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Educação e Filosofia

versão impressa ISSN 0102-6801versão On-line ISSN 1982-596X

Educação e Filosofia vol.31 no.62 Uberlândia maio/ago 2017  Epub 09-Mar-2021

 

Editorial

Editorial

Alexia Pádua Franco* 

*Diretora de Editoração da Revista Educação e Filosofia


Ao publicar o número 62 do volume 31 da Revista Educação e Filosofia, os membros do Conselho editorial vinculados ao Instituto de Filosofia e Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia mantêm seu compromisso em contribuir para os debates acadêmicos nas áreas de Educação e de Filosofia, e com a socialização e circulação de pesquisas e reflexões desenvolvidas em diferentes regiões do Brasil e do mundo. Neste número, publicamos 22 artigos elaborados por pesquisadores de Universidades do Distrito Federal, dos estados brasileiros de Rondônia, Piauí, Ceará, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, e de outros países como México, Moçambique, Portugal, França, Itália. Pesquisadores que discutem questões contemporâneas por meio do diálogo com ideias e pensadores de diferentes períodos da História: Platão, Aristóteles, Santo Agostinho, Dante, Rousseau, Schiller, Hegel, John Venn, Jung, Nietzsche, Gramsci, Mikhail Bakhtin, Martin Buber, Theodor Adorno, John Dewey, Althusser, Émile Benveniste, Foucault, Gilles Deleuze, Paul Ricouer, Jürgen Habermas, e o patrono da educação brasileira - Paulo Freire.

Para começar, apresentamos o artigo Avaliação, exames e poderes: a “docimologia” a partir de algumas contribuições de Foucault e de Nietzsche, em que Bruno Gonçalves Borges e Sérgio Pereira da Silva refletem sobre as questões: o discurso pretensamente “progressista”, em torno de um exame agora processual supera ou mantém a dinâmica das avaliações autoritárias e disciplinadoras que apostam no “bem avaliar” como modulação dos sujeitos aos dispositivos, ao mesmo tempo em que age sobre a individualidade de cada um, como a “docimologia” propôs? Induzem ou castram a criatividade, a liberdade e a vontade de aprender no educando? Robson Loureiro, Sandra Soares Della Fonte e Tamiris Souza de Oliveira, em Catarse e educação dos sentidos: a contribuição da filosofia estética de Theodor Adorno, com base na categoria catarse de Theodor Adorno, debatem sobre formação estéticocultural e apropriação crítica dos produtos da indústria cultural no espaço escolar. Em Os diagramas de Veen como recurso filosófico no jardimde infância, Magda Costa Carvalho, Ana Isabel Santos, Renata Sequeira analisam a exequibilidade do recurso lógico dos diagramas de Veen, no âmbito da educação pré-escolar, em termos de formação do pensamento. Alexandra Coelho Pena, no artigo Diálogo, alteridade e agir ético na educação: um encontro entre Martin Buber, Mikhail Bakhtin e Paulo Freire, reflete sobre as aproximações entre esses autores da filosofia do diálogo, que viveram a experiência do exílio e da perseguição política e religiosa e atribuíram, assim, novos significados aos temas do encontro, da escuta e da responsabilidade. Em Educação pela contingência - o não idêntico no seio da instituição, Gustavo Chataignier, com base em conceitos desenvolvidos por Althusser, Hegel e Adorno, problematiza a educação na formação das subjetividades enquanto um locus privilegiado de reflexão da sociedade sobre si mesma. Carlos Velázquez Rueda, ao elaborar o texto Educar em Si -Variações sobre o tema das Competências Socioemocionais, propõe que o desenvolvimento socioemocional é interdependente com o desenvolvimento cognitivo e que um modelo de desenvolvimento conjunto pode ser encontrado na prática da música. No artigo Escrita de si e trabalho ético no estágio supervisionado na formação inicial de professores, Vanessa Caldeira Leite e Maria Manuela Alves Garcia argumentam, com base em pesquisas realizadas em um curso de licenciatura em Teatro, que o Estágio e a escrita dos relatórios são dispositivos pedagógicos no interior dos quais certas formas de experiência de si dos futuros docentes são elaboradas e reelaboradas frente às contingências do currículo, de suas histórias pessoais e das normas e relações de poder das instituições em que atuam. Lucia Palpacelli, em L’Eutidemo di Platone: un invito alla filosofia e alla virtù Un dialogo protrettico sulla protrettica, propõe uma leitura em um sentido protréptico do texto Eutidemo de Platão, em que ele enfrenta o tema da educação dos jovens, do cultivo da filosofia e da virtude. No artigo La filosofía realista y naturalista de John Dewey: contribuciones para una epistemología en la actualidad, Edna Maria Magalhães Nascimento analisa a epistemologia realista e naturalista de John Dewey, especialmente os conceitos de “experiência” e “natureza”, para discutir sua contribuição para uma epistemologia na atualidade. Guilherme da Costa Assunção Cecílio, em A função da imitação no projeto educativo da República e a questão do estilo imitativo dos diálogos de Platão, contribui para o entendimento da teoria platônica da imitação, destacando-a como um recurso de grande importância para seu projeto educativo e filosófico.

Sandro de Castro Pitano, no artigo Os fundamentos da educação popular e seu horizonte formativo: a cidadania em questão, desenvolve reflexões sobre a questão: pode uma concepção política e pedagógica radicalmente libertadora como a educação popular balizar-se no cidadão como ideal formativo? Em O hábito da reprodução de teorias: produção e ensino de Filosofia no Brasil contemporâneo, Suze Oliveira Piza, considerando a tradição filosófica latino-americana, elabora uma crítica da forma brasileira de se relacionar com a tradição do pensamento filosófico ocidental, baseada na tendência à reprodução de teorias filosóficas em nossas universidades e escolas, bem como o impacto negativo dessa prática na formação do filósofo e na própria presença da Filosofia no Brasil. Gionara Tauchen, Altair Alberto Fávero, André Martins Alvarenga, no artigo Interdisciplinaridade: da simplificação ao pensamento complexo, discutem a insatisfação epistemológica decorrente dos limites disciplinares e colocam em relevo princípios epistemológicos que podem ajudar na autoprodução do ensino que intenciona contribuir com o desenvolvimento do pensamento interdisciplinar. Em A interpretação de Benveniste sobre as Categorias de Aristóteles, Flávia Santos da Silva e Marcio Chaves-Tannús examinam as interpretações de Lallot e Ildefonse (2002) e Pellegrin e Crubellier (2007), comparando-as com o próprio texto de Aristóteles, para compreender as leituras de Benveniste sobre o filósofo grego. Em Uma ontologia negativa do indivíduo em Althusser, Roberto Goto analisa a ontologia do indivíduo exposta no texto althusseriano “Ideologia e Aparelhos Ideológicos de Estado”. No artigo, Alcune considerazioni su linguaggio, filosofia e politica in Dante, Rocco Lacorte, com base no conceito gramsciano do entrelaçamento entre linguagem e política, tece considerações para uma interpretação da teoria linguística de Dante que seja expressão das inovações sociais e políticas de seu tempo e algumas das consequências filológicas que elas podem ter em relação aos seus textos. A filosofia de Paul Ricouer é explorada por Josélia Ribeiro Fonseca, no artigo “Pessoa, um si mediatizado: uma reflexão educativa e multicultural na filosofia de Ricoeur, para refletir sobre a importância da educação multicultural na formação da pessoa humana, evidenciando a dimensão ética que está associada aos conceitos de cultura e de educação. Silvia Ester Orrú, em Possibilidades de (re)inventar a inclusão para os aprendizes do século XXI: contribuições da filosofia das diferenças de Gilles Deleuze, analisa entrevistas sobre inclusão e diferença realizadas junto a atores com distintos papéis sociais, com base na Filosofia da Diferença de Gilles Deleuze. No artigo Protagora e Gorgia: maestri di virtù?, Francesca Eustacchi examina as ideias de Santo Agostinho de Hipona, desenvolvidas em “Cidade de Deus”, especialmente as relacionadas à educação para a vida, para paz e para comunidade. Leno Francisco Danner, no artigo Qual herança da modernidade? Uma crítica ao universalismo como critério normativo e projeto cosmopolita, critica o universalismo epistemológico-moral de Habermas, acusando-o de apresentar uma “cegueira histórico-sociológica” e uma “romantização do racionalismo” que o idealiza e o separa dos processos colonizatórios desenvolvidos desde a Europa, levando à deslegitimação dos saberes e das práticas mítico-tradicionais, abrindo espaço à modernização travestida de colonização cultural e globalização econômica. Em Rousseau e Schiller: elementos para uma formação estética do homem, Daiane Eccel e Marlene de Souza Dozol investigam os elementos para uma estética formativa por meio de Rousseau e Schiller, destacando tanto a autonomia da razão quanto a força dos sentimentos por meio de um livre jogo entre eles. Para finalizar, apresentamos o artigo Trajetórias, memórias e legitimação de vidas letradas na educação de adultos, em que Rómina Mello Laranjeira analisa os modos de reconstrução das identidades letradas de adultos inscritos em processos de reconhecimento, validação e certificação de competências, no âmbito da Iniciativa Novas Oportunidades (2005 - 2010), em Portugal.

Em tempos de metrificação, quando se pretende medir os impactos de nossas pesquisas e publicações por meio de dados quantitativos, desejamos que os artigos aqui publicados impactem qualitativamente nas práticas docentes e de pesquisa de profissionais da Educação, da Filosofia e de áreas afins preocupados em contribuir para uma formação humana plural, democrática e sensível.

A todos, boas leituras e frutíferas reflexões.

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