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Reflexão e Ação

versión On-line ISSN 1982-9949

Rev. Reflex vol.30 no.1 Santa Cruz do Sul ene./apr 2022  Epub 14-Ago-2023

https://doi.org/10.17058/rea.v30i1.16009 

Artigos do Fluxo

Las Margaritas: germinando uma experiência de mulheres cooperadas ancorada na educação popular

Las Margaritas: germinando una experiencia de mujeres cooperadas ancladas en la educación popular

The Daisies: germinating an experience of cooperative women anchored in popular education

I Universidade de Caxias do Sul - UCS - Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil.

II Universidade de Caxias do Sul - UCS - Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil.

III Universidade de Caxias do Sul - UCS - Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil.


RESUMO

O objetivo do texto é contextualizar, na perspectiva da educação popular como movimento dialético e social, lugares e sujeitos de uma experiência em processo, forjada por mulheres no seio de um movimento popular situado em território periférico. A experiência ancora-se na pesquisa-ação como pressuposto mobilizador e como ação política e pedagógica. O artigo descreve e analisa o emergir da Saboaria Popular Las Margaritas e seus conceitos fundantes, como o trabalho de base na relação com categorias do pensamento-ação freireano: autonomia, libertação e empoderamento, assim como elementos e fatores que fomentam sua concretização, implicada na participação popular e na partilha do saber coletivo.

Palavras-chave: Solidariedade; Mulheres; Trabalho; Educação Popular; Paulo Freire

ABSTRACT

The objective is to contextualize, in the perspective of popular education as a dialectical and social movement, places and subjects of an experience in process, worked by women within a popular movement located in the suburbs. The experience is anchored in action-research as a mobilizing presumption and as political and pedagogical action. The article describes and analyzes the emergence of the Popular Wisdom The Daisies and its fundamental concepts in the relationship with categories of Freirean thought-action: autonomy, liberation, and empowerment, as well as concrete elements and factors involved in popular participation and collective knowledge sharing.

Keywords: Solidarity; Women; Work; Popular Education; Paulo Freire

RESUMEN

El objetivo del texto es contextualizar, en la perspectiva de la educación popular como movimiento dialéctico y social, lugares y sujetos de una experiencia en proceso, forjada por mujeres en el seno de un movimiento popular situado en territorio periférico. La experiencia está anclada en la investigación-acción como presupuesto movilizador y como acción política y pedagógica. El artículo describe y analiza el emerger de la Sabiduría Popular Las Margaritas y sus conceptos fundamentales como el trabajo de base en la relación con categorías del pensamiento-acción freireano: autonomía, liberación, y empoderamiento, así como elementos y factores que fomentan su concretización, implicada en la participación popular y en el compartir del saber colectivo.

Palabras clave: Solidaridad; Mujeres; Trabajo; Educación Popular; Paulo Freire

INTRODUÇÃO

Este texto tem como objetivo contextualizar, na perspectiva da educação popular (EP) como movimento dialético e social, lugares e sujeitos de uma experiência em processo , forjada por mulheres no seio de um movimento popular urbano, o Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), com atuação na periferia do município de Caxias do Sul-RS.

O presente estudo considera a EP na perspectiva de Streck (2010), afirmando haver unanimidade de que ela se forma no movimento da sociedade, engendrada por grupos e setores cientes de que o seu lugar na História não alcança aos níveis de dignidade e ao acesso aos direitos fundamentais. Para além da nomeação das pedagogias construídas nesse movimento, a EP “ enquanto processo, é maior que cada um desses nomes e continua sendo recriada nesse movimento da sociedade” (STRECK, 2010, p.300). Ela se estabelece numa perspectiva contra hegemônica em relação à racionalidade que desenvolve seu consenso pedagógico com base nos centros de poder vigentes.

Paludo (2005) discute a abrangência da EP e o seu diálogo com a defesa e luta pelos direitos dos sujeitos envolvidos em seu processo: saúde, habitação, reforma agrária, política agrícola para os pequenos produtores, entre outros. Tais direitos são desdobramentos da organização das classes populares, de modo que a intencionalidade política da educação popular parte da concepção das pessoas como sujeitos históricos, políticos, mobilizados a lutarem por seus direitos e transformarem a realidade.

Compreendendo tal intencionalidade política como processo de resistência, implicado na participação e na partilha do saber coletivo, o artigo descreve e analisa o emergir da Saboaria Popular Las Margaritas. A experiência insere-se na perspectiva da pesquisa ação, como ação política e pedagógica, amparada em estudos de Brandão (2006). Propõe-se dialogar com um modelo de investigação social e participante inscrito no próprio fluxo das ações sociais populares, perfazendo-se como metodologia participativa (GAJARDO, 1986). Identifica-se com outras tantas experiências que procuram conhecer e, ao mesmo tempo, transformar a realidade, na relação cotidiana com a comunidade, com os diferentes saberes e com os territórios periféricos.

Na seção 1, o texto apresenta e aprofunda conceitos fundantes da experiência, balizados na EP, como o trabalho de base na sua relação com as categorias do pensamento-ação freireano: autonomia, libertação e empoderamento. Na concretização da proposta da saboaria, descrita e analisada na seção 2, o trabalho associado é compreendido como o fio condutor do processo da EP, sendo apresentados os caminhos de construção dos conceitos nos quais a Saboaria pauta-se para estabelecer-se. É na vivência cotidiana, como espaço produtivo e de resistência, que novas sociabilidades e novas formas de relações com o trabalho e com a sociedade podem ser construídas.

O CULTIVO E O PREPARO DE UM SOLO FÉRTIL: CONCEITOS FUNDANTES DA EXPERIÊNCIA

Compreendendo o território periférico como solo fértil, a partir do qual cultivamos conceitos que, balizados na EP, fertilizam a experiência, destacamos o propósito de descrever a forma como ela desdobra-se no surgimento da Saboaria Popular Las Margaritas. Um processo engendrado na relação com a ação política e pedagógica de um movimento popular (MTD), no contexto do território, a partir do estreitamento dos vínculos com o grupo de base naquele espaço - o loteamento Vila Ipê, localizado na área norte de Caxias do Sul-RS.

A militância de uma das autoras no MTD tem início no ano de 2017, de modo que, desde 2016, o referido movimento vem rearticulando as suas ações no território da área norte do município, conhecido como loteamento Vila Ipê . Tal aproximação deu-se a partir do desenvolvimento de uma pesquisa que abordou a relação entre o território educativo e os saberes comunitários e escolares, a partir de uma escola municipal da região. Nessa relação de buscar as lideranças do loteamento e compreender as articulações existentes no local, estabeleceu-se o vínculo com o MTD. É nesse processo que teve início a construção de um trabalho de base, conforme explicaremos adiante.

Nesse cenário, a experiência relatada ampara-se na pesquisa-ação como seu pressuposto metodológico mobilizador, à medida que reforça a especificidade do papel da pesquisadora, como um sujeito que integra o grupo, porém com um papel que transcende ao mesmo. Exercitando o olhar investigativo a partir de um lugar social específico, a pesquisa-ação visa à compreensão e transformação da realidade dos participantes, rompendo com o monopólio do saber e do conhecimento, como uma alternativa de “ação participante”.

Brandão (2006, p. 53) sinaliza que mulheres e homens de grupos sociais populares são concebidos como sujeitos de direitos, e não apenas como beneficiários passivos dos efeitos diretos e indiretos da pesquisa e da promoção social vinculada a ela. Nessa perspectiva, a pesquisa-ação promove participação ativa e crescente dos atores sociais nela envolvidos e não uma função coadjuvante.

O território periférico, lugar da experiência, é o campo no qual ela é cultivada e desenvolvese. Neste recorte, situamos as periferias urbanas no escopo de Guimarães (2015) como o urbano possível para as classes trabalhadoras. Um desdobramento concreto da relação centro-periferia, demarcando a noção de segregação socioespacial presente nas grandes cidades. Situadas distantes dos grandes centros de especulação do capital, as periferias, do ponto de vista urbanístico e social, são espaços subversivos aos padrões urbanos, regulados por normas de ocupação e conforme princípios de propriedade privada do solo (XAVIER, 2006, p.331).

Diferentes ações foram pensadas e realizadas dentro das estratégias do movimento, desde atividades de reaproximação com o território, entretenimento, convivência, articulações para protestos ou marchas, até momentos com intencionalidade formativa como as quatro etapas de formação junto ao grupo de base1 , que foram realizadas no ano de 2019. Esse processo de estruturação do trabalho de base15 como uma estratégia pedagógica do movimento, culmina, mas não se restringe, à construção da Saboaria Las Margaritas, em maio de 2020, impulsionada também pelo advento da pandemia mundial da COVID -1925 .

Com a pandemia da COVID-19, o MTD, na cidade de Caxias do Sul, apoiado em sua política de solidariedade, criou a campanha Quarentena Solidária. As principais medidas de prevenção recomendadas para conter a pandemia do Coronavírus nem sempre estiveram ao alcance de muitos moradores das periferias das cidades brasileiras. Pessoas de menor renda e trabalhadores informais são os mais afetados pelos efeitos econômicos da pandemia . No mês de março, as dificuldades começaram a acentuar-se visto que algumas das mulheres do bairro, onde o movimento atua, perderam o acesso à renda, pois não conseguiam fazer faxinas domésticas, trabalho que garantia o sustento das casas.

Santos (2020) discorre sobre essa condição, apoiado na metáfora do Sul , destacando e analisando alguns grupos sociais atingidos historicamente pela vulnerabilidade que precede a quarentena imposta pela pandemia e agrava-se com ela. No escopo deste estudo, podemos sinalizar mulheres, trabalhadores informais e populações periféricas, evidenciando a dificuldade, ou ainda a impossibilidade dessas populações cumprirem as regras da Organização Mundial de Saúde acerca do distanciamento social. Tais dificuldades vão desde a pouca água em virtude do saneamento inadequado para lavar as mãos até o fato de que muitos desses trabalhadores e trabalhadoras dependem de uma renda diária para garantir os insumos básicos de suas sobrevivências.

Os efeitos da pandemia no território Vila Ipê não são diferentes dos efeitos nos demais territórios urbanos periféricos: pessoas expondo-se ao risco indo para o trabalho de ônibus, queda da demanda dos serviços já precarizados e informais que garantiam a renda dessas trabalhadoras e trabalhadores; casas pequenas nas quais a possibilidade do distanciamento fica mais restrita, dentre outros fatores. O agravamento dessa perspectiva dá-se no aprofundamento da reflexão acerca dos grupos sociais expostos ao extermínio:

Padecer de fome ou morrer pelo contágio, ao ter de trabalhar sem poder praticar o isolamento físico, não são escolhas e tampouco alternativas mutuamente excludentes no cotidiano da classe trabalhadora; ao contrário, afiguraram-se complementares ou, talvez, reciprocamente combinadas para o extermínio dos excedentários (GRANEMANN, 2020, p.5).

Neste cenário, também compreendido como a necropolítica em exercício, sobressaem-se, primeiramente, as estratégias de sobrevivência entre aqueles e aquelas dedicados a enfrentar essa política em curso. Nessa esfera de ação, a estratégia nacional, a qual o Movimento integrou-se, compreendeu as ações de solidariedade, visando, em primeiro lugar, à sobrevivência das pessoas. Comida e material de higiene foram entendidos como as maiores prioridades. Arrecadamos e organizamos doações, a partir do mapeamento realizado por duas mulheres que integram o grupo de base do bairro. Tal mapeamento compreendeu um levantamento das famílias presentes no território que estavam com dificuldades para garantir o mínimo para suas sobrevivências: a alimentação diária. Parte dessas famílias foi integrada à campanha Quarentena Solidária, articulada pelo MTD, para conseguirem uma cesta básica e produtos de limpeza e higiene pessoal.

Com os devidos cuidados sanitários, no momento da entrega das cestas, a intenção foi construir diálogo, ouvir como as mulheres (visto que a maioria era mulheres) estavam compreendendo o momento. A partir das ações de solidariedade, um pequeno grupo de oito mulheres do MTD, pautadas na necessidade de pensar coletivamente como se avança na política de solidariedade, começou a organizar uma proposta de geração de renda para a comunidade, ancorada na concepção de trabalho associado. Desse encontro solidário e desafiador, emergiu a Saboaria Popular Las Margaritas .

Entre as citadas oito mulheres, quatro delas são moradoras do território de ação do movimento e as outras quatro integrantes do grupo articulador do MTD. Entre as quatro moradoras do território, as idades variam entre 26 e 41 anos, todas são mães e encontram-se em situação de desemprego.

Configurado o cenário de construção da iniciativa, nomeado metaforicamente como o “ cultivo da experiência”, passamos a analisar os conceitos fundantes nesse processo de resistência e fortalecimento do poder popular. Neste cenário de enraizamento e fortalecimento de vínculos no território, a estratégia do trabalho de base foi considerada como ação política transformadora de militantes da organização popular, estimulando, despertando, organizando e, sobretudo, acompanhando a comunidade no enfrentamento de desafios cotidianos (PELOSO, 2012). Para concretizar essa perspectiva, a referência do pensamento-ação freireano perpassava o cotidiano da ação de militantes do movimento, fundamentando-se na EP.

Compreendemos o pensamento-ação de Freire como inspirador da práxis militante, à medida que tal práxis é indissociável desse pensamento. O esforço é para que o modo de interpretar a realidade e compreendê-la por parte do grupo militante esteja entrelaçado com a prática que decorre dessa compreensão, com vistas a uma ação transformadora da realidade social. A leitura crítica do contexto social configura-se como a base para a proposição da ação militante, estando o grupo em comunhão com o povo e produzindo novos conhecimentos a partir desse encontro.

No quefazer do movimento, a tessitura da ação político-pedagógica forjou-se pela dimensão dialógica, incluindo a relevância da escuta, o acompanhamento e a reflexão sobre os enfrentamentos cotidianos do território periférico . Nessa esfera de ações concretas de comunhão, a ampliação da convivência cotidiana entre militantes do grupo articulador do movimento e o grupo de base, pautada na política de solidariedade, também foi compreendida como uma via de aproximação. Como exemplo disso, podemos citar:

A dimensão política da solidariedade vem sendo adotada pelo MTD como uma forma de luta permanente e fundamental, propondo-se a uma práxis que transcenda a dimensão espontânea da solidariedade e se vincule a uma estratégia política em que povos de diferentes lugares do mundo se unem para se fortalecer mutuamente e enfrentar os ataques políticos, econômicos e militares do capital e do imperialismo (MTD, 2019, p.2)

A concepção, na qual o MTD embasa-se, considera a solidariedade em uma perspectiva organizativa por dentro da classe trabalhadora. Não o faz, porém, como um auxílio promovido por agentes historicamente demarcados, em que a dimensão da caridade, descolada de um projeto político, favorece a criação de uma relação de dependência (MTD, 2019). Nesta discussão, cabe a reflexão sobre formas de avançar politicamente, a partir do resgate da aproximação entre a militância revolucionária e o povo, além da criação e aprofundamento de vínculos entre ambos.

Ressaltamos a importância do trabalho de base nessa experiência em processo, como um instrumento metodológico que fortaleceu o movimento de reaproximação do MTD com o território, assim como as construções de planejamento de ações em torno da pauta trabalho entre meados de 2019 e início de 2020. O advento da pandemia contribuiu para a agilidade e a vivificação do processo, perante uma demanda emergencial que é a fome e a escassez de perspectivas na periferia, diante desse quadro.

Na construção do trabalho de base, identificamos conceitos fundantes que impulsionam o processo de ações políticas na já referida dimensão da solidariedade, mas também de uma ação político-educativa no sentido de fomentar a força social no território periférico, a partir de ações coletivas propostas por um movimento social popular. Esses conceitos fundantes também dão forma e conteúdo à EP. Trata-se de uma educação que mesmo não sendo passível de uma única definição, opera em lógicas demarcadas que dialogam e demandam princípios tais como libertação, autonomia e empoderamento, sobretudo de moradores e moradoras da comunidade, à medida que essas pessoas também se reconhecem como sujeitos capazes de transformar a própria realidade.

A libertação como conceito central do pensamento freireano é uma das concepções que contribui na fertilização do solo, de onde emerge a experiência da Saboaria. Sob uma visão crítica, a libertação contempla a negatividade “forte”, que encontra somente, no polo fraco (o oprimido), o poder de romper, como aponta Freire (2016a, p.60): “Por isso é que somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes, enquanto classe que oprime, nem libertam, nem se libertam”. Por esse motivo, Freire concebe a libertação como a autêntica humanização de todos os seres humanos, pela qual ambos, opressores e oprimidos, renascem em processo de conquista da liberdade. Para ele, “a tarefa mais fundamental que a gente tem aí, neste fim de século, e cuja compreensão se antecipou em muito ao final deste século é a tarefa da libertação”, concebida radicalmente como a “invenção de uma liberdade ainda não permitida” (FREIRE, 2006, p.90).

Em Freire, encontramos a perspectiva da libertação dos povos oprimidos, a partir da conscientização acerca dos conflitos historicamente gerados pelo grupo opressor sobre eles. Traspadini (2016, p.86) analisa a luta social protagonizada pelos oprimidos rumo à libertação como conquista a ser materializada “a partir do uso de instrumentos de construção do novo, pelo oprimido, que ao tomar consciência de sua ação transformadora, não suporta os mecanismos de submissão reais como forma de dominação, instituídos sobre seus corpos, mentes e ações”.

É nessa ação contestatória que o processo de construção da Saboaria pauta-se. A partir do exercício participativo, os integrantes de um grupo podem construir um posicionamento novo, capaz de conduzir a tomadas autônomas de decisão. Um exercício que reforça, crescentemente, as competências voltadas para a transformação do poder social e da própria conjuntura que os mantêm oprimidos. Dessa forma, “toda ação educativa é um processo de descobrimento, criação e recriação de conhecimentos” (JARA, 1985, p.10), em que conhecer constitui-se em imperativo para agir, e este, em imperativo para transformar.

No encontro com as massas (e não como uma relação de conquista), é preciso que a militância tenha consciência do “diálogo como exigência radical da revolução”, conforme Freire (2016a, p.172) preconiza. Nesse contexto, a radicalidade que a militância do movimento visa a alcançar está na vivência concreta da coletividade nos quefazeres que questionam e rompem com a estrutura de dominação que demarca a condição do oprimido.

Ainda considerando o combate à dependência, outra categoria central do pensamento freireano é a autonomia, também como experiência de liberdade. Isso, de acordo com Freire (2016b), não implica um agir isolado, mas uma a ação coletiva que demanda a tomada de decisões a partir das experiências concretas. A autonomia é processo de amadurecimento exercitado no contexto da assunção de um compromisso coletivo, no qual somos corresponsáveis. Importa destacar que a autonomia, “enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser” e não possui um momento exato para ocorrer na vida dos sujeitos. “É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade” (FREIRE, 2016b, p.105).

Exercitar e construir a autonomia que possui uma dimensão libertadora está atrelada ao processo de participar e pressupõe a vivência coletiva. Neste sentido, a forma como o MTD formula as suas ações no território pauta-se radicalmente no diálogo e no exercício participativo que define coletivamente as reflexões acumuladas e os rumos das ações do movimento. Na experiência da Las Margaritas, são partilhadas, nos momentos formativos, as dimensões da identidade e da pertença das mulheres, visando que estas, concretamente, reconheçam-se como parte efetiva do processo.

Como Mejía (2001) sinaliza, não há ação educativa sem um contexto. E o contexto espaçotemporal da ação no qual emerge a Saboaria considera o território periférico, a violação histórica dos direitos fundamentais, a qual a população pobre do Brasil está exposta, e a ação educativa/revolucionária de um movimento popular engajado. Na contextualização de lugares e sujeitos da experiência que vimos percorrendo, o território periférico assume o papel de palco ou cenário onde as ações educativas articuladas pelo MTD acontecem. Por isso, é importante apresentar algumas conceituações nesse sentido.

Milton Santos (2005) trabalha a concepção de “território usado” como categoria de análise social e como sinônimo de espaço geográfico (SANTOS; SILVEIRA, 2001) sendo, ao mesmo tempo, material e social, composto por uma dialética e constituído por relações conflitantes e complementares. O território usado é forma, ou seja, espaço geográfico e também uso, traduzido nas formas de produção, organização e criação desenvolvidas pelos diferentes agentes que o compõem, desde instituições até pessoas. Tais agentes do território (pessoas, empresas, diferentes tipos de agrupamentos) constituem a sua dialética permanente entre o velho e o novo, de modo que o território é forjado por agentes internos e externos, pela cooperação e pelo conflito com o mercado (SANTOS, 2014b).

No contexto deste estudo, as ações educativas articuladas nos territórios, pautadas nas utopias que também as constituem, possuem, na concretude do tempo presente dos espaços, as condições de possibilidades (ou negação dessas possibilidades) para a elaboração sobre o futuro. E o anúncio de futuro faz-se tecido por denúncias, resistências, solidariedade, dentre outras ações e reflexões. Essa perspectiva, a qual Santos (2013) associa ao papel da Geografia na construção do futuro, parte da materialidade do espaço e das concretudes observadas nela para que se fundamentem as ações propositivas as quais podem ser renovadas ao longo do tempo.

O olhar para o cotidiano da pesquisa também propõe investigar como os processos políticos e pedagógicos que emergem nesses espaços podem transcendê-los, iluminados por múltiplos olhares que podem contribuir para a construção de outra racionalidade nos territórios periféricos. Supõe, desse modo, o florescimento de uma sensibilidade para captar indícios de outras realidades possíveis, que muitas vezes afloram, mas não são reconhecidas.

Dessa forma, a construção de espaços no território periférico como um tecido vivo de enfrentamento à racionalidade hegemônica ressalta a sua característica de vulnerabilidade, que pode ser potencializada como força. A localização à margem, nas bordas e, muitas vezes, nas ausências, estimulada pela ação educativa mobilizada pela ação dos movimentos pode funcionar como fonte de transformação. Há emergência de promover mudanças no uso e na gestão do território, se a aspiração corresponder à criação de um novo tipo de cidadania que “se ofereça como respeito à cultura e como busca da liberdade” (SANTOS, 2014a, p.18). E tendo o território periférico, portanto, como o lugar da experiência e os sujeitos como a comunidade do loteamento Vila Ipê juntamente com a militância do MTD, identificamos o contexto para a ação educativa mencionado por Mejía (2001).

No entrelaçamento dos processos de construção da pertença, identificação, autonomia e libertação dos sujeitos implicados no Movimento, evidenciamos também a dimensão do empoderamento. Essa dimensão é estimulada a partir da concretização do trabalho realizado na Saboaria, como um grupo com pautas concretas e que não se esgotam no espaço produtivo. Salientamos, na experiência em questão, o trabalho associado como o fio condutor do processo da EP, enfrentando, além da dimensão subjetiva da opressão, a exploração histórica que se materializa nas relações do trabalho alienado, contrapondo-se, na vivência cotidiana das mulheres que constroem a saboaria, à lógica organizativa do capital. Ao passo que se constitui a partir de pilares como a solidariedade, cooperação, coletividade, emancipação, autogestão e autoorganização que possibilitam às trabalhadoras experimentarem outras relações de sociabilidade e de produção.

Gadotti, Freire e Guimarães (2015), ao refletirem sobre poder e sua reinvenção, apontam para uma perspectiva de superação da relação opressor-oprimido e para a criação de relações radicalmente democráticas. O fortalecimento dos laços entre os excluídos, concebido como empoderamento, perfaz-se como ingrediente fundamental da construção do poder popular, de modo que a concepção de um novo paradigma civilizatório se dá desde o ponto de vista do oprimido.

No entrelaçamento das questões expostas anteriormente e as experiências concretas vivenciadas no cotidiano da Las Margaritas, desde antes do seu surgimento, identificamos a radicalidade do processo da EP em movimento.

GERMINANDO A EXPERIÊNCIA: A CONCRETIZAÇÃO DA PROPOSTA

Na experiência de vinculação e acompanhamento do MTD, desde 2017, a construção da Saboaria Popular Las Margaritas consolida-se como a concretização de um trabalho que vinha sendo desenvolvido há três anos. O eixo produtivo, materializado pela Saboaria, não é a única frente de luta do movimento, havendo outras ações planejadas nos territórios pelo grupo articulador. No entanto, destaca-se a vivacidade que o processo assume, estando organizado em torno da pauta trabalho, imprimindo um ritmo diferente das iniciativas anteriores, vinculadas às ações de solidariedade, formações e reuniões. Observamos que, a partir da experiência da Saboaria, o envolvimento das mulheres do grupo de base do Movimento torna-se mais elementar, porque tal experiência ganha um sentido mais concreto e imediato. Além disso, outras ações do Movimento podem desdobrar-se a partir do trabalho da Saboaria como um espaço articulador do território.

Diferentes elementos não lineares contribuíram para a concretização da experiência, para além do enfrentamento da crise anunciada com a pandemia. As urgências da vida da população periférica compõem esse quadro de enfrentamento às ausências históricas e a busca pelo acesso aos direitos fundamentais, dentre eles, o direito a uma renda digna.

A partir de uma relação entre MTD e Movimento Comunitário, o grupo estabeleceu-se, no momento inicial, no centro comunitário Vinhedos, também situado na área norte da cidade, porém sem uma característica periférica. É importante mencionar que se cogitou produzir o sabão e o sabonete na casa de algumas das mulheres do bairro, conferindo o caráter orgânico que permeia a experiência. Porém, havia a questão do espaço reduzido (agravante no caso da pandemia) e de gastos como água, luz e gás. Com isso, optou-se pelo Centro Comunitário, com o objetivo de retornar ao território onde a ação emerge, assim que fosse possível.

Na primeira reunião realizada, cerca de 10 dias após a conversa inicial, o nome Las Margaritas foi sugerido por uma das participantes, tendo a referência da lutadora popular Margarida Maria Alves e a inspiração nos processos organizativos e de resistência latinoamericanos. Todas as mulheres foram simpáticas à proposta de modo que se buscou construir, no coletivo, os conceitos balizadores de um espaço solidário de mulheres trabalhadoras, livremente associadas. Na sequência, destacam-se os principais.

- A economia popular solidária, pautando-se no fato de que o MTD não pensa em uma “ economia alternativa”, mas está imbuído em um projeto societário que modifique o mundo que existe hoje, em suas estruturas. Revolucionário, portanto, de modo que uma das tarefas históricas da militância é tensionar junto às massas o enfrentamento ao modelo hegemônico vigente.

Além da economia popular solidária, que enfrenta o modelo hegemônico e que requer a auto-organização das pessoas, outros conceitos foram levantados e discutidos.

- O empoderamento das mulheres, no escopo do feminismo .

- A noção de cuidado com a mãe terra, inspirada na cosmovisão andina (buen vivir) e, por isso, a produção de produtos artesanais, ecológicos, naturais e terapêuticos.

- A noção de saúde integral, também amparada na concepção de que somos integrados a um todo.

- Trabalho associado como estratégia de organização do povo e como princípio educativo. Trabalho como elemento construtor da humanização em meio à solidariedade.

- A cultura e o poder popular.

Dialogando em roda de conversa sobre conhecimentos que algumas mulheres do coletivo já traziam consigo, percebemos a produção de sabão como um aprendizado que as mães e avós de muitas delas compartilharam. Observamos, no exercício da roda, a partilha e o encontro de múltiplos saberes. Já a produção de sabonete surgiu como curiosidade, como algo a ser aprendido e aperfeiçoado, imprimindo um movimento de busca pelo saber. Como exemplo, uma das participantes do grupo passou a enviar receitas da internet ativamente para experimentar na produção coletiva. Ela também manteve conversa com sua ex-professora de química do ensino médio, que concluiu em 2019, em regime de suplência, sobre o processo que o grupo iria iniciar, em busca de informações técnicas a respeito da produção de sabão e sabonete.

A partir desses conceitos trabalhados coletivamente, a Saboaria contou com o apoio de uma designer, relação advinda das redes de uma das militantes do grupo para o desenvolvimento da identidade visual do projeto, pautada nos conceitos trabalhados no coletivo. As propostas foram compartilhadas e aprovadas no grupo do WhatsApp, mantido pelas participantes. Observamos que a questão da identidade visual também exerceu uma significativa influência no processo das mulheres sentirem-se vinculadas ao grupo.

A arrecadação de recursos para a primeira produção de sabonetes contou com a aprovação de um projeto junto à Cáritas que garantiu parte do recurso financeiro, em média 800 reais. Na sequência, deu-se início à comercialização e foi construída uma plataforma de financiamento coletivo da saboaria na internet. Visando aumentar a visibilidade do coletivo, foram buscados espaços em diferentes tipos de mídias, desde as redes sociais da Saboaria, que as pessoas próximas ao grupo passaram a compartilhar, até espaços em jornais e sites, destacando-se uma matéria no site da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e no Jornal Pioneiro da cidade de Caxias do Sul .

Foi assim que se iniciou um planejamento coletivo de ações que incluía desde a elaboração de um Estatuto para que o processo da legalização da Saboaria pudesse avançar até o retorno ao território. Nesse processo, consolidou-se uma significativa rede de parcerias que compreende apoio técnico-farmacêutico, jurídico, e referentes a um empreendimento solidário. A Incubadora Social da UCS, além de outros atores vinculados a movimentos populares foram se integrando a essa teia de parcerias que fortalecem o processo de construção da saboaria.

Além disso, ancorado no conceito do trabalho como princípio educativo foi proposto mensalmente um cronograma de formação acerca de questões do Movimento Popular (o mundo em que vivemos, como nos organizamos, como lutamos, o mundo que queremos), incluindo os conceitos chave da identidade e ação (coletividade, trabalho associado) do coletivo.

Esses momentos constituídos como “pausas” para a formação somam-se aos momentos cotidianos de produção e também formativos em diferentes dimensões. É importante ressaltar que a proposta da Saboaria integra momentos formativos para trabalhar a dimensão dos afetos, da identidade e pertença ao grupo, além uma proposta de Sistematização da experiência em curso (JARA, 2018). Todo esse processo de construção solidária, cuja partilha de experiência, protagonizada por diferentes mãos, histórias de vida e racionalidades, tem se mostrado não somente como um espaço que integra a produção e a EP, uma vez que Las Margaritas vem se constituindo como um coletivo de resistência em tempos demarcados por uma condição política hegemônica, que criminaliza a ação cultural e política dos movimentos populares.

CONSIDERAÇÕES EM PROCESSO

Neste estudo que buscou contextualizar, na perspectiva da educação popular como movimento dialético e social, lugares e sujeitos de uma experiência em processo, ancorada na pesquisa-ação, compreendemos que o protagonismo das mulheres construtoras da Saboaria tem se mostrado fundamental para a viabilidade e a consolidação do processo. Cabe ao movimento popular exercer a sua tarefa histórica de, enraizando-se no território periférico, mobilizar pessoas para a luta contra a opressão e para a transformação social, pautando-se em suas estratégias organizativas, de resistência, educativas e mobilizadoras.

A ação político-pedagógica que nos baliza referencia-se na EP, em sua dimensão de resistência, participação e coletividade. Trata-se de educação construída desde as classes populares, no encontro entre militantes de um movimento popular e a comunidade de um território periférico. Neste sentido, destacamos o eixo central da práxis no cotidiano da Saboaria, definido coletivamente, que mobiliza e dá forma e conteúdo a esse espaço produtivo: o trabalho associado como princípio educativo.

O trabalho associado como eixo desse processo é um tema a ser desbravado nos próximos exercícios de escrita sobre a experiência, visto que traz em si uma infinidade de relações que a identificam e concretizam no cotidiano das mulheres participantes. No entanto, cabe a reflexão proposta por Traspadini (2016) acerca do trabalho livre que era próprio das comunidades originárias da América Latina, pautadas na dimensão da coletividade, sendo historicamente substituído, no escopo da invasão cultural (conhecido como colonização), pelo trabalho escravo e, depois, ressignificado como trabalho assalariado. Elementos de uma mesma estrutura de poder que consolida o modo alienado de fazer com que o grupo dominado produzisse aquilo que o dominante se apropriava.

Freire (2016a, p.195) contribui nessa articulação alinhando-se às perspectivas que, tomando o trabalho na sua dimensão ontológica, atenta para que a realização do ser humano esteja na realização do mundo que cria a partir do seu trabalho transformador. Se o seu estar no mundo do trabalho é um estar em dependência total, em insegurança, em ameaça permanente enquanto seu trabalho não lhe pertence, não pode realizar-se como sujeito e como coletivo.

O trabalho associado como princípio educativo, também figura como uma experiência subversiva que enfrenta o hegemonicamente estabelecido. Tem sido considerado o eixo central da concepção da Saboaria como uma possível estratégia de auto-organização e autogestão, além da coletividade, cooperação que, em uma dimensão cultural, enfrenta a lógica individualista e competitiva vigente em nossos tempos.

Portanto, a concepção do trabalho associado e os desdobramentos de sua vivência e significação por parte das mulheres que, cotidianamente, constroem a Saboaria Popular Las Margaritas conferem concretude aos conceitos fundantes mobilizados no escopo da EP, contribuindo para o processo de ação cultural libertadora e a conscientização dos sujeitos implicados na experiência.

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Recebido: 26 de Novembro de 2020; Aceito: 26 de Novembro de 2020

Joanne Cristina Pedro Mestre em Educação (2017) pela Universidade de Caxias do Sul; Doutoranda do Programa de PósGraduação em Educação na linha de pesquisa História e Filosofia da Educação, com bolsa FAPERGS e vinculada ao Observatório de Educação da Universidade de Caxias do Sul. Possui especialização em Organização e Gestão de Políticas Sociais pela FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) e graduação em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

Sandro de Castro Pitano Possui doutorado em Educação (2008) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), realizou estágio de pós-doutorado - PNPD/CAPES (2013-2014) e pós-doutorado sênior/CNPq (2016-2017) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ME/DO) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). É professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (ME/DO) da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e bolsista CNPq de produtividade em pesquisa

Nilda Stecanela Desenvolveu estudos de Pós-Doutorado em Educação, como bolsista CAPES, no Institute of Education/University of London (2015-2016); É Doutora e Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008 e 2002). É Pró-Reitora Acadêmica, docente do corpo permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Caxias do Sul e Coeditora da Revista Conjectura: Filosofia e Educação. Coordena o Observatório de Educação da mesma instituição. É bolsista CNPq de Produtividade em Pesquisa

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