitui em pré e pós entrevistas, testes e observações não-participantes, em 9 aulas de 1 hora para cada grupo. A investigação foi realizada em três fases distintas: na primeira fase foi realizada uma pré-avaliação que constitui na criação de histórias, observação, questionário para avaliar a autoestima e contribuição do professor por meio de entrevista sobre o comportamento dos alunos e participação nas aulas; na segunda fase ocorreu a implementação iniciando com a explicação das regras de conduta, a leitura de um texto, a elaboração de questões filosóficas sobre o texto (em dupla), escrita das questões no quadro, reflexão sobre as questões e escolha de uma questão, discussão em grupo da questão selecionada, considerações finais sobre os temas discutidos e preenchimento do registro do aluno; e a terceira fase, na qual se realizaram exercícios de avaliação pós-intervenção semelhante a primeira avaliação.

Os resultados apresentados pela pesquisa foram: melhora nas categorias analisadas (comportamento, interesse e participação, ligeira melhora na autoestima), os alunos gostaram das sessões e um professor considerou positiva a intervenção. Dois pontos chamam a atenção: primeiro, uma queda generalizada na criatividade, o que não é esperado no caso, aliás, se espera uma elevação na criatividade, ao que a autora justifica com a possibilidade de falha no instrumento de avaliação; segundo, o fato dos professores não conseguirem perceber grandes mudanças, segundo eles, pelo pouco tempo de permanência das sessões.

Considerações finais

A Revisão que aqui empreendemos evidencia a relevância que p4c tem no mundo inteiro. Ao longo dos 50 anos de sua existência, muitas pesquisas foram realizadas para atestar seus benefícios, bem como os desafios para a implementação dessa prática. Dado o reconhecimento que o programa possui em diversos países, afirmamos a necessidade de constantes pesquisas sobre o p4c.

A investigação nos permitiu selecionar dois estudos que tratavam especificamente sobre a experiência de crianças com o ensino de filosofia. O primeiro buscava entender quais os impactos de p4c nos alunos, entendido o programa enquanto práxis e o segundo buscava compreender os impactos de p4c na disciplina, autoestima e capacidade de comunicação das crianças.

O primeiro artigo selecionado, de origem canadense, apresenta a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory (GT) como um método de pesquisa para avançar na compreensão dos processos de filosofia para crianças. Como resultado, a pesquisa apresenta um modelo operacional do processo de desenvolvimento do pensamento crítico dialógico. Os impactos do p4c nos diferentes contextos seria uma das possibilidades que o método apresentado possibilitaria avaliar. Vale salientar que a pesquisa tem como referência o acompanhamento de uma comunidade de investigação durante um ano.

A segunda investigação selecionada, de origem brasileira, apresenta o impacto que o ensino de filosofia para crianças teria sobre as crianças. Houve, segundo a pesquisa, uma melhora significativa nas categorias analisadas. Aqui, o fator tempo, segundo os professores participantes da pesquisa, teve uma influência na percepção deles sobre as atividades desenvolvidas. Isso sugere que é necessário um período extenso para perceber os impactos do programa sobre as crianças que dele participam.

O que encontramos em nossa investigação nos sugere, ademais, que há uma carência de pesquisas que tratem especificamente sobre a experiência das crianças com o ensino de filosofia, apesar do grande alcance do programa. Por outro lado, podemos levantar uma hipótese de que os trabalhos que tratam sobre essa experiência, por ter um cunho mais empírico, possam estar mais concentrados nas pesquisas de pós-graduação (mestrado e doutorado).

A metodologia que foi apresentada de modo mais explícito foi a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD) ou Grounded Theory (GT), que permitiria compreender o progresso dos alunos em filosofia. No segundo estudo, embora não haja uma metodologia nominada, é possível perceber um todas as etapas da pesquisa realizada.

O campo para as pesquisas em p4c e suas variantes é vasto. Por ser uma prática ainda atual, não apenas com as crianças, mas também com a formação de professores, é necessário que mais pesquisas sejam feitas para contribuir com o desenvolvimento e aperfeiçoamento constante deste programa. Nossa pesquisa, acreditamos, se insere nesse cenário de contribuições, sugerindo uma necessidade de pesquisas que tratem especificamente sobre a experiência das crianças com o ensino de filosofia.

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1O StArt (State of the Art through Systematic Review) é um software gratuito desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa em Engenharia de Software - LaPES, da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar para ordenar e facilitar a categorização bibliográfica para pesquisas.

2Mendeley é um gerenciador de referências e uma rede social acadêmica que ajuda a organizar a pesquisa, a colaborar com outras pessoas on-line e descobrir as pesquisas mais recentes.

3Filosofia para crianças praticada no Havaí.

Recebido: 07 de Janeiro de 2021; Aceito: 22 de Setembro de 2021

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