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Eccos Revista Científica

versão impressa ISSN 1517-1949versão On-line ISSN 1983-9278

Eccos Rev. Cient.  no.46 São Paulo maio/ago 2018  Epub 10-Jun-2019

https://doi.org/10.5585/eccos.n46.10383 

Editorial

Editorial: EccoS n46

Eduardo Santos1 

Manuel Tavares2 

1Universidade Nove de Julho - Uninove. São Paulo, SP, Brasil. edusantos1959@gmail.com

2Universidade Nove de Julho - Uninove. São Paulo, SP, Brasil. tavares.lusofona@gmail.com


Habitualmente, EccoS publica dossiês temáticos em cada um dos seus números. Todavia, considerado o elevado número de artigos submetidos à margem dos dossiês, publicados e a publicar, e depois de cumpridas todas as normas clássicas da produção científica, notadamente as de peer review e blind review, os editores decidiram propiciar aos leitores acesso a um conjunto de textos de caráter generalista provenientes de diversos estados brasileiros e de Colômbia e Argentina.

A atribuição Qualis A2 pela Capes à Revista decorre do cumprimento à risca dos diversos critérios exigidos pelas bases indexadoras, para fins de assegurar a qualidade dos artigos publicados, sua internacionalidade e descentralização. Temos cumprido, rigorosamente, os prazos de publicação; ampliado o número de pareceristas, nacionais e estrangeiros; divulgado, antecipadamente, as temáticas de cada dossiê, com chamada pública para cada um deles, além de adotar regras mais rigorosas para a construção dos resumos, no sentido de contemplarem os aspectos teóricos e metodológicos desenvolvidos nos artigos. No acesso livre, o resumo é a porta de entrada para a pesquisa de mestrandos e doutorandos e demais pesquisadores. Importa, pois, que haja coerência entre um e outro.

EccoS acaba de ser incluída no indexador Educ@, o que representa o reconhecimento de um avanço qualitativo no que diz respeito ao cumprimento da periodicidade e da qualidade dos artigos publicados. Indexar uma revista nos principais indexadores e bases de dados nacionais e internacionais é cada vez mais difícil e moroso. Os critérios a cumprir são de enorme exigência. Por isso, é difícil atingir patamares considerados de excelência. Mas é muito fácil que uma revista seja desclassificada pelo incumprimento dos parâmetros e critérios considerados. Os editores e colaboradores da EccoS têm por objetivo tornar a revista uma referência na área da educação de modo a que, cada vez mais, seja procurada pelos diversos programas de pós-graduação do Brasil e de outros países.

O primeiro artigo, Que Educação é Pública? A privatização de um direito, de Raquel Fontes Borghi, do Instituto de Biociências da UNESP de Rio Claro, é um ensaio teórico que tem por objetivo discutir o avanço dos processos de privatização no campo da educação e a relação atual entre o público e o privado. Tomando como referência simbólica a obra 1984, de George Orwell, a autora considera que o mercado é o Big Brother que põe em causa o direito universal à educação, expropriando os cidadãos desse inalienável direito.

O segundo artigo, Evasão escolar na 1ª série do ensino médio: o caso de Joaçaba, Santa Catarina, de Douglas Branco de Camargo e Mônica Piccione Gomes Rios, aquele professor da Faculdade Avantis de Blumenau e esta professora do PPGE da PUCamp, resulta de investigação sobre ações políticas e pedagógicas relacionadas à evasão escolar, na 1ª série do Ensino Médio, no município de Joaçaba, Santa Catarina. Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de incrementar políticas públicas que alterem as estruturas escolares, que tenham como fundamento novos olhares sobre a educação e que promovam a formação docente tendo em conta um novo perfil dos jovens contemporâneos, especialmente quanto a considerar as representações e práticas culturais que esses jovens trazem para os bancos escolares.

O terceiro artigo, Pedagogia antropofágica no aprofundamento do repertório de saberes culturais de estudantes de pedagogia e seus professores, de Ana Cristina Moraes, pesquisadora do PPGE da UEC, e Jacques Therrien, professor visitante nesta mesma instituição, dá conta de uma pesquisa que pretendeu saber como a universidade contribui para garantir o acesso a bens artístico-culturais a estudantes do curso de Pedagogia. A pedagogia antropofágica é compreendida como fundante para o aprofundamento de uma formação cultural diversificada nos contextos sócio-políticos, visando criar elementos para a atuação docente, particularmente no referente ao ensino de artes, campo de conhecimento exigido legalmente aos pedagogos. A partir dos dados empíricos coletados por meio de entrevistas, os autores concluem que uma pedagogia antropofágica constitui uma concepção de formação que agrega ações educativas de caráter acadêmico e cultural, mobilizadoras de aprendizagens que ampliam horizontes teóricos e práticos, necessários à educação estética.

Natalia Baraldo, doutora em Ciências da Educação pela Universidade de Córdoba, Argentina, no artigo ¿La lucha como escuela? Saberes y aprendizajes en procesos de lucha y organización barrial en Mendoza, durante 1970, questiona se as experiências históricas de luta e organização poderão ser consideradas práticas produtoras de saberes e aprendizagens. A partir de fontes orais e documentais a autora identifica os saberes e aprendizagens coletivos que se foram gerando no processo de luta, bem como alguns elementos da cultura política que foram construídos no âmbito da dialética dominação e resistência, ao longo daquele ano, em movimentos de organização de bairro.

A história da escola estadual comunitária rural de Colatina: relatos de protagonistas, de Rosângela Pereira de Oliveira e Ozerina Victor de Oliveira, respectivamente, doutoranda em educação na UFMT e professora-pesquisadora desta instituição, é o quinto artigo. As autoras realizaram uma pesquisa participante centrada no debate sobre a possibilidade de uma escola pública estadual poder constituir-se no âmbito de um paradigma decolonial. As autoras consideram que uma Pedagogia da Alternância1 pode fornecer práticas de resistência que contribuem com a construção de uma perspectiva decolonial para a Educação do Campo.

O sexto artigo, O trabalho docente no magistério superior em tempos de crise e de reconfiguração, de Suelaynne Lima da Paz, professora da Universidade Estadual de Goiás, e João Ferreira de Oliveira, do PPGE da Universidade Federal de Goiás (UFG), analisa os processos de intensificação e de precarização do trabalho docente que vem se concretizando no campo universitário, tendo a UFG como objeto de estudo. A pesquisa, de caráter empírico e que recorre a entrevistas com gestores e pesquisadores de diferentes áreas acadêmicas, revelou que os processos de flexibilização, intensificação e precarização estão presentes na produção do trabalho acadêmico da instituição, em alinhamento com as demandas do mercado. Evidenciam, ainda, que estão ocorrendo alterações no trabalho docente decorrentes das demandas do mercado que geram implicações na organização, gestão e finalidades da universidade.

Situando os debates sobre a avaliação da pós-graduação: os estudos do campo pelo campo, de Ana Maria da Silva Magalhães, doutoranda da Universidade Federal da Grande Dourados, e Giselle Cristina Martins Real, do PPGE dessa universidade, é o sétimo artigo. As autoras analisam o debate acerca da avaliação da pós-graduação, a partir do mapeamento da produção bibliográfica de artigos publicados em periódicos qualificados, no período de 1999 a 2017. O estudo realizado permite afirmar que não existe consenso no debate, sendo que as opiniões sobre a sistemática de avaliação divergem, muito embora se verifique a ênfase na produção intelectual em seus diversos aspectos. Nesse sentido, ‘o campo’, apesar das disputas e dissensos, ainda tem referenciado a performatividade como estratégia de viabilizar a qualidade da pós-graduação brasileira.

O oitavo artigo, Relação família-escola: o estado da arte na pós-graduação brasileira, de Andreza Maria de Lima e Laêda Bezerra Machado, a primeira professora do IFPE e a segunda professora da UFPE, faz uma análise da produção acadêmica no período entre 2004 e 2013, a partir dos descritores relação família-escola e estratégias educativas familiares; relação família-escola e fenômenos socioescolares; e relação família-escola: fenômenos e/ou aspectos dessa relação. As autoras inferem existir alguma resistência de professores em relação a configurações familiares diferentes da tradicional e a influência dessa resistência na relação com a família e/ou o trabalho docente, ao mesmo tempo que desconstroem a ideia generalizada de que as famílias de alunos de escola pública são desestruturadas.

O nono artigo, Gamification for online training of court professionals in a Labour Court in São Paulo, Brazil (TRT-2): what can be implemented in Moodle 2.5, resultado da parceria de Ludmilla Cavarzere de Oliveira e Valquíria Trovão Cavalli, mestres em Gestão de Políticas e Organizações Públicas, com os professores da Unifesp de São Paulo, Álvaro Machdo Dias e Mauri Aparecido de Oliveira, incide sobre a implementação de gamificação em um curso on-line oferecido pela Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. O objetivo do estudo realizado foi comparar a criação da estrutura de um curso on-line sem elementos de jogos com sua versão gamificada que introduz elementos que buscam motivar e engajar pessoas em contextos de aprendizagem virtual, como complementação de atividades, acesso restrito, barra de progresso, badges e quizzes. Os autores concluem que é possível inserir mecânicas simples de jogo a partir do Moodle 2.5.

Finalmente, La intuición informática: estado actual en la carrera de Ingeniería Informática de la Universidad de Matanzas, de Walfredo González Hernández, professor da Faculdade de Ciências Técnicas de Matanzas, Cuba, é o último artigo deste número. Trata-se de um estudo sobre a intuição aplicada à ciência da computação, como um processo de desenvolvimento da criatividade. A partir da observação de aulas e de pesquisas com os alunos, o autor procura detectar situações em que a intuição está presente na carreira de engenharia da computação.

Os textos que seguem publicados neste número 46 de EccoS, correspondentes ao período mai.ago de 2018, pretendem estimular os debates concernentes ao campo da educação. Esperamos que sirvam às pesquisas científicas que frequentam a área, em especial em seus estudos pós-graduados.

Os Editores

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