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Reflexão e Ação

versão On-line ISSN 1982-9949

Rev. Reflex vol.30 no.3 Santa Cruz do Sul set./dez 2022  Epub 27-Jun-2023

https://doi.org/10.17058/rea.v30i3.17612 

Dossiê: Alternativas Pedagógicas e Prospectivas Educacionais na América Latina

Ecologias e democracias: redes educativas e alternativas políticas cotidianas dos Narradores da Maré

Ecologies and democracies: educational networks and daily political alternatives of the Narrators of the Tide

Ecologías y democracias: redes educativas y alternativas políticas cotidianas de los Narradores de la Marea

Soler GonzalesI 
http://orcid.org/0000-0003-2572-5449

Andréia Teixeira RamosII 

Rodrigo BarchiIII 
http://orcid.org/0000-0001-9198-1382

IUniversidade Federal do Espírito Santo - UFES - Espírito Santo - Brasil.

II Universidade Federal do Espírito Santo - UFES - Espírito Santo - Brasil.

III Universidade Ibirapuera - UNIB - São Paulo - Brasil.


RESUMO

Esse artigo apresenta algumas práticas políticas, pedagógicas e ambientais realizadas pelo projeto de extensão “Narradores da Maré”, envolvendo redes educativas entre universidade e comunidades, com professoras/es e estudantes de cursos de graduação em licenciaturas de uma universidade federal. Destacamos o caráter radicalmente democrático, tendo como principal escopo teórico e metodológico as propostas de Paulo Freire, ao redor das pedagogias dialógicas e insubmissas, e de Marcos Reigota, acerca das influências do pensamento freireano nas perspectivas ecologistas em educação, além dos estudos com os cotidianos.

Palavras-chave: Narradores da Maré; Educação Ambiental; Democracia

ABSTRACT

This article presents some political, pedagogical and environmental practices carried out by the extension project "Narrators of the Tide", involving educational networks between university and communities, with teachers and undergraduate students in undergraduate degrees of a federal university. We highlight the radically democratic character, having as main theoretical and methodological scope the proposals of Paulo Freire, around dialogical and insubmissive pedagogies, and Marcos Reigota, about the influences of Freirean thought in the ecologist perspectives in education, in addition to studies with daily life.

Keywords: Maré Narrators; Environmental Education; Democracy

RESUMEN

Este artículo presenta algunas prácticas políticas, pedagógicas y ambientales llevadas a cabo por el proyecto de extensión "Narradores de la Marea", que involucra redes educativas entre universidad y comunidades, con docentes y estudiantes de pregrado en licenciaturas de una universidad federal. Destacamos el carácter radicalmente democrático, teniendo como principal alcance teórico y metodológico las propuestas de Paulo Freire, en torno a pedagogías dialógicas e insumisivas, y Marcos Reigota, sobre las influencias del pensamiento freiriano en las perspectivas ecologistas en la educación, además de los estudios con la vida cotidiana.

Palabras clave: Narradores de la Marea; Educación Ambiental; Democracia

INTRODUÇÃO

Perante o avanço de uma série de práticas, por parte de grupos alinhados com tendências autoritárias e contemporaneamente fascistas, voltadas não somente para o sucateamento e destruição das instituições democráticas, mas também para o apagamento das manifestações e organizações da sociedade civil, torna-se cada vez mais necessário e emergente discutir, no sentido mais radical do termo, o conceito de democracia e as possibilidades do seu exercício, em suas dimensões macro e micropolíticas. Quando sugerimos debater a democracia em uma perspectiva radical e multidimensional, buscamos evidenciar um foco muito mais participativo e abrangente, do que necessariamente - e exclusivamente - representativo e burocrático.

Neste sentido, e pensando no artigo que se apresenta, partimos de um posicionamento, ao redor da temática da educação ambiental, que esta pode se alinhar, filosoficamente e politicamente, ao escopo de um conjunto de saberesfazeres educativos, que são intimamente e radicalmente democráticos. Em outras palavras, a intenção deste artigo é pensar e se debruçar sobre as propostas de práticas pedagógicas com redes educativas e alternativas políticas cotidianas do projeto “Narradores da Maré” (GONZALEZ; RAMOS, 2021), tomando como hipótese que suas existências, potências e resistências, são manifestações democráticas em um sentido radical e participativo.

Nosso suporte teórico-conceitual é atravessado, primeiramente, pela leitura feita pelo filósofo político italiano Antonio Negri ao redor do conceito de democracia em Baruch de Spinoza, que a entendia muito mais como um exercício de encontros e conexões entre potências ativas, cujas coletividades eram capazes de fazer frente a poderes institucionalizados que não atendessem às necessidades das multidões, do que necessariamente uma noção de pseudorrepresentação política, por parte de poucos indivíduos perante o Estado e as governanças. Em seguida, buscamos relacionar a radicalidade do pensamento democrático de Paulo Freire com as perspectivas negrianas/spinozistas, sugerindo uma aproximação muito intensa entre esses teóricos. E é a partir dessa aproximação entre propostas tão potentes ao redor de democracia que entendemos as práticas pedagógicas inseridas no projeto “Narradores da Maré”.

As bases teórico-metodológicas que vem sustentando tanto as práticas de educação ambiental nas atividades das iniciativas acolhidas pelo “Narradores da Maré”, quanto as reflexões que estamos fazendo, sobre essas ações, em âmbito científico e acadêmico, são também a pedagogia de Paulo Freire (2009; 2014; 2015a; 2015b), os estudos com os cotidianos (ALVES, 2019), as perspectivas ecologistas em educação (REIGOTA, 1999, RAMOS, 2018; BARCHI, 2009; 2016a; 2016b).

Com isso, o artigo foi organizado da seguinte maneira: no primeiro momento, trazemos o aporte teórico ao redor da democracia radical no encontro entre o pensamento de Spinoza, Antonio Negri e Paulo Freire, tendo como princípio a noção de democracia como tarefa criadora, ininterrupta, e que se exerce muito mais no encontro dos corpos do que na tomada dos poderes. Depois, apresentamos brevemente a proposta do artigo e seu esteio teórico-metodológico para, na última parte, apresentar alternativas e propostas de práticas pedagógicas que criam redes educativas em consonância com as perspectivas ecologistas em educação, apostando na radicalidade democrática, ética, estética e política do diálogo amoroso como princípio de uma educação problematizadora e libertadora.

DEMOCRACIAS IMANENTES, RADICAIS E ININTERRUPTAS

Há uma série de acusações ao redor das democracias, conforme a denúncia trazida por Rancière (2014), na qual elas se tornaram, contemporaneamente, responsáveis por excessos individualistas, promotoras de consumismos desmesurados, e onde a principal noção de liberdade se dá justamente na possibilidade de escolha “infinita” das mercadorias e dos serviços oferecidos, de modo diversificado, a cada “estação primavera-verão”.

Esses apontamentos também envolvem a inviabilidade de permitir que as próprias populações, em seus exercícios e perspectivas multitudinárias - em um sentido sugerido por Antônio Negri ao tratar o pensamento político de Spinoza (NEGRI, 1993; 2016) - possam construir formas de vida coletivas, nas quais as mesmas não sejam nem tuteladas ou reféns de um Estado centralizador, e muito menos que se esgarcem no individualismo inconsequente e suicida do neoliberalismo contemporâneo (LAVAL, DARDOT, 2015).

Democracias que, se por um lado tem como inimigo o governante totalitarista e tirânico, o qual justamente precisa ser o alvo de intervenções armadas a territórios e populações vítimas de sua violência e despudor, por outro, são aquelas que, justamente, no escopo das sociedades neoliberais contemporâneas, precisam conter, ao máximo, qualquer tipo de vida literalmente democrática (RANCIÈRE, 2014).

A questão, na qual Rancière mergulha no pequeno libelo sobre os ódios à democracia, é ao redor dos diversos equívocos nos quais esse conceito está mergulhado, e, em especial, sobre a confusão entre participação e representação. Quando traz a tona o conflito entre Hobbes e Rousseau, Rancière precisa lembrar ao leitor que a representação, na democracia, de um antônimo passou a se transformar em um sinônimo. Isso por causa da extrema necessidade das classes dominantes, ao trazer a tomada de decisões à coletividade, terem de justamente promover o equilíbrio nefasto de nem proibir a participação - mesmo que festiva, espetacularizada, performática e quase que inútil - das massas daquilo que o governo promove, e muito menos permitir a ascensão de tiranos e títeres que transformam todo um território em seu quintal do terror. Impedindo, inclusive, o livre exercício e circulação de bens, capitais e pessoas.

O alerta feito por Rancière, sobre a fragilidade e o mau uso da noção da democracia para a manutenção de um exercício não-democrático, se não foi proposto exatamente da mesma forma, esteve, de certa forma, no cerne das críticas dos pensadores anarquistas, entre os séculos XIX e XX. Não exatamente à democracia em sua etimologia grega do “governo do povo, para o povo, pelo povo”, ou seja, do autogoverno da população e da recusa ao Estado, mas à prática do pleito eleitoral que limita, nas democracias liberais, a ação da multidão, estabelecendo-se mais como uma “agregação estatística de opiniões individualmente produzidas e expressas”. (BORDIEU, 2005, p. 26).

No entanto, se voltarmos um pouco mais no tempo, temos em Spinoza, o filósofo lusoholandês do século XVII, uma perspectiva que, se não pode ser tratada da mesma forma que o anarquismo tratava o Estado e a democracia liberal que limitava a participação popular ao pleito eleitoral, dá à democracia uma configuração de um regime político comunal e coletivo que, ao mesmo tempo, só poderia se garantir como impeditivo às tiranias se fosse formado por singularidades devidamente potentes e conectadas umas às outras.

De acordo com Antonio Negri, a perspectiva democrática no pensamento de Spinoza não ocorre a partir do direito concedido pelo Estado ao indivíduo, ou muito menos em um contratualismo de venda e submissão das potências da multidão a um príncipe soberano, em nome da boa governança e da ordem (NEGRI, 2016). Ela acontece em um movimento inverso, de uma conectividade ética entre as singularidades, que produzem multidões ativas, constitutivas de uma política democrática, que ao voltar-se sobre as singularidades individuais, se reatualiza, “ repontencializa” e reorganiza a multidão.

A interpretação negriana ao redor do exercício ético-político da democracia de Spinoza tem forte apelo foucaultiano, no que diz respeito à origem do poder, que não vem e/ou se cria de cima, mas de baixo. Nesse sentido, o exercício da democracia é constituído pelas forças singulares e individuais que se unem - a partir do conatus e da perseverança no ser - não somente na resistência aos exercícios tirânicos, mas também na construção de novos modos de vida (NEGRI, 2016). Ou seja, uma democracia da multidão, onde a última coisa que possa haver é o conforto às governanças, ao príncipe, ao rei, ao tirano, ou mesmo ao “bom governante”.

Multidão que se conecta e se constitui como força que busca, nos agires singulares e coletivos em comum, um processo de ampla parceria, solidariedade, apreço e amor. Longe da noção identitária que caracteriza o caráter de um “povo” - para usar as mesmas aspas de Negri - ou mesmo de massa, a multidão é um processo constituinte contínuo, perpétuo e eterno.

Esse entusiasmo do filósofo italiano ao redor do pensamento político e democrático de Spinoza - de quem Negri se considera um herdeiro de potencializações, próximas àquelas dadas por pensadores como Mondolfo, Matcherey, Althusser, Simondon e Deleuze - é ainda mais evidente quando, em parceria com Michael Hardt na obra Assembly (HARDT; NEGRI, 2018), caracteriza a multidão como uma ontologia desse pluralismo de subjetividades, cujo exercício político, nesse movimento de conexão, é irrefutavelmente democrático em seu constante fazer constituinte.

A democracia, para Spinoza, é justamente o regime político que mais se adequa ao modo de existência das sociedades humanas. Se há justamente a perseverança no ser, ou seja, conatus, que impede que o indivíduo se destrua ou permita-se destruir, e pensando na conectividade de duas ou mais singularidades como associação e ampliação de forças, (SPINOZA, 2017, p. 206) não há como, no direito natural spinozista, em pensar que o indivíduo ou as coletividades haveriam de suportar os regimes de submissão das governanças tirânicas.

Ao falar em teleologia da multidão (NEGRI, 2016, p.196), e nos anseios de liberdade, o que se atualiza não é somente um novo modo de pensar as coletividades perante as lideranças e a governabilidade, mas uma ética-política simultânea e recíproca, que na eternidade encontra seu motor e seus sonhos. Uma teleologia imanente, visto que não é em um fim estabelecido de antemão - como nas filosofias políticas da transcendência - como em devaneios utópicos de palácios celestiais, paraísos na terra - sempre infernais, como sugere Latour (2020) - ou esmo de essências pressupostas que estão no horizonte. Mas sim, há um horizonte que se desloca, em uma constante e inequívoca construção de vidas - singulares e coletivas - não-barbáricas, justas e insubmissas.

EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA NA PEDAGOGIA DE PAULO FREIRE

É neste sentido que consideramos a necessidade de analisar como convergente as radicalidades do pensamento democrático de Spinoza e Paulo Freire. A presença de Spinoza no pensamento de Paulo Freire é pouco explorada e discutida nas pesquisas e estudos ao redor de sua produção, pois é praticamente inexistente a presença do filósofo luso-holandês nas obras do educador pernambucano.

Uma das poucas referências existentes ao redor dessa questão está na biografia construída por sua viúva, Ana Maria Araújo Freire, que traz Espinosa como um dos autores lidos por Paulo Freire, que o ajudaram a “refletir para criar sua leitura de mundo” (FREIRE, 2017, p. 303). Outra referência está em Kohan (2018), que afirma que em uma das cartas enviadas por Inês Fernández Moujan, ela afirma que havia na biblioteca de Freire a obra “Tratado Político”, de Spinoza, na qual o conceito de democracia foi pouco abordado, pois o luso-holandês havia morrido sem terminar o texto, justamente quando escrevia sobre a temática.

No trabalho de Merçon (2012) há uma interessante conjectura ao redor na noção de esperança em Freire e Spinoza. Para ela, a esperança para o educador pernambucano se aproxima intensamente da teleologia da multidão sugerida por Negri, a partir da perspectiva democrática de Spinoza. Neste último, a democracia está muito menos atrelada à espera passiva dos dias melhores e/ou de um paraíso perdido, mas sim, a um agir ininterrupto pela transformação e pelo combate à opressão, à desigualdade e à barbárie.

A democracia da multidão, possível somente na conexão de corpos e mentes no exercício de suas potências, muito mais que o nome próprio de uma utopia cristalizada e idealizada, é um exercício constante, móvel e ininterrupto, no qual o horizonte para o qual a ação democrática se expande conforme o número de sujeitos ativos se amplia, e o movimento se acelera. Uma atividade de corpos insubmissos, que não aceitaram de forma resiliente e triste a pressão do mundo, e que, ao exercerem a potência/conatus própria de seres perseverantes em si, buscam as formas alegres e democráticas de existência.

Portanto, a democracia, como um exercício promovido por singularidades alegres, é o comum no pensamento entre Freire e Spinoza, e o elo entre os dois pode ser encontrado na leitura ao redor da alegria feita por Snyders (1993), lido amplamente por Paulo Freire em toda sua obra, e que busca em Spinoza alguns dos principais aportes para a construção de sua noção de alegria.

Alegria própria da beatitude e das virtudes trazidas por Spinoza, especialmente no livro V da Ética, citado por Snyders quando afirma que a alegria, na passagem spinozista para uma “perfeição maior”, não é estado, “mas ato” (SNYDERS, 1993, p. 42). Noção reforçada por Freire no prefácio à edição brasileira desse mesmo livro de Snyders, ao lembrar as manifestações políticas dos jovens, não como atos sisudos ou sérios, mas alegres, vibrantes e em algazarra criadora (FREIRE, 1993, p. 10). Democracia radical, de encontro de corpos felizes, potentes, criativos e insubmissos. Construção e constituição ética e política:

Nenhuma reflexão em torno da educação e democracia igualmente pode ficar ausente da questão de poder, da questão econômica, da questão da igualdade, da questão da justiça e de sua aplicação e da questão ética. (FREIRE, 2015b, p. 233)

Paulo Freire nos ajuda a pensar nos sistemas de dominação que tentam apagar as possibilidades democráticas na América Latina. E nesse cenário, é preciso a urgência das lutas a partir de uma radicalidade democrática, capaz de resistir a todas as formas de ações que negam e rebaixam “a natureza humana” (FREIRE, 2015b, p. 248), e que buscam impedir os sonhos de liberdade.

Nesse caminho, “ensinar a democracia é possível, mas não é tarefa para quem se desencanta da terça para a quarta-feira somente porque as nuvens ficaram pesadas e ameaçadoras” (FREIRE, 2015b, p. 245). Assim, as alternativas políticas do projeto “Narradores da Maré” aconteceram nas múltiplas redes educativas, envolvendo sujeitos pedagógicos que exercitam a luta de ser mais e as resistências cotidianas “[...] na medida em que vai servindo à libertação, se funda na criatividade e estimula a reflexão [...] dos [seres humanos] sobre as realidades [...] como seres que não podem autenticar-se fora da busca e da transformação” (FREIRE, 2009, p. 101, grifo nosso) pela liberdade, transformação e criação de mundo, em diálogo com a pedagogia freireana na prática de uma educação problematizadora. Sendo que:

Não é possível atuar em favor da igualdade, do respeito aos demais, do direito à voz, à participação, à reinvenção do mundo, num regime que negue a liberdade de trabalhar, de comer, de falar, de criticar, de ler, de discordar, de ir e vir, a liberdade de ser. (FREIRE, 2015b, p. 233)

Em nossas inquietantes resistências cotidianas, de intervenção e trabalho por uma sociedade libertadora, aprendemos e ensinamos mutuamente a luta pela libertação, exercitando, constantemente, nas múltiplas redes educativas, a educação como prática de liberdade, que recusa os autoritarismos e a destruição das criações cotidianas dos sujeitos pedagógicos e da história, que insistem e persistem por uma educação democrática, em conexão com Paulo Freire (2015b), que questiona, “É possível ensinar democracia? Que significa educação para a democracia?” (FREIRE, 2015b, p. 232).

Com essa provocação nos perguntamos de que modo pensar democracia e educação? “ Como exercitar a democracia nos cotidianos escolares para que os estudantes atuem como cidadãos e cidadãs para que tenham seus direitos sociais garantidos, e libertem-se de qualquer forma de opressão, autoritarismo e desvios éticos?” (RAMOS, 2018, p. 278). Com Paulo Freire é possível problematizar essas questões, apostando em uma ação pedagógica de intervenção e alternativa política para que existam dignidade e justiça nos processos cotidianos de aprendizagens da democracia (FREIRE, 2015b, p. 247), e, por isso:

O que educadoras e educadores [...] precisam fazer é trazer a vida mesma para dentro de suas salas de aula. [...] Submeter aos educandos exemplos de discriminação retirados da experiência do dia a dia, discriminação de raça, de classe, de sexo; exemplos dos desrespeitos à coisa pública, de violência, de arbítrio. (FREIRE, 2015b, p. 248).

Em outras palavras, a partir da realidade vivida, em suas injustiças, barbáries, violações e atentados, ao mesmo tempo em que vêm à tona os exercícios de solidariedade, cooperação, coletividade, indignação e resistência, é que essas democracias se transformam não somente em um horizonte a ser seguido, mas em prática educativa cotidiana participativa e ativa.

ALTERNATIVAS POLÍTICAS, PEDAGÓGICAS E COTIDIANAS NAS REDES EDUCATIVAS DOS “NARRADORES DA MARÉ”

Freire nos ensina que somos seres inconclusos e “como um ser inconcluso, consciente de sua inconclusão” (FREIRE, 2014, p. 101) potencializamos com comunidades tradicionais, cotidianos escolares e outras redes educativas, a criação de alternativas políticas a partir de experiências de práticas pedagógicas de educação ambiental, Neste sentido, com o projeto extensionista “ Narradores da Maré”, nos afastamos da pedagogia tradicional e da educação bancária, exercitando, assim, uma “educação como prática de liberdade” (FREIRE, 2015a), comprometida de modo ético na luta anticolonial e antirracista (HOOKS, 2013). Nesse cenário, nossas práticas são amparadas pela Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2003) e a Lei 11.645/2008 (BRASIL, 2008), que estabelecem as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade do ensino do tema da “História e cultura afro-brasileira e indígena”.

E neste debate, qual é o lugar da educação ambiental brasileira institucionalizada frente à pedagogia tradicional e bancária? Como as redes educativas cotidianas e comunitárias potencializam relações ecológicas, democráticas e de resistências com os sujeitos pedagógicos na luta e no enfrentamento das injustiças raciais, sociais e ambientais?

São questões que nos demandam alternativas e propostas de práticas pedagógicas de educação ambiental que potencializem outras geografias, ecologias, resistências, temporalidades e territorialidades a partir das práticas cotidianas dessas comunidades, entendidas como práticas do bairro (GONZALEZ, 2013). Como, por exemplo: o morar, o pescar, o cozinhar, a fabricação de panelas de barro , o Congo , e, ao narrar e dialogar com suas próprias histórias, com potencial descolonizador, e, com “diálogos amorosos” (FREIRE, 2014), sendo que, “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo: os [seres humanos] se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2014, p. 96).

Foto: Andreia Teixeira Ramos. Fonte: Arquivo pessoal. 

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal. 

Foto: Andreia Teixeira Ramos. Fonte: Arquivo pessoal.  

O contexto geográfico, cultural e de resistência nos convocou a pensarmos como objetivo geral do projeto, fomentar a criação de práticas pedagógicas, dialógicas e redes de conhecimentos que aproximem escolas, comunidades, universidade e manguezais com suas potencialidades ecológicas, artísticas, culturais, suas territorialidades e resistências cotidianas.

Nesse sentido, no primeiro ano do projeto, em 2014, organizamos oficinas de cinema de animação, com duas escolas situadas na região denominada Baía Noroeste de Vitória, formada por grandes áreas de manguezais, e com a presença de famílias de pescadores, marisqueiros, desfiadeiras de siris, catadores de caranguejos, paneleiras, congueiros e congueiras.

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal.  

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal.  

Envolvemos as turmas de 7º anos do ensino fundamental das duas escolas, que puderam vivenciar por uma semana as diferentes técnicas de cinema de animação utilizando fotografias, colagens, desenhos, massa de modelar e sons. Nesse período puderam visitar o espaço do museu comunitário local, para conhecerem a exposição de fotografias e narrativas, produzidas pelo “ Narradores da Maré” com foco nas práticas do bairro. As demais turmas das escolas locais também visitaram a exposição que foi aberta ao público.

Foto: Andreia Teixeira Ramos. Fonte: Arquivo pessoal.  

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal.  

As práticas pedagógicas acima mencionadas e realizadas nos cotidianos escolares, envolvendo cinema, sons, narrativas, fotografias e práticas do bairro, estão disponíveis no blog do “ Narradores da Maré” criado em 2015, mesmo ano do lançamento do curta metragem de cinema de animação “O dia da torta capixaba” , também disponível no blog e criado pelos estudantes que participaram da oficina de cinema de animação nas escolas.

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal.  

Do cinema para as ecologias e esculturas do artista e ecologista Frans Krajcberg, o projeto organizou uma visita acadêmica ao Museu Ecológico Frans Krajcberg, em Nova Viçosa, Estado da Bahia, com a participação de estudantes de doutorado em Educação de duas instituições de ensino superior, uma do Estado do Espírito Santo e outra do Estado de São Paulo. Em 2016, seis meses após a tragédia crime ocorrida no rio Doce decorrente do rompimento da barragem de rejeitos de minérios da Vale do Rio Doce, visitamos a foz do rio Doce, em Regência, no município de Linhares, com a participação de estudantes dos cursos de Geografia - Licenciatura e Pedagogia.

Foto: Maria Luiza Teixeira Ramos Galacha. Fonte: Arquivo pessoal.  

Nos anos seguintes ampliamos nossos diálogos com as perspectivas ecologistas em educação (REIGOTA, 1999), a pedagogia freireana apostando na educação como prática de liberdade, com os estudos com os cotidianos escolares (ALVES, 2019) e, com do campo da Educação das Relações Étnico Raciais, cujos desdobramentos, suscitaram em produção de trabalhos de conclusão de curso, minicurso, lives, artigos acadêmicos, visita ao território da comunidade quilombola de Divino Espírito Santo, roda de conversa com congueiros e congueiras da banda de congo Panela de Barro, do bairro Goiabeiras Velha; e, a realização de um Sarau Literário na praça do mesmo bairro, reunindo obras de escritores e escritoras negras nacionais e capixabas, sendo que algumas estiveram presentes no sarau.

Foto: Maria Luiza Teixeira Ramos Galacha. Fonte: Arquivo pessoal.  

A partir dessas alternativas e propostas de práticas pedagógicas realizadas, outras redes de conhecimentos foram criadas, principalmente quando o projeto foi convidado a participar de um projeto pedagógico de uma escola de educação infantil, situada no bairro Goiabeiras Velha, contribuindo pedagogicamente com a realização de oficina de cinema de animação, desta vez com turmas da educação infantil. Fotos, vídeos, narrativas, visitas ao manguezal nas imediações da escola, toadas de congo conhecidas e cantadas e tocadas pelas crianças na escola, tudo isso possibilitou a criação do curta metragem de cinema de animação “Dia do Manguezal”, cujo lançamento aconteceu no final do ano de 2019, contando com a presença de familiares das crianças de um centro municipal de educação infantil, professores e professoras, congueiros e congueiras da banda de congo Panela de Barro.

Foto: Andreia Teixeira Ramos. Fonte: Arquivo pessoal. 

Foto: Soler Gonzalez. Fonte: Arquivo pessoal.  

A pandemia do novo Coronavírus chegou e nos convocou a pensarmos em alternativas para darmos continuidade às ações de extensão do projeto, e, a seguir apresentaremos o que foi pensado e realizado, com o intuito de mantermos as redes de conhecimentos que nos formos e nas quais somos formados (ALVES, 2019), de criarmos também espaços de comunicação e de divulgação, tanto das ações extensionistas, como também, os projetos de pesquisa de iniciação científica e de mestrado em educação.

No auge da pandemia em 2020 proliferaram lives de artistas, eventos, palestras, cursos online de todos os tipos, e, no caso do “Narradores da Maré” não foi diferente. Em agosto de 2020 realizamos o ciclo de rodas de conversas intitulado “Ecologias Insubmissas” e em 2021 realizamos as rodas de conversas Cineconversas. Continuando com as alternativas e propostas pedagógicas, agora em tempos de pandemia, destacaremos os usos de artefatos tecnoculturais e curriculares, que se tornaram uma alternativa pedagógica e metodológica para as pesquisas de iniciação científica e de mestrado.

Foto: Maria Luiza Teixeira Ramos Galacha. Fonte: Arquivo pessoal.  

Estamos falando do canal do “Narradores da Maré” no Youtube, criado em 2015, no qual armazena lives, ciclos de rodas de conversas e minicurso realizado em 2020 e 2021; e, incluímos também os usos das plataformas de áudio para a criação de episódios de Podcast que abordam as práticas pedagógicas extensionistas do projeto assim como, episódios de Podcast, com o objetivo de mantermos e ampliarmos, mesmo em tempo de pandemia e de ensino remoto, nossas redes educativas, disponibilizando para a sociedade em geral, as ações de extensionistas articuladas aos subprojetos de iniciação científica e às pesquisas dos/as mestrandos/as em andamento que fazem parte do grupo de pesquisa no qual o Narradores está vinculado.

Com esse cenário pandêmico as alternativas e propostas pedagógicas nos aproximaram com a cibercultura, redes sociais, sites, plataformas de streaming e aplicativos, e, diante disso, o projeto expandiu sua presença digital, anteriormente centrada no blog e Facebook , incluindo também uma conta no Instagram e Spotfy , com o objetivo de impulsionar a divulgação das práticas pedagógicas de ensino, pesquisa e extensão. Servindo também, como um ambiente virtual de consulta de materiais relacionados com a temática do projeto, e como possibilidade de maior alcance da sociedade.

Consideramos que os episódios de Podcast potencializaram redes de conhecimentos, diálogos de saberes, deixando evidente sua capilaridade e abrangência social, possibilitando que a sociedade conheça as ações de ensino, pesquisa e extensão realizadas, assim como, o potencial metodológico e produção de conhecimentos.

O objetivo inicial era de manter as atividades do projeto por meio de episódios de Podcast, elaborados pelos estudantes e pesquisadores e pesquisadoras do projeto, para conversarem e compartilharem sobre suas problemáticas de pesquisa, contando com a participação de convidados/as. Foram realizados até o momento 10 episódios de Podcast que têm por objetivo, compartilhar saberes ecológicos, históricos, geográficos e outras temporalidades, espacialidades e educações ambientais, que emergem nos cotidianos escolares e nas comunidades tradicionais, nos aproximando de uma educação dialógica, antirracista e como prática de liberdade.

As temáticas abordam desde as atividades mineradoras no rio Doce e os crimes ecológicos provocados por elas, principalmente na cidade de Mariana e de Brumadinho no Estado de Minas Gerais, perpassando também sobre a química ambiental no ensino médio; os discursos de cidade saúde atribuídos à cidade de Guarapari no Espírito Santo e a radioatividade das areias monazíticas presentes em suas praias, e, contrapontos às políticas públicas de Educação Ambiental, trazendo as redes educativas e as educações ambientais de um grupo de mulheres ecologistas.

Em 2020 e 2021 o projeto apostou em criar alternativas com os ‘usos’ de diferentes artefatos tecnoculturais e curriculares e pedagógicos e formativos, implementando ações de ensino, pesquisa e extensão articulados, de modo remoto, envolvendo as redes sociais disponíveis. Desse modo, o projeto considera que as ações planejadas foram fundamentais para a ampliação das redes educativas do projeto e para a produção de produtos técnicos e educacionais.

Por fim, em se tratando de alternativas e propostas pedagógicas, em 2021 realizamos o II Ciclo de Rodas de Conversas: Ecologias Insubmissas (EVARISTO, 2016), com convidados e convidadas de diferentes contextos educativos, sociais e culturais, trazendo à tona, novamente, o contexto da pandemia sobre as populações que vivem e sobrevivem, cotidianamente e historicamente, a perversidade de uma sociedade baseada no colonialismo e no racismo estrutural, institucional e cotidiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acreditamos que todo o exercício proposto e realizado no âmbito do “Narradores da Maré”, em suas perspectivas democráticas radicais, pode ser compreendido a partir do encontro que propomos, na primeira parte do artigo, entre as democracias radicais de Paulo Freire e Spinoza. Ao sugerirem que a natureza humana tem como potência imanente o evitar a autodestruição e a busca por liberdade, o pensador pernambucano e o filósofo luso-português se alinham na ideia de que o combate às tiranias só é possível no coletivo. O qual, por sua vez, só é possível não na formação de exércitos homogêneos obedientes e submissos aos ditames ditatoriais, mas em conexões entre singularidades múltiplas. E é aqui que entendemos que está a força e a potência da pluralidade presente no projeto Narradores da Maré.

Com ele, aprendemos outras maneiras de caminhar em diferentes geografias e redes de aprendizagens e de afetos, encharcadas por outras ecologias, resistências, temporalidades, territorialidades, com potencial descolonizador e com diálogos amorosos. O projeto “Narradores da Maré” possibilitou movimentos de aprender e ensinar, proporcionando bons encontros e processos de aprendizagens coletivos e solidários com estudantes, professores e professoras e comunidades com suas mais diversas expressões culturais e ecológicas. As ações de extensão, ensino e pesquisa do projeto nos convidam e nos convocam a pensarmos na radicalidade da democracia e nas contribuições éticas, políticas, pedagógicas, ecológicas e acadêmicas daqueles que vem das margens (REIGOTA, 2010).

Mais do que serem possíveis e permitidos dentro de uma sociedade institucionalmente democrática em seu escopo eleitoral e representativo, as ações, as iniciativas e os movimentos no âmbito do “Narradores da Maré” são democráticas justamente pela necessidade de se constituírem como tal. Ou seja, ao invés de buscarem sua legitimação perante poderes instituídos para daí se tornarem ativos, esses movimentos são ativos apesar da constituição dos poderes. Os quais, muitas vezes, são justamente o impeditivo e causadores das mazelas ecológicas e sociais, e que justamente precisam ser enfrentados e combatidos, de forma a não terem mais espaço a promoverem tais moléstias.

Quando o “Narradores da Maré” promove a tessitura das redes entre as práticas pedagógicas, os movimentos sociais e coletivos, e a atividade dos movimentos, como, por exemplo, as ecologias das mulheres do congo, não é necessariamente dele que parte a ação democrática de se produzir uma série de educações ambientais dialógicas e ecologias políticas de resistência. Ele somente amplia a força democrática já presente nesses movimentos, que lutam contra a barbárie que se impõe sobre suas geografias, ecologias, sociedades, culturas e economias. Os movimentos, em seu necessário movimento, constroem-se, por seu encontro de forças, como democráticos.

O projeto “Narradores da Maré”, ao acolher, potencializar, registrar e expressar a ação desses movimentos, amplia seu escopo democrático, que se multiplica ainda mais ao se inserir nas redes das educações ambientais brasileiras e latino-americanas, quando marca sua presença em dossiês temáticos, encontros de educação e meio ambiente, em bancas de defesa de doutorado e mestrado, livros, artigos e, principalmente, tecelagens de companheirismo, parcerias e amizades. Assim pensando com Paulo Freire (2009, p. 29), acreditamos que “uma das bonitezas de nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo”, para trabalhar na e com a coletividade, por uma vida mais justa, digna e libertadora para todos e todas.

REFERÊNCIAS

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Rodrigo Barchi Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UNIB). Pós-Doutor - Educação em Ciências (FURG). Doutor em Educação (UNICAMP), Mestre em Educação (UNISO). Especialista em Educação Ambiental (USP-São Carlos) e em Gestão da Educação Pública (UNIFESP). Licenciado em Geografia (UNISO) e Pedagogia (UNICID)

Andréia Teixeira Ramos Atuei (2017-2022) como Professora do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Prolind) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Atuei como professora substituta (2019-2/2021-2) do Departamento de Teorias do Ensino e Práticas Educacionais do Centro de Educação (CE) da Ufes. Pós-doutorado (2020-2021) pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (Proped) da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em Educação (2015- 2018) pela Universidade de Sorocaba (UNISO/PPGE/CAPES) e Mestra em Educação (2011-2013) pela Ufes (PPGE/CAPES). Pesquisadora do Grupo de Pesquisa Territórios de Aprendizagens autopoiéticas? (CNPq) e do Projeto de ensino e extensão Narradores da Maré do CE da Ufes. Pesquisadora do Grupo de pesquisa (CNPq) "Ecologias do Narrar da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizo pesquisas nas áreas de Educação Ambiental; perspectivas ecologistas de educação; educação das relações étnico-raciais; práticas pedagógicas; cinema negro e educação, literatura negro-brasileira e indígena, pedagogia de Paulo Freire, todas relacionadas com os cotidianos escolares e outras redes educativas.

Soler Gonzalez Doutor e mestre em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Professor Adjunto do Centro de Educação (Ufes). Professor permanente do Programa de pós-graduação do mestrado profissional em Educação (PPGME/Ufes). Líder do Grupo de Pesquisa Territórios de aprendizagens autopoiéticas/Cnpq. Coordenador do projeto de ensino, pesquisa e extensão Narradores da Maré.

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