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Contrapontos

versión On-line ISSN 1984-7114

Contrapontos vol.20 no.1 Florianopolis  2020  Epub 01-Ene-2021

https://doi.org/10.14210/contrapontos.v20n1.p251-253 

Resenhas

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES - UM OLHAR SOBRE DINÂMICAS E PROCESSOS

DISTANCE EDUCATION AND TEACHER TRAINING - A LOOK AT DYNAMICS AND PROCESSES

EDUCACIÓN A DISTANCIA Y FORMACIÓN DE PROFESORES - UNA MIRADA SOBRE LAS DINÁMICAS Y PROCESOS

Lidia Silva Vaz e Vaz1 

¹Centro Universitário Adventista de São Paulo, Engenheiro Coelho, SP, Brasil.

SILVA, Maiara Sobral. Educação a distância e formação de professores. ., Curitiba: Appris, 2017. 75p.


Nesta obra, Maiara Sobral, jornalista e professora, tem como objetivo principal apresentar suas considerações e angústias sobre a formação de professores na forma de ensino a distância, especialmente aos que se dedicam ao ensino de Ciências ou Química, traçando um paralelo entre as formas de ensino presencial e ensino a distância, e como estas são permeadas por elementos e ferramentas da comunicação.

O interesse da autora por esse tema, surgiu após leituras e observações de que o modelo tradicional de escola faz uso da Teoria Matemática da Comunicação no processo de ensino-aprendizagem. Esse modelo é baseado no fluxo: emissor - mensagem -receptor. Assim, o significado da mensagem não é tão importante quanto a sua precisão e eficácia e, nesse caso, não é prevista a importância do ruído. Então, considera-se que todos os receptores recebem a mensagem da mesma forma, superestimando o conteúdo da mensagem.

Para a autora, longe de ser uma autobiografia, a obra, a partir de uma abordagem reflexiva sobre o uso das tecnologias no ensino para formação de professores, promove um debate sobre a forma com que os estudantes de licenciatura em Química, do ensino a distância, enxergam a formação e o futuro ingresso na sala de aula.

No primeiro capítulo, a autora faz uma apresentação dos caminhos metodológicos percorridos para alcançar seus objetivos. Movida pela questão “quais estratégias educacionais são utilizadas nas licenciaturas a distância?”, acompanha as aulas no ensino presencial e entrevista alunos das licenciaturas, egressos do ensino a distância e consegue um leque de possibilidades sobre o ato de aprender e sobre o ato de ensinar. No segundo capítulo, a autora faz uma breve apresentação cronológica da história da educação a distância no Brasil. Percorre uma linha do tempo, cujo relato contempla desde a chegada das missões jesuíticas e o monopólio educacional da Companhia de Jesus, até a consolidação da EaD, em 19 de dezembro de 2005, por meio do Decreto nº 5.622, que define os níveis e a forma de ensino que poderão organizar cursos a distância, bem como as competências de regulação. Destaca a importância de pensar sobre essa forma de ensino e sobre o papel da EaD na formação de professores no Brasil.

A discussão aprofundada sobre a formação de professores a distância é reservada ao capítulo 3. A autora inicia o capítulo declarando que, no ensino a distância, é preciso pensar como ocorre o uso das tecnologias na educação, pois, se essas tecnologias forem subutilizadas, não alcançarão os resultados previstos e planejados.

Destaca que o uso dessas novas tecnologias na educação exige um novo modelo de docência, com postura de mediador e interlocutor, visando atender as exigências de um público mais participativo, que questiona mais e que se contenta menos. Também aponta o uso das tecnologias que medeiam grande número de cursos de licenciaturas, ofertadas na forma de ensino a distância, além de discorrer sobre a EaD utilizada, desde a década de 70, como ferramenta para capacitar professores.

O capítulo ainda é dividido em quatro partes, no qual a autora discute as estratégias educacionais no ensino pela forma de ensino a distância. Questiona até que ponto um ensino focado em perguntas e respostas dá conta de um campo muito maior que é o despertar no aluno o interesse por conhecer. Investiga como os cursos de licenciatura estão sendo ministrados nas formas de ensino presencial e a distância e as potencialidades específicas de cada modelo, visto que cada um tem estratégia de ensino diferenciada. O estudo não propõe hierarquizar as modelos de ensino e nem classificá-los como bom ou mau, mas pensar sobre como cada ambiente de ensino com sua particularidade busca evitar uma homogeneização do processo de ensino-aprendizagem.

Apresenta a experiência de acompanhamento das aulas presenciais de duas disciplinas, uma de ‘Metodologia do Ensino da Ciências’ e a outra de ‘Estágio’. A autora assistiu a aulas presenciais baseadas na seguinte estratégia metodológica: cada estudante apresentava uma aula de aproximadamente 45 minutos e ali apresentava um tema trabalhado no ensino fundamental. Após apresentação desse plano de estudo, o professor e os demais colegas faziam suas contribuições e apontamentos. Pôde observar as aulas de estágio supervisionado e participou das experiências de estágio dos estudantes que estavam estagiando. Os estudantes compartilhavam as dúvidas, os anseios, os dilemas e os conflitos que sentiam em relação ao desafio de ensinar. Após esse compartilhamento, havia uma troca de experiências. Os muitos assuntos eram comuns a todos. Diante das estratégias utilizadas nas aulas presenciais e que propiciaram um grau significativo de interatividade, surgiu a indagação de como isso seria possível também na EaD.

Na parte de “Análise das matrizes curriculares”, a autora observou que, embora com nomenclaturas diferentes, as matrizes curriculares da EaD são calcadas nos mesmos conteúdos do ensino presencial. Dentro do tópico “Ouvindo os estudantes do ensino a distância”, Silva realizou cinco entrevistas e concluiu que não existe uma relação binária entre ensino presencial e ensino em EaD, mas que existem docentes que proporcionam encontros diferentes. Em “Diários das aulas do ensino presencial”, Silva destaca que os diários das observações das aulas foram importantes para fazê-la perceber a diferença entre o ensinar estando presente do ensinar ausente.

Registrar diariamente suas impressões das aulas apresentadas pelos alunos de um curso superior fez com que a autora estivesse mais atenta ao perfil do aluno, às suas necessidades. E chega à conclusão de que os cursos de formação inicial de professores precisam retirar o foco do currículo e da avaliação e voltar-se para o professor.

Nas considerações (ainda) transitórias, a autora destaca a importância de rever os interesses do crescimento do ensino a distância, investigando até que sentido o foco dessa modalidade de ensino está na inclusão dos excluídos e no aumento do leque de oportunidades. Tem interesse em continuar buscando por respostas, pois por mais que o ensino a distância seja vestido com uma nova roupa e maquiagem, em termos técnicos: plataforma, ele não deixa de trazer consigo elementos do ensino presencial, dentre eles o cerne da estratégia da escola militarizada: transmissão de conteúdo e controle. Mas, ainda assim, a autora atreve-se a dizer que, no ensino a distância, as tecnologias dão conta da transmissão dos conteúdos ao possuir recursos indiscutíveis, como vídeos, fóruns e buscas otimizadas de conteúdo. Assim, é importante resgatar o papel do professor como mestre que intermedeia e orienta.

A autora reitera que é preciso rever o papel do professor não apenas na formação a distância, mas também na presencial.

A obra é de fácil compreensão, com linguagem clara e objetiva e traz contribuições importantes às discussões sobre a formação do professor na educação a distância, sendo recomendada a educadores.

Referências

SILVA, Maiara Sobral . Educação a distância e formação de professores. Curitiba: Appris, 2017. 75 p. [ Links ]

Recebido: 29 de Junho de 2020; Aceito: 15 de Novembro de 2020

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