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Educação e Filosofia

versión impresa ISSN 0102-6801versión On-line ISSN 1982-596X

Educação e Filosofia vol.33 no.68 Uberlândia mayo/ago 2019  Epub 30-Ago-2021

https://doi.org/10.14393/revedfil.v33n68a2019-58348 

Editorial

Editorial

*Diretor de Editoração da Área de Educação do Conselho Executivo da Revista Educação e Filosofia. Doutor em Educação pela Universidade de Campinas (UNICAMP). Professor na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: marcio.danelon@ufu.br


É com enorme satisfação que trazemos ao público a edição de número 68 da Revista Educação e Filosofia. Nesta edição, apresentamos o profícuo dossiê Entre o governo das diferenças e os corpos ingovernáveis: potência da vida na educação, organizado pelo Professor Pedro Pagni, da Unesp (Marília), cuja proposta emerge uma reflexão crítica sobre o problema da democracia e do governo das diferenças na biopolítica neoliberal, colocando em questão o suposto perigo do ingovernável como um dos desafios filosófico-educacionais do tempo presente. Convidamos a todos acompanhar a apresentação deste dossiê.

Além deste dossiê, trazemos ao público um conjunto de oito artigos de diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros e que versam sobre diversas e importantes temáticas para a Filosofia e para a Educação. Neste número da Revista Educação e Filosofia apresentamos o artigo Descartes et la généalogie de la théodicée moderne chez Leibniz et Malebranche, de autoria do professor Alfredo Gatto, da Faculdade de Filosofia da Università Vita-Salube San Raffaele, Milão, Itália. Neste artigo, o autor propõe analisar a recepção da teoria de Descartes em torna das verdades eternas nas obras de Leibniz e Malebranche. Assim, o objetivo do artigo é demonstrar que não podemos compreender plenamente as reflexões de Leibniz e Malebranche sem interpretá-las à luz da teoria cartesiana, como se essa doutrina representasse a condição crítica de possibilidade da sua abordagem filosófica. Este número 68 da Revista Educação e Filosofia segue com o artigo Divisão do trabalho e apologia da ordem em Thomas Hobbes e Norbert Elias, de autoria do professor Anderson Alves Esteves do Instituto federal de São Paulo (IFSP), oportunidade na qual o autor expõe os juízos afirmativos granjeados por Thomas Hobbes e Norbert Elias, a despeito das diferenças de métodos e de métricas entre esses autores, em torno da divisão do trabalho e de suas relações com a ordem social. Assim, de Thomas Hobbes recolhe a demonstração de que divisão do trabalho emerge como uma das maneiras de estatuir o conforto necessário à manutenção da sociedade civil e, de Norbert Elias, apanha-se, sem opor indivíduo e sociedade, a relação processual entre sociogênese e psicogênese que trata da formação da divisão do trabalho e da individualidade como fenômenos inseparáveis e peculiares ao processo civilizador. Na sequência a este, trazemos o artigo do professor João Príncipe, da Universidade de Évora, Portugal, intitulado As fontes da pedagogia trabalhista de António Sérgio. Partindo da premissa de que a proposta educativa de António Sérgio para o Portugal republicano é a de ser uma pedagogia trabalhista, em que a preparação para e pelo trabalho é uma condição para a construção de pessoas autônomas e membros de uma sociedade baseada na cooperação, o autor afirma que o propósito do artigo é o de articular, sinteticamente, os fundamentos do valor educativo e social de um ideal de trabalho, destacando as fontes estrangeiras de inspiração para António Sérgio, dentre elas, Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865), John Dewey (1859-1952) e Georg Kerschensteiner (1854-1932). Com isso, propõe homenagear, no cinquentenário da morte de António Sérgio, um dos paladinos da Escola Nova portuguesa. Fábio C. Junges (UNICRUZ), Tiago A. Brutti (UNICRUZ) e Adair Adams (IFRS) nos apresentam o artigo Implicações da noção de consciência histórica nas ciências humanas e sociais: um modo de projeção para o futuro e de posição em relação ao passado. De caráter bibliográfico, o artigo discute o problema da consciência histórica com o objetivo de pensar o sentido dessa expressão na atualidade e as variações que esse conceito adquiriu ao longo da história das Ciências Humanas e Sociais, com ênfase no século XX, defendendo a tese de que a noção de consciência histórica não se limita ao conhecimento das experiências vivenciadas no passado, mas se apresenta como condição de possibilidade de projetar o futuro e se posicionar em relação ao passado, especialmente no que diz respeito às ciências humanas e sociais. De autoria dos professores José Pedro Boufleuer e de Aldemir Berwig, ambos da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), o artigo Pensar o pensamento: a leitura e a reconstrução do imaginário social na formação superior, analisa que na época atual, em que o ensino convive com novas tecnologias da informação e comunicação, há uma relativização do compromisso do próprio sujeito para com o desenvolvimento de sua capacidade de leitura e reflexão. Trata-se de um artigo que é produto de uma pesquisa qualitativa a partir de estudos teóricos que tematizam a condição humana. Assim, o artigo assevera que a universidade deve ter a preocupação primordial de formar o sujeito de forma integral, exigindo, assim, repensar o ensino e a aprendizagem a partir do desafio da construção de uma sociabilidade solidária e sustentável. Na sequência, apresentamos o artigo Recatolizar a nação: intelectuais católicos na Comissão Nacional do Livro Didático (1938-1969), com autoria dos professores Aldemir Barbosa da Silva e Celso João Carminati, ambos da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Organizado em três partes, o artigo analisa a presença de intelectuais católicos entre os membros da Comissão do Livro Didático, refletindo sobre as relações de poder entre a igreja católica e o governo federal, exatamente porque, fazer parte da Comissão permitia examinar, estimular, indicar e promover os livros didáticos na formação da nação, de forma a aproximar a cultura católica dos princípios nacionalistas. A Revista Educação e Filosofia segue com o artigo O sentido ontológico do trabalho e o desenvolvimento das funções psicológicas superiores: considerações preliminares, de autoria de Ruth Maria de P. Gonçalves, de Osterne Nonato Maia Filho e de Antonio D. Lopes Júnior, todos da Universidade Estadual do Ceará (UECE), que nos apresenta um estudo de natureza teórica, fruto de pesquisa bibliográfica e que tem por objetivo demonstrar de que forma o trabalho auxilia no processo de hominização do homem. O artigo apresenta, inicialmente, como o trabalho é concebido por Marx e apropriado por Lukács e os representantes da Escola de Vigotski, tratando, em sequência, das tensões entre a importância conferida aos aspectos biológicos e aos aspectos sociais para o processo de desenvolvimento do gênero humano. Esta reflexão permite, por fim, sinalizar como que a teoria de Vigotski destaca a relação entre os instrumentos e as funções psicológicas superiores no processo de humanização do homem. O penúltimo artigo publicado neste número da Revista Educação e Filosofia tem por título Sobrevoar a estrada ou percorrê-la a pé: o lugar da atenção na experiência do caminhar e suas possibilidades formativas, de autoria dos professores Genivaldo Souza Santo (IFSP/Birigui) e Rodrigo Pelloso Gelamo (Unesp/Marília). Partindo da indagação, quais os sentidos da atenção na experiência do caminhar e suas possibilidades no contexto da formação filosófica?, o artigo investiga os sentidos, os limites e as possibilidades da atenção na formação filosófica e suas possíveis repercussões no ensino de filosofia. Isto posto, os autores objetivam analisar e problematizar os pressupostos teóricos, os limites e as potencialidades da atenção na formação filosófica.

No último trabalho aqui publicado, debatendo e se opondo à tese defendida por Stephan Schimid de que Francisco Suárez seria um precursor da crítica que Descartes fez à causalidade final na explicação da natureza, o professor Cesar Ribas Cezar da Universidade de São Paulo (USP) apresenta o artigo Suarez precursor de Descartes? A doutrina suazeriana sobre a causa final revista em que procura demonstrar que Suárez não reduz a noção de causa à causa eficiente, não elimina a presença da causa final nem nos agentes naturais, nem na ação divina, não sendo, enfim, um precursor nem de Descartes e nem de Espinoza.

Fazemos votos que a publicação e a leitura dos artigos aqui apresentados possam trazer profícuas informações e contribuições para as pesquisas em Filosofia e em Educação.

Márcio Danelon
Diretoria da Revista Educação e Filosofia

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