Dada a situação causada pelo Covid-19, a necessidade de mudanças nos currículos, no processo de avaliação, na formação de professores e na construção dos processos de ensino e aprendizagem, já anunciada em inúmeros estudos e pesquisas, ganhou novas proporções. Neste contexto, regras nunca antes vivenciadas, foram colocadas em práticas no contexto escolar.
Assim, neste momento em que se vive ainda a Pandemia do Covid-19, os profissionais de educação têm enfrentado desafios e buscado alternativas para reinventar suas práticas, redescobrir suas habilidades e adaptar o currículo. Uma das melhores notícias que emerge desse contexto é a emergência, em todo o mundo, de se (re)construir a Escola hoje e reafirmar seu compromisso público com a democratização e o acesso à educação.
(Re)pensar o presente, (re)definir novos rumos ou (re)descobrir novos jeitos de caminhar ((RE)CONSTRUIR A ESCOLA HOJE) é um dos desafios que vêm sendo enfrentado pelos profissionais de educação, pais e sociedade em geral, sobretudo neste momento em que a escola precisa (cor)responder aos desafios dos dias atuais, como são, por exemplo, a efetivação dos processos de ensino e aprendizagem por meio das aulas remotas e, ainda, a busca de alternativas para democratizar o acesso à Educação Remota. É nesse contexto que se insere o dossiê: A ESCOLA NOS DIAS ATUAIS: E AGORA? e que reuni 11 estudos e pesquisas e 02 entrevistas sobre a Escola, neste contexto de enfrentamento à pandemia do Covid-19, e, assim, discute sobre o presente no sentido de (re) descobrir - quem sabe - outros jeitos de construir a educação.
No primeiro artigo do dossiê, Cosimo Laneve e Rosatilde Margiotta, com o artigo intitulado “Metáfora: O poder da significação no ensino” apresentam uma discussão a respeito da aplicação de metáforas na significação das palavras como maneira original de interpretar o mundo devido a capacidade deste recurso linguístico de adaptação diante da multiplicidade do ser, com seus significados diversos.
No segundo artigo, os professores: José Augusto Pacheco e Ila Beatriz Maia, discutem a Transglobalidade, cosmopolitismo e inovação como linguagens da escola em tempo de crise.
O artigo terceiro, de Eliana Menezes, Suzana Feldens Schwertner e Morgana Domênica Hattge, foca nas práticas de inclusão e exclusão produzidas no contexto do ensino remoto, propõe-se uma problematização sobre os efeitos dessas práticas nos processos de escolarização da infância que retorna à escolaPor uma escuta da infância: inclusão escolar e as demandas pós-pandemia.
No quarto artigo, Fernanda Serpa Cardoso, Guilherme Marques Soares e Bianca da Cruz Lima Gonçalves, problematizam os impactos do ensino remoto durante a pandemia na concepção de 45 professores da Educação Básica. Para isso, aplicaram um questionário semi-estruturado, visando explorar as maneiras encontradas por eles para se adequarem à modalidade, como foram redimensionadas as práticas pedagógicas e investigar a relação professor-aluno.
No artigo de número cinco, de natureza ensaística, Emerson Augusto de Medeiros, Ivan Fortunato e Osmar Hélio Araújo textualizam uma discussão a respeito da educação escolar. Objetiva é refletir sobre a escola na atualidade, creditando ideias e conceitos debatidos por Paulo Freire e Alexander Sutherland Neill como centrais para o desenvolvimento da prática educativa escolar, a saber: a formação humana, o diálogo e a liberdade. Em termos metodológicos, se funde na pesquisa bibliográfica.
No artigo sexto, “A escola em tempos de pandemia sob o olhar de professores em formação inicial: vivências e desafios”, os autores: Rodrigo Oliveira Lopes, Priscylla Jordania Pereira de Mesquita e Everton Lüdke, discutem sobre a escola em tempos de pandemia sob a óptica de professores em formação inicial, com base nas vivências destes sujeitos durante o Estágio Curricular Supervisionado em um Curso de Química Licenciatura.
No sétimo artigo, “Reflexões e reticências: enunciações sobre o Ensino Remoto em tempos de pandemia”, os professores: Peterson Fernando Kepps da Silva, Lavínia Schwantes e Mélany Silva dos Santos, apresentam uma investigação acerca das enunciações que os estudantes têm dito sobre o ensino remoto no período de pandemia do COVID-19. Da pesquisa realizada, apontam que os estudantes apontam dificuldades de entendimento para a realização das atividades, mencionando cinco disciplinas e, da análise construiram dois enunciados: 1) o ensino remoto não é aprovado por aqueles estudantes com falta de estrutura física e/ou auxílio de responsáveis; e 2) o ensino remoto é uma alternativa viável no período de pandemia.
O oitavo artigo, “Formação contínua de professores e as (des)articulações com a escola de educação básica”, Elisangela André da Silva Costa, Maria do Socorro Lopes da Silva e Eisenhower Souza Costa, toma como objetivo de investigação a formação contínua de professores e parte da problematização do atual contexto, em que a docência e os processos formativos são cada vez mais atravessados por princípios neoliberais, que imprimem nas políticas educacionais a lógica da produtividade, performatividade e competitividade. Quanto aos resultado, o artigo em questão apontaram que mesmo atravessada pelas tensões e contradições presentes na sociedade contemporânea, a formação contínua pode se estabelecer como espaço de diálogo e de valorização da docência e da escola pública.
No nono artigo, Ana Graciela M. F. da Fonseca Voltolini, Elisangela Alves Sobrinho Arbex e Marcia de Souza Damasceno apresentam uma prática de ensino de linguagens em uma escola pública de Mato Grosso utilizando a Sequência Didática como metodologia aportada na teoria de Schneuwly e Dolz (2004). Como evidenciam a as autoras, a experiência mostrou a importância em proporcionar aos alunos experiências com o uso das TDIC e de gêneros textuais pertencentes ao cotidiano, como a reportagem, produzida por meio da Sequência Didática.
No décimo artigo, intitulado, o “Ensino remoto na escola: análise das dificuldades de professores de matemática”, Marcelo Carlos de Proença, João Alessandro da Luz e Luiz Otavio Rodrigues Mendes buscam analisar e evidenciar as dificuldades encontradas por professores de matemática ao exercerem o ensino remoto durante esse período. O estudo realizado apontam que tais dificuldades evidenciam a necessidade de letramento digital dos docentes por meio de formação continuada como a necessidade de investimentos de infraestrutura nas escolas públicas.
No artigo de número onze, “Educação e Tecnologia: perspectivas para diálogos em torno da educação para a emancipação”, Antônio Charles Santiago de Almeida, Maria Ivete Basniak e Rafael Gemin Vidal, alicerçados em Adorno (2010), Bourdieu (2014) e Vieira Pinto (2005), apresentam uma discussão teórica sobre como as tecnologias podem contribuir para a emancipação política de indivíduos que, quase sempre, não dispõem de uma herança de cultura.
Por fim, considerando este momento em que se vive ainda a Pandemia da Covid-19, no qual os profissionais de educação têm enfrentado desafios e buscado alternativas para reinventar suas práticas, redescobrir suas habilidades e adaptar o currículo, apresentamos duas entrevistas nas quais foi possível dialogar com o prof. Mário Sérgio Cortella e com o prof. Marcos Garcia Neira sobre a escola nos dias atuais, em momentos distintos. Nesses breves diálogos, voltamos à atenção para a necessidade de se (re)pensar o presente, (re)definir novos rumos, ou (re)descobrir outros jeitos de (re)construir a escola hoje, como um dos grandes desafios que vêm sendo enfrentado pelos profissionais de educação, pais e sociedade em geral.
Assim, mais que socializar os estudos, as pesquisas e entrevistas sobre a Escola, queremos aqui mais uma enfatizar que a necessidade de se refletir sobre a escola no presente visando - quem sabe - (re) descobrir outros jeitos de se ensinar e aprender.
A todos/as, boa leitura!