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Contrapontos

versión On-line ISSN 1984-7114

Contrapontos vol.21 no.1 Florianopolis ene./dic 2021  Epub 20-Mayo-2022

https://doi.org/10.14210/contrapontos.v21n1.p39-52 

Artigos

APONTAMENTOS TEÓRICOS DA FENOMENOLOGIA COMO (POSSÍVEL) CAMINHO METODOLÓGICO PARA PESQUISAS EM EDUCAÇÃO NÃO ESCOLAR

THEORETICAL NOTES OF PHENOMENOLOGY AS A (POSSIBLE) METHODOLOGICAL WAY FOR RESEARCH IN NON-SCHOOL EDUCATION

NOTAS TEÓRICAS DE FENOMENOLOGÍA COMO (POSIBLE) CAMINO METODOLÓGICO PARA LA INVESTIGACIÓN EN EDUCACIÓN NO ESCOLAR

Arthur Vianna Ferreira1 

1Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.


Resumo:

O presente artigo tem como objetivo discutir como a filosofia fenomenológica de Edmund Husserl (1958; 1975) pode servir de inspiração à construção de um caminho epistemológico para pesquisas sobre práticas educativas em espaços não escolares. Para isso, traz a reflexão de alguns autores a respeito dessa filosofia, como Salansky (2006), Depraz (2011) e Ferreira (2015) e, particularmente, o desenvolvimento de três conceitos considerados relevantes para a análise da realidade educacional como um fenômeno social: o noema, a noese e a variação eidética como doação de sentido da realidade pelos sujeitos dos processos de ensino-aprendizagem. Ao final, o artigo mostra o emprego desses aspectos da Fenomenologia e seus resultados em algumas pesquisas sobre educação e pobreza que utilizaram esse percurso metodológico.

Palavras-Chave: fenomenologia; educação não escolar; pesquisa em educação

Abstract:

This article discusses the inspiration of Edmund Husserl’s phenomenological philosophy (1958; 1975) as a possible epistemological path for research on educational practices in non-school spaces. For this, the article brings the reflection of some authors about this philosophy, such as Salansky (2006), Depraz (2011) and Ferreira (2015) and, particularly, the development of three concepts considered relevant to the analysis of educational reality as a social phenomenon: the noema, the noesis and eidetic variation as a donation of the meaning of reality by the subjects of the teaching- learning processes. And, at the end, the article shows the use of these aspects of phenomenology and some results at some education and poverty’s research that used this methodological approach.

Keywords: phenomenology; non-school education; education research

Resumen:

Este artículo tiene como objetivo discutir la inspiración dada por la filosofía fenomenológica de Edmund Husserl (1958; 1975) para la construcción de una posible vía epistemológica de investigación sobre prácticas educativas en espacios no escolares. Para eso, el artículo trae la reflexión de algunos autores sobre esta filosofía, como Salansky (2006), Depraz el análisis de la realidad educativa como Fenómeno social: el noema, el noese y la variación eidética como donación del significado de la realidad por parte de los sujetos de los procesos de enseñanza- aprendizaje. Y, al final, el artículo muestra el uso de estos aspectos de la fenomenología y sus resultados en algunas investigaciones sobre educación y pobreza que utilizaron este enfoque metodológico.

Palabras clave: fenomenologia; educación no escolar; investigación en educación

Introdução

Este artigo tem como objetivo discutir sobre a utilização da filosofia fenomenológica de Edmund Husserl como inspiração para construção de um possível percurso metodológico para pesquisas em Educação, principalmente, àquelas dedicadas a estudar as diversas vivências psicossociais de pobreza que se manifestam nos grupos sociais da educação não escolar. Esse material é resultado da fundamentação teórica das atividades realizadas pelo Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão (GEPE) Fora da Sala de Aula, da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FFP/UERJ) e que se desdobra, tanto em pesquisas no campo do saber da Pedagogia Social, quanto em espaços formativos destinados a profissionais da educação que desempenham a sua docência fora do ambiente escolar fluminense.

Esse tipo de discussão, realizada no interior desse grupo de estudos, se constitui como uma das contribuições que os pesquisadores podem dar, tanto para o campo da investigação da Educação, Psicologia Social e Pobreza, como para qualquer outro tipo de observação a ser realizada no campo das práticas educativas não escolares (maneira que convencionamos aglutinar os conceitos comuns de educação não formal e informal).

Assim sendo, este artigo visa a levantar algumas questões para os seus leitores, a saber: a relação entre educação e a Fenomenologia; a filosofia da Fenomenologia de Edmund Husserl e a sua importância como prática de Ciência; a inspiração da reflexão de outros autores, sobre a teoria de Husserl, para a construção de um caminho metodológico próprio para as pesquisas em Educação Social. De fato, essa prática já vem sendo realizada nas pesquisas, referendadas através de artigos em revistas científicas - tendo, assim, o reconhecimento de seus pares - e em livros que o grupo vem produzindo ao longo dos últimos cinco anos. E, por isso, este texto ajuda a entender a construção desse caminho epistemológico no campo do saber da Pedagogia Social. Desse modo, a relevância deste estudo está na demonstração de um possível recurso metodológico para observação e recolhimento de material do campo da educação social, tanto para análises de pesquisas nas áreas da Educação, Psicologia Social e Pobreza, quanto para a compreensão e organização de práticas educativas que atendam as demandas de intervenções docentes dos educadores sociais.

Um método que se constrói quando se entende a educação como um fenômeno social

Ao realizar pesquisas em Educação Social e Pobreza, os autores deste estudo, cada vez mais compreenderam que a educação é eminentemente social - tanto pelas suas origens, como por suas funções - sendo assim, deve ser considerada como uma relação comunitária e individual. Na verdade, autores antigos no campo da Educação, como Dewey (1952) ou Dilthey (1954), reafirmaram, ao longo de seus estudos, que a educação é uma função da sociedade, como um cimento decisivo que constrói a vida social.

Porém, ao falarmos em sociedade, devemos ter em conta que a estamos entendendo como um conjunto de diversos grupos sociais, relacionados entre si, mais do que uma união orgânica entre todos eles. A sociedade se apresenta no formato de grupos sociais e, por muitas vezes, o que se denomina sociedade nada mais representa do que superestruturas de poder, manobras de forças e de leis que, por mais que se apresente como o ideal a ser vivido, não sucumbe as particularidades das vivências grupais dos sujeitos em suas dimensões micro das realidades cotidianas (cf. DILTHEY, 1954, p. 57).

De fato, o que se constitui é uma conexão entre as relações de comunidades e as vontades dos indivíduos dentro desses grupos. Esse tipo de relação é denominado, no senso comum, sociedade. E, ainda mais, essa forma de ver a sociedade, estampada não somente nas consciências, mas também nos discursos sociais e nas políticas públicas, que constituem a realidade contemporânea, são as que tentam atender, através da educação, a esses sujeitos, com tudo o que possa existir de subjetividade - e objetividade - nas relações sociais.

Segundo Cirigliano (1974), a educação (cultura socializada) por ser social, não necessariamente será incorporada ou desenvolvida nos grupos sociais de forma homogênea. Na verdade, é a partir da diferença, marcada pela cultura vivida no interior dos grupos sociais, em conexão dentro da mesma sociedade e os elementos da educação (que são, consequentemente, da cultura social) que se obtém os objetos da negociação realizada socialmente. Esse processo terá a função de sustentar ou guardar determinada realidade - ou não - partilhada no interior dos grupos sociais. Ou seja, o papel social da educação é muito mais do que a ordem da negociação dos indivíduos e dos seus grupos. Contempla, também, a transmissão cultural ambicionada pelas instituições educativas e por seus profissionais da educação formal, que pretendem realizá-la através dos seus processos didáticos, regulamentados por currículos e políticas próprias da educação escolar (cf. CIRIGLIANO, 1974, p. 83).

Assim sendo, a educação passa a ser um fenômeno - aquilo que se apresenta - para um ser vivo, daquilo que a sociedade pretende que os seus membros incorporem, mediante à entrega de suas formas sociais que, não necessariamente, serão as mesmas estruturas que compõem as formas de culturas dos diversos grupos. A educação tende a transmitir as formas vividas na sociedade (ou as suas formas culturais vivificadas), porém a sua efetivação não trará a homogeneização da sociedade e de seus grupos, tais quais a Pedagogia e a Sociologia da Educação tradicionais (muitas vezes ensinadas nos Cursos de Formação de Professores) apregoam em algumas de suas principais reflexões.

Ao evidenciar a ideia da educação como fenômeno realizado nas interações entre os grupos sociais, destacam-se três pontos relevantes que devem ser considerados em pesquisas na seara da Educação Social: a busca pela compreensão dos processos de negociações existentes entre os sujeitos e os seus grupos de pertença; as escolhas realizadas pelos sujeitos para manutenção, ou não, das estruturas, que sustentam a sua existência dentro das relações com outros grupos sociais; e a valorização da subjetivação no processo empírico de entender a realidade social, por vezes imposta por aqueles que detêm o poder, como totalizantes ou “normalizantes” das realidades dos sujeitos em seus grupos sociais. De maneira especial, aos que se encontram em situação de vulnerabilidade social e pobreza em suas múltiplas dimensionalidades.

Por isso, para propor a Fenomenologia como uma das ferramentas metodológicas a ser empregada nas pesquisas de Educação, e, de forma especial, as que se dedicam à abordagem psicossocial, é necessário revelar a filosofia fenomenológica de Edmund Husserl como inspiradora de categorias, a fim de utilizá-la nos campos de investigação e como propulsora de análise das situações sociais vividas pelos sujeitos envolvidos nos fenômenos educacionais, conforme este estudo propõe.

Percorrendo os caminhos de Husserl, e de seus leitores, para a construção de um caminho próprio

Edmund Husserl nasceu em 1859, na Morávia, que pertencia ao Império Austro-Húngaro, numa família de origem judaica. Tornou-se conhecido como fundador da Fenomenologia, método de investigação sistemática da consciência e seus fenômenos mentais com relação ao mundo real. Segundo Husserl (1975, p. 47), “o importante não é o mundo que existe, mas sim o modo como o conhecimento do mundo se dá para cada um”. Essa afirmação passa a ser um dos elementos-chave para o desenvolvimento da sua filosofia fenomenológica e das ferramentas utilizadas como metodologia nas investigações que vêm sendo desenvolvidas em Educação Social por este grupo de pesquisa.

Fenomenologia designa uma ciência, uma conexão de disciplinas científicas; mas ao mesmo tempo e, acima de tudo, Fenomenologia designa um método e uma atitude intelectual: a atitude intelectual especificamente filosófica, o método especificamente filosófico. (HUSSERL, 1958, p. 46).

Husserl estudou também Matemática e Filosofia, e foi aluno de Brentano, na Universidade de Viena. Ensinou Filosofia nas Universidades de Halle e Göttingen, e depois, em Friburgo, até 1936. Entre os seus seguidores destacam-se Heidegger, Fink e Max Scheler, na Alemanha; Lévinas, Merleau-Ponty, Ricoeur e Derrida, na França.

Aprendeu-se, com Husserl, o esforço em sistematizar a filosofia de sua época com o intuito de dar as bases e as condições para mostrá-la como uma ciência rigorosa. Por isso, o importante para o autor era o que se passava na experiência da consciência. Assim, ele buscou fornecer, em sua trajetória intelectual, uma descrição precisa de nossas relações com os objetos reais e com o mundo, e não apenas uma interpretação dessas relações.

Os atos de pensamento em geral não são singularidades desconexas, que vêm sem nexo no rio da consciência. Revelam, referidos essencialmente uns aos outros, vínculos teleológicos e conexões correspondentes de cumprimento, confirmação, verificação e seus opostos. E o que importa são essas conexões; as quais exibem a unidade própria do entendimento. Elas mesmas são constituidoras de objectalidade. (HUSSERL, 1958, p. 106).

Assim sendo, entende-se que Husserl encara a Fenomenologia como a possibilidade de dar resposta a um problema originário, vivido em seu tempo: a relação entre a vivência subjetivamente psicológica e a realidade por ela apreendida. Nesse sentido, ele coloca como elemento central - e que será recapitulado pelos autores que este estudo utilizou para construir tal caminho metodológico de uso da Fenomenologia para a investigação aqui relatada - a questão da doação de sentido por parte do conhecimento da realidade. Ou seja, ao mesmo tempo em que o objeto real é elemento do conhecimento dos seres humanos, é possível colocar em dúvida sistemática quais as possibilidades dessa correlação entre a experiência do vivido e o conhecimento possível ser realmente a constituição da realidade do mundo. Da mesma forma, essa dúvida pode originar uma outra não semelhante, mas igualmente relevante: essa mesma relação supracitada traz os elementos que aproximam o ser humano da essência daquilo que deve ser conhecido?

É importante salientar que, ao utilizar a Fenomenologia como uma possível ferramenta para se relacionar com o campo da Educação Social, ou não escolar, não se tem a pretensão de colocar as teorias e as categorias “ipsis litteris”, tais quais esquadrinhadas pelo filósofo austríaco. Tão pouco se ambiciona nesta pesquisa entrar em um embate teórico da discussão dos termos filosóficos cunhados por essa filosofia. O que se deseja no presente estudo é construir um caminho possível de utilização desses conceitos para inspirar a criação de um novo olhar sobre as realidades educacionais que o presente autor encontrou e apoiar-se em algumas ideias já interpretadas por outros pensadores da Filosofia, Antropologia e Sociologia, que estudaram esse mesmo filósofo ou essa corrente filosófica. E, mesmo que, algumas vezes, o pesquisador tenha voltado seu olhar para Husserl e seus escritos originais, buscou- se reorganizá-los para aproveitar a essência de seu pensamento fenomenológico e, assim, compreender a educação como esse espaço de construção “subjetiva-objetiva” da realidade feita por cada um dos envolvidos nos processos sociocognitivos.

Por isso, a releitura da Fenomenologia organizada por Husserl e discutida por seus antecessores, que mais se apresenta pertinente a este trabalho investigativo, se origina da ideia da intencionalidade da fundação do saber, como é posto por Salanskis (2006), identificando na obra de Husserl, o método da variação eidética cunhada por Edmund Husserl como elemento central para o desenvolvimento dessa ideia husserliana. Assim, para Salanskis (2006, p. 55, grifo do autor):

O adjetivo eidético é formado a partir do grego eidos, que significa, já o dissemos, a essência ao mesmo tempo que a idealidade: o eidos é a idealidade sob a qual cada caso cai, reconhecendo ali o seu tipo, quer dizer, também o decisivo elemento identificador comum aos casos, a essência enquanto singularidade ideal.

Dessa forma, o arranjo intencional de entender a realidade, expressa na observação da experiência dos sujeitos na sociedade, e que se manifesta em sua aparência como fenômenos captados pelos sentidos, traz em si tanto o lado subjetivo daquele que realiza a experiência do real, quanto guarda em si a essência do real que foi vivido pelo sujeito em seu grupo. Assim, o objeto referenciado na investigação e que foi vivido, tanto pelo sujeito, como por seu grupo, apresenta traços essenciais que são comuns a todos os indivíduos. Ainda que as consequências da vivência desse fenômeno possam ter resultados diferenciados, de toda a espécie e manifestação, para cada um dos sujeitos envolvidos nos processos sociais, a compreensão dessa realidade se desvela com um certo tipo essencial organizado no fenômeno, que se encontra sendo investigado.

Portanto, Husserl, em sua construção teórica, retorna à maneira pela qual a Fenomenologia busca encontrar tais modelos - tais essências (ou eidé) -, a partir de experiências de pensamentos, que possam partir de um eixo de uma doação de sentido particular de um objeto, com o objetivo de explorar, pela imaginação, todo o tipo de deformações, possibilidades e configurações fenomenológicas em que um objeto se desenha, ao mesmo tempo, denota a sua ocorrência.

A experiência do pensamento fenomenológico caracteriza o universum de possíveis que visitamos, nos limites e nos constrangimentos da variação, nos invariantes que se manifestam à medida em que variamos sobre seu fundo: no eidos, naquilo que é propriamente a essência [...] A essência se mostra graças a experiência chamada por Husserl de variação eidética, onde se encontra um optimum visual no esforço de acomodar o olhar e revelar o raciocínio projetado nas infinitas possiblidades evocadas pela particularidade do dado estilizado. (SALANSKI, 2006, p. 57, grifo do autor).

Ao apresentar essas reflexões da filosofia fenomenológica de Husserl, pode-se ir desenhando uma possibilidade importante de compreensão da realidade que transfere um certo tipo de segurança às pesquisas em Educação, numa abordagem voltada ao campo psicossocial.

A construção de um olhar da realidade educacional como fenômeno, seja ele social ou individual, alerta para a multiplicidade de experiências que os indivíduos, e os seus grupos sociais, vivenciam no contato com as realidades do mundo. Na proposta de Husserl, trazida através de seus interlocutores, pode-se entender que a variação eidética passa a se constituir como um dos métodos, que busca tratar o real como um fenômeno a ser pensado como tal. Ou seja, aquilo que organizamos em nosso espaço cognitivo pessoal se constitui, em grande parte, de sua experiência (sensorial, cognitiva, afetiva e biológica) do real. Nessa perspectiva, o que expressamos com a nossa linguagem, também é a nossa experiência do real como fenômeno, isto é, aquilo que se apresenta como realidade, no momento em que o indivíduo entra em contato com a realidade social.

Nisso se dá a justificativa do esforço de Husserl em constituir um método filosófico que, ao mesmo tempo, tanto valorize a experiência do real - como uma das poucas formas de existência da compreensão do mundo -, quanto considere aquilo que essa experiência se transforma - fenômeno do real -, podendo ser investigado, de forma a apresentar o seu essencial (ou eidé). Esse último, de alguma maneira, será comum, ou partilhado como comum, pelos sujeitos em seu grupo social em todas as suas relações interpessoais.

No caso da área da Educação, os processos educacionais, tratados enquanto fenômenos sociais, são entendidos e valorizados como processos de construção individual - subjetiva -, porém, sempre envolvidos em relações socioeducativas que são objetivas em seu tempo- espaço histórico. Dessarte, o esforço para usar o conceito de variação eidética na observação do fenômeno educacional se dá na tentativa de buscar o que poderia ser o essencial (entendido como o “comum” no processo educativo) e que é partilhado pela maioria dos sujeitos que se encontram nas relações educativas. Utilizando as terminologias da filosofia fenomenológica, esses poderiam ser classificados como os “eidos” constituintes do fenômeno educacional como objetos das pesquisas realizadas pelo grupo de estudo sobre Educação Social e Pobreza.

Aparentemente, os fatos pesquisados se apresentam como “algo simples”, contudo, não é verdade. A observação do pesquisador, que se dedica a esse processo, é construída a partir de um rigoroso olhar diante da realidade, que passa por constantes momentos de questionamentos sobre o que está sendo observado e/ou vivenciado por ele no campo de investigação. Ao mesmo tempo, ele é convidado a ser capaz de diferenciar as etapas distintas da própria observação do fenômeno para chegar ao que se pressupõe como possível essência (em relação à doação de sentido dado pelo sujeito ao conhecimento da realidade como posto na Fenomenologia husserliana) do que está acontecendo naquele momento da pesquisa. Logo, a observação se apresenta, por si só, extremamente datada pelo tempo-espaço da pesquisa, pois o fenômeno, como experiência pontual da realidade observada, se manifesta e está em constante mudança e, não necessariamente, mostra a realidade do todo do educacional, mas sim parte do processo ou do fenômeno que está sendo investigado.

As pontuações realizadas não invalidam o pensamento de uma metodologia de investigação, a partir da Fenomenologia. Ao contrário, apontam os seus limites, da mesma forma que valorizam o recorte tempo-espaço-histórico com o qual o fenômeno que está sendo estudado se apresenta. Esse processo pode dar suporte para uma pesquisa contínua e, concomitantemente, detalhada sobre os processos educacionais que, por sua própria natureza, são de fluxo contínuo. Consequentemente, o exercício de construir essa metodologia de base fenomenológica - nas pesquisas sobre a Educação Social, as Representações Sociais e a Pobreza - se faz pertinente, uma vez que essas categorias são convidativas para pesquisas detalhadas, pontuais e de extensões temporais maiores.

O fenômeno como variação eidética, noema e noese: elementos de uma observação sistemática

Neste percurso, entende-se que o método vai se constituindo a partir de diversas reflexões sobre este tema (variação eidética) da Fenomenologia organizada por Husserl (1958; 1975). Como contributos para a reflexão do método, autores como Depraz (2011) e Ferreira (2015; 2020a; 2020b) são elementares para se entender os usos da Fenomenologia de Husserl nas pesquisas em Educação, que estão sendo realizadas por este grupo de pesquisa.

Seguindo a linha de raciocínio de uma Fenomenologia que possa ajudar a compreender os “eidos”, ou seja, a essência da experiência vivida, de forma pontual e temporal pelos sujeitos em seus campos de realidade, Depraz (2011), ao se aprofundar nesse aspecto, legitima a importância da variação das experiências factuais e na construção de uma fala sobre a variação (ou redução, como a autora coloca, em sua tradução do alemão) eidética.

Além da especificidade do gesto de se aproximar ou de se afastar, o que está em jogo na operação concreta da redução é a experiência de uma modificação de nossa relação com aquilo que nos cerca, mesmo de nossa relação conosco mesmos. Dando sentido, a minha percepção descubro a vivência, isto é, aquilo que ele representa para mim em um plano cognitivo e emocional; dessa forma faço surgir uma relação-a-si; diante de todos esses encontros factuais se aloja a sua essência, ou ainda sua qualidade única de verdade. (DEPRAZ, 2011, p. 38).

Nesses termos, ao observar, no campo de investigação, a variação (ou redução) eidética dos sujeitos nas suas experiências fenomenológicas, procura-se interromper o curso natural de pensamentos habituais, nas ações mais cotidianas. Desse modo, motiva-se uma possível “conversão do olhar”, termo utilizado pala autora, para designar o processo de variação eidética que se transforma como fundamental para o pesquisador que utiliza desses termos filosóficos.

Esse mecanismo de entender a realidade como um fenômeno e de tentativa de “desvelar” o seu eidos, passa a ser um dos processos de constituição de doação de sentido, como apregoado por Salanskis (2006) e desenvolvido pelo próprio Edmund Husserl (1975). A partir dessa busca, surge a possibilidade de uma reconquista do mundo, que passa pelo sentido que o indivíduo atribui, enquanto sujeito social, a esta mesma realidade. Nesse contexto, Depraz (2011, p. 40) infere que “o mundo não é exterior a mim mesmo, independente de meu modo de ser: ele possui um sentido para mim, ele me é dado em seu sentido antes que em seu ser”. A constituição da compreensão dos objetos e do mundo pelos sujeitos é realizada de maneira correlacionada com a atividade de redução - conforme apontada pela Fenomenologia - para alcançar, de forma transformada, uma visão sobre as realidades externas em si, independente ao sentido dado por mim mesmo.

Seguindo essa linha de raciocínio de Depraz (2011) a respeito da Fenomenologia, Ferreira (2015; 2020a) avança nas leituras desses autores sobre essa forma de entender como o conhecimento de doação de sentido realizado pelos sujeitos em seus processos de ensino- aprendizagem podem ser investigados e aproveitados como objeto para os diferentes tipos de análises das realidades educacionais.

Ao estudar o processo de variação (redução) eidética, Depraz (2011) ressalta um elemento importante a ser trabalhado no processo de busca dos eidos dos fenômenos expostos na filosofia de Husserl, que se pode denominar “espaços-sujeitos” da manifestação do fenômeno. Esse conceito nasce de dois pontos fundamentais, resultantes da constituição da variação eidética e que devem fazer parte da compreensão da realidade constituída como fenômeno para os sujeitos: o corpo (noema) e a carne (noese). Esses dois elementos são trazidos como espaços das experiências humanas vividas pelos sujeitos diante das realidades, sendo necessários para que possam realizar a conversão filosófica, ou seja, a transição para a consciência dos elementos reflexivos que auxiliarão na compreensão das razões e dos motivos da produção interna de doação de sentido da realidade que se encontra capturada na consciência dos sujeitos e dos seus grupos sociais. Como coloca Depraz (2011, p. 59),

[...] a percepção externa da coisa espacial é entendida como corpo objetivo, que se situa no plano de uma análise intencional estática de tipo noemático, enquanto a vivência interna da sensação experimentada em minha carne dá lugar à explicação da gênese sensível dessa vivência noética, carnal e íntima.

Esquadrinha-se, por conseguinte, uma possibilidade de entender o processo de busca da essência das conexões estabelecidas entre a “vivência subjetiva psicológica e a realidade nela apreendida” (cf. HUSSERL, 1958, p. 107) nas relações socias. Essa pode ser vista através do que Ferreira (2015) apresenta como estruturas que devem ser observadas - e trabalhadas

- no campo de investigação na área da Educação. O exercício descritivo do noema e da noese, presentes nas observações do campo educacional, pode levar à compreensão de uma variação eidética, conceito de base fenomenológica, posto na reflexão sobre a Educação.

Assim, Ferreira (2015, p. 8) busca organizar uma reflexão sobre as leituras de Husserl e dos seus interlocutores, construindo um caminho a ser utilizado como instrumento de observação em pesquisas em Educação e, de maneira mais específica, de abordagem psicossocial. As etapas propostas por esse autor se constituem da forma apresentada abaixo:

O noema é o aspecto objetivo da vivência, ou seja, a descrição da realidade tal qual ela pode ser entendida e captada pelos sentidos de cada pessoa, levando em consideração o seu tempo, espaço e história pessoal (e social). É o lado possível da consciência do indivíduo, diante do objeto (fenômeno) como ele se apresenta para o sujeito.

O noese corresponde ao aspecto subjetivo da vivência, constituído por todos os atos de compreensão que visam a apreender o objeto (fenômeno) vivido, tais como perceber, lembrar, sentir, entre outros. Assim sendo, o noese é a parte da vivência da realidade apresentada, na qual o sujeito poderá descrever as suas impressões, os seus sentimentos e outros elementos que a vivência desta realidade proporcionou a ele. O noese tem a ver com o corpo do indivíduo diante do fenômeno, possibilitando que o sujeito entre em contato com os sentimentos suscitados pelo fenômeno e/ou nomeie os afetos provocados pelas experiências, que fazem parte da construção do conhecimento da realidade.

A redução ou variação eidética (em grego, “eidos”, “oxéa”, entendido como “ideia”, “forma”, “visto”) é o processo pelo qual podemos levar à nossa consciência todas as variações ou formas possíveis que o objeto (fenômeno) é suscetível a sofrer. Em vista disso, o sujeito é convidado a imaginar as diferentes formas vivenciadas pelos outros, que compartilham desse mesmo fenômeno.

Na verdade, entende-se que Ferreira (2015) propõe uma reorganização dos elementos da categoria “variação eidética” de Husserl, refletidas pelos autores já citados ao longo deste texto, com o objetivo de construir um instrumento que auxilie os pesquisadores a pensar o campo de investigação da Educação como um fenômeno. Esse último, pensado tal qual o fundador da Fenomenologia (HUSSERL, 1958, p. 49) buscou desenvolver como conceito, ao longo de sua vasta produção filosófica.

Os elementos que constituem esses três movimentos propostos por Ferreira (2015) buscam construir um olhar fenomenológico sobre a realidade educacional com o objetivo de recolher um material a ser analisado, posteriormente, pelos investigadores em suas pesquisas. Ele não é um elemento de análise, e sim um método de organização daquilo que está sendo observado no campo de pesquisa. A partir do princípio de que os processos cognitivos são vividos pelos sujeitos como fenômenos, que buscam articular o grande problema proposto por Husserl de “doação de sentido do conhecimento do real”, a transcrição do que foi observado, a partir desses três olhares, pode promover nos sujeitos um exercício de experiência para além da realidade observada. E, ao utilizar outros elementos da psique humana - como a imaginação ou o deslocamento para o olhar do outro -, constrói-se, internamente, outros espaços de existência que podem somar-se a esta reflexão sobre o real investigado.

O emprego desta forma de pensar a Fenomenologia em pesquisas em Educação Social e situações de pobreza: conclusões sobre a aderência do uso deste método de investigação

A Fenomenologia, tal qual está sendo proposta por este artigo, é o início de uma postura investigativa e não o seu desfecho de análise e/ou possível conclusão de resultados de uma pesquisa. A partir do que está sendo exposto nesta reflexão, se encontra o desafio de associar formas de análises distintas que possam ser beneficiadas com esse olhar fenomenológico no campo da Educação. O esforço apresentado por Ferreira (2015; 2020ª; 2020b) está na possibilidade de utilizar a Fenomenologia, estabelecendo uma reflexão mais científica, sobre realidades que se encontram enraizadas em parâmetros da subjetividade das relações interpessoais, como é o caso da Educação.

O método redutivo fenomenológico e suas consequências buscam considerar a realidade de outra maneira a partir da experiência que ativa a consciência do ser em relação aos fenômenos. Nesse caso, a experiência é a modificação de nossa relação com aquilo que nos cerca, ou até mesmo, da nossa relação conosco. [...] Na verdade, diante de todos os encontros factuais que compõe a realidade se aloja a essência das coisas ou conforme nos propõe o método fenomenológico a qualidade única de verdade do mundo. (FERREIRA, 2020b, p. 132).

A organização dessa forma de observação e recolhimento do material para pesquisas no campo da Educação vem sendo expandida, seja nos contextos de Educação Social e nas práticas com os pobres (FERREIRA, 2020b), seja em contextos de estágio supervisionado em licenciaturas (FERREIRA, 2015). Da mesma forma, observa-se que esse método vem se tornando relevante e eficaz em várias investigações que, também, utilizam dessa metodologia em suas diferentes temáticas na área da Educação Social.

Lopes (2019) utiliza essa metodologia inspirada na Fenomenologia de Husserl, e organizada por Ferreira (2015; 2020a; 2020b), em uma pesquisa sobre pré-vestibulares sociais no Complexo do Salgueiro, no município de São Gonçalo-RJ. Nesse trabalho, os noemas relatados nos diários de campos ajudaram o pesquisador a entender, de maneira detalhada, as vivências que envolviam as práticas educativas dos pré-vestibulares. Ao mesmo tempo, os noeses, descritos nos moldes propostos anteriormente, ajudaram a diferenciar a experiência do pesquisador sobre a realidade observada, buscando um deslocamento do olhar do “outro” e da sua própria experiência dos fenômenos observados. E, por fim, com a redução eidética, o investigador foi capaz de comparar as demais vivências do campo, realizadas, tanto pelos educadores, quanto pelos educandos. O material descrito como um fenômeno vivido pelo pesquisador foi analisado a partir dos elementos da Pedagogia da Convivência de Jares (2008), de maneira mais específica, o processo de ‘Educação-para-paz’ que o mesmo autor propõe para o exercício pleno da educação como ferramenta de inclusão social.

Ao final, apresentaram-se, como conclusão, as motivações e os sentidos dados pelos sujeitos para a organização das práticas educativas não escolares. Elas se apresentaram, segundo as relações estabelecidas entre as formas em que os sujeitos conhecem a sua realidade de empobrecimento, assim como as necessidades e demandas dos diferentes grupos sociais em situação de vulnerabilidade social.

Em uma outra pesquisa, utilizando o estado da arte para compreender as representações sociais de pobreza nas pesquisas realizadas pelo Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão (GEPE) Fora da Sala de Aula, Dias (2019) utilizou a metodologia inspirada na Fenomenologia para selecionar - em um universo de 76 artigos publicados pelos pesquisadores do grupo sobre Pobreza e Educação - e entender os discursos trazidos sobre as referidas temáticas. Após ler os textos escolhidos, e tratar os resultados como um “fenômeno”, o autor procurou compreender os noemas (a descrição dos campos de pesquisas) e os noeses (os sentimentos do pesquisador, diante da realidade educacional de pobreza). Esse trabalho apresentou, como as próprias pesquisas podem mostrar, determinados conceitos comuns ou “eidos” sobre a temática da Pobreza, encontrados pelas diferentes investigações, mostrando elementos comuns, que qualificam a pobreza em distintos espaços-tempos históricos.

Dias e Lyra (2019), em uma investigação sobre práticas socioeducativas em espaços não escolares, utilizaram o método inspirado nos conceitos da Fenomenologia para entender e organizar os dados do campo de pesquisa. Os autores escolheram ressaltar os noemas como elementos importantes do fenômeno estudado. Isso proporcionou, para os resultados da pesquisa, determinados detalhamentos das realidades experienciadas pelos pesquisadores e os outros sujeitos da observação sistemática. Assim, foi possível fazer a análise baseada na Pedagogia da Convivência, de Xesús Jares (2008), e suas repercussões no atendimento aos pobres de São Gonçalo.

Em uma pesquisa acerca de práticas educativas com população em situação de rua, Silva (2020) se embasou no método de inspiração fenomenológica na observação das experiências vividas pelos educadores sociais de uma ONG, em Niterói-RJ. Dessa forma, ao utilizar os noemas e os noeses, presentes nas etapas de recolhimento dos dados propostos por esse método, o autor analisou, com ajuda do referencial teórico de Jares (2008), como os conflitos fazem parte das relações socioeducativas e como eles podem ser trabalhados de forma não produtiva na inclusão social dos sujeitos, nos grupos sociais em que eles se encontram, destoando dos objetivos principais propostos pela ação socioeducativa da própria ONG, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A utilização da Fenomenologia, proposta por esse método específico, também se faz presente em artigos publicados em revistas científicas na área de Educação e, com isso, passa a ser referendada como relevante pelos seus pares.

Lopes, Silva e Ferreira (2020) apresentam um artigo sobre a presença dos elementos da Pedagogia da Convivência, de Jares (2008), em práticas educativas em uma ONG, na periferia de São Gonçalo-RJ. Para isso, demonstram o uso da metodologia de observação de inspiração fenomenológica, para recolhimento e organização dos dados observados naquele território. A partir dos elementos propostos por esse método (noema, noese e variação eidética), os autores conseguiram evidenciar os elementos de diálogo, justiça e solidariedade como fundamentais para a construção de uma educação para paz, nos termos propostos pela análise realizada dentro do referencial teórico de Jares.

Da mesma forma, Lopes e Ferreira (2019) apresentam um artigo especificamente para mostrar a relevância do uso da Fenomenologia, nos termos descritos por este texto, para investigação na seara educacional em espaços não escolares. De fato, o referido estudo mostra, de forma exemplar, a utilização dos três movimentos esquadrinhados por Ferreira (2015), a partir da análise de Depraz (2011) e Husserl (1975). Portanto, com a explicação detalhada de cada um dos movimentos de compreensão da realidade como fenômeno, os autores comprovam o caráter de cientificidade que esse método pode trazer para a observação dos campos de pesquisa e como os seus elementos podem servir para diversos tipos de análise. Essa última será realizada a partir do aspecto com o qual o pesquisador se interessa em conhecer a realidade investigada, ou melhor dizendo, os sentidos dados pelo conhecimento da realidade de cada um dos sujeitos da pesquisa.

Enfim, ao terminar este momento reflexivo, não se pretende colocar um ponto final a esse transcurso aberto sobre os usos da Fenomenologia para a compreensão do campo do saber da educação social. Ao contrário, abrem-se novas possibilidades: tanto para a crítica daquilo que foi colocado até o presente momento, quanto para a utilização desses conteúdos em outros trabalhos de pesquisa em Educação, especialmente, na área das práticas educativas não escolares. Ao pensar sobre a filosofia fenomenológica de Husserl, o autor deste estudo teve a pretensão de utilizar alguns dos elementos dessa teoria, partindo do princípio que os processos cognitivos, escolares ou não, podem ser tratados como fenômenos sociais sendo produzidos, ao mesmo tempo, de forma subjetiva e se articulando de forma coletiva nos grupos sociais. Decompor, nomear e compreender as estruturas que organizam os fenômenos educacionais auxiliam no entendimento da essência (eidos) das realidades vivenciadas em determinados tempos-espaços históricos. Ou, como dizia Edmund Husserl (1958, p. 107), “a doação última de sentido por parte do conhecimento” entre educadores e educandos, nos processos de ensino-aprendizagem.

O esforço de organizar um método, com base na reflexão dos autores expostos neste texto acerca da Fenomenologia, vem, talvez, atender ao único objetivo possível deste texto: proporcionar aos pesquisadores das práticas educativas não escolares novas possibilidades de reconhecimento, observação e apreensão das realidades existentes em seus campos de atuações socioeducativas. Também é possível desenvolvê-las, a partir de bases científico- filosóficas que auxiliam nas diferentes análises realizadas pelos pesquisadores. Ao final, a Fenomenologia servirá, a cabo e ao fim, para profícuos debates em diversos campos do saber das Ciências Humanas, de maneira especial, aos campos da Pedagogia e da Educação Social.

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Recebido: 19 de Junho de 2021; Aceito: 03 de Novembro de 2021

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