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Educação UFSM

versión impresa ISSN 0101-9031versión On-line ISSN 1984-6444

Educação. Santa Maria vol.44  Santa Maria  2019  Epub 11-Nov-2020

https://doi.org/10.5902/1984644434990 

Artigo Demanda Contínua

Educação de Jovens e Adultos, Multisseriação e Recursos Didáticos Digitais: uma tentativa de diálogo

Young People and Adult Education, Multigraded Teaching and Digital Learning Resources: an attempt dialogue

Gabriel Moreira Beraldi* 
http://orcid.org/0000-0001-8786-9179

Francisco Roberto Pinto Mattos** 
http://orcid.org/0000-0003-3760-4636

Aira Suzana Ribeiro Martins*** 
http://orcid.org/0000-0002-5917-1870

*Doutorando em Ensino de Biociências e Saúde (IOC-Fiocruz); Docente na SEEDUC-RJ e Escola Firjan SESI. gabscj@yahoo.com.br

**Doutor em Engenharia de Sistemas e Computação (UFRJ); Docente do ensino básico, técnico e tecnológico e Coordenador do Mestrado Profissional em Práticas para a Educação Básica no Colégio Pedro II e docente do Mestrado Profissional PROFMAT da UERJ. francisco.mattos@gmail.com

***Doutora em Letras (UERJ); Docente do Ensino básico, técnico e tecnológico e Supervisora do Programa de Residência Docente no Colégio Pedro II. airasuzana.ribeiromartins@gmail.com


RESUMO

O presente trabalho pretende responder à seguinte pergunta de investigação: “De que forma a Educação de Jovens e Adultos multisseriada, aliada ao uso de tecnologias, pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem?”. Para tanto, tem como objetivo investigar as contribuições da multisseriação e da utilização de recursos didáticos digitais no processo ensino-aprendizagem do aluno da EJA. Regulada por uma legislação específica, a EJA tem sido difundida nos últimos anos como importante ferramenta de inclusão. Em algumas instituições, no entanto, ela está aliada à realidade da multisseriação, que comporta alunos de diferentes séries em uma mesma sala de aula. Pesquisas recentes mostram os desafios dos docentes no trabalho em turmas da EJA. Esta pesquisa é de cunho qualitativo e se utilizou de pesquisa bibliográfica e entrevistas semiestruturadas em uma amostra de 20 alunos de Ensino Médio multisseriado da modalidade EJA de uma das unidades da Escola SESI/RJ. As conclusões apontaram para uma avaliação positiva da junção entre EJA, multisseriação e recursos didáticos digitais.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Multisseriação; Recursos didáticos digitais

ABSTRACT

This paper aims to answer the following research question: "How can multigraded classes of the Youth and Adult Education, combined with the use of technologies, contribute to the teaching-learning process?”. To do so, it aims to investigate the contributions of multigrade classes and the use of digital didactic resources in the teaching-learning process of the student of the Young and People Education. Regulated by specific legislation, Young People and Adult Education has been widespread as an important means of inclusion in recent years. However, in some institutions it is allied to the reality of multigraded teaching, which involves students from different grades in the same classroom. Recent research, shows the challenges faced by teachers in working Young People and Adult classes. This research is qualitative and it was used a bibliographic research and semi-structured interview in a sample of 20 high school students of multigraded classes of the Youth and Adult Education modality of one branch of the SESI/RJ School. The conclusions pointed to a positive evaluation of the junction between EJA, multiseriate and digital didactic resources.

Keywords: Young People and Adult Education; Multigraded teaching; Digital learning resources

Introdução

Turmas de Educação de Jovens e Adultos (doravante EJA), mesmo tendo recebido nos últimos anos grande atenção da legislação nacional (OLIVEIRA, 2011) são, por si só, desafiantes para docentes e discentes, uma vez que trazem consigo peculiaridades que necessitam ser compreendidas e enfrentadas. Segundo Candau (2007), esse paradoxo surge, por um lado, devido à expansão da educação básica nos últimos anos; em contrapartida, índices como os de evasão e repetência persistem, sem que seja efetivamente problematizada a questão da qualidade educacional e da própria valorização do professor. De acordo com Jesus e Machado (2011), o termo Educação de Jovens e Adultos é recente, mas uma preocupação mais refinada sobre a educação no país remonta à “Campanha de Educação de Adultos”, de 1947. A partir de fins da década de 1950, através da influência de Paulo Freire, surgem reflexões sobre a questão do analfabetismo e do desejo de um novo paradigma pedagógico que se baseasse na visão de mundo e nos componentes socioculturais dos indivíduos. Segundo o pesquisador, “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE, 2003, p. 13). No início da década de 1960 surge o Plano Nacional de Educação, interrompido pelo golpe de 1964, o que ensejou a intervenção da UNESCO e, em 1967, é criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), extinto em 1985. Mais tarde, em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN nº 9.394/96) institucionaliza a EJA.

Apesar dos avanços no campo da legislação, Sousa e Cunha (2010) apontam que o aluno da EJA ainda sofre com preconceito, discriminação e críticas. É importante lembrar, entretanto, que esses estudantes também carregam conhecimentos prévios e sabedoria adquirida. Além disso, muitos desses alunos possuem baixa autoestima devido a sucessivos fracassos escolares; outros, por sua vez, passaram longo tempo distantes da escola. Necessitam, também, muitas vezes, conciliar estudo e emprego e vale chamar atenção para o fato de que consideram essa modalidade de ensino condensada, rápida, sem qualidade e com baixo nível de exigência, como observam Caminha e Oliveira (2010).

Dessa forma, diversas pesquisas apontam para a discussão sobre a melhor forma de dialogar com o aluno da EJA, de modo a favorecê-lo no processo ensino-aprendizagem. Sem dúvida, há diversos meios que, adotados, podem contribuir para o processo. Neste artigo, pretende-se considerar duas ferramentas: a multisseriação e o uso de recursos didáticos digitais.

Aliada às dificuldades da EJA encontra-se a multisseriação, muito comum em áreas não urbanas e alvo de muitas críticas. Embora seja vista por muitos como uma forma de economizar recursos, já que alunos de diferentes séries são alocados em uma mesma classe, evitando, assim, a necessidade da contratação de professores para várias turmas, pode ser também vista a partir de uma perspectiva inovadora. A hipótese deste trabalho aponta que essa modalidade de formação de turmas em consonância com o uso de recursos didáticos digitais tem o potencial de contribuir para o trabalho em turmas de jovens e adultos e favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, classes multisseriadas podem ser uma resposta deliberada aos problemas da Educação, bem como servir de incentivo ao professor que necessita de meios mais eficazes para atingir seu público-alvo, tais como uso dos recursos tecnológicos disponíveis, elaboração de estratégias específicas, produção de um currículo e de materiais didáticos específicos e fomento à integração entre escola e comunidade, como acentua Berry (2010). Note-se que a maior parte dos materiais didáticos disponíveis foi elaborado com vistas a atender a demanda das classes seriadas. Muitas vezes, entretanto, ocorre a utilização desse material nas classes multisseriadas. Segundo Berry (2010), tal procedimento é um erro que acontece com frequência. Tal material é inadequado para classes multisseriadas, pelo fato de esse grupo ter particularidades muito específicas. Esse aspecto diferencial de turmas da EJA multisseriada contribui para que os materiais didáticos se tornem rapidamente obsoletos. Não se pode ignorar também que o tipo de recurso didático produzido para uma realidade de multisseriação não pode ser apropriado por uma outra. Como vemos, cada grupo de alunos tem interesses próprios e os recursos e materiais didáticos devem ser adequados para cada grupo específico.

O sistema de ensino multisseriado também estimula o desenvolvimento social dos alunos, encorajando a cooperação em sala de aula. Em uma das pesquisas encontradas que defendem veementemente as classes multisseriadas, encontramos a contundente justificativa de Rosa (2008, p. 224-225):

A homogeneidade era, e ainda é, em algumas escolas, a característica esperada pelo educador para facilitar sua atuação em sala de aula. No entanto, o que podemos observar é um problema histórico-cultural fundamentalmente político. Ao agrupar os alunos pela idealização da homogeneidade, ou seja, pela abstração do desejo de se trabalhar com alunos iguais, estamos permitindo a exclusão de muitos do processo de ensino e aprendizagem, porque, historicamente, ao se separar por níveis de dificuldades, estamos mais uma vez excluindo aqueles com menores condições sociais e culturais.

A autora aponta para o fato de a seriação fragmentar o conhecimento e separar pessoas. Ademais, pode acomodar o professor que, muitas vezes, em todos os anos e em todas as séries, precisa apenas se preocupar em reproduzir as mesmas informações e conceitos, sem considerar as peculiaridades de seus interlocutores.

No presente artigo, pretendemos justificar que recursos digitais, aliados ao cenário da multisseriação, podem contribuir no processo ensino-aprendizagem na EJA. A relevância dessa discussão se dá pelo fato de vivermos em um mundo onde o virtual é cada vez mais presente.

Sendo assim, ao apontarmos para a importância da presença de recursos digitais na escola, conjugados com classes multisseriadas, que têm no seu âmago uma proposta pedagógica diferenciada, desfragmentada e inclusiva, acabamos por nos unir a modernas tendências pedagógicas que direcionam para a construção do aluno como sujeito autônomo e participante, uma vez que o papel da escola deve ser o de fomentar “pessoas capazes de ser sujeitos de suas vidas, conscientes de suas opções, valores e projetos de referência e atores sociais comprometidos com um projeto de sociedade e humanidade” (CANDAU, 2007, p. 13). Entendemos, portanto, que, na medida em que o aluno do século XXI, de forma muito natural, interage com as tecnologias vigentes, estas podem desempenhar o papel de ferramenta de interação com o mundo e a escola. Dessa forma, não é possível mais, nos dias de hoje, a postura pedagógica semelhante àquela criticada por Behrens (1999, p. 384):

Salvaguardadas as exceções, os docentes conservadores aliam a competência ao autoritarismo. O professor bom é aquele que conhece seu conteúdo, apresenta-se severo, exigente e não deve “mostrar os dentes para os alunos”. O silêncio e a disciplina são essenciais para desencadear o ensino reprodutivo e conservador. A avaliação tem seu foco na memorização e na assimilação, e, em algumas áreas, o professor adquire credibilidade pelo número de alunos que são reprovados na sua disciplina.

Dessa forma, entendemos que o modelo pedagógico tido como conservador, não corresponde ao principal objetivo da Educação, que é o de libertar e criar consciência nas pessoas. Muitas vezes esse modelo apenas se preocupa em reproduzir conteúdos sem que o estudante reconheça a necessidade de aprendê-los.

Este trabalho, portanto, pretende ampliar a discussão da EJA como importante forma de inclusão. Além disso, queremos inserir, nesse contexto, a questão da multisseriação e do uso de recursos didáticos digitais em sala de aula, seus desafios e possibilidades. Pretendemos introduzir a questão das classes multisseriadas, não como uma realidade estanque, mas como proposta pedagógica, desfragmentada e inclusiva, que possibilite ao aluno descompartimentalizar o conhecimento, tendo à sua disposição um leque de possibilidades. Nesse caso, as tecnologias são introduzidas como importante ferramenta de inclusão, já que os alunos apreciam essa linguagem.

Nesse contexto, o presente artigo pretende, nas páginas que seguem, responder à seguinte questão de pesquisa: De que forma a Educação de Jovens e Adultos multisseriada, aliada ao uso de tecnologias, pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem? Para tanto, pretende atender ao seguinte objetivo: Investigar as contribuições da multisseriação e da utilização de recursos didáticos digitais no processo ensino-aprendizagem do aluno da EJA. A pesquisa é de cunho qualitativo com a utilização de entrevistas semiestruturadas em uma amostra de 20 alunos da EJA multisseriada da Escola SESI-RJ.

A Educação de Jovens e Adultos

A EJA é uma forma de trabalho de inclusão que procura combater, não só algumas distorções de ordem educacional, mas também distorções de ordem social e política, como deixam claro os artigos 37 e 38 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No âmbito educacional, dentre outros fatores, podemos citar a distorção idade/série, muitas vezes motivada por inúmeros fracassos escolares. Essa modalidade de ensino deve receber atenção das autoridades educacionais e da própria comunidade escolar. É necessário também considerar a situação daqueles que estiveram afastados da escola devido à necessidade de trabalhar e sustentar a família. Na medida em que a oferta de escolarização chega, por meio desse modelo, os alunos atendidos pelo programa EJA, portadores de novos conhecimentos, interagem com o mundo à sua volta e com a sociedade. Tendo passado por mudanças, com uma nova visão de mundo, esses alunos constroem uma consciência política e se posicionam perante as dicotomias sociais. Segundo Lemos (1999, p. 25), “pode-se inferir que o maior motivo da procura da escola é a necessidade de fixação de sua identidade como ser humano e ser social”. Como vemos, o indivíduo tem necessidade de uma formação institucional para sentir-se parte da sociedade.

Corroboram essa visão Jesus e Machado (2011, p. 5) quando afirmam que:

A EJA é uma modalidade de ensino que visa atender aos jovens e adultos que não tiveram oportunidade de concluírem os seus estudos em tempo normal, e possibilita ao educando não só uma proposta de linguagem escrita e o conhecimento básico para o acesso a outros graus de ensino, mas a integração social desse indivíduo, se atendo às suas necessidades e objetivos.

Em outras palavras, a EJA não pretende apenas ser fonte de conteúdos, mas possui uma característica de política de inclusão. Não apenas incluir no sentido básico da palavra, mas dar voz e oportunidade de expressão àqueles que não a possuíam anteriormente, dando a esses atores sociais a possibilidade de “trocar” informações com a sociedade, transformando-as quando necessário.

No Brasil, muitos esforços foram empreendidos, a partir da década de 1940, no sentido de dar oportunidades de estudo àqueles que tiveram pouca oportunidade de frequentar os bancos escolares. Ressalte-se, aqui, dentre outras tentativas, o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), de 1967, destinado à população analfabeta de 15 a 30 anos. Todos os movimentos que visavam à formação de pessoas com pouca escolaridade, no entanto, tinham por prática a repetição de métodos presentes nas antigas cartilhas, sem qualquer preocupação em formar no aluno uma consciência crítica e problematizadora.

Reconhecendo a importância e as limitações das propostas anteriores e, ainda, motivado pelas discussões da Conferência Mundial de Educação para Todos, na Tailândia, no início da década de 1990, o governo brasileiro estabeleceu metas para a educação básica que, em 1996, culminaram na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Sua relevância para a EJA está expressa no seguinte trecho (BRASIL, 1996, art. 37, §1):

[...] a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria (e que) os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

Importante notar, na passagem, a mudança de foco na questão do ensino. O objetivo não é mais reproduzir conteúdos pré-estabelecidos, mas dar ênfase ao interesse e às características do aluno. Deixa de ser uma reprodução para ser uma construção, em que o estudante torna-se capaz de fazer concatenações entre os conteúdos e a sua realidade.

Dessa forma, a EJA contribui não somente com a inclusão, mas também com a socialização da pessoa, uma vez que dá a possibilidade de relacionar sua visão de mundo com os conteúdos escolares, transformando ou aperfeiçoando essa mesma visão. O aluno, por fim, reconhece-se como elemento central no processo ensino-aprendizagem, tendo condições de elevar sua autoestima, muitas vezes, abalada por insucessos anteriores na sua vida escolar.

A multisseriação e o uso de recursos didáticos digitais no auxílio à EJA

Classes multisseriadas aliadas à modalidade EJA são desafiadoras para docentes e discentes. Por isso, urge haver uma discussão em torno da questão da multisseriação como uma possibilidade de contribuição à EJA, pois permite a inclusão do aluno em um processo de ensino-aprendizagem que não esteja necessariamente “engessado” pela seriação e, portanto, fragmentado. Dessa forma, torna-se importante abrir uma discussão acerca da multisseriação na EJA, a primeira, elaborada para suprir necessidades e carências, sobretudo em áreas afastadas e especialmente em zonas rurais, muitas vezes em condições precárias de funcionamento e com formação não apropriada aos docentes; a segunda, para reparar uma desigualdade histórica com aqueles que não tiveram condições de estudar quando da idade própria. Entretanto, ambas as realidades estão hoje presentes nas grandes cidades; a EJA em grande número e com abundância de pesquisas a respeito nas mais diversas realidades, e a multisseriação, ainda carente de pesquisas e material didático apropriado, sobretudo quando falamos de sua aplicação nos grandes centros urbanos.

As classes multisseriadas constituem-se naquelas que possuem realidades diversas em uma mesma sala de aula. Segundo o INEP (2007, p. 25), são aquelas que “têm alunos de diferentes séries e níveis em uma mesma sala de aula, independentemente do número de professores responsáveis pela classe”. Elas podem existir em situações de dificuldade, como nas zonas rurais, onde são mais comuns, quando não há professores e alunos suficientes. Estes são colocados, desse modo, em uma mesma classe, sob a tutela de um único docente responsável por lecionar todos os componentes curriculares previstos. Em áreas urbanas, a multisseriação se observa no caso de haver uma intencionalidade pedagógica para a sua adoção. Embora essa proposta possa ser adaptável à realidade do campo, nosso enfoque está voltado para as classes multisseriadas, não como uma necessidade gerada pelas dificuldades apresentadas, mas como escolha pedagógica para o trabalho em turmas de Ensino Médio que têm, via de regra, um docente para cada disciplina.

As classes multisseriadas no Brasil são alvo de muitas críticas quanto à sua eficácia. No entanto, essas críticas não consideram a falta de estrutura das escolas e a formação dos docentes que trabalham nessa modalidade, já que a maioria absoluta destes é formada para trabalhar na seriação. Desse modo, necessitam se adaptar à nova realidade, uma vez que gerenciar uma sala de aula desse tipo exige uma série de procedimentos diferentes da atuação em classes mais homogêneas. Muitas vezes, inclusive, os professores atuam no multisseriado como se estivessem nas classes tradicionais seriadas e, com justiça, reclamam que têm seu trabalho aumentado, pois, em um mesmo tempo de aula precisam ensinar para séries diferentes.

Apesar dos desafios inerentes à multisseriação, Chris Berry (2010) defende sua adoção com vários argumentos. Dentre eles, o fato de haver, em classes multisseriadas, faixa etária mista, o que estimula o desenvolvimento social das pessoas e encoraja a cooperação em sala de aula. Contudo, deve-se ter atenção especial ao currículo dessas classes, que, de um modo geral, não sofre modificações, apresentando-se de maneira semelhante ao currículo das classes seriadas. O mesmo acontece, via de regra, com os materiais didáticos utilizados; não sofrem modificações. Quando há a produção de materiais específicos para a multisseriação, há de se levar em conta que, dificilmente, um material produzido para determinada realidade poderá ser adequado à outra. Acerca das práticas pedagógicas nessa modalidade de classes, Ferri alerta (1994, p. 106):

Para que a sala de aula, a classe multisseriada, seja um ambiente enriquecedor, onde os alunos possam apropriar-se ativamente da experiência humana acumulada e contribuir com a produção de novos conhecimentos é preciso que o conteúdo escolar seja algo que faz sentido na vida pessoal e do grupo, que adquire significado e pertinência quando útil.

Percebe-se que a própria atmosfera das classes multisseriadas é diferente. É evidente que, em algum momento pontual, o professor possa dividir os alunos de acordo com seus “níveis” ou “séries” com um objetivo específico. No entanto, não é da natureza do trabalho nesse tipo de classe que as atividades sejam feitas sempre com a divisão da turma de acordo com o nível conhecimento. O ambiente multisseriado deve ser de cooperação e interação e, por isso, acreditamos que sirva de interesse à EJA que, naturalmente, tem o histórico de trabalhar com faixas etárias diferentes e níveis de aprendizado diferentes. Em uma classe da mesma série, muitas vezes, encontram-se alunos que ficaram distantes da escola muitos anos, trazendo, assim, certa heterogeneidade à classe.

Outro importante recurso à EJA são os digitais. Dar a devida atenção ao uso das novas tecnologias, em sala de aula, nos dias de hoje, é imperioso. Mesmo aquelas pessoas que ignoram a existência dessas novas linguagens acabam por sentir-se obrigadas a observá-las, pois muitos procedimentos do mundo atual exigem, no mínimo, uso e domínio, mesmo que elementar, das tecnologias. A própria comunicação entre as pessoas estaria prejudicada, não fosse o uso das novas mídias.

Dessa forma, o uso de recursos didáticos digitais na EJA facilita a interação do aluno com o mundo, uma vez que traz para a sala de aula uma realidade que lhe é familiar. A própria disciplina necessária ao estudo e ao aprendizado é enriquecida com as tecnologias, pois, como o aluno da EJA, muitas vezes, divide seu dia entre a escola e o trabalho; seu tempo de estudo em casa é reduzido e as tecnologias podem contribuir com a compreensão dos conteúdos. Há também a possibilidade de, dependendo da mídia utilizada pelos professores, os estudantes poderem levá-la consigo, como por exemplo, no caso de aplicativo para celulares ou de páginas no Facebook. Esses recursos podem ser acessados, por exemplo, em casa, na condução ou em uma pausa para descanso no trabalho.

No Rio de Janeiro, a realidade da multisseriação e das tecnologias na EJA está presente na Escola SESI. Espalhada em várias unidades por todo o Estado, ela dispõe aos alunos turmas de EJA multisseriada nas categorias Ensino Fundamental e Ensino Médio. No Ensino Fundamental, estudam em uma mesma sala de aula alunos do 6º, 7º, 8º e 9º ano. No Ensino Médio, temos alunos da 1ª, 2ª e 3ª séries no mesmo espaço. Todas as salas de aula dispõem de uma lousa digital, computador com internet na mesa do professor (que pode ser projetado na lousa), datashow e netbooks. Os últimos são disponibilizados aos alunos quando solicitado pelo professor. Além disso, todas as unidades têm a Sala da Matemática, ambiente exclusivo para o ensino dessa disciplina, com lousa digital, 40 netbooks com acesso à internet, e diversidade de jogos digitais e demais recursos de apoio, além de datashow.

Metodologia

A presente pesquisa foi de cunho qualitativo e se deu através de coleta de dados bibliográficos e de entrevistas semiestruturadas no campo. A pesquisa qualitativa tem seu valor neste trabalho, pois não procura mensurar os resultados, mas compreender o fenômeno da multisseriação com o uso de recursos didáticos digitais na EJA. O campo da pesquisa foi uma escola de EJA multisseriada que utiliza recursos didáticos digitais. A importância da pesquisa realizada no próprio campo é atestada por Andrade (2007, p. 117), pois ela é:

utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar ou, ainda, descobre novos fenômenos ou as reações entre eles.

No processo de coleta de dados por entrevistas foi formulada aos alunos a seguinte pergunta inicial: “De que forma a EJA multisseriada, aliada ao uso das tecnologias, contribui para o seu aprendizado?”. A partir dessa primeira resposta foi travado um diálogo. As entrevistas foram realizadas em um conjunto de 20 alunos das turmas MC1 e MC2 do Centro de Estudos Santa Luzia, da rede SESI-RJ, e compreendeu apenas alunos de Ensino Médio.

Não foram identificados riscos aos participantes, uma vez que a participação foi voluntária e as identidades dos alunos foram preservadas. Apenas são mencionados idade e sexo, pois consideramos serem informações relevantes. Além disso, ao final, os registros da pesquisa foram apagados1.

A palavra dos alunos

O objeto desta investigação é a EJA multisseriada que se utiliza de recursos didáticos digitais no processo ensino-aprendizagem. O Centro de Estudos Santa Luzia, da rede SESI-RJ, além de oferecer esta modalidade de ensino, fomenta a utilização de tecnologias em sala de aula. Dessa forma, os alunos entrevistados foram instados a avaliar as contribuições da multisseriação e das tecnologias em suas aprendizagens dentro da EJA.

Dos 20 alunos pesquisados, 12 são do sexo feminino e 8 do masculino. Ressalte-se que todos os alunos entrevistados são maiores de 18 anos. Na transcrição dos relatos, os alunos foram identificados como aluno A1 a A20, com informação do sexo e da idade de cada um. Alguns depoimentos procuram relacionar a EJA à multisseriação e às tecnologias, no entanto, outros abordam apenas dois ou um dos itens. O primeiro relato desenvolve a questão da EJA com as tecnologias.

De maneira geral, os diálogos revelaram um sentimento quase que de gratidão pela existência da EJA, de respaldo à importância do uso de tecnologias e de desconfiança com relação à multisseriação. Isso fica evidente nas falas abaixo:

A EJA recuperou a minha autoestima. Me sentia mal por não ter completado os estudos. Me culpava por isso. Me sentia incapaz. Agora me sinto completo. Um cidadão. [...] Ainda fico um pouco confuso com esse lance das três séries juntas, mas acho que vou me acostumar. [...] A EJA me ajuda bastante a aprender rápido e a aprender pela internet, afinal, hoje em dia tudo está na net, não é mesmo? Eu consigo aprender da mesma forma que em uma escola “normal”; aqui eles só reduzem mais, mas ensinam da mesma forma, fazendo ser bem mais prático e fácil de entender. (Aluno A10, mulher, 20 anos)

A EJA é vista como a possibilidade de voltar a estudar e de “recuperar o tempo perdido”. Trata-se de um reconhecimento, ainda que inconsciente em muitos casos, do direito à educação. Além disso, pôde-se perceber, mesmo de forma tímida, um sentido de inclusão e de uma nova forma de pertença à sociedade.

O uso de tecnologias como recursos didáticos reforçam esse sentimento de inclusão por trazerem para a sala de aula algo do cotidiano. A escola não mais é vista como um espaço separado do “resto da sociedade”, mas como parte dela. Os entrevistados também apontaram para o benefício da utilização de smartphones em sala de aula. Ou seja, os celulares, antes vistos como vilões são explorados pelos professores como forma de auxílio no processo ensino-aprendizagem.

A minha opinião é que, quando usamos o celular na aula, ela fica mais dinâmica. Ainda mais aqui na EJA, que o tempo é mais curto. A gente aproveita melhor o tempo e aprende usando algo que faz parte do nosso cotidiano. (Aluno A3, homem, 18 anos)

Na teoria a questão da tecnologia funciona. Porém, na prática, não. Os professores são excelentes, mas são eles que fazem as aulas acontecerem. Claro que a tecnologia em sala de aula ajuda, porém não é tudo. (Aluno A1, homem, 20 anos)

Por outro lado, algumas poucas, porém significativas, críticas às tecnologias foram tecidas; todas elas à exceção de uma, feitas por alunos com mais de 30 anos. Uma preocupação recorrente deles é o fato de, com os recursos digitais, escreverem menos. Uma hipótese para explicar esse fenômeno talvez seja uma visão tradicional, enraizada em nossa cultura escolar, de que só há aula quando há “matéria no caderno”, desconsiderando, assim, a possibilidade de outras formas de aprendizagem.

A intenção é boa, mas na prática é ruim. Como eu vou aprender Matemática se eu não acompanhar o raciocínio que o professor vai passando no quadro? Existem matérias em que é muito difícil aprender se não copiar a matéria no caderno. Depois, como eu vou estudar para a prova? Fica difícil. Se fosse nas Humanas, até que a tecnologia pode ajudar, com vídeos etc. Em outras matérias acho que complica. (Aluno A19, homem, 39 anos)

O sistema EJA é de uma maneira geral uma boa opção para muitos estudantes que deixaram os estudos e tem pressa em concluí-los. O tempo é o maior inimigo da EJA; há conteúdo, mas pouco tempo para ser alcançado. O fato de haver vários equipamentos em sala de aula favorece a qualidade do ensino, porém, diminui o conteúdo escrito. A digitalização trouxe uma comodidade e uma banalização ao ensino de tempos atrás. Pouco se lê e se escreve [...]. Infelizmente se perde o hábito de ler o conteúdo e fazer sua própria análise dos fatos [...]. (Aluno A13, mulher, 39 anos)

Sobre as classes multisseriadas, os depoimentos se mostraram muitas vezes confusos, sobretudo, pelo fato de os alunos não compreenderem, com clareza, a proposta da modalidade. Muitas críticas foram tecidas à instituição que sediou a pesquisa, pelo fato de não esclarecerem satisfatoriamente o próprio significado do termo multisseriação e sua funcionalidade. Tais críticas foram encaminhadas à referida instituição como forma de feedback.

Por outro lado, três entrevistados pontuaram possíveis vantagens da multisseriação, como a aprendizagem colaborativa a partir do contato com colegas de séries mais avançadas. Em contrapartida foi sinalizada a dificuldade de alguns docentes em organizar as aulas e a própria disposição dos alunos em sala.

Eu até entendo que é legal a classe ser multisseriada, mas tem que organizar melhor. Eu gosto quando nos juntamos para trabalhos em grupo. Um ajuda o outro. Mas às vezes, nem o professor consegue organizar direito a sala. Divide o quadro em três e dá aula como se fosse pra uma série só. Aí seria melhor não juntar (as três séries em uma sala). (Aluno A7, homem, 28 anos)

Esse sistema facilita a vida da pessoa pelo fato de terminar duas séries em um ano. [...] Acho bom que tenha todos os anos em uma turma; conhecemos mais pessoas e também vamos aprendendo matérias mais avançadas. [...] É legal ter uma sala específica para certas matérias. (Aluno A17, homem, 21 anos)

O sistema de ensino EJA, para mim, é um sistema que me ajuda muito. A questão multisseriada nos permite interagir com pessoas com pensamentos variados e nos permite ter ideias e ensinamentos diferentes. Os recursos tecnológicos, creio que sejam importantes para desenvolvermos outras formas de aprendizagem, além do que a tendência no futuro é serem ainda mais utilizados em sala de aula. (Aluno A15, homem, 31 anos)

Em seguida apresentamos o relato de dois alunos que elogiam a EJA e o uso de tecnologias em sala de aula, fazendo críticas à questão da multisseriação.

O sistema EJA de educação é um grande projeto, pois facilita as pessoas que têm dificuldade em ir à escola; possui um período mais curto que é bem aproveitado, pecando apenas na questão da multisseriação, pois temos mais de uma série em uma mesma sala de aula, deixando o aluno um pouco perdido no início. A tecnologia é uma coisa muito boa, pois ajuda alunos e professores. (Aluno A2, homem, 22 anos)

Um programa bom que acelera os estudos daqueles que deixaram de estudar por algum motivo pessoal, dando oportunidade de terminar os estudos e alcançar seus objetivos, dando uma nova chance para nunca desistir, pois nunca é tarde. A multisseriação não ajuda muito, atrapalha demais. Não acho certo colocar três séries na mesma sala, pois o aprendizado não é o mesmo. A atenção não é a mesma, fica até um pouco complicado de aprender. A sala fica um pouco desorganizada, pois as séries são diferentes e os trabalhos, provas, não devem ser os mesmos. Então às vezes dificulta; acharia melhor separar por séries [...]. (Aluno A14, mulher, 20 anos)

De modo geral, podemos perceber que os alunos se sentem muito confortáveis e incluídos com a EJA. Podemos também perceber uma satisfação com o uso das tecnologias. A multisseriação, no entanto, divide opiniões e é necessário que haja uma reflexão docente acerca do assunto. O professor deve deixar bem claro aos alunos como funciona essa metodologia e seus objetivos. Um erro muito comum, nesse caso, é trabalhar nas classes multisseriadas como se trabalha nas seriadas, fragmentando o conhecimento e subdividindo a turma de acordo com as séries.

Cabe aqui ressaltar que o objetivo deste trabalho não é tirar conclusões definitivas (nem seria possível com um universo de pesquisa tão restrito), mas fomentar discussões e reflexões acerca do tema proposto. Outro ponto importante é o fato de não termos alunos idosos respondendo à pergunta proposta. Nas turmas pesquisadas não havia alunos de idade avançada. Acreditamos que, sobretudo, na parte relacionada às novas tecnologias, poderíamos ter relatos de natureza diversa.

Considerações Finais

Na certeza de ser a Educação poderosa ferramenta inclusiva, a criação e ampliação da EJA, em nosso país, tem a função de acelerar esse processo, dando oportunidade àqueles que, por algum motivo, abandonaram a escola e, depois, na idade adulta, retornaram. Essa modalidade de ensino, no entanto, traz consigo uma série de desafios e, para levar a cabo seu objetivo, necessita considerar não só os conhecimentos prévios do aluno como também sua visão de mundo.

Como forma de auxiliar a EJA na árdua tarefa de fazer o aluno dar sentido à escola, procuramos discutir a importância da multisseriação e das novas tecnologias. Para tanto, traçamos um itinerário que partiu da discussão acerca das características básicas da EJA. Em seguida, incluímos na discussão as classes multisseriadas e os recursos didáticos digitais, procurando analisar seus pontos positivos e sua contribuição à EJA no processo ensino-aprendizagem. Por fim, apresentamos a visão dos alunos acerca da metodologia empregada.

Reiteramos nosso objetivo de não procurar respostas objetivas e definitivas, mas de estar atentos às demandas dos próprios alunos. No entanto, consideramos como sendo bem aceitas à EJA o uso de tecnologias em sala de aula. Em relação à multisseriação, acreditamos ser uma questão não muito esclarecida aos alunos e até mesmo aos professores, que, muitas vezes, ministram aulas como se estivessem em classes seriadas.

Dessa forma, propomos que o debate acerca da multisseriação seja ampliado com a presença de diversos atores: professores, alunos, pedagogos e as mais diversas comunidades escolares, a fim de que possamos entender melhor essa metodologia e melhor avaliar sua eficácia.

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1A presente pesquisa foi desenvolvida como parte da pesquisa de Mestrado de XXXXX, sendo aprovada pelo Comitê de Ética designado pela Plataforma Brasil sob o número de parecer 2.295.753.

Recebido: 30 de Setembro de 2018; Aceito: 30 de Outubro de 2019; Publicado: 17 de Dezembro de 2019

Correspondência Gabriel Moreira Beraldi - Instituto Federal Colégio Pedro II - 177, CEP 20921-903, São Cristóvão, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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