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Eccos Revista Científica

versión impresa ISSN 1517-1949versión On-line ISSN 1983-9278

Eccos Rev. Cient.  no.53 São Paulo abr./june 2020  Epub 31-Ene-2024

https://doi.org/10.5585/eccos.n53.16580 

Apresentação

DOSSIÊ TEMÁTICO: “EDUCAÇÃO, ESTÉTICA E SENSIBILIDADES”

Mário de Faria Carvalho, Doutor, Professor Associado1 
http://orcid.org/0000-0002-7071-2586

Silvia Sell Duarte Pillotto, Doutora em Engenharia, Professora Titular2 
http://orcid.org/0000-0003-4497-2285

Antônio Joaquim Severino, Doutorado em Filosofia, Professor3 
http://orcid.org/0000-0002-7922-9021

Marcos Antônio Lorieri, Doutor em Educação, Professor4 
http://orcid.org/0000-0001-6631-2574

1Doutor em Sciences Sociales - Université Paris V - Professor Associado Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Caruaru, Pernambuco, Brasil

2Doutora em Engenharia de Produção (Gestão da Qualidade), Universidade Federal de Santa Catarina, Professora Titular da Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE, Joinville, Santa Catarina, Brasil

3Doutorado em Filosofia - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Professor da Universidade Nove de Julho - Uninove, São Paulo, Brasil

4Doutor em Educação - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - Professor da Universidade Nove de Julho - Uninove, São Paulo, Brasil


A dimensão da sensibilidade estética é de extrema relevância em nosso existir e, por isso, precisa ser igualmente cultivada, na esfera da formação humana, ao contrário do que fez, e arrisca continuar fazendo, a tradição pedagógica vigente. A dimensão estética impregna todo o existir humano e sua práxis no ambiente educativo se consolida pelo seu cultivo antropo-pedagógico; sem ela, a ausência do sentir tenciona as ações para fins meramente pragmáticos, quando não destrutivos.

Nesse sentido, envolver os processos de ensinar e aprender com a vivência de expressões artísticas, com a fruição da corporeidade, com o sentir associado ao conhecer, seja do símbolo, da letra, do movimento ou dos conceitos, é imprescindível na constituição humana e na esperança de se pensar e fazer da escola um lugar marcado pelas sensibilidades e harmonia, ao qual se vai com prazer e não por mera imposição heteronômica.

A valorização da educação estética é pré-requisito imprescindível para que as/os estudantes se completem em todas as suas dimensões. Pretender uma educação integral, com e para a vida, é preciso para rompermos com a noção reducionista de que a escola tem como função apenas o preparo técnico para operar uma máquina, ou meramente intelectual, ao disponibilizar conceitos e padrões de comportamento. O espaço do ensino e da aprendizagem não é o de somente fornecer ou receber informações; mas precisa, sobretudo, ser um ambiente de reconhecimento da pessoa humana, de alteridade, de acolhimento, de afetividade e de respeito com as múltiplas sensibilidades. Sem dúvida, o cultivo da sensibilidade estética deve ocupar lugar proeminente no processo educativo das crianças e adolescentes, especialmente ao longo de sua formação escolar básica, ao mesmo tempo que deve subsidiar os agentes educadores na condução de suas tarefas pedagógicas, mediadores fundamentais que organizam o referido processo formativo.

O que está efetivamente em pauta é a abrangência de nossa subjetividade e, consequentemente, da dimensão epistemológica, cognoscitiva de nossas atividades de conhecimento. O território da subjetividade envolvido na atividade de conhecimento, do ensino e da aprendizagem, não se confunde e nem se restringe ao território da pura racionalidade lógica. Por isso, o cultivo da sensibilidade estética, entendida como outra modalidade nossa de nos relacionarmos com o mundo, é igualmente uma necessidade que deve ser considerada na formação integral das pessoas. O relacionamento das pessoas com o mundo não ocorre apenas pela mediação dos conceitos, construídos pela nossa consciência cognitiva; mas também a partir da consciência valorativa, pela qual são avaliados todos os objetos, todas as situações. Fala-se, então, de experiência estética quando tal avaliação envolve nossa subjetividade com a sensibilidade que ocorre através dos sentidos externos do corpo e dos sentidos internos da mente.

A conexão entre a Educação e outros campos do conhecimento tem diversificado o fazer educacional e a formação humana. A valorização das Estéticas e das Sensibilidades, nesse processo, tem sido cogitada enquanto uma abertura dos cânones do pensamento pedagógico e para a valorização das visualidades, do imaginário, das subjetividades, da cultura, da arte e de muitas outras linguagens que têm sido silenciadas pela racionalidade e pelo positivismo moderno. Nesse sentido, este dossiê foi proposto como forma de reunir estudos que dimensionassem a presença dos saberes estéticos e sensíveis em diferentes espaços de formação. Pretendeu-se congregar contribuições de pesquisadoras/es que se dedicam a questionar, evidenciar e/ou problematizar o conhecimento educacional a partir de hermenêuticas e de abordagens que valorizem as dimensões estéticas e sensíveis.

Os trabalhos que compõem este dossiê mobilizam um conjunto de análises e reflexões sobre o lugar e o papel da estética e das sensibilidades na Educação, trazendo-nos valiosas abordagens históricas e filosóficas; experiências de formação pedagógica e debates epistemológicos e metodológicos nelas fundamentados, bem como a exploração de outras visualidades na educação, em suas dimensões estéticas e sensíveis.

Para além de destacarem criativas propostas pedagógicas explorando perspectivas epistemológicas fundadas mais nas sensibilidades do que nas racionalidades, revisitam práticas de investigação científica, tais como estudos etnográficos, visitas a museus, escoimando-as de seus reducionismos utilitaristas e desvelando suas dimensões de sensibilidade, graças a prática de novas cartografias e linguagens que não as racionais. Portanto, o Dossiê apresenta as questões didático-pedagógicas de experimentos estéticos na escola, suplantando a lógica técnica da educação institucionalizada, dando-lhe outra dimensão - mais vida. Além disso, critica a prevalência da racionalidade em nossa apreensão da condição humana, buscando, então, outras formas de relações educacionais que podem ser encontradas na vivência estética.

Os resultados desse Dossiê evidenciam como o imaginário é atuante no processo formativo, ao envolver razão e sensibilidade, ao cogitar uma outra lógica, não meramente racional do conhecimento.

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