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Educação UFSM

versión impresa ISSN 0101-9031versión On-line ISSN 1984-6444

Educação. Santa Maria vol.46  Santa Maria ene./dic 2021  Epub 05-Oct-2023

https://doi.org/10.5902/1984644443100 

Artigo Demanda Contínua

Prazer-sofrimento no trabalho: um estudo de caso com professores de escolas rurais

Pleasure-Suffering at work: A case study with rural school teachers

Paulo Roberto Ribeiro Marinho1 
http://orcid.org/0000-0002-3661-7251

Maria Luiza Gava Schmidt2 
http://orcid.org/0000-0002-3296-7238

Mário Sérgio Vasconcelos3 
http://orcid.org/0000-0002-3977-827X

1Doutorando na Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" - UNESP. Assis, São Paulo, Brasil. E-mail: roberto.marinho@unesp.br.

2Professora Doutora na Universidade Estadual Paulista " Julio de Mesquita Filho" - UNESP. Assis, São Paulo, Brasil. E-mail: mlgschmid@uol.com.br.

3Professor Associado da Universidade Estadual Paulista " Julio de Mesquita Filho" - UNESP. Assis, São Paulo, Brasil. E-mail: mario.sergio@unesp.br.


RESUMO

Este estudo analisa as percepções dos professores que atuam em escolas rurais em relação ao prazer-sofrimento no contexto de trabalho, tendo por referênciaa teoria da Psicodinâmica do Trabalho. A pesquisa da literatura contemplou trabalhos sobre o mal-estar docente e as contribuições teóricas da psicodinâmica do trabalho para o entendimento das vivências de prazer e de sofrimento no trabalho.Investigou-se o contexto de trabalho desses professores nas seguintes dimensões: Organização do Trabalho (OT), Condições de Trabalho (CT), Relações Socioprofissionais (RSP) e Prazer-Sofrimento no Trabalho (PST). Trata-se de uma pesquisaqualitativa,com delineamento de estudo de caso, em que foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e abertas e submetidas à análise de conteúdo. A pesquisa foi realizada com 20 professores de duas escolas rurais do interior paulista (SP). Os resultados indicaram que os professores vivenciam prazer e sofrimento no trabalho, sendo o sofrimento predominante.Por um lado, as vivências de prazer desses professores estão associadas à própria atividade educacional e ao relacionamento com os alunos, familiares e outros professores. Por outro lado,as vivências de sofrimento no trabalho são relativas a exorbitante jornada de trabalho, falta de apoio, dificuldade de acesso às escolas e relacionamentos conflituosos. Espera-se, com este estudo, poder contribuir para o entendimento das vivências de prazer e sofrimento no trabalho e dos reflexos dessas vivências na saúde dos professores e das instituições escolares.

Palavras-chave: Professor; Escola rural; Prazer-sofrimento; Saúde do trabalhador.

ABSTRACT

This study provides an analysis of the rural schools teachers’ perception about the pair pleasure-suffering in their work context. It supported by the theory of Psychodynamics of Work. The literature search included the studies on teacher disconfort in addition to the theoretical contributions of psychodynamics that contribute to understand the experiences of pleasure and suffering at work. The study examined the mentioned teachers’ work context according to the following dimensions: Work Organization (OT), Working Conditions (CT), Socioprofessional Relations (RSP) and the pair Pleasure-Suffering at Work (PST). This is a qualitative study with an outlined case study in which we applied semistructured and open interviews which were submitted to an analysis of the context. The research was conducted with 20 teachers from two rural schools in the interior of São Paulo (SP). The results indicated that teachers have experienced pleasure and suffering at work, but the last one is the predominant sense. The teachers' experiences of pleasure are associated with their own educational activity as well as with their relationship with students, families and other teachers. On the other hand, the experiences of suffering at work are related to an exorbitant workday, the lack of support, difficulty in accessing schools and conflicting relationships. This study intends to contribute to the understanding of the experiences of pleasure and suffering at work and their reflexes in the health of teachers and school institutions.

Keywords: Teacher; Rural school; Pleasure-suffering; Worker's health.

Introdução

O contexto de trabalho dos professores na atualidade passa por grandes transformações. Ofício imprescindível para educação e transformação da sociedade, o fazer do professor apresenta especificidades e discrepâncias no que se refere ao desenvolvimento do trabalho prescrito e do trabalho real encontrado nas escolas (DEJOURS, 2004). Atualmente a profissão de professor é considerada umas das mais desgastantes e causadoras de mal-estar, dado que envolve intenso relacionamento interpessoal, cuidado, esforço físico, psicológico e dedicação ao trabalho. Além disso, sofrem com o desprestígio social, o contexto de trabalho inapropriado e a desvalorização financeira. A soma desses esforços dentro do ambiente escolar ou em atividades extramuros não é recompensada financeiramente e nem mesmo reconhecida por parte da sociedade (CODO, 1999).

Para Esteve (1999), o mal-estar na profissão docente surge com a transformação do seu fazer laboral. Em virtude das exigências impostas pelo atual contexto social, o trabalho dos professores passou por uma reestruturação de sua definição e natureza, gerando interferência para a organização e a gestão escolar. Essa nova estrutura possui características de polivalência e de intensificação das ações laborativas e pedagógicas, tanto em relação ao aumento das atividades, quanto ao acréscimo do número de alunos em sala de aula, sendo ainda que este crescimento não foi acompanhado por aumento na quantidade de professores (BRITO et al., 2014).

A categoria professor e suas relações com o trinômio saúde-trabalho-educação é objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento. Essa temática tem sido crescente nos últimos anos e diversaspesquisasconsideram que o trabalho do professor possui uma sobrecarga que ocasiona riscos à saúde e gera problemas físicos e psicológicos (ESTEVE, 1999; CODO, 1999; VEDOVATO; MONTEIRO, 2008; LEVY; SOBRINHO, 2010; FREITAS; FACAS, 2013; TOSTES et al. 2018; BRITO et al., 2014; BRANCO et al., 2011;FERREIRA-COSTA; PEDRO-SILVA, 2019). Para tais pesquisas, parece não restar dúvidas de que os professores sofrem e adoecem em seuambiente de trabalho. No entanto, muitos destes estudos se pautam na patologia e/ou nos fatores que contribuem para os riscos à saúde dos professores, deixando em segundo plano os aspectos de satisfação e prazer neste grupo de trabalhadores. Essa lacuna se torna ainda mais evidente diante das escassas pesquisas sobre professores que atuam em contextos rurais.

Refletir e analisar a educação rural significa pensar as condições em que resistem as escolas localizadas no campo, desde os recursos precários, estrutura física, e não menos importante, é preciso pensar a respeito do papel de professor nesse ambiente e o quanto esses espaços podem promover satisfação e/ou sofrimento a esse trabalhador.

Embora na atualidade seja possível encontrar diversas pesquisas que tratam dos mais diferentes aspectos dentro da área educacional constatamos que ainda há poucos estudos mais aprofundados sobre o ofício dos professores e, menos ainda, sobre os professores que atuam em contextos como escolas ribeirinhas, escolas em assentamentos e, por fim, as escolas rurais ou escolas do campo, como são conhecidas atualmente. Melhor dizendo, a educação remete à escola, mas não necessariamente a seus profissionais - os professores (ARROYO; CALDART; MOLINA, 2011). A revisão bibliográfica sobre educação e escola rural tem mostrado uma carência de estudos sobre a temática, denominada por vários pesquisadores de “educação do campo” (ARROYO; FERNANDES, 1999; ARROYO; CALDART; MOLINA, 2011).

Com o propósito de analisar as percepções dos professores que atuam em escolas rurais em relação ao prazer-sofrimento no contexto de trabalho, realizou-se a presente pesquisa, tomando-se por base o referencial teórico da teoria da Psicodinâmica do Trabalho (PDT), que há mais de quatro décadas se dedica a estudar, compreender, analisar, repensar e transformar os tipos de organização, as relações e os processos de trabalho (DEJOURS et al. 2018). Esta teoria destaca a inter-relação trabalho e saúde com base em determinados contextos e considerando fatores visíveis ou não, objetivos e subjetivos, psíquicos, externos ao indivíduo e que podem influenciar o contexto de trabalho por diversas maneiras, transformando-o em lugar de saúde e/ou de adoecimento. Além disso, essa vertente teóricase ocupa não somente do sofrimento no trabalho e das patologias mentais a ele relacionadas, mas também das condições em que o trabalho é realizado, podendo se transformar em fonte sofrimento, mas também de prazer (DEJOURS, 2017).

Ferreira e Mendes (2003) esclarecem que, na busca de compreender os conceitos da Psicodinâmica do Trabalho, é preciso dar relevância ao sujeito trabalhador, que pensa nas suas relações de trabalho e atribui um sentido às situaçõesvivenciadas. As atitudes de trabalho modificam as “percepções desse trabalhador de si mesmo, dos outros e do próprio trabalho, tendo como resultado em uma subjetividade no trabalho que, por sua vez, pode ser diferente da subjetividade do indivíduo” (FERREIRA; MENDES, 2003, p. 52). É essa singularidade que possibilita a elaboração do sentido do trabalho - prazer e/ou sofrimento -, muitas vezes designada de modo compartilhado por grupos de trabalhadores.

Tomando-se por base o contexto de trabalho, em suas três dimensões - a organização do trabalho; as condições de trabalho; as relações socioprofissionais -entende-se, ainda, que esses fatores refletem diretamente nas vivências de prazer e sofrimento, reproduzindo o sentido do trabalho decorrente da relação das condições subjetivas dos trabalhadores e objetivas na concretização onde esse ofício acontece.

Os pressupostos da psicodinâmica do trabalho e os estudos sobre o prazer-sofrimento profissional podem se complementar como um instrumento de gestão e elaboração de políticas públicas direcionadas aos professores. Com essa perspectiva, a partir de um olhar crítico, e com uma proposta que pudesse trazer os professores que atuam nas escolas rurais para o cenário das pesquisas como sujeito ativo pesquisado e buscando formas de sensibilizar as instituições de ensino sobre o quanto ascondições laborais repercutem nos riscos à saúde desses trabalhadores, questiona-se: Qual a influência do contexto de trabalho dos professores que atuam nas escolas rurais diante das vivências de prazer-sofrimento? Quais são os reflexos desse contexto no processo de saúde-doença para esses trabalhadores?

Nessa vertente este estudo teve como objetivo compreender as contradições das vivências de prazer e sofrimento em professores de duas escolas localizadas na área rural do interior paulista, mediante a percepção dos professores que nelas atuam, e as repercussões na saúde-doença destes trabalhadores. Tais aspectos da atividade profissional agrupam um conjunto de estratégias que possibilitam a mediação do trabalho. Compreendê-lo pode contribuir para gerar condições que promovam um ambiente laboral produtivo, com menos riscos à saúde dos professores e, consequentemente, proporcionando bem-estar aos trabalhadores desta área profissional e às atividades de ensino praticadas por eles.

Método

Tipo de Investigação

Para atingir o objetivo proposto, foi realizado um estudo descritivo, qualitativo, uma vez que o estudo considerou o sujeito em sua complexidade, contraditório e inacabado, e estando em permanente transformação. Trata-se de um estudo de caso, já que o objetivo foi o de promover uma investigação cujo critério da profundidade é determinante sobre o da amplitude. A modalidade adotada ─ o estudo de caso ─ permite a escolha de um objeto de estudo, definido pelo interesse em casos individuais, bem delimitados, contextualizados em tempo e lugar, para que se possa realizar uma busca circunstanciada de informações (VENTURA, 2007). Além disso, possibilita interpretações aprofundadas em relação aos significados que os atores sociais compartilham no contexto de sua realidade (MINAYO, 2014).

Em face dessa modalidade de abordagem, levou-se em consideração a historicidade do trabalho dos professores e os fatos sociais por eles revelados. Elaborar a percepção do trabalho dos professores requer do pesquisador um olhar ampliadoa fim de percebê-los como pessoas que se constituem a partir de suas experiências profissionais, subjetivando o contexto de trabalho em aspectos de prazer ou sofrimento. Nesta perspectiva metodológica, a realização de entrevistas é fundamental pela necessidade de localizar dados que não podem ser encontrados em documentos ou bibliografias e que alguém tenha condição de fornecer (NOGUEIRA, 1975).

Local e Participantes

Os dados foram coletados em duas escolas de Anos Iniciais do Ensino Fundamental, localizadas na área rural de um município do interior do estado de São Paulo. Cada escola recebe cerca de 400 alunos que residem em áreas rurais, ambas atendem em dois períodos - matutino e vespertino - e possuem 10 professores cada, totalizando 20 professores atuantes em escolas rurais do município pesquisado. O município conta somente com duas escolas rurais, as quais apresentam entre si um cenário similar de estrutura, número de professores e alunos.

A fim de manter o anonimato dos participantes ,conforme compromisso firmado, eles foram denominados por letras (Pro), acompanhadas de um número de identificação do sujeito - de 1 a 20 -, sendo representados desta forma ao final de suas falas: (Pro.1). Os critérios de inclusão foram: ser professor contratado em diferentes regimes de trabalho; atuante em uma das escolas rurais; concordar com a participação na pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Procedimentos éticos

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética da Faculdade de Ciências e Letras (UNESP), campus de Assis, e aprovado sob o parecer nº 2.237.981/2017. O estudo pautou-se nas recomendações previstas na Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (Resolução CNS nº 466), do Conselho Nacional de Saúde (CNS), bem como na Resolução nº 16, de 20 de dezembro de 2000 (Resolução CFP nº 016), do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

Instrumentos

Para atingir os objetivos propostos, foi realizada uma entrevista semiestruturada e também questões referentes a variáveis sociodemográficas, como: o tempo na profissão, a forma de inserção naquele órgão público e o cargo ocupado. Com base na leitura das falas dos professores, foram elaboradas categorias que representam a organização do trabalho, as condições do trabalho, as relações socioprofissionais e as vivências de prazer-sofrimento no trabalho. Diante da complexidade do campo e da dificuldade em reunir os sujeitos da pesquisa, bem como de encontrar um espaço nas escolas rurais para realizar ações grupais com os sujeitos, foi feita uma adaptação da metodologia da psicodinâmica do trabalho stricto sensu. Assim, como técnica para o levantamento de dados foram realizadas entrevistas individuais, ao invés de encontros grupais, como técnica para o levantamento de dados. A metodologia da psicodinâmica do trabalho possui uma série de etapas para o processo de construção da pesquisa, sendo elas: a pré-pesquisa, a pesquisa propriamente dita e a validação (MENDES; FERREIRA, 2007).

Procedimentos de análise de dados

Após a finalização do roteiro de entrevista foram realizadas duas aplicações-teste de entrevistas com professores que não lecionavam nas escolas participantes da pesquisa. Depois de analisadas tais aplicações, foram feitas modificações no roteiro com o intuito de tornar a entrevista mais compreensível aos professores. Pode-se citar, como exemplo, duas alterações: identificou-se a necessidade de substituir os termos “escola do campo” e “sofrimento docente” por “escola rural” e “riscos de adoecimento no trabalho”.

Posteriormente, foi feita entrevista individual com todos os participantes da pesquisa de ambas as escolas. Em seguida, realizou-se a transcrição para arquivo Microsoft Word 2019, e assim proceder à análise dos dados. Para trabalhar nos dados quantitativos do questionário sociodemográfico foi utilizado o SPSS for Windows (14.0), a fim de se identificar a média e a porcentagem de cada escola. As entrevistas transcritas foram submetidas a uma análise de conteúdo e identificação de categorias-síntese. Concluídas estas etapas foram feitas as inferências e interpretações dos dados (BARDIN, 2016).

A coleta de dados foi realizada pelo pesquisador nos meses de setembro a outubro de 2017, durante a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), em horários e datas disponibilizados pelas escolas, na sala de reunião dos professores, com duração média de 25 minutos por participante. O tempo destinado à transcrição foi de aproximadamente 44 horas.

Resultados

Além da caracterização dos sujeitos, a apresentação dos resultados está organizada em quatro tópicos: 1) Organização do trabalho; 2) Condições de trabalho; 3) Relações socioprofissionais; 4) Vivências de prazer e/ou sofrimento. Em cada tópico são destacadas as categorias-síntese que foram elaboradas com base nas entrevistas.Cabe salientar que as categorias foram descritas e ilustradas comconteúdos das verbalizações dos participantes da pesquisa.

Caracterização dos sujeitos: descrição das variáveis demográficas e ocupacionais

Entre os professores houve predominância do sexo feminino (95%), e um único professor do sexo masculino. Ao analisar o sexo dos respondentes em conjunto com idade, foi possível constatar que a profissão de professor é majoritariamente realizada por mulheres.No que diz respeito à formação dos professores, 80% possuem formação em Pedagogia; 10% licenciados em Educação Física; e 10% licenciados em Educação Artística. O montante de professores concursados foi de 70% e de contratados foi de 30%. Referente a pós-graduação lato sensu, 80% dos professores são especialistas. No que tange ao estado civil, 55% são casados, 30% solteiros e 15% são separados.

O tempo médio dos trabalhadores atuando como professores foi de 12,1 anos e o tempo de atuação nas escolas rurais foi de 6 anos. No tocante à carga horária de trabalho dos professores das escolas pesquisadas, pôde-se observar que 60% possuem carga horária máxima de 36 horas; 30% com carga horária de 16 a 32 horas por semana; e, por fim, 10% trabalham com carga horária menor de até 16 horas por semana.

Referente ao estado de saúde dos professores, 45% dos docentes relataram possuir algum problema de saúde; para 25% o trabalho influenciou em seu problema de saúde; e quanto ao uso de medicamentos entre os professores, verificou-se que 35% fazem uso contínuo; por fim, 35% também foi a porcentagem de professores que se afastaram do trabalho por motivo de saúde. As principais queixas relacionadas à saúde dos professores são apresentadas de acordo com sua frequência - do maior para o menor - nos relatos: preocupação em excesso, irritabilidade, impaciência, fadiga, dor lombar, dificuldade de digestão, dificuldade para dormir, insônia, ansiedade, tremores, e dificuldade de concentração.

Organização do trabalho

Em relação à organização, o trabalho dos professores pesquisados consiste em atividades de planejamento, sala de aula, divisão das tarefas, ritmo e controle das atividades e reuniões com a direção da escola. De acordo com as entrevistas, nota-se que o cotidiano da sala de aula é desenvolvido conforme o apostilado oferecido pelo município, e a rotina de sala de aula ocorre diante da motivação em diversificar os instrumentos a fim de atingir as necessidades dos alunos.

“Pesquiso os conteúdos de alfabetização, trabalho com 1º ano, faço adaptações do apostilado e busco outras formas de atingir a realidade deles”. Pro.5.

“Sigo o apostilado, trabalho de modo diversificado alguns materiais de interpretação de texto, corrigimos as tarefas e tento trazer para a realidade dos alunos o conteúdo escolar”. Pro.10.

“Sigo o apostilado e tento trazer alguns assuntos da atualidade para eles, meus alunos também trazem bastante assuntos dos mais variados temas”. Pro.19.

Os professores cumprem uma carga horária semanal de 35 horas de trabalho, sendo 7 horas diárias: 26 horas em sala de aula por semana, 2 Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) e 7 Horas de Trabalho Pedagógico Escolar (HTPE). Nas horas destinadas ao trabalho pedagógico coletivo, o professor faz o planejamento das aulas, participa de reuniões para discutir assuntos da escola e realiza atividades de formação continuada.

O planejamento das atividades é feito semanal e coletivamente, tendo como referencial as orientações da Secretaria da Educação e da direção da escola. Para que o planejamento aconteça, os professores se organizam nas séries em que atuam. No trabalho pedagógico escolar, os professores direcionam para estudos coletivos ou individuais, além do planejamento de aulas, avaliação do trabalho dos alunos, cursos de capacitação e treinamentos, atendimento a pais e responsáveis e membros da comunidade.

“Leciono 1º e 2º ano, tenho perfil para alfabetização, me dedico muito por ter duas salas, preocupo muito com a aprendizagem de cada aluno”. Pro.8.

“Atendo os menores, fase II no período da manhã e à tarde 1º ano, tenho dois cargos, trago jogos, conto histórias, fazemos atividades ao ar livre e no 1º ano é mais alfabetização”. Pro.12

Os professores se sentem abandonados pelo governo, percebem que são ainda cobrados excessivamente e sozinhos buscam cumprir as inúmeras exigências do cotidiano de ser professor. Queixam-se de que o trabalho ultrapassa a jornada de trabalho na escola e que se tornou comum levar trabalho da escola para casa na tentativa de dar conta de toda demanda.

“Atender os alunos com dificuldade de aprendizagem e são muitos, o Estado cobra o que não oferece o que importa são as estatísticas”. Pro.6.

“Muitas vezes temos que fazer o papel de vários profissionais, pai, médico, psicóloga e tentar amenizar o problema de alguns alunos diante das vivências em casa”. Pro.8.

“Alguns desafios como os alunos com dificuldade de aprendizagem, cobranças e falta de apoio, muitas cobranças, o sistema burocrático, a realidade que o foco principal não é o aluno, mas a burocracia, a cobrança que vem de cima só quer ver números, estatísticas e não o avanço do aluno”. Pro.15.

Condições de trabalho

No que se refere às condições de trabalho, os professores das escolas rurais se queixam do excesso de alunos em sala de aula e da dificuldade de manter uma atenção individual. Apontam, também, para as dificuldades de aprendizagem dos alunos e para a falta de um grupo de apoio formado por outros profissionais que pudessem dar suporte e minimizar as dificuldades do professor em sala de aula.

“As salas têm muitos alunos, os alunos mais novos perdem o foco e se distraem facilmente”. Pro.1.

“A minha maior dificuldade são os alunos com problemas de aprendizagem e atender a todos os alunos no mesmo nível”. Pro.19.

De acordo com os professores, o acesso à escola é um dos pontos que dificulta o exercício da função, visto que por estar localizada em área rural, o acesso é restrito e não há transporte por meio de ônibus circular. De modo geral, os professores se organizam em uma espécie de carona solidária, fazendorevezamento com seus próprios carros.

“Para mim, o principal problema é que não temos circular que passe aqui, ou eu venho de carro ou tenho que pedir para alguém me trazer”. Pro.17.

“A distância para vir para escola”. Pro.12.

Relações socioprofissionais

Os professores destacaram o relacionamento com os alunos como aspecto de satisfação no contexto de trabalho das escolas. Também estabeleceram um comparativo dos alunos que estudam em escolas localizadas nas áreas urbanas.

“A estrutura do local, o ambiente é mais fresco e calmo, tem uma boa comunidade escolar, é uma escola pequena e os alunos são mais comportados que nas escolas da cidade”. Pro.8.

“A maior felicidade é acordar e saber que vou para escola para trabalhar com as crianças”. Pro.11.

A relação dos professores com os colegas é marcada pelo trabalho em grupo, pela união e pelo compartilhamento de ferramentas na busca de solução de problemas. Os professores relataram o apoio da gerente escolar diante das adversidades no contexto escolar.

“Por ser uma escola pequena aqui todos se ajudam e vejo os professores como bem prestativos”. Pro.12.

“Tenho uma boa relação com todos, se precisar de algo é só pedir que algum professor acaba dando um jeito”. Pro.9.

“Tenho uma boa relação com todos, temos poucas vaidades aqui”. Pro.11.

“Tenho uma boa relação com todos, mas eu sempre conto com a gerente escolar, ela ajuda muito”. Pro.15.

Por fim, existe a relação dos professores com os pais dos alunos, um paradoxo encontrado nas escolas pesquisadas.

De um lado está o descontentamento dos professores na relação com a família, em que os professores alegam que os pais não entendem o processo educativo e chegam culpando o professor pelo desempenho e comportamento do filho, sendo comum os pais chegarem para conversar com o professor de forma desrespeitosa e com ofensas. Por esta razão, em muitas situações, os professores se sentem sozinhos.

“Os pais que não compreendem o processo educativo, alguns pais são bem resistente quando se faz uma queixa do seu filho”. Pro.9.

“O desafio é a família participar mais da vida escolar do seu filho, alguns alunos têm muitas dificuldades que, por mais que ensine, não aprende”. Pro.16.

De outro lado, nota-se que os professores consideram a relação com os pais dos alunos como aspecto positivo e de grande satisfação no desempenho da função de professor e diante dos objetivos pedagógicos.

“As famílias da área rural são mais unidas e consequentemente mais presente na escola. A família dá valor e respeita o professor, o sítio proporciona uma saúde mental para o professor. Mas no quesito estrutura vejo que são iguais, pois quando chega uma lousa digital em uma escola urbana chega aqui também”. Pro.4.

“Os alunos são filhos de caseiros, crianças que precisam de carinho e são educados e humildes”. Pro.5.

“Aqui a escola é mais aconchegante, você conhece a trajetória das crianças e tem um contato maior com a família, a escola ser menor permite isso”. Pro.16.

“Aqui na escola os alunos são mais fáceis de trabalhar, os pais contribuem, a escola ser pequena os pais não terceirizam tanto as responsabilidades”. Pro.17.

Vivências de prazer

As vivências de prazer dos professores pesquisados estão relacionadas com desempenho e atingir os objetivos pedagógicos no processo de ensino e aprendizagem, fator este que mobiliza grande satisfação e motivação para o trabalho. Ter autonomia no trabalho, pois, apesar de seguir o apostilado, o professor pode utilizar outras formas de desempenhar a função e atingir os objetivos pedagógicos.

“Trabalho com musicalização, ludicidade, gosto muito de música e saber o que eles precisam de conteúdo para frequentarem outros anos”. Pro.7.

“Trabalho de forma diversificada, algo mais concreto como, jogos, lúdico e inovação dos conteúdos do apostilado”. Pro.9

“Faço leitura, trato exemplos da vida real, seminário, correções das atividades com os alunos, final de semana gosto de pesquisar atividades diferentes, gosto de correção dirigida”. Pro.11.

“Sigo o apostilado, mas também faço adaptações”. Pro.13.

Os aspectos de satisfação e prazer no desempenho da função de professor estão relacionados também com o perfil de aluno encontrado nas escolas rurais, já que muitos professores fazem um comparativo com outros alunos que frequentam unidades escolares na região urbana.

“Os alunos são filhos de caseiros que se preocupam com as escolas, as crianças precisam de carinho e são educados e humildes”. Pro.5.

“A escola rural, possui outros alunos, valores preservação da infância respeito com o professor, participação dos pais, é muito diferente, para melhor, eles contam coisa do sítio e ainda se tem uma certa pureza”. Pro.6.

“Os alunos das escolas rurais são crianças carentes, me sinto mais em casa com essas crianças”. Pro.11.

“Na escola rural é diferente das escolas do centro, onde geralmente as salas são muito cheias e aqui as crianças têm mais respeito com o professor, as crianças rurais são mais livres e em contato com a natureza, enquanto que nas escolas urbanas ficam muito presas nos jogos e tecnologias”. Pro.15.

Vivências de Sofrimento

As vivências de sofrimento dos professores estão relacionadas à carga horária ampliada de trabalho e à continuidade do trabalho escolar em casa. Destacam também a falta de apoio de outros profissionais em demandas que extrapolam o campo de conhecimento educacional e do sentimento de abandando por parte do governo.

Outros fatores prejudiciais podem ser observados nas falas em relação à coordenadora pedagógica que, segundo alguns professores, não possui condições de atuar na função.

“Ótimo relacionamento com a diretora e gerente escolar, outras não”. Pro.16.

“Tenho dificuldade com a coordenadora pedagógica, ela deixa de ser profissional”. Pro.3.

“Acredito que todos aqui tenham dificuldades com a coordenadora, ela não tem condições psicológicas para atuar em escola” Pro.4.

Os professores reiteram, ainda, um sentimento de desvalorização, não somente por questões salariais, mas também pela falta de apoio das famílias. Eles asseveram que muitos pais não reconhecem o trabalho desenvolvido com os filhos, além da falta de perceptivas para esses alunos, gerando comportamentos de indisciplina em sala de aula. Nesse contexto, os problemas das áreas rurais ecoam no ambiente escolar e dificultam o trabalho do professor.

“A indisciplina dos alunos em sala de aula”. Pro.2.

“Dificuldade é com as faltas dos alunos e pouca cobrança por parte dos pais que deixam para os professores orientarem e educarem seus filhos, os pais colocam o filho no ônibus escolar e acabam tendo pouco contato com a vida escolar dos filhos, para alguns se os filhos aprenderem a ler já é o suficiente”. Pro.3.

“Dificuldade em colocar em prática todos os objetivos, alguns pais que não compreendem o processo educativo, dificuldade e falta de interesse de alguns alunos pela rotina escolar, vem de casa”. Pro.11.

“Os alunos que não acompanham são a maior dificuldade, o fato do aluno saber ler para alguns pais da área rural já é o suficiente”. Pro.20.

Discussão

A questão do gênero feminino é muito presente no universo educacional, especialmente no ensino infantil e anos iniciais do fundamental. Para Brito et al (2014), o trabalho feminino se difundiu como uma forma de redução de custos, em razão de ser entendido como pouco qualificado em relação ao dos homens. Esse fato evidencia a desvalorização da mulher no mercado profissional, ressaltando que a questão de gênero na docência está atrelada à função de educar e a uma condição materna.

Uma das hipóteses que pode explicar o motivo de quase a maioria dos professores possuírem especialização na área educacional corresponde ao plano de carreira dos servidores que atuam como professores dentro da rede municipal. Estudo realizado com 258 professores que trabalhavam na rede pública estadual, de vários municípios no estado de São Paulo, identificou que os professores, em sua maioria, possuíam pós-graduação ou concluíram a educação superior (VEDOVATO; MONTEIRO, 2008). Também foi apontado no estudo que a média de idade dos professores foi de 41,4 anos, dado que se aproxima do presente estudo, cuja média de idade foi de 41 anos. A elevada idade em que se encontram os professores poderá ser uma constante entre os trabalhadores, uma vez que a reforma da Previdência, promulgada no final de 2019, determina o aumento da idade mínima para se aposentar e estabelece maior tempo de contribuição; desse modo, a somatória desses coeficientes resulta em pontos para a concessão do benefício aos trabalhadores, refletindo diretamente em uma demanda de maior idade dos trabalhadores nos postos de trabalho.

Além da carga horária de trabalho durante a semana, os professores levam para casa atividades. Esse excesso de atribuições e a invasão de seu tempo pessoal ocasionam efeitos prejudiciais à sua condição de saúde, uma vez que isso pode interferir em seu lazer. Além disso, essa demanda excessiva pode favorecer o aparecimento de sintomas sistêmicos, prejudicando a sua saúde, conforme assinalam Branco et al. (2014). Esse aspecto condiz com os estudos de Porto et al. (2006), Vedovato e Monteiro (2008), Branco et al. (2011), os quais evidenciam jornadas semanais de trabalho superiores a 20 horas semanais.

Tornou-se uma prática comum a extensão da jornada de trabalho do professor. Assim boa parte das atividades de preparação e correções de conteúdos e provas acaba sendo realizada em casa, situação essa que se agrava quando o olhar se volta para as professoras que são casadas - que compõem a maior parte nesse estudo -, pois elas apresentam mais dificuldade para dispor de tempo, quando comparadas aos professores do sexo masculino. Além disso, as mulheres possuem em casa uma continuidade de atividades de demandas domésticas e/ou com os filhos, o que intensifica ainda mais as possibilidades de riscos para a sua saúde. Ferreira et al. (2013) apontam os imensos prejuízos sociais em razão das longas jornadas de trabalho, como a falta de acompanhamento e a presença emocional dos pais para com os filhos, casais que se separam pelo distanciamento, e pela irritação frequente, nos lares onde marido e mulher pouco se encontram e, quando isso acontece, ambos estão cansados e intolerantes diante das questões singulares um do outro.

A presente pesquisa também revela semelhanças com outros estudos que apontam paradoxos nas vivências profissionais dos professores. Há indicadores de saúde, ao mesmo tempo que existem indicadores de adoecimento.Em torno de 70% dos profissionais de educação no Brasil apresentam indicativos de exaustão emocional, configurando os quadros de intensa depressão como o maior motivo para o afastamento desses profissionais dos locais de trabalho (PEREIRA et al., 2014). Os indicadores de adoecimento revelam-se pelos danos físicos e psicológicos, o sofrimento psíquico vivenciado pelos professores é manifestado por meio de sintomas expressos em preocupação em excesso, irritabilidade, impaciência, fadiga, dor lombar, dificuldade de digestão, dificuldade para dormir, insônia, ansiedade, tremores, e dificuldade de concentração. Muitas vezes, os fatores que potencializam esse sofrimento são as relações hierárquicas, a longa e exaustiva jornada de trabalho, a dificuldade de estabelecer o “controle da turma”, e, em especial, a progressiva desqualificação e o não reconhecimento social e financeiro por seu trabalho (VIEIRA, 2014). As queixas de dores musculares são recorrentes entre os professores e os danos psicológicos manifestam-se pela intensa tristeza e, em alguns casos, até pela depressão. O sofrimento psíquico vivenciado pelo trabalhador em sua atividade laboral reflete em todas as áreas de sua vida, no relacionamento familiar, com os amigos e, especialmente, em sua saúde física e mental (ARAÚJO et al., 2016).

Quanto à organização do trabalho dos professores, salientando que essa ação visa não somente à distribuição do trabalho, mas, sobretudo, a segmentação dos trabalhadores, com o objetivo de garantir a divisão das tarefas que são representadas pelas hierarquias, pelos controles e separação de responsabilidades (DEJOURS, 2015). Um aspecto importante dentro da organização do trabalho dos professores consiste na compreensão da forma de organização do seu trabalho e o quanto essa organização permite ter autonomia e liberdade do desenvolvimento das atividades laborais. A organização do trabalho atua no nível do funcionamento psíquico dos trabalhadores (DEJOURS apud BETIOL, 1994).

Os aspectos relatados pelos professores demonstram o cumprimento do trabalho prescrito, mas com liberdade e autonomia na elaboração das atividades do trabalho pedagógico e preocupação em atingir os objetivos pedagógicos. No entanto, alguns professores se sentem abandonados pelo poder público, cobranças excessivas e falta de apoio e interesse das famílias na vida escolar dos filhos. “Por falta de um contato mais próximo e afetuoso, surgem condutas caóticas e desordenadas, que se refletem em casa e quase sempre, também na escola, em termos de indisciplina e de baixo rendimento escolar” (DIAS, 2005, p. 61).

As condições de trabalho dos professores compreendem tanto aspectos do ambiente quanto da sua organização, sendo fundamentais para a qualidade de vida. Desse modo, quando o volume de atividades se torna exagerado e em situações precárias, ocorrem grandes demandas emocionais e físicas, comprometendo a eficiência do educador (GUERREIRO et al., 2016). Os professores se queixam da quantidade de alunos por sala, da indisciplina dos alunos, que são situações que dificultam os objetivos pedagógicos, além disso, o acesso às escolas rurais é umfator que interfere no desempenho da função,sendo agravado pela ausênciadecircular ou outro tipo de transporte público para os professores.

Em muitas situações, os professores se empenham na busca de atender demandas dos alunos que frequentam as escolas rurais, situações essas que, no entendimento dos professores, extrapolam o campo do saber educacional. Como exemplo destacam-se as queixas de saúde e os problemas emocionais. É possível verificar que a educação rural foi, durante muitos anos, deixada de lado, desprestígio esse que pode ser sentido nas condições de trabalho. Foi somente a partir da década de 90 que a educação rural conquistou um pequeno espaço no contexto social (ARROYO, 2006). O cenário de condições precárias para o trabalho acaba por exigir dos professores um sobre-esforço de suas funções, gerando um desgaste físico e psicológico. A quantidade de tarefas executadas representa demandas ou exigências psicobiológicas do processo de trabalho que levam ao desgaste do docente (GUERREIRO et al., 2016).

As relações socioprofissionais englobam os modos de gestão do trabalho, a comunicação e a interação profissional. Esse fator é constituído por elementos interacionais que expressam as relações interpessoais presentes no cenário de trabalho e caracterizam, de modo geral, a dimensão social (MENDES;FERREIRA, 2007).

Nos relatos dos professores foi possível analisar a ambiguidade desses profissionais em relação às famílias dos alunos; em um momento são vistas de modo participativo nas escolas e em outros momentos não se envolvem com o processo educacional ou com os problemas dos filhos nas escolas. A presença das famílias dos alunos no ambiente escolar é de grande importância para os propósitos educacionais e para o aprendizado. Dialogar reivindica a busca de melhor comunicação e consequentemente promove a melhoria da convivência na relação dos filhos com os pais. “É olhar entre ambos, estar perto, inteiro; buscar saber como o filho caminha nos estudos, suas conquistas, medos, sonhos, percepção de mundo, preocupações, etc.” (DIAS, 2005, p. 134).

De modo geral, no tocante ao trabalho do professor, foi possível verificar que sua função se caracteriza como uma função de dualidades, que pode gerar nele tensão e estado de alerta permanente em razão de sua complexidade e heterogeneidade, e pelo fato delidar com formalidade e informalidade, particularidade e universalidade, controle e autonomia (ALTOÉ, 2010).

A busca pelo prazer no trabalho e a fuga do desprazer constituem um desejo permanente para o trabalhador, o que demonstra uma reação às exigências da organização do trabalho (DEJOURS apud BETIOL, 1994). Isso se configura como uma reação à realidade expressa pelo sistema de organização. Evidenciou-se, na presente pesquisa, que as vivências de prazer no trabalho dos professores estão vinculadas, sobretudo, ao relacionamento com os alunos, à autonomia na realização das pedagógicas, ao relacionamento com os professores e com a família dos alunos.

Pôde-se perceber que os professores, em sua maioria, desenvolvem um vínculo afetivo com os seus alunos, o que lhes proporciona sentimentos de realização, reconhecimento e prazer em desenvolver e executar o seu trabalho, embora essa relação também traga vivências de sofrimento. Porém, a maioria das vivências de prazer dos professores também estão presentes nas relações professor-aluno, na qual consideram que os alunos são mais amorosos, disciplinados, respeitam e valorizam a figura do professor. Manifestações deste tipo constituem-se como indicadores de saúde no trabalho por possibilitarem a estruturação psíquica, a identidade e a expressão da subjetividade no trabalho, de modo a viabilizar as negociações, a formação de compromisso e a ressonância entre o subjetivo e a realidade concreta de trabalho (FREITAS; FACAS, 2013). Para Dejours(2012), o reconhecimento tem um impacto considerável sobre a identidade. “É graças ao reconhecimento que uma parte essencial do sofrimento é transformada em prazer no trabalho” (DEJOURS, 2012, p. 367).

A participação da família é apontada como fundamental no contexto educacional de prazer e/ou de sofrimento. Alguns professores destacam que as famílias são presentes e outros as consideram distantes da vida escolar dos filhos.De acordo com Dias (2005), a família é um grupo de expressiva importância na convivência e educação escolar de seus componentes, haja vista ser, ela própria, o grupo social por meio do qual primeiramente são estabelecidos contatos e no qual são aprendidos valores, tradições, conhecimentos e princípios educacionais.

Outro aspecto ressaltado como importante é a autonomia. Mesmo seguindo o apostilado oferecido pelo município, os professores possuem autonomia para diversificar as aulas, buscando, assim, atingir a proposta pedagógica para cada ano do ensino fundamental. O relacionamento entre os professores e gestores também é citado como aspecto positivo, pois um professor contribuindo com o trabalho do outro promove relações mais próximas e amistosas. O trabalho conjunto pode ser fonte de prazer ao possibilitar interações que fomentam a inteligência e a criatividade. Nesse cenário, o trabalho é percebido como saudável, pois as relações entre os professores se tornam mediadoras das realizações do trabalhador e da construção da identidade docente (DEJOURS, 2004).

O sofrimento no trabalho dos professores é compreendido por meio de vivências simultâneas de esgotamento emocional e falta de reconhecimento por seu trabalho. Os professores possuem carga horária ampliada e seu trabalho ultrapassa a jornada laboral na escola invadindo suas horas de descanso ou de relacionamento familiar. Os professores relatam que a postura e o comportamento da coordenadora pedagógica de uma das escolas dificultaa realização do trabalho e ainda interfere de modo negativo no trabalho. Não conseguir realizar o trabalho pedagógico por fatores que vão além da dimensão educacional, atrelado à falta de apoio e interesse das famílias na vida escolar dos filhos, leva os professores a não se sentirem saudáveis. Nesse sentido, o vínculo gerado pela relação com os alunos também pode levar ao sofrimento, no entanto, esse sofrimento está relacionado a dúvida, que os professores trazem sobre sua própria capacidade profissional e de relacionamento. Esse sentimento vivenciado pelos docentes é definido por Dejours (2012) como o sofrimento gerado pelo medo de não satisfazer, de não atender às expectativas de determinado público, no caso do presente estudo, os alunos.

O esgotamento emocional se expressa por vivência de frustração, insegurança, inutilidade e desqualificação diante das expectativas de desempenho, gerando esgotamento, desgaste e estresse. A falta de reconhecimento se traduz pela vivência de injustiça, indignação e desvalorização e pelo não-reconhecimento do trabalho (FREITAS; FACAS, 2013). Uma quantidade expressiva de pais, por exemplo, chega a repassar toda sua responsabilidade educacional para a escola. Por meio de suas pretéritas vivências como estudantes e a “desordem” da classe relatada por seus filhos, os pais acabam por exigir da escola um posicionamento autoritário e disciplinador. Nesses casos é necessário demonstrar aos pais que há alternativas que suplantam o autoritarismo e o espontaneísmo (DIAS, 2005).

Neste estudo, portanto, percebe-se a coabitação de vivências de prazer e do sofrimento, sendo este último o que predomina. O desgaste e as vivências de sofrimento se refletem também na falta de apoio do governo, na sobrecarga e cobrança excessiva para atingir os resultados, na falta de perspectivas e apoio dos pais e nos conflitos com a coordenadora pedagógica; problemas que muitas vezes extrapolam o saber educacional e reforçam o desprestígio da profissão de professor.

Nota-se que as vivências de prazer e sofrimento são experienciadas de forma singular por cada professor. Assim, alguns deles subjetivam o sofrimento de modo a contê-lo e o canalizam paravivências tidas como prazerosas, que significam realizações, como o reconhecimento pelos alunos ou famílias, as trocas afetivas com os alunos e o apoio e a parceria entre os próprios professores.

Nesse sentido, Ferreira et al. (2013) reiteram a importância de se pensar o trabalho como fonte de prazer ou de sofrimento para os trabalhadores. Para os autores, torna-se um ponto imprescindível a reflexão e discussão de questões vivenciadas pelo trabalhador, seja de sofrimento, seja de prazer, e que se possa reconhecer e repensar os efeitos do contexto de trabalho sobre a subjetividade dos indivíduos.

Seguindo esta vertente espera-se que este estudo possa contribuir para o entendimento das vivências de prazer e sofrimento no trabalho e dos reflexos dessas vivências na saúde dos professores, dos alunos e da escola.

Considerações finais

Esta pesquisa, realizada com professores que atuam em escolas rurais, do interior paulista (SP) teve por objetivo analisar as percepções de prazer-sofrimento dos docentes no exercício da profissão. No que se refere à dinâmica que se estabelece entre o prazer e o sofrimento no trabalho dos professores, a análise das entrevistas permitiu concluir que esses profissionais apresentam preeminência de sofrimento no trabalho, no entanto, as vivências de prazer também fazem parte do cotidiano escolar deles.

Evidenciou-se, nos resultados, que a atividade dos professores conduz em si várias características que propiciam vivências de prazer para esse grupo de trabalhadores, como o contato com a relação com os alunos, a autonomia pedagógica, a criatividade para atingir a singularidade dos alunos, o vínculo com outros professores e a relação com as famílias dos alunos.Além disso, o reconhecimento por parte dos alunos alimenta a possibilidade de poder contribuir para o crescimento dos discentes e, consequentemente, da construção em prol de uma sociedade melhor e mais justa. Nessa perspectiva, Dejours (2010) assevera que o reconhecimento no trabalho pode ser decisivo para a construção da identidade dos sujeitos, pois o trabalho se inscreve na dinâmica da realização do ego. No entanto, quando não pode gozar os benefícios do reconhecimento de seu trabalho, nem alcançar o sentido de sua relação para com o trabalho, o sujeito se vê reconduzido ao sofrimento.O sofrimento,porsua vez,é capaz de desestabilizar a identidade e a personalidade e levar o trabalhador a adoecer.

Apesar da limitação desta pesquisa em abordar apenas um grupo de profissionais - os professores das escolas rurais -, acredita-se que o estudo pode ser utilizado como subsídio para avaliação de outras funções, tanto dentro do contexto educativo como externo a ele. A relevância do estudo se confirma na medida em que evidencia a percepção dos trabalhadores acerca do prazer e sofrimento, mas reforçatambém a necessidade de estudos futuros, de aliar instrumentos de natureza quantitativa e qualitativa, sobretudo ao abordar questões subjetivas e de difícil abordagem pelos sujeitos, como as vivências de prazer e sofrimento destacadas neste trabalho.

Este estudo pode contribuir, especificamente, para o avanço na investigação do contexto de trabalho de professores que atuam em áreas rurais, visto que a maior parte dos estudos dentro do campo da docência está atrelada aos professores das áreas urbanas. As vivências de sofrimento no trabalho fortalecem a ideia de riscos à saúde dos professores e, consequentemente, os sintomas surgem no trabalho. Analisar a percepção das vivências de prazer torna-se de grande importância, pois a análise dessas vivências indica quais aspectos dificultam o surgimento de doenças ou, ainda, de riscos à saúde dos professores.

Espera-se que as reflexões feitas pelos professores do ensino fundamental das escolas rurais neste trabalho, possibilitem mudanças na dinâmica professor-escola. Esse trabalho também pode ser visto como um fator estruturante da subjetividade humana, pois retrata a relação entre prazer e sofrimento e pode contribuir para a saúde ou para os riscos de adoecimentos. Porém, talvez sua maior contribuição seja deixar possibilidades de análise de que contextos de trabalho podem exercer influência cada vez maior sobrecondutas individuais, sobre as estruturas institucionais e novas ordens sociais contemporâneas. (CHANLAT, 2013).

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Notas

1 Na presente pesquisa é adotada a terminologia escola rural, visto que essa é a forma como os professores participantes do estudo se reconhecem na qualidade de campo de trabalho.

2Em atendimento ao que preconiza o Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos - CEP, no que tange à obrigatoriedade de manter o sigilo da identidade dos colaboradores da pesquisa.

Recebido: 24 de Março de 2020; Aceito: 27 de Julho de 2020; Publicado: 04 de Setembro de 2021

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