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Eccos Revista Científica

versión impresa ISSN 1517-1949versión On-line ISSN 1983-9278

Eccos Rev. Cient.  no.65 São Paulo apr/june 2023  Epub 16-Feb-2024

https://doi.org/10.5585/eccos.n65.24211 

Resenhas

CAPACIDADE TRANSFORMADORA DA ORATÓRIA NO DESENVOLVIMENTO DO PROFESSOR-ORADOR: JORGE, Alan de Matos. Oratória para professores: iniciantes e experientes. 2. ed. ver. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020. 164 p.

Thiago Rafael Rodrigues, Pós-Graduado em Docência para o Ensino em Enfermagem em Nível Técnico e Superior1 
http://orcid.org/0009-0003-3182-9567

1Pós-Graduado em Docência para o Ensino em Enfermagem em Nível Técnico e Superior, Universidade Nove de Julho - Uninove, São Paulo, SP - Brasil

JORGE, Alan de Matos. CAPACIDADE TRANSFORMADORA DA ORATÓRIA NO DESENVOLVIMENTO DO PROFESSOR-ORADOR. Oratória para professores, : iniciantes e experientes. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2. 2020. p. 164


O livro intitulado Oratória para professores: iniciantes e experientes1, com grande repercussão no cenário acadêmico, tornou-se um importante instrumento para que docentes superassem seus medos de se expressar em público, inspirados pelas diversas técnicas de oratória inseridas nessa obra. Tanto que, devido ao grande sucesso de vendas, em fevereiro de 2020 houve o lançamento da 2ª edição do livro. Visando suprir algumas lacunas deixadas, o presente trabalho buscou oferecer um conteúdo de alta qualidade por meio das experiências do autor, relacionadas à oratória no exercício do magistério, e, graças a uma linguagem simples, procurou atingir todos os professores, sejam experientes ou iniciantes, que sofrem com o medo de falar em público.

Antes de mais nada, vamos falar da biografia do autor, Jorge Alan de Matos nasceu em uma família humilde, porém muito amorosa, tinha três irmãos e, cultivava em seu coração o sonho de ser advogado, embora, por diversas vezes, achava impossível essa realização pelo fato de ser gago. Aos 14 anos, iniciou o curso de Mecânico Automotivo no SENAI, e, após seis anos, ingressou na Universidade de Itaúna, no curso de Direito. Com o decorrer dos semestres, ele enfrentava sérias dificuldades de se comunicar, pensou por inúmeras vezes em desistir de seu sonho, até que, num determinado momento, conheceu alguns livros relacionados à oratória. Estudando as técnicas e colocando-as em prática, libertou-se da gagueira e já não tinha mais medo de falar em público. Até que, em 2002, formou-se em Direito, sendo o orador da turma e, após dois anos, tornou-se professor da PUC-Minas.

Como já mencionado, essa obra foi inspirada na vivência profissional que o Prof. Jorge construiu ao longo de sua vida acadêmica. Por meio de alguns depoimentos inseridos no livro, percebemos o quanto inspirou outros profissionais a superar o medo de falar em público. Sendo assim, no primeiro capítulo, o autor revela que estamos vivendo uma nova fase do processo de ensino-aprendizagem, em que o aluno é tido como o verdadeiro protagonista desse processo. Para isso, o domínio da oratória é essencial para que os professores consigam alcançar os objetivos pedagógicos propostos, atuando como facilitadores, por meio de uma comunicação clara e conteúdo envolvente.

Entretanto, falar em público não é tão simples, e muitos profissionais sofrem com manifestações clínicas e psicológicas, quando estão sujeitos a essa exposição, como: nervosismo, frio na barriga, pânico, palpitação, suor, dentre outros. Contudo, Jorge (2020), embasado em sua experiência de vida, afirma que a capacidade de falar em público e o domínio da oratória são elementos que podem mudar a vida de qualquer profissional.

Reitero que a oratória é um tema que deve interessar a todos os profissionais, pois o ato de falar bem em público apresenta-se como uma oportunidade para que a pessoa mostre o seu potencial e a sua capacidade, seja qual for sua atuação profissional (JORGE, 2020, p. 5).

Não diferente, professores se solidarizam com as mesmas dificuldades relacionadas ao não domínio da oratória. Logo no segundo capítulo, notamos a colocação de 7 atributos a serem desenvolvidos pelos docentes para se tornarem um professor-orador: coragem, perseverança, valorização do conhecimento, emoção-paixão-entusiasmo, pontualidade, credibilidade e humildade. E, como complemento, no capítulo seguinte, é retratada ainda a necessidade de se policiar a respeito de alguns fatores externos, que muitas vezes passam despercebidos, como: vestimentas adequadas, cuidados com aparência, vocabulário e expressão corporal.

Deixando de lado essa abordagem mais generalista, porém essencial, no quarto capítulo, ocorre um aprofundamento direcionado às técnicas específicas a serem aprimoradas por um bom orador, fazendo alusão à voz como principal instrumento de comunicação. Para esse efeito, o autor menciona aos leitores a importância de desenvolver uma respiração correta (respirando pelo nariz), respeitando seus movimentos fisiológicos básicos (inspiração/expiração), de modo que a voz seja produzida no momento da expiração, impulsionada pela respiração diafragmática. Ainda neste contexto, a voz - considerada única para cada pessoa - é enfrentada por muitos docentes como uma vilã, por conta de sua capacidade de denunciar sinais de nervosismo. Por esse motivo, cabe ao profissional estar atento à modulação da voz e à velocidade com que se comunica. Essa variação permite que você consiga manter seu público atento, mitigando possíveis sinais de fadiga, como dispersão e cansaço. Outro ponto abordado é a dicção, ou seja, a maneira de articular ou pronunciar as palavras.

O bom professor-orador possui, regra geral, uma boa dicção. Isso se dá tendo em vista que, um dos principais objetivos do professor-orador é alcançar seu público por meio de sua mensagem. Se o professor-orador tiver qualquer problema em sua fala, a interação de sua mensagem com o público poderá ficar prejudicada (JORGE, 2020, p. 44).

Nesse caso, a realização de exercícios de vibração demonstra eficácia na ativação do deslizamento da mucosa sobre as cordas vocais, melhorando assim a dicção. Entretanto, em alguns casos, é necessário recorrer ao profissional fonoaudiólogo, que fará um estudo detalhado, a fim de propor exercícios adequados e outras intervenções para mitigar problemas recorrentes relacionados à fala.

Outros elementos permitem uma comunicação efetiva sem que haja uma única pronúncia de palavras, apenas com a utilização de gestos, movimentação, expressão facial e contato visual. Tema do quinto parágrafo, inferido à comunicação não verbal. A gesticulação tem a finalidade de fortalecer as ideias, dar sentido às palavras, além de proporcionar maior segurança e confiança ao professor durante sua apresentação. A movimentação consciente com deslocamentos lentos e postura adequada permite que o professor minimize os efeitos de cansaço durante sua apresentação. Mas, sem dúvida, o contato visual é indispensável para que o professor se conecte com os alunos, não somente pelo contato “olho a olho”, mas também através da simpatia.

[...] simpatia é um poderoso instrumento de Conexão com o Público. Para estabelecer esta conexão, você pode, por exemplo, contar histórias engraçadas relacionadas ao tema que você está abordando. Assim, você deixa o ambiente mais descontraído e acaba relaxando o público e a você também (JORGE, 2020, p. 56).

O autor se preocupa em preparar o leitor para um conhecimento técnico específico, focado em como ministrar uma palestra ou proferir um discurso. Dito isso, alguns cuidados devem ser tomados pelo palestrante, como conhecer o perfil do público antecipadamente, permitindo adequar o conteúdo conforme suas características e objetivos. Elaborar roteiro de apresentação é imprescindível para evitar imprevistos, para isso, no sexto capítulo, há referência às fases de uma palestra em seu início, meio e fim; assim como alguns protocolos a serem observados.

Uma palestra bem montada e um discurso bem-feito têm fases específicas que devem ser preparadas com todo carinho e atenção pelo professor-orador, pois o discurso é manifestação especial de ideias e sentimentos em público, segundo as normas retóricas, a fim de convencer, persuadir, comover, deleitar e instruir os ouvintes (JORGE, 2020, p. 61-62).

Já no penúltimo parágrafo, é dada uma atenção aos bastidores e à importância da Técnica do Ensaio, ou seja, toda a preparação do professor antes de ministrar sua aula ou dar sua palestra, com o aquecimento de voz, revisão do roteiro e treino. Treinar e ensaiar quantas vezes forem necessárias permitirá que esse profissional esteja preparado para subir ao palco e, de forma natural, contagiar a todos. Ainda no sétimo capítulo, dicas direcionadas à maneira que o docente deverá se apresentar na sala de aula são mencionadas, além de ressaltar a importância do primeiro dia de aula e o que deverá ser abordado; como a necessidade de montar a aula por escrito e ensaiar antecipadamente.

Por fim, no último capítulo, o autor compartilha suas experiências de coordenador e recrutador de novos docentes. Nesse sentido, foram expostas algumas qualificações profissionais que são levadas em consideração durante o processo seletivo de docentes, sustentando a importância da oratória nos quesitos avaliativos.

Dessa forma, o livro Oratória para professores: iniciantes e experientes contribui de modo significativo para o desenvolvimento do professor-orador através dos diversos métodos mencionados na obra. Certamente, os professores conseguirão vencer o medo da exposição pública, com muita dedicação, coragem e perseverança, aplicando as técnicas de oratória relacionadas à modulação de voz, dicção e comunicação não verbal. Graças aos atributos relacionados ao marketing pessoal, garantirá uma apresentação adequada, com boa aparência e postura elegante, além de simpatia. E, ao final, se conectará com o seu público, com poder e toda a credibilidade de um bom orador.

Referências

JORGE, Alan de Matos. Oratória para professores: iniciantes e experientes. 2. ed. ver. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2020. 164 p. ISBN 978-85-519-1784-8. [ Links ]

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