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Eccos Revista Científica

versão impressa ISSN 1517-1949versão On-line ISSN 1983-9278

Eccos Rev. Cient.  no.48 São Paulo jan./mar 2019  Epub 28-Jun-2019

https://doi.org/10.5585/eccos.n48.13375 

EDITORIAL

Editorial

Eduardo Santos

Manuel Tavares


Esta edição de EccoS representa um momento de atualização da revista em relação aos critérios de qualificação de periódicos científicos no Brasil, que acompanham tendências mundiais no campo da produção editorial científica. Independentemente de eventuais críticas que se possa fazer a tal processo - e que insistimos em fazer nos fóruns nacionais especializados -, em especial quanto às características homogeneizantes e, em certa medida, arbitrárias dos termos de qualificação impostos, indistintamente, aos diversos campos de produção de conhecimento científico desses produtos de divulgação da produção acadêmica, EccoS passa a estabelecer duas ‘inovações’: a periodicidade trimestral, de imediato, e a publicação antecipada (ahead of print), gradativamente, neste caso até chegar à publicação no primeiro mês de vigência de cada edição até a antecipação propriamente de publicação de artigos aprovados por avaliadores externos e tratados editorialmente. Perseguimos, com isso, a desejada qualificação internacional para a revista, muito mais como um objetivo de responsabilidade científica e profissional com padrões de qualidade acadêmica consensuados na comunidade científica do que pelo fato de granjear reconhecimento e notas de aprovação oficial.

Antes de apresentar os artigos incorporados à seção Dossiê Temático, chamamos a atenção do leitor para os 12 textos publicados na seção Artigos, após rigoroso trabalho de avaliação por pares e de revisão editorial, que tratam de diversos temas relacionados à educação e a partir de distintas abordagens e perspectivas teóricas. Esperamos que a seção apoie esforços de pesquisa e de aprofundamento temático dos pesquisadores das áreas de educação e das Ciências Sociais e Humanas.

Dossiê Temático: Pedagogia Social

Os processos de formação de sujeitos-educandos se dão nos mais variados espaços de convivência e aprendizado social: em casa, com a família, tradicional ou ampliada; no trabalho, com colegas de profissão; nos círculos de relacionamento social, com amigos, além do clássico lugar de formação intencional, a escola. Se a escola é espaço de trabalho educativo orientado - pedagógico, portanto -, não menos o são tantos outros espaços, dado que neles se processa, também, o aprendizado social que resultará em formação. Em todos esses lugares se pode e se deve aplicar uma pedagogia social, seja como fundamento teórico da ação educativa, nos rigores da formalização e sistematização do tempo-espaço escolar e/ou nos processos mais espontâneos de convivência, seja propriamente como práxis pedagógica.

O Dossiê Temático “Pedagogia Social”, ora apresentado, visou propor aos pesquisadores acadêmicos o debate do estatuto teórico e das experiências e práticas pedagógicas fundamentadas ou propiciadas por esse campo da produção intelectual sobre o educativo, em seus desdobramentos empíricos do escolar-formal, da educação não-formal e da educação informal. Trata-se de uma temática ainda pouco divulgada e trabalhada na sociedade brasileira e no mundo acadêmico: a Pedagogia Social, área científica e de intervenção social. É assim que seguem publicados artigos e ensaios cujas perspectivas teóricas, fundamentadas na Pedagogia Social, abordam problemas e conflitos sociais vinculados aos processos educativos; propõem uma epistemologia para esse campo; estabelecem as relações da Pedagogia Social com a educação popular e comunitária; apresentam suas experiências de formação contributivas aos diversos campos da atividade humana; promovem seu ‘encaixe’ teórico-prático para a educação em espaços e modalidades que não se reduzem à escola e à educação formal, como a educação de jovens e adultos e a educação prisional. É de se notar a notória contribuição dos fundamentos que impõem vigor teórico e prático a essa abordagem do campo pedagógico e lhe dão aplicabilidade nos diversos espaços em que se propõe formação humana, ampliando os vínculos da pedagogia com suas bases e implicações sociopolítico-culturais.

O primeiro artigo, Social Pedagogy as a Scientific Discipline - a Branch of Academic Studies and a Field of Professional Practice, de Juha Hämäläinen, trabalha aspectos da pedagogia social como sua ambiguidade conceitual, sua natureza como disciplina acadêmica, a orientação sociopedagógica no trabalho social e no trabalho com jovens, as formas de usar o conceito na Alemanha e na Finlândia, bem como a visão geral do campo, incluindo considerações semânticas e históricas.

O segundo artigo, Literatura carcerária: educação social por meio da educação, da escrita e da leitura na prisão, de Roberto da Silva, Thais Passos e Marineila Marques, caracteriza a literatura carcerária sob a égide da alfabetização de adultos e da regulamentação da Educação em Prisões, considerando as transformações e adaptações ao longo dos tempos.

Diversidade cultural no espaço escolar: implicações no ensino, na aprendizagem e nos processos de subjetivação, de Elaine Dal Mas Dias e João Clemente de Souza Neto, terceiro artigo, analisa relações interpessoais e educativas entre docentes e alunos(as) imigrantes bolivianos(as), descendentes de bolivianos(as) e não bolivianos(as) em sala de aula, nas dependências de uma escola pública do Ensino Fundamental II de São Paulo, para verificar o cumprimento dos PCNs, do ECA, da Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural e da Lei de Migração e, assim, verificar eventuais omissões.

Vanessa E. R. Rodrigues e Rita de Cássia da S. Oliveira trabalham, no quarto artigo, A pedagogia social nas implicações prisionais e práticas escolares intramuros: reflexões de um estudo no estado do Paraná. Analisam os discursos de ressocialização pela educação presentes nos documentos escolares dos nove centros de educação de jovens e adultos implantados nas penitenciárias estaduais do Paraná em confronto com as características estruturais destinadas à educação nesses ambientes, identificando um conjunto de problemas impeditivos da ressocialização dos apenados, fundamentando críticas e proposições a partir do campo teórico da Pedagogia Social.

O quinto artigo, de Telmo Marcon, Lisiane Lígia Mella e Marcio Tascheto da Silva, Tensões entre as pedagogias sócio-emancipadora e tradicional: um estudo do sistema socioeducativo com adolescentes privados de liberdade, resulta de pesquisa bibliográfica e empírica e tem por objetivo problematizar as tensões entre as pedagogias socio-emancipadora e tradicional no espaço de atendimento socioeducativo com adolescentes privados de liberdade.

Enfrentamento do cyberbullying nas escolas inspirado nos princípios e metodologias da Pedagogia Social, de Neide Aparecida Ribeiro e Geraldo Caliman, é o sexto artigo. O objetivo da pesquisa foi compreender as dimensões da violência virtual no fenômeno do cyberbullying. Entre os problemas pesquisados, verificou-se o papel do professor na lida diária com estudantes que sofrem e/ou praticam a violência virtual nas escolas de Palmas/TO, em mensagens ofensivas de textos, vídeos e áudios e o descumprimento da Lei n. 13.185/2015, em vigor no Brasil desde junho de 2016.

Wania Regina C. Gonzalez e Elaine R. de Ávila discutem, no sétimo artigo, A atuação do educador social em organizações do terceiro setor. O texto propõe uma reflexão sobre a atuação dos educadores sociais em contextos educativos não- escolares, em áreas periféricas da cidade do Rio de Janeiro. As conclusões do estudo contribuíram para uma melhor compreensão das relações entre organizações do terceiro setor e escolas públicas do seu entorno mediadas pelo educador social, indicando aspectos que podem dinamizar sua atuação.

O oitavo artigo, Educação social e escolar e o direito à educação na medida socioeducativa, de Maria N. Zanella, Angela M. de Barros Lara e Belmiro Gil Cabrito, é produto de reflexões sobre a articulação entre educação social e educação escolar para viabilizar o retorno à escola de adolescentes que cumpriram medidas socioeducativas de internação, semiliberdade ou em meio aberto. O estudo apresentado evidencia as confusões teóricas sobre o papel de cuidar e educar, discutindo como os problemas disciplinares interferem na organização das escolas públicas e, consequentemente, no processo ensino-aprendizagem.

Silvana Barbosa de Oliveira, no nono artigo, discute A formação do pedagogo para atuar no sistema penitenciário. O estudo incide sobre a formação dos pedagogos que atuam no sistema penitenciário do estado do Paraná. Tem como objetivo geral analisar e sistematizar, a partir da prática pedagógica desenvolvida pelos pedagogos que atuam em unidades penais, indicadores para a sua formação. No âmbito específico, identifica o perfil dos pedagogos das unidades penais, por meio de sua formação acadêmica e experiência profissional.

Feitas essas apresentações, resta desejar boa leitura acadêmica a todos e a todas!

Os Editores Eduardo Santos Manuel Tavares

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