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Cadernos de História da Educação

versión On-line ISSN 1982-7806

Cad. Hist. Educ. vol.20  Uberlândia  2021  Epub 29-Ene-2022

https://doi.org/10.14393/che-v20-2021-36 

Tradução

Reinventar uma coesão para garantir a legitimidade de suas propostas de reforma do ensino: o exemplo da Liga Internacional para a Educação Nova (LIEN)1

Reinventing cohesion to ensure the legitimacy of his education reform proposals: the example of the International League for New Education (LIEN)

Reinventar la cohesión para garantizar la legitimidad de suas propuestas de reforma educativa : el ejemplo de la Liga Internacional para a Nueva Educación (LIEN)

Réinventer une cohésion pour garantir la légitimité de ses propositions de réforme de l’enseignement : l’exemple de la Ligue Internationale pour l’Éducation Nouvelle (LIEN)

1Universidade Paris Nanterre, França. laurent.gutierrez@parisnanterre.fr


Resumo

Dividido entre o desejo de reunir o maior número possível e o de levar em consideração as orientações ideológicas de cada um dos seus membros, a Liga Internacional para a Educação Nova (LIEN) foi exitosa em dar de si uma imagem suficientemente consensual para legitimar a sua ação. A história desse movimento nos ensina que as dificuldades encontradas e as soluções que lhes foram propostas envolveram numerosas concessões que acabaram por enfraquecer o alcance de seus princípios fundadores. Este texto revisita alguns episódios da história da LIEN entre as duas Guerras Mundiais, enfatizando como ela trabalhou para a sua coesão no momento em que o número e a natureza das suas dissensões aumentavam.

Palavras-chave: Educação Nova; Liga Internacional; Congresso; Adolphe Ferrière; Reforma; Pedagogos

Abstract

Divided between the desire of gathering the largest possible number of its members and that of taking the ideological orientation of each one of them into consideration, the New Education Fellowship - NEF was successful in providing itself with a sufficiently consensual image to legitimize its action. The history of this movement teaches us that the difficulties encountered and the solutions proposed for them involved numerous concessions that ended up weakening the scope of its founding principles. This text revisits some episodes of the history of the LIEN between the two World Wars, emphasizing how it worked for cohesion at a time in which the number and nature of its dissensions increased.

Keywords: New Education; New Education Fellowship; congress; Adolphe Ferrière; reform; pedagogues

Resumen

Dividido entre el deseo de reunir el mayor número posible y el de llevar en consideración las orientaciones ideológicas de cada uno de sus miembros, la Liga Internacional para la Educación Nueva (LIEN) fue exitosa en dar de sí una imagen suficientemente consensual para legitimar su acción. La historia de ese movimiento nos enseña que las dificultades encontradas y las soluciones que les fueron propuestas envolvieron numerosas concesiones que acabaron por debilitar el alcance de sus principios fundadores. Este texto revisita algunos episodios de la historia de la LIEN entre la dos Guerras Mundiales, enfatizando como ella trabajó para su cohesión en el momento en que el número y naturaleza de sus dimensiones aumentaban.

Palabras-clave: Educación Nueva; Liga Internacional; Congreso; Adolphe Ferrière; Reforma; Pedagogos

Résumé

Tiraillée entre son désir de rassembler le plus grand nombre et celui de prendre en considération les orientations idéologiques de chacun de ses membres, la ligue internationale pour l’éducation nouvelle (LIEN) a réussi à donner une image d’elle suffisamment consensuelle pour en légitimer l’action. L’histoire de ce mouvement nous apprend que les difficultés rencontrées et les solutions qui leur furent apportées relèvent de nombreux compromis qui vont progressivement affaiblir la portée de ses principes fondateurs. Ce texte revient sur quelques épisodes de l’histoire de la LIEN entre les deux Guerres Mondiales en soulignant comment elle a travaillé à sa cohésion alors que le nombre et la nature de ses dissensions allaient en augmentant.

Mots clés: Education nouvelle; Ligue internationale; Congrès; Adolphe Ferrière; Réforme; Pédagogues

Os princípios preconizados pela Liga Internacional para a Educação Nova (LIEN) a partir de 1921, data da sua criação, reuniram ao seu redor um conjunto de pedagogos preocupados em romper com o modelo tradicional de ensino escolar. Mas essa busca por uma educação universal centrada nas necessidades da criança não pode ser apreendida unicamente em sua oposição à escola pública, conhecida pela sua opacidade, se comparada às novas formas de aprendizagem. Ao se propor como um “laboratório de experimentação pedagógica”, a LIEN impôs-se, inicialmente, aos olhos dos observadores como uma alternativa a “um modelo comprovado”. Em seguida, porém, o poder de persuasão deste movimento de reforma da educação acabará perdendo força progressivamente. E isto por várias razões. No plano político, a ascensão dos nacionalismos na Europa tornará problemática a neutralidade ideológica que ela defende. No plano científico, a multiplicidade dos campos que objetivavam legitimar o alcance de suas ações pedagógicas acentuará as divergências entre os seus membros. No plano das práticas, por fim, as escolas novas deixarão de ser, na ação, a concretização dos seus princípios, relegando assim a segundo plano o que constituía até então a sua essência (Gutierrez, 2006).

Esta história da LIEN, à qual pretendemos retornar, mostra como os argumentos utilizados para legitimar as ideias em matéria de reforma do ensino carregam em si as marcas de sua época. Após termos lembrado rapidamente as origens e a atividade da LIEN durante os seus primeiros anos, veremos como os seus dirigentes lidarão com as divergências de ponto de vista dos seus membros. Dissensões que conhecerão o seu auge na ocasião do Congresso de Cheltenham em 1936, durante o qual alguns autores deste movimento chegarão a questionar os próprios fundamentos da Liga. Esperamos que essa contribuição possa lançar luzes sobre o delicado e frágil empreendimento que constitui todo procedimento de propaganda em matéria de reforma do ensino como alternativa ao modelo escolar.

A fundação da LIEN: um hino à coesão

Após a Primeira Guerra Mundial, são numerosos aqueles que acreditam em uma educação nova pacifista, que poderia ter evitado esse desastre. Na ocasião do seu Congresso fundador em Calais, que ocorreu de 30 de julho a 12 de agosto de 1921, os membros da LIEN adotam princípios de associação que tornam oportuna uma reflexão sobre o alcance de tal educação (Anexo I). Por meio de suas orientações, a LIEN busca a adesão do máximo possível de educadores em todo o mundo. Essa propaganda dará bons frutos. O número de participantes dos seus congressos aumentará sem cessar ao longo dos sete grandes eventos internacionais que ela organizará entre 1921 e 1936. De uma centena, no seu início, os membros serão mais de dois mil a participar no fim dos anos vinte. Cerca de cinquenta nações serão representadas em 1936, ao passo que em 1921 era apenas uma dezena. Essa popularidade é então, em parte, garantida pelas revistas publicadas pela LIEN. Além dos três periódicos originais (Pour l’Ere nouvelle em francês, Das werdende Zeitalter em alemão e The New Era em inglês), cada país afiliado à Liga logo criará o seu próprio órgão de difusão. Em face do desenvolvimento das atividades da LIEN, um Comitê Internacional é fundado após o Congresso de Elseneur (Dinamarca, de 8 a 21 de agosto de 1929). Com base em Londres, este escritório central garante, no prolongamento das atividades do Escritório Internacional das Escolas Novas (Hameline, 2004), a coesão entre as diferentes filiais da Liga. A tarefa não é pequena, uma vez que as ideias, sob a forma por vezes de filosofias radicalmente diferentes, não faltam. O trabalho de síntese se torna assim progressivamente indispensável à estabilidade e à perenidade da LIEN. Entre 1921 e 1929, divergências importantes emergem em torno de noções tais como a espontaneidade, a atividade ou ainda a liberdade.

Em sua tese, Annick Raymond monstra como esses desacordos ideológicos colocam os princípios de associação, únicos capazes, para os fundadores dessa Liga, de garantir a coesão entre os seus membros (Raymond, 2002). Em outras palavras, as discussões que emergirão ao longo dos congressos da LIEN durante os anos 1920 produzirão progressivamente os efeitos inversos aos efeitos esperados. Os congressistas, ao evocarem uma pluralidade de pontos de vista sobre a questão da liberdade em educação, por exemplo, se dividirão paradoxalmente sobre o que, no início, devia constituir um elemento de união entre eles.

De um estatuto a outro

Em 1932, na ocasião do Congresso de Nice, um novo estatuto mais próximo das realidades sociais é adotado (Anexo 2) pelo Grupo Francês de Educação Nova (GFEN), seção francófona da LIEN (Gutierrez, 2011). Este estatuto é publicado pela primeira vez no número 82, de novembro de 1932, de Pour l’Ere nouvelle, segundo número dedicado ao Congresso de Nice. É surpreendente que esse texto não figure no número precedente no qual são reproduzidas as conferências de Paul Langevin (Langevin, 1932), presidente de honra do GFEN, e de Henri Wallon (Wallon, 1932), vice-presidente, que anunciam explicitamente esta nova orientação. Tanto mais curioso é o fato de que esse novo estatuto havia sido publicado antes mesmo do congresso, como o atesta a “Nota sobre o Grupo Francês de Educação Nova”, redigida pela secretária geral do Grupo, Émilie Flayol (Flayol, 1931). Tudo leva a crer que a adoção desse novo manifesto havia sido premeditada e que a presidência do 6º Congresso da LIEN, confiada a Paul Langevin (Gutierrez, 2010), iria permitir esse ajuste social dos princípios da Liga. Sobre a forma, como menciona Annick Raymond, “o segundo estatuto já não fala do espírito no mesmo sentido que o primeiro: ‘a energia espiritual’ da qual era difícil apreender os contornos se torna ‘espírito de cooperação’ ou ainda ‘independência de espírito’, duas atitudes, dois ‘estados de espírito muito particulares’ surgem na ocasião da redação desse novo estatuto” (Raymond, 2002, 105).

Mas essas orientações políticas conduzem alguns grupos pedagógicos afiliados à LIEN a se destacarem dela. Assim, a associação La Nouvelle Éducation, que já denunciava a parte cada vez mais restrita deixada ao estudo dos métodos de ensino nos congressos, condena as novas tendências doutrinais da LIEN: “Não podemos dizer que ele (o congresso) tenha feito avançar muito os problemas pedagógicos, tendo o tema geral proposto, infelizmente, levado os oradores a questões sociais em detrimento da pedagogia. M. Harold Rugg, o tão inteligente professor de educação da Universidade de Columbia de Nova Iorque, no excelente discurso com o qual encerrou o congresso, expôs claramente a situação revelada ao longo das sessões:

Encontramo-nos diante de duas atitudes muito claras dos educadores, atitudes que podem ser resumidas do seguinte modo: será a educação imposta às crianças do exterior, ou será ela baseada em seu próprio desenvolvimento? Nós lhes inspiraremos uma sociedade criada por nós, ou lhes daremos os meios de criarem a sociedade que elas desejarem e que será verossimilmente completamente diferente de tudo o que os adultos podem conceber hoje? Como se sabe, a segunda atitude é aquela que sempre adotamos, e parece-nos óbvio que não se poderia falar de educação nova e continuar aferrado à primeira, que não coloca a criança no centro da educação. É por causa dessas duas atitudes que até agora ninguém chegou a um acordo sobre o que se convencionou chamar de escola nova e que a senhora Montessori tomou o sábio partido de se recusar a deixar as suas escolas serem assim denominadas, pois esta denominação abrange as mais heterogêneas e contraditórias organizações (La Rédaction, 1932, 156).

Este Congresso de Nice marca uma verdadeira virada na história da LIEN, com a afirmação de uma doutrina que será assumida pelo menos por seus dirigentes franceses. É também a partir do Congresso de Nice que o GFEN estreitará laços com a administração da Instrução Pública. Instalados no Museu Pedagógico, os escritórios do GFEN acompanharão o Museu em sua transferência para a rua d’Ulm, no 29, em 1933-1934. Dirigido majoritariamente por membros ou ex-funcionários do ensino público (com exceção de Georges Bertier, diretor da Escola des Roches, que ocupa a vice-presidência do GFEN desde 1931), o GFEN aparecerá progressivamente como uma força de propostas alternativas para as reformas do ensino apresentadas, na sequência, pelo Ministério da Educação Nacional. Na segunda metade dos anos 1930, é forçoso constatar, porém, que o problema de identidade da LIEN ainda não está resolvido. O Congresso de 1936 o demonstrará ao apontar para os limites das tentativas realizadas até então e sobretudo a do GFEN e de seu estatuto de 1932. Reunir todos os seus membros ao redor de um programa comum parece, mais do que nunca, um desafio. A impossibilidade de se chegar a um acordo aceitável por todos sobre a questão do ensino religioso, por exemplo, atesta esta realidade. Tanto é assim que alguns dirigentes da LIEN chegam a se interrogar sobre o futuro desse movimento. Consciente da necessidade de adaptar os seus princípios às condições da sociedade contemporânea, a LIEN deverá encontrar um novo princípio associativo em face do qual as divisões ideológicas se apagarão. Mas a aposta parece difícil de ser mantida, já que as diversas tentativas de conciliação foram infrutíferas no passado.

Os “Companheiros do Mundo”

A começar pela tentativa da fundação de uma liga dos “Companheiros do Mundo” na ocasião do Congresso Internacional de Educação Nova de Nice, em 1932. Concebida para servir de ligação entre todos aqueles que consideravam que já era tempo de ver o mundo como uma unidade orgânica, esta liga enviou, regularmente, a seus associados, cartas que abordavam alguns dos temas da atualidade. Na primeira dessas missivas publicadas em janeiro de 1933, Béatrice Ensor revisita a história da LIEN. Ela evoca o início, em 1921, desse comitê de indivíduos inflamados pelo mesmo ideal que lhes permitiu superar todos os obstáculos. Segura do pleno sucesso dessa Liga, Béatrice Ensor deseja, portanto, reforçar esta crença na supremacia do espírito sobre a matéria, criando uma nova forma de adesão. Convencidos de que uma justa noção dos problemas mundiais é a única força capaz de resolvê-los, esses “Companheiros do Mundo” se esforçam por desenvolver uma filosofia da união mundial entre os indivíduos. Em determinado momento, esta filosofia deve tornar-se “a alma da liga, esta alma que entreterá a vida do espírito em todas as nossas atividades diversas e sabiamente diferenciadas” (Ensor, 1933, 264).

Deve-se ver nisto uma vontade de preencher um déficit de alma da LIEN? Parece, com efeito, ser o caso, a se ler a segunda carta, enviada pelo Dr. J.-J. Van der Leeuw, publicada em junho de 1933. Dirigindo-se aos educadores, ele os convida a refletir sobre a ligação íntima que os une, assim como sobre sua responsabilidade em relação à nova geração, a fim de despertar, nela, este espírito de unidade e de solidariedade: “é preciso ‘pensar universal’ ou desaparecer” (Van der Leeuw, 1933, 264). Esta exortação visa a fazer que os “Companheiros do Mundo” tomem consciência do imperativo pacífico que deve, mais que nunca, guiar os povos. Nesses tempos difíceis em que a ameaça do nacionalismo alemão faz temer um novo conflito, a educação é interrogada sobre sua capacidade de evitar um novo drama de escala mundial. É neste contexto que é publicada a terceira carta aos Companheiros, de Laurin Zilliacus, diretor da Tölö Svenska Samskola, em Helsínquia (Finlândia). Verdadeiro manifesto pela paz, este texto coloca os imperativos de uma educação solidária entre os indivíduos tanto em seus respectivos países quanto além das suas fronteiras (Zilliacus, 1933), no exato momento em que a LIEN sofre o contragolpe da crise econômica e da desordem moral que se estendem a todo o mundo.

O Congresso de Cheltenham

Inicialmente previsto para ser realizado em Viena (Áustria), depois em Bruxelas (Bélgica), o sétimo Congresso Internacional de Educação Nova ocorrerá, definitivamente, em Cheltenham (Inglaterra), de 31 de julho a 14 de agosto de 1936, tendo como tema das discussões a espinhosa problemática da “Educação em uma sociedade livre”. Este assunto, submetido à aprovação da LIEN, desde 1934, pelos membros do GFEN (Flayol, 1935), levará esses últimos a assumir, mais uma vez, um lugar preponderante na organização deste evento internacional. Os imperativos ligados à promoção e à preparação desse encontro oficial levam os dirigentes franceses a concentrar nele os seus esforços em três reuniões a partir do fim de 1935. A primeira, que aconteceu no dia 10 de outubro, examinou as condições de trabalho e de organização do congresso. Nesta ocasião, o GFEN foi encarregado da propaganda e das inscrições em quatorze países (todos eles de língua neolatina, aos quais se juntou a Turquia, a Tchecoslováquia, a Iugoslávia e a Bulgária). A segunda, de 28 de novembro, foi inteiramente dedicada ao exame das diferentes formas de promoção do congresso (imprensa, criação de um comitê de propaganda, solicitação do auxílio de algumas personalidades, etc.). A terceira fez o balanço das ações realizadas até ali, reunindo somente os membros do escritório do GFEN, em 19 de dezembro de 1935. La Nouvelle Éducation, vendo-se ofuscada por ser colocada de lado nesta ocasião, reagirá por meio de uma nota lacônica em seu boletim:

Fazemos questão de avisar os nossos membros que se o nome do Sr. Cousinet figura no comitê francês de propaganda do congresso da LIEN, é contrariamente à recusa que dirigimos a este comitê de nos ocuparmos deste congresso. Guardamos, com efeito, uma péssima lembrança do de Nice (...) no qual nossas comunicações e nossa exposição foram recebidas com evidentíssima má vontade. Não temos, além disso, nenhuma razão para apoiar um congresso no qual a nossa associação não fora convidada a nenhuma participação a não ser para a propaganda! (La Rédaction, 1936, VI).

Entrementes, dois congressos ocorrerão, sob a tutela da LIEN, em 1934. Enquanto o primeiro reúne os membros dos países do norte da Europa (Suécia, Noruega, Dinamarca) e os da maior parte dos países balcânicos, o segundo, aberto pelo Ministro da Educação da União Sul-Africana, acontecerá em julho de 1934, na cidade do Cabo e em Joanesburgo. Este congresso, que viu a afluência de seis mil pessoas representando mais de cem associações, havia colocado em sua ordem do dia a questão da “adaptação da educação às novas necessidades da sociedade”.

Béatrice Ensor, que instigou este projeto e muito trabalhou por ele, convidara, entre outros, Pierre Bovet (Bovet, 1935) e o americano John Dewey a participarem deste evento. Um terceiro congresso da LIEN também ocorreu de 1º a 7 de agosto de 1935, em Tóquio, no auditório da Universidade Imperial, para celebrar o 5º aniversário da criação da seção japonesa da Liga. Primeiro congresso pedagógico internacional organizado no Japão, este evento teve um público de duas mil pessoas, com a contribuição de aproximadamente trezentos educadores, vindos, além do Japão, dos Estados Unidos, Canadá, Manchukuo, Sião, Índia, Filipinas e Austrália.

A LIEN diante de suas contradições

Por sua vez, a associação dos “Companheiros do Mundo”, que se desenvolve sobretudo na Inglaterra, sob o impulso de Béatrice Ensor, tem uma influência relativamente limitada. Mesmo com os seus mil cento e cinquenta e quatro membros em 1935, ela publica apenas uma carta em 1934. A quinquagésima, publicada em outubro de 1935, lembra o compromisso da LIEN de promover uma educação em uma sociedade livre:

Desde a sua fundação, a Liga se baseou constantemente no princípio da liberdade; ela não cessou de sublinhar a importância que dá ao aspecto “interior” da educação, aspecto cuja necessidade se faz sentir atualmente mais que nunca. Abandonar o seu princípio ou mesmo modificar a sua atitude a seu respeito equivaleria para a Liga a renunciar ao que é a sua razão de ser. E isto está fora de cogitação (Anônimo, 1935, 292).

Assim, o autor desta carta considera que é urgente dar aos princípios centrais da Liga uma interpretação que corresponda aos fatos da sociedade contemporânea. A necessidade desta adequação aumentou sobretudo em relação aos debates provocados pelo modelo de educação alemão, baseado na autoridade e na disciplina. Esta carta aponta também para o imperativo da LIEN de estabelecer princípios capazes de fazer reconhecer a tradição e a modernidade em uma nova síntese da qual não serão descartadas as questões doutrinárias:

Será necessário abrir, na discussão, um espaço importante para a religião, uma vez que, de certo ponto de vista, todas as nossas controvérsias atuais acabam em uma questão de lealdade a um ideal. Enquanto a nossa linha de conduta no que diz respeito a esse tema não for completamente clara, a nossa educação permanecerá uma coisa inconsistente e flutuante. Toda a educação exitosa parece tomar forma em uma atmosfera de liberdade em torno de um núcleo central de fidelidade inquebrantável a um ideal. É a natureza desse ideal o objeto das discussões contemporâneas (Anônimo, 1935, 293).

Incontestavelmente, esta leitura que delineia os grandes eixos do 7º encontro da LIEN convida os seus membros a refletirem sobre um projeto educativo no qual as questões colocadas pelas referências às questões doutrinárias encontrarão clara e definitivamente uma resposta.

A impossível comunidade de mentes

Em sua conferência de abertura do Congresso de Cheltenham, Sir Percy Nunn, professor da Universidade de Londres e principal organizador deste congresso, reconhece que “a Liga foi um centro de força no qual foram nutrir-se todos os amantes do progresso, os exaltados, desejosos de romper com os laços do passado, os moderados apegados às tradições mas conscientes das reformas necessárias; os educadores de todas as nuanças encontraram um precioso conforto e uma verdadeira fonte de inspiração em nossas reuniões” (Percy Nunn, 1936, 230). Mas, o que é a Educação Nova? E, sobretudo, em que ela continua sendo nova em 1936? Certamente, este congresso se revela mais uma ocasião para se dedicar ativamente ao grande ideal do pacifismo com vistas ao “advento de um mundo no qual os seres humanos (seriam) efetivamente membros de uma grande família” (Ensor, 1936, 229), mas quais são os elementos incontornáveis que permitem identificar o movimento a fim de que ele se mostre, enfim, como “filosoficamente” legítimo aos olhos de todos?

Sir Percy Nunn, que dá a entender, aqui, que a LIEN tem uma parcela de responsabilidade neste campo, não se surpreende ao encontrar o ceticismo de alguns e a hostilidade de outros relativamente a este slogan da “Educação Nova” que já não encontra ressonância senão nos militantes. Ele apela aos participantes do congresso para resolverem o problema, ainda em aberto, dos fins últimos almejados pela LIEN em uma fórmula nova que não desdenharia das descobertas do passado, mas que, ao contrário, as casaria às inovações dos tempos presentes:

Estamos reunidos aqui, com muito zelo, convencidos de que o verdadeiro caminho da educação ainda não foi descoberto, duvidando, talvez, que este caminho seja um só, e nos perguntando se caminhos múltiplos não existem, diferindo pouco ou muito uns dos outros, de país para país, segundo a forma social, se soluções perfeitamente legítimas para o problema colocado pela educação não podem existir, as quais se distanciam sensivelmente das que se impõem à consciência (...). Mas este é um ponto no qual estou certo de que nos encontramos todos: é neste sentimento que é necessário encontrar a fórmula que concilie o nosso caminhar para frente e as tradições do passado. Não sei se vocês compartilham da convicção profunda com a qual eu sinto o perigo que haveria em se negligenciar a vasta experiência acumulada ao longo das eras da Humanidade. A meu ver, numerosas são as aventuras empreendias por ousados exploradores desses últimos anos que estavam fadados ao fracasso, que também representou o fracasso dessas aventuras, porque os exploradores haviam negligenciado lançar as bases de um acordo prévio com as tradições educativas de seus predecessores” (Percy Nunn, 1936, 234).

E acrescenta:

Por vezes me vem à mente que talvez a maior dificuldade para a educação nova será não ser nova demais; é preciso, contudo, que ela o seja em toda a medida na qual sinta poder sê-lo, mas continuo a acreditar que ela não poderá trazer (remédio) aos males atuais da humanidade (...), se ela não se esforçar para colocar em harmonia as aspirações do tempo presente com as tradições e as inspirações do passado (Percy Nunn, 1936, 234).

“Uma Educação Nova que não seria nova demais”

Eis aí uma fórmula à qual não falta sabor e que encarna os paradoxos confirmados no 7º encontro da LIEN. Paradoxos que tentam, sob variadas formas, encontrar um justo equilíbrio entre os direitos da personalidade e os da sociedade. A situação parece tão preocupante que Adolphe Ferrière chega a se interrogar sobre o passado e o futuro da LIEN (Ferrière, 1936). Ele se pergunta, já de início, se ela não fracassou e se não seria conveniente renunciar à continuidade deste movimento em virtude da perturbação crescente dos países nos quais reinam a violência e o desprezo da palavra. Essas afirmações voluntariamente derrotistas de um dos mais fervorosos propagandistas da LIEN visam a mobilizar a atenção dos congressistas sobre os diferentes pontos acerca dos quais é urgente encontrar um acordo a fim de não comprometer o destino desta obra. Entre as necessidades evocadas na sequência, Adolphe Ferrière lembra, mais uma vez, a da distinção entre a liberdade espontânea, que está na base da liberdade da criança, e a liberação do espírito pelo domínio de si. Para evitar qualquer equívoco, Adolphe Ferrière havia proposto, desde 1926, no capítulo VIII de seu livro Le progrès spirituel (Paris: Stock), e mais tarde, mais uma vez, em 1928, substituir liberdade por liberação:

A liberdade, em si, é um mito, mas a liberação é um ato. A independência é um estado negativo: a ausência de dependência pode ser confundida com a anarquia banal. Enquanto a palavra “liberação” é um programa completo. Ela marca um ponto de partida, uma orientação, quiçá um objetivo, senão uma série infinita de objetivos hierarquizados e cada vez mais altos. (...) A liberação (é) o domínio dos instintos e das tendências. O eu superior eleva-se do caos à ordem, de um caos ao qual está sujeito a uma ordem que ele mesmo instaura (Ferrière, 1928, 17 e 19)

Ele insiste particularmente neste ponto, uma vez que sabe que por detrás das divergências está em jogo a coesão, e portanto, em parte, o futuro da LIEN. Ver e sublinhar o que une ao invés do que divide; não esquecer que, atrás das diferenças de pontos de vista, de linguagens e de símbolos, os homens são todos irmãos, conduzidos pelo dinamismo de seus sentimentos; liberar o homem, enfim, dos seus desacordos com os seus semelhantes a fim de que se torne um verdadeiro “cidadão do mundo”, tais são as ideias que Adolphe Ferrière se esforça por defender em Cheltenham. Elas encontrarão um eco nos participantes do congresso, assim como as ideias desenvolvidas por Béatrice Ensor e Sir Percy Nunn? Nada é menos certo.

Com efeito, nunca um encontro da LIEN acabara em tais divergências. Os numerosos conflitos entre os congressistas sobre a questão da liberdade na educação atestam um impossível acordo sobre esse assunto. Os debates são tanto mais vivos quanto se cristalizam em torno da definição, não mais do grau de liberdade que convém conceder às crianças, mas da liberdade como fator de perfazimento da pessoa. A revista Pour l’Ere nouvelle, nos seis números temáticos que dedica a esse congresso, praticamente não faz alusão a essas dificuldades, embora manifestas, na primeira quinzena de agosto, em Cheltenham. Esta maneira “pacificada” de reescrever a história da LIEN e do GFEN é constante nas colunas desta revista.

Assim, em seu relatório anual sobre a atividade do GFEN durante o ano 1936, Jeanne Hauser, que substitui na ocasião Émilie Flayol, não menciona nenhuma divergência de opiniões entre os congressistas na ocasião deste evento da LIEN. Nesta ocasião, uma outra delegação francesa com cerca de cem membros, entre os quais J. Hauser, H. Wallon, G. Bertier, M. Brun, A.-M. Carroi, C. Freinet, M. Guéritte, M. Wéber, G. Martenot, se fez presente. Paul Langevin (enfermo) e Henri Piéron, contudo, não estarão presentes (Hauser, 1937). Portanto, compreende-se o elogio feito por Adolphe Ferrière à obra de Wyatt Rawson (Rawson, 1938), que, em 314 páginas, consegue a “façanha” (Ferrière) de reunir em um mesmo livro os múltiplos pontos de vista intercambiados durante este congresso. Esta harmonização é tanto mais hábil quanto realiza, ao mesmo tempo, um “estudo” sobre a maneira como “a ciência, a arte e a religião podem ser concebidas como fatores de liberação; como a liberdade pode penetrar a família, o sistema econômico, a democracia, corrigir a anarquia internacional, fazer face aos conflitos culturais, tender a realizar a humanidade UNA” (Ferrière, 1938, 214). Em outras palavras, como a Educação Nova pode permitir que as sociedades contemporâneas saiam da crise na qual se encontram.

Minimizar a heterogeneidade de pontos de vista

Assim, assistimos, mais uma vez, a este exercício de escrita que consiste em apagar ou, pelo menos, minimizar a heterogeneidade de opiniões dentro da LIEN. Conscientes dessas divergências, os doze membros do Comitê Internacional da LIEN - instância de tomada de decisão composta por William Boyd, Fred Clarke, Béatrice Ensor (presidente), Adolphe Ferrière, Amélie Hamaïde, E. Hartree, Walter Laffan, A.-J. Lynch (vice-diretor), Wyatt Rawson, Elisabeth Rotten, Henri Wallon e Laurin Zilliacus (diretor) - redigirão, nada obstante, a partir do ano seguinte, um “manifesto” no qual insistem na atualidade das suas propostas. Mas, além da sua função reivindicadora, este texto dá mostras das dificuldades que persistem no seio deste movimento de Educação que já não era o único a reivindicar um ideal de pedagogia moderna: “(...) vários de nossos membros ficam bastante embaraçados quando se lhes pergunta: ‘O que representa a Liga para a Educação Nova? Em que o que ela reclama difere do que é um dado de fato hoje?’” (Boyd et al., 1973, 195). As respostas dadas a essas questões são de um alcance geral e relativo às necessidades de uma educação “mais humana” na qual a ação do professor é decisiva. O ideal democrático aparece então como o novo leitmotiv da LIEN, que parece destacar-se, cada vez mais, das realidades práticas das escolas novas cuja continuidade de experimentações pedagógicas, porém, ela encoraja.

No fim dos anos 1930, esta pedagogia parece, com efeito, estar ausente dos debates, haja vista os problemas muito mais imperiosos que o advento de um segundo conflito mundial suscita. Em 1939, um novo projeto de “congresso europeu” da LIEN é lançado. Enquanto a cidade de Paris é fortemente visada, o espírito no qual o congresso é anunciado rompe com as práticas no quadro deste tipo de evento: “Não se trata, neste ano, de atrair o maior público possível para um congresso para a propaganda dos princípios e métodos da educação nova. Quer-se reunir trezentos ou quatrocentos educadores animados pelo espírito do progresso e lhes pedir para examinar em conjunto a parte que lhes cabe no esforço pela defesa das condições sociais que permitem o desenvolvimento da personalidade humana” (Anônimo, 1939, 17). No mesmo tempo, as seções inglesa e americana da LIEN lançam, cada uma, um “Manifesto pela defesa e a realização da democracia” (Coletivo LIEN, 1939, 35-37).

Convencida de que os valores morais não podem desenvolver-se senão em uma ordem social democrática, esta ação visa a sublinhar a importância de uma justiça social internacional que, até o presente, falhou e favoreceu a ascensão do fascismo e do nazismo à cena política mundial. Tal é também a ideia dos organizadores do Congresso europeu, que adotam como tema geral: “Os educadores e a realização do ideal democrático”: “A Liga pensa, com efeito, que somente as sociedades que asseguram a cada um o livre exercício de seus direitos de homem e de cidadão podem oferecer um meio favorável à aplicação dos princípios da educação nova” (Coletivo LIEN, 1939, 35-37).

Mas, para alguns, o problema desta crise se deve principalmente às desigualdades sociais que serviram a esses tipos de regimes totalitários. Em Cheltenham, Célestin Freinet havia lançado um apelo à Liga nesse sentido, censurando abertamente aos teóricos da educação a sua falta de realismo. Para tanto, ele havia, entre outros, atacado o self-government, que, sob formas indiretas, reintroduzia na escola regras e códigos de conduta cuja moral era muito discutível. Professor laico, Célestin Freinet se tornará conhecido na Inglaterra por sua oposição feroz a todas as formas de ensino religioso na escola. Se outros membros da LIEN o acompanharão nesta questão, ele encarnará, contudo, a imagem mais representativa de um anticlericalismo radical, contribuindo assim para entreter na França a divisão doutrinária entre Educação Nova e catolicismo.

Conclusão

Apesar das diversas tentativas de conciliação empreendidas pelos dirigentes da LIEN, é forçoso constatar que desacordos de fundo perdurarão entre alguns protagonistas deste movimento de educação. Neste contexto, não será nem a ligação da Progressive Education Association, como seção americana, à LIEN em 1932, nem a do comitê dos congressos internacionais de Educação moral, a título de comissão de trabalho em 1937, que permitirão a esta Liga de reunir seus membros em torno de um programa comum. Os sucessos de audiência que tiveram outros eventos organizados pela LIEN, no fim dos anos 1930, tampouco serão suficientes para restabelecer a imagem de uma organização internacional dividida entre o desejo de reunir o maior número de membros e o de levar em consideração as orientações ideológicas de cada um deles.

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ANEXO I

PRINCÍPIOS DE ASSOCIAÇÃO (Estatuto de 1921)

1. O objetivo essencial de toda educação é preparar a criança a querer realizar em sua vida a supremacia do espírito; ela deve, portanto, qualquer que seja o ponto de vista no qual se coloque o educador, visar a conservar e a aumentar na criança a energia espiritual.

2. Ela deve respeitar a individualidade da criança. Esta individualidade não pode desenvolver-se senão por uma disciplina que conduza à liberação das potências espirituais que existem nela.

3. Os estudos e, de modo geral, a aprendizagem da vida, devem dar livre curso aos interesses inatos da criança, ou seja, aqueles que despertam espontaneamente nela e que devem encontrar a sua expressão nas variadas atividades de ordem manual, intelectual, estética, social e outras.

4. Cada idade tem o seu caráter próprio. É preciso, portanto, que a disciplina pessoal e a disciplina coletiva sejam organizadas pelas próprias crianças com a colaboração dos professores; elas devem tender a reforçar o sentimento das responsabilidades individuais e sociais.

5. A competição egoísta deve desaparecer da educação e ser substituída pela cooperação que ensina a criança a colocar a sua individualidade a serviço da coletividade.

6. A coeducação reclamada pela Liga exclui o tratamento idêntico imposto aos dois sexos, mas implica uma colaboração que permita a cada sexo exercer livremente sobre o outro uma influência salutar.

7. A educação nova prepara, na criança, não somente o futuro cidadão capaz de cumprir os seus deveres para com os seus próximos, sua nação e a humanidade como um todo, mas também o ser humano consciente da sua dignidade de homem.

ANEXO II

Novo estatuto da LIEN após o Congresso de Nice (1932)

A crise atual requer a concentração através do mundo inteiro de todos os esforços em direção de uma educação renovada. Em vinte anos, a educação poderia transformar a ordem social e instaurar um espírito de cooperação capaz de encontrar soluções para os problemas atuais. Para isto, nenhum esforço nacional seria bastante. Eis por que a Liga Internacional para a Educação Nova dirige um premente apelo aos pais, educadores, administradores e servidores sociais para que se unam em um vasto movimento universal. Somente uma educação que realize em todas as atividades uma mudança de atitude em relação às crianças pode inaugurar uma era livre das concorrências nefastas, dos preconceitos, das inquietações e das misérias características de nossa civilização presente, caótica e desprovida de segurança. Uma renovação da educação se impõe, baseada nos seguintes princípios:

1º A Educação deve tornar a criança capaz de compreender as complexidades da vida social e econômica de nosso tempo.

2º Ela deve ser concebida de maneira a responder às exigências intelectuais e afetivas das crianças de temperamentos variados e lhes fornecer a ocasião de se exprimirem a todo tempo segundo as suas características próprias.

3º Ela deve ajudar a criança a se adaptar voluntariamente às exigências da vida em sociedade substituindo a disciplina baseada na obrigação e no medo das punições pelo desenvolvimento da iniciativa pessoal e da responsabilidade.

4º Ela deve favorecer a colaboração entre todos os membros da comunidade escolar, conduzindo professores e alunos a compreenderem o valor da diversidade dos caracteres e da independência intelectual.

5º Ela deve levar a criança a apreciar o seu próprio patrimônio nacional e a receber com alegria a contribuição original de qualquer outra nação de cultura humana universal. Para a segurança da civilização moderna, os cidadãos do mundo não são menos necessários que os bons cidadãos da sua própria nação.

Recebido: 22 de Novembro de 2020; Aceito: 09 de Março de 2021

1

Versão em português preparada por Fernando Coelho, a partir do original em francês publicado em Spirale (n.45, p.29-42, jan.-mar. 2010), sob o título "La Ligue internationale pour l’Éducation nouvelle". E-mail: fernando.coelho@udesc.br.

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