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Educação e Filosofia

versão impressa ISSN 0102-6801versão On-line ISSN 1982-596X

Educação e Filosofia vol.33 no.67 Uberlândia jan./abr 2019  Epub 30-Ago-2021

https://doi.org/10.14393/revedfil.v33n67a2019-59077 

Editorial

Editorial

Anselmo Tadeu Ferreira* 

*Diretor de Divulgação do Conselho Executivo da Revista Educação e Filosofia


Neste número 67 da Revista Educação e Filosofia, correspondente ao primeiro quadrimestre de 2019, apresentamos o dossiê “Intelectuais entre a educação, a ciência e a política”, além de nove artigos nas áreas de Educação e de Filosofia, duas resenhas e uma tradução; continuando assim o nosso gratificante trabalho de divulgação da produção científica dos pesquisadores brasileiros e estrangeiros nas áreas de Educação e Filosofia.

Quanto ao dossiê, convidamos à leitura do editorial próprio, escrito pelo organizador, o professor Bruno Bontempi Júnior. Nele encontraremos excelentes motivos para nos aprofundarmos na sempre necessária reflexão sobre o engajamento dos profissionais do pensamento na defesa dos valores republicanos, sem os quais não se produz ciência genuína nem se avança no ideal de educação formadora de seres humanos críticos.

No artigo “A crítica cristã ao prazer epicureu”, Rogério Lopes Santos analisa a obra de Epicuro a partir da crítica dos Padres Apologistas à noção de prazer que, segundo esses críticos era defendida pelo filósofo grego e graças à qual ficou conhecido como defensor do hedonismo.

Em seguida, os professores Humberto Calloni e Filipi Vieira Amorim investigam, no artigo “Os desafios da compreensão: um ensaio sobre a hermenêutica da complexidade”, os desafios da compreensão da complexidade imanente às múltiplas realidades buscando superar a incomunicabilidade entre ciência e filosofia, tomando como base, especialmente, o pensamento de Edgar Morin.

Já o investigador argentino Horácio Hector Mercau, no artigo “Educación de, por y para la Democracia: la relación medios-fines en la filosofía de John Dewey” reflete sobre a relação entre meios e fins tal como se apresenta na obra de John Dewey, como caminho pelo qual a educação pode nos conduzir à democracia, valorizando a superação de dicotomias pensamento/emoção; fatos/valores; sociedade/indivíduo.

A relação entre educação e democracia também é tema do artigo “A educação filosófica por meio da narrativa: a experiência de pensar a democracia” de autoria dos professores Darcisio Natal Muraro e Claudiney José de Sousa; seu trabalho dedica-se à criação de material didático para o ensino de filosofia para crianças a partir das concepções de democracia e sua relação com a vida ética e política, amparados no pensamento de John Dewey e Mathew Lippman.

Já em “O enfoque sistêmico dialético e a organização dos conteúdos da química: reflexões didático-filosóficas”, os professores Isauro Beltrán Núñez e Sandro Damião Ribeiro da Silva apresentam uma proposta didática para o ensino da Química Geral tomando como pressupostos filosóficos o materialismo dialético e histórico e a categoria de sistema, procurando contribuir para o desenvolvimento teórico do pensamento dos estudantes; por sua vez, defende-se um método para a compreensão do conteúdo como um sistema, mostrando um potencial para a transferência das aprendizagens.

Hannah Arendt é a pensadora sobre a qual trata o artigo “A ensaística de Hannah Arendt em A crise na educação”, do professor da PUC-SP, Luiz Marcos da Silva Filho. Neste artigo, o autor procura apresentar o movimento argumentativo presente no texto de Arendt, no qual ela parte de uma crise particular na educação e chega em suas origens mais profundas, na crise da Modernidade; concentrando-se mais na forma do ensaio utilizada pela autora.

No artigo “Mal-estar na filosofia nacional. Leitura estrutural: impasse e críticas”, o professor Amaro de Oliveira Fleck analisa o pensamento filosófico brasileiro, no qual constata a persistência do método estrutural de análise de texto, exaurido em sua avaliação e a falta de intervenção desse pensamento no debate público nacional, problemas para os quais analisa possíveis causas.

O professor Carlos Eduardo Ribeiro, no artigo “Um preâmbulo ao curso O Poder psiquiátrico: o problema da antipsiquiatria em Foucault (ou a genealogia de uma a-historicidade)” propõe que a questão da antipsiquiatria seja a chave de leitura para o curso dado por Foucalt no College de France sobre O Poder psiquiátrico, para tanto o autor recorre a outros textos, exteriores ao curso propriamente dito.

No artigo “O sentido do ato de educar em Edgar Morin”, o professor Celso José Martinazzo apresenta sua contribuição ao debate, sempre necessário, sobre o sentido e finalidade da educação, tomando como base para suas reflexões a obra de Edgar Morin que, em seus textos iniciais aponta para a necessidade de instituir uma política de civilização que contemple o contexto planetário da humanidade e nos escritos mais recentes inspira-se em Montaigne e Rousseau para indicar que cabe à escola formar o aluno com uma cabeça benfeita e ensiná-lo a viver.

Esse número 67 conta também com duas resenhas de livros recentes. O professor Vinicius Carvalho da Silva nos apresenta o livro do italiano Nuccio Ordine, A utilidade do inútil - um manifesto, Rio de Janeiro: Zahar, 2016. 223 páginas, traduzido por Luiz Carlos Bombassaro, no qual se retoma um tema tradicional, mas inesgotável: o valor da educação e sua relação com a cultura e se insurge contra uma concepção utilitarista da educação em oposição à noção de que a missão da educação é formar livres pensadores, críticos, criadores, sem preocupação utilitária.

O livro Política: Uma pequena introdução a um grande tema, de David Runciman, Lisboa: Editora Objetiva, 2016, 192 páginas, com tradução de Paulo Ramos é objeto da resenha do professor José Costa Júnior; que destaca o ceticismo com a política e os políticos neste princípio de século XXI como sinal de que estamos longe ainda de atingir um ideal político, ainda que seja o ideal proposto pela democracia liberal, cujo triunfo havia sido decretado pelo cientista político Francis Fukuyama em seu artigo “O fim da História”, de 1989, texto que é objeto de crítica de Runciman.

Finalmente, temos a tradução do artigo de Ludger Honnefelder, intitulado em português “Teoria da evolução e fé na criação - interpretações do mundo rivais ou respostas a perguntas diferentes?” pelo seu tradutor, o professor Cesar Ribas Cezar (o artigo original é Honnefelder, Ludger. Im Spannungsfeld von Ethik und Religion. Berlin. 2014. Kap.11.); neste texto, o autor analisa o recente debate entre a interpretação criacionista da fé cristã na criação e uma interpretação evolucionista da teoria da evolução como uma reedição do antigo debate do século XIX, onde os dois campos apresentam-se como excludentes em relação um ao outro (de um lado, recusa pura e simples da modernidade; de outro lado, crítica maciça da religião) e sem trazer nenhuma nova perspectiva de solução ao impasse.

Desejamos a todos proveitosa leitura!

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