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Ensino em Re-Vista

versão On-line ISSN 1983-1730

Ensino em Re-Vista vol.28  Uberlândia  2021  Epub 29-Jun-2023

https://doi.org/10.14393/er-v28a2021-54 

Dossiê 3 - Mudanças no sistema educacional: do que sentimos falta?

Implementação de ações educativas em saúde na sala de espera como estratégia para adesão de pacientes à vacinação em uma unidade básica de saúde

Implementación de acciones educativas en salud en la sala de espera como estrategia de adhesión del paciente a la vacunación en una unidad básica de salud

Sonia Francisca de Paula Monken1 
http://orcid.org/0000-0002-5063-8956

Jessica Lemos Pinheiro2 
http://orcid.org/0000-0003-1634-5591

1Doutora.Universidade Nove de Julho, São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail: sfmonken@hotmail.com.

2Mestranda em Sistemas de Gestão em Saúde. Universidade Nove de Julho, São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail: jessica_lemosp@hotmail.com.


RESUMO

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada aos usuários e também o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Na UBS são oferecidos diversos serviços em saúde, como por exemplo: O Programa Nacional de Imunizações, que contribui para a redução da morbidade e mortalidade. Ações de Educação em Saúde, são alternativas para empoderamento dos indivíduos sobre sua saúde. O objetivo deste trabalho foi analisar a contribuição de ações educativas para adesão à vacinação. Trata-se de estudo qualitativo, realizado em uma UBS. As atividades foram realizadas na sala de espera com orientações em saúde sobre a importância da vacinação. Após intervenções propostas foram orientados 201 usuários e 80 doses de vacinas foram aplicadas. O presente trabalho apresentou resultados positivos, tanto para participação dos usuários nas atividades propostas quanto para a adesão dos orientados a realizarem à imunização.

PALAVRAS-CHAVE: Vacinação; Sala de espera; Unidade Básica de Saúde; Sistema Único de Saúde; Educação em saúde

RESUMEN

La Unidad Básica de Salud (UBS) es la puerta de entrada a los usuarios y también el centro de comunicación con toda la Red Asistencial. En la UBS se ofrecen diversos servicios de salud, tales como: El Programa Nacional de Inmunizaciones, que contribuye a la reducción de la morbilidad y la mortalidad. Las Acciones de Educación para la Salud son alternativas para empoderar a las personas sobre su salud. El objetivo de este trabajo fue analizar la contribución de las acciones educativas para la adherencia a la vacunación. Se trata de un estudio cualitativo, realizado en una UBS. Las actividades se realizaron en la sala de espera con pautas sanitarias sobre la importancia de la vacunación. Después de las intervenciones propuestas, se aconsejó a 201 usuarios y se administraron 80 dosis de vacunas. El presente estudio arrojó resultados positivos, tanto para la participación de los usuarios en las actividades propuestas como para la adherencia de las orientadas a la inmunización.

PALABRAS CLAVE: Vacunación; Sala de espera; Unidad Básica de Salud; Sistema Único de Salud; Educación para la salud

ABSTRACT

Basic Health Units (BHU) are gateways to users, as well as centers for communication with the entire Healthcare Network. They provide several health services, such as the National Immunization Program, which helps reducing morbidity and mortality rates. Health Education Actions are alternatives to empower individuals about their health condition. The aim of the current study is to analyze the contribution of educational actions for individuals’ adherence to vaccination. This qualitative study was carried out in a BHU. Activities were carried out in the waiting room and they comprised providing health instruction about the importance of vaccination. After the proposed interventions were applied, 201 users were instructed and 80 vaccine doses were administered. The study has shown positive results, both for users’ participation in the proposed activities and for their adherence to vaccination.

KEYWORDS: Vaccination; Waiting room; Basic Health Unit; Unified Health System; Health Education

Introdução

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a principal porta de entrada aos usuários e também o centro de comunicação com toda a Rede de Atenção à Saúde. Os serviços ofertados são todos gratuitos, uma vez que as unidades integram o Sistema Único de Saúde (SUS). Geralmente, os usuários frequentam unidades que estejam dentro do seu território de moradia, estudo ou trabalho. Na UBS são oferecidas consultas médicas e odontológicas, encaminhamento para especialidades, curativos, retirada de medicamentos, coleta de exames laboratoriais e vacinação.

Nos últimos anos têm se observado uma diminuição na adesão da imunização em pacientes adultos diante dos percalços rotineiros, como: horários divergentes (unidade e usuário) e falha de informação sobre o serviço ofertado aos usuários, além da somatização dos mitos e crenças que estão sendo criados nas mídias sociais e na cultura popular.

Com o intuito de aumentar a adesão dos pacientes e ofertar informações sobre o tema abordado, foi adotada como estratégia a implementação de ações educativas na sala de espera. A estratégia foi constituída visando atuar sobre o entendimento dos usuários, sendo realizada por meio de orientações com um jogo de perguntas e respostas, folders e cartazes explicativos sobre a importância da vacinação.

Assim, este relato técnico tem como objetivo responder a seguinte questão norteadora: “Qual a contribuição da educação em saúde na sala de espera para a adesão de pacientes à vacinação em uma UBS? ”. Desta forma, esse estudo está estruturado em quatro sessões, além desta breve introdução. A primeira sessão apresenta a revisão teórica- empírica do estudo, logo após, na segunda sessão será apresentado o método-empírico, seguido da sessão do levantamento e análise dos resultados, sendo finalizado com a quarta sessão, na qual será apontada as considerações finais dos autores.

Referencial Teorico

O SUS é constituído por níveis de complexidade, divididos em: Atenção Primária à Saúde (APS), Atenção Secundária e Terciária. A APS emprega como método: orientar, responder e suprir as necessidades da população por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), priorizando ações de promoção, proteção e recuperação à saúde, de maneira integral e continuada. (GIOVANELLA et al., 2009; OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).

No âmbito da UBS, ocorre o Programa Nacional de Imunizações (PNI), que contribui para a redução da morbidade e mortalidade por doenças transmissíveis. O PNI demostra ao longo dos anos um aumento na complexidade, uma vez que, em pouco tempo, introduziu-se diferentes vacinas no calendário de rotina e além disso, a cobertura vacinal do Brasil apresenta um desempenho comparável ao de países desenvolvidos (LIMA; PINTO, 2017; SATO, 2015; SILVA JUNIOR, 2013).

E mesmo com o País apresentando boas coberturas vacinais, os inquéritos apontam desigualdade entre os municípios, devido as diversas crises que influenciaram e ainda hoje influenciam na compreensão e aceitabilidade em relação a sua aplicação. Muitas variáveis estabelecem a população a terem opiniões diferentes, de caráter negativo, sobre a importância da vacinação, sendo essas questões demográficas, socioeconômicas, religiosas, científicas, políticas, falta de confiança devido experiências passadas e até mesmo por medo de agulha e de sentir dor (CHAVES; ROSS, 2014; DOMINGUES; TEIXEIRA, 2013; MIZUTA et al., 2019).

Visto a necessidade de contemplar as ações de promoção, proteção e recuperação à saúde, estratégias e ferramentas são utilizadas diariamente nos serviços de saúde, afim de desenvolver um atendimento humanizado e integral. Dentre as estratégias estão incluídas as atividades sobre Educação em Saúde, cujo é entendida como uma alternativa para transformação e empoderamento dos indivíduos sobre sua saúde. É importante ressaltar, que para desenvolver ações educativas em saúde é de extrema importância considerar o conhecimento popular e o contexto em qual estão inseridos (CHAVES; ROSS, 2014; MALLMANN et al., 2015).

Nesta circunstância, a sala de espera constitui-se em uma valiosa estratégia para efetivação de ações educativas, pois é um espaço amplo e de acesso a uma grande quantidade de usuários simultaneamente. As intervenções podem ser estruturadas a partir de diálogos entre acadêmicos, profissionais de saúde e usuários, sendo possível abordar diversos temas, desde necessidades locais ou até mesmo assuntos de importância nacional ou mundial, com o objetivo de promover estímulo ao autocuidado e aproximação entre comunidade e os serviços de saúde.(CALIXTO et al., 2018; ZAMBENEDETTI, 2012).

Metodologia

O referido trabalho foi realizado em uma UBS localizada na região Oeste de São Paulo pertencente a Coordenadoria Centro e a Supervisão Técnica de Saúde Santa Cecília. É uma unidade municipal, tendo como modelo misto de atuação (UBS Tradicional e Estratégia Saúde da Família - ESF). Vale ressaltar, que no mesmo prédio, estão instalados programas do nível primário e secundário, sendo eles: Programa Acompanhantes de Idosos (PAI), Equipe Multidisciplinar de Atenção Domiciliar (EMAD) e Consultório na Rua. Além dos programas citados acima, também estão inseridos outros serviços de nível secundário, compondo-se por: Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e Unidade de Referência à Saúde do Idoso (URSI).

Trata-se de estudo qualitativo, com atividades desenvolvidas pelos graduandos de Fisioterapia de uma universidade privada da grande São Paulo, que realizavam estágio em Saúde Coletiva na UBS referida, o grupo era composto por 8 alunos e um preceptor. No período de desenvolvimento da Sala de Espera, foram realizadas orientações em saúde por meio de um jogo de perguntas e repostas, folders e cartazes explicativos sobre a importância da vacinação.

As orientações foram realizadas durante quatro dias não consecutivos, através de abordagens coletivas ou individuais com duração média de cinco minutos cada. Já o tempo total de atuação do grupo foi de cinco horas diárias. A presente metodologia foi realizada no período de abril a maio de 2019.

Para o levantamento do número de usuários participantes da sala de espera, foi desenvolvido em uma folha sulfite A4 um quadro com numerações de 0 a 100 e para cada usuário orientado um número era assinalado. O Cartão Nacional de Saúde (CNS) também foi utilizado para coleta de alguns dados, sendo eles: data de nascimento e sexo. Já para a verificação da adesão à vacinação, cada usuário era diretamente direcionado para sala de vacina e portando um cartão que continha a seguinte questão: Quais vacinas foram aplicadas? O cartão foi entregue ao final de cada orientação. Todos os pacientes foram acompanhados por um aluno e a questão do cartão preenchida pela equipe da enfermagem, ao final da imunização o cartão era entregue para o aluno acompanhante do paciente. Para melhor visualização, foi desenvolvido um fluxograma de atividades, com auxílio do software Bizagi (Figura 1).

Fonte: Própria autora.

FIGURA 1 Fluxograma de atividades para implementação de ações educativas em saúde. São Paulo, Brasil, 2019. 

Resultados

Diante a proposta de intervenção 201 usuários foram orientados, sendo 65% mulheres (n=131) e 35% homens (n=70). A média de idade foi de 59 anos e mediana de 63 anos. A menor idade foi de 19 anos e a maior 94 anos. No gráfico 1, podemos analisar os resultados quanto ao número de orientados por dia e o número de pacientes vacinados após as orientações de educação em saúde, ao total 64 pessoas foram vacinadas.

Fonte: Banco de dados

GRÁFICO 1 Usuários orientados por dia e o número de vacinados após as orientações de Educação em Saúde. (n=201). São Paulo, Brasil, 2019. 

Em relação as vacinas, foram aplicadas 80 doses e as que mais se repetiram foram: Dupla Adulto (Difteria e Tétano - Dt), Febre Amarela, Hepatite B, Influenza e Tríplice Viral (Sarampo, Caxumba e Rubéola - SCR). Os dados estão dispostos no gráfico 2.

Fonte: Banco de dados

GRÁFICO 2 Doses e tipos de vacinas aplicadas, após orientação de Educação em Saúde. (n=201). São Paulo, Brasil, 2019. 

Conclusão

É importante salientar que anteriormente à condução do trabalho, ainda não havia sido realizada ações educativas em saúde quanto à importância da vacinação por meio da sala de espera. Desta forma, não foi possível mensurar em números resultados comparativos.

Contudo, podemos observar que o trabalho apresentou resultados positivos, tanto para participação dos usuários nas atividades propostas quanto para a adesão de 32% dos orientados a realizarem à imunização, demonstrando sua efetividade e viabilidade de implantação.

No presente estudo também foi possível reforçar o trabalho multiprofissional, no caso entre Fisioterapia e Enfermagem, além de salientar a importância da atuação da Fisioterapia com ações que promovam prevenção, promoção e educação à saúde na Atenção Primária.

Diante da comprovada contribuição do presente estudo para a literatura e a prática diária, considera-se relevante a realização de estudos complementares, visando - além de obtenção de parâmetros comparativos - delimitar a faixa etária em que a rejeição se observa maior, com intuito de se produzir ferramentas mais eficazes para o público alvo, derivando para uma otimização de recursos e aumento de adesão à vacinação.

Referências

CALIXTO, A. et al. Sala de espera: uma proposta para educação em saúde. Sinapse Múltipla, v. 7, n. 2, p. 188-195, 2018. [ Links ]

CHAVES, L. H. S.; ROSS, J. DE R. Perfil vacinal de adultos cadastrados em uma microárea da Estratégia Saúde da Família. Rev. enferm. UFPI, v. 3, n. 4, p. 4-9, 2014. [ Links ]

DOMINGUES, C. M. A. S.; TEIXEIRA, A. M. D.A S. Coberturas vacinais e doenças imunopreveníveis no Brasil no período 1982-2012: avanços e desafios do Programa Nacional de Imunizações. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 22, n. 1, p. 9-27, mar. 2013. [ Links ]

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Recebido: 01 de Outubro de 2020; Aceito: 01 de Fevereiro de 2021

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