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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.31 no.57 Florianópolis jan./mar 2019  Epub 15-Out-2019

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e54320 

Porta Aberta

Corrida orientada: estratégia para avaliação dos conteúdos da Educação Física escolar

Guided race: a strategy for Physical Education content evaluation at school

Corrida orientada: estrategia para la evaluación de contenidos de la Educación Física escola

Juliana Regina Silva Guimarães1 
http://orcid.org/0000-0002-2564-8239

Alexandra Folle2 
http://orcid.org/0000-0001-8972-6075

Monica Bredun da Veiga3 
http://orcid.org/0000-0002-7149-367X

1Mestre em Ciências do Movimento Humano Instituto Federal de Santa Catarina, Itajaí, Brasil julianarsguimaraes@gmail.com

2Doutora em Educação Física Universidade do Estado de Santa Catarina, Departamento de Educação Física, Florianópolis, Brasil afolle_12@hotmail.com

3Mestre em Ciências do Movimento Humano Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil monicaedfisica@gmail.com


RESUMO

O objetivo deste estudo foi relatar uma experiência de utilização da corrida orientada enquanto estratégia de avaliação dos conteúdos da Educação Física Escolar. A experiência foi desenvolvida com alunos do 8º e 9º ano do Ensino Fundamental de uma escola municipal de São José (SC). A avaliação da aprendizagem dos conteúdos foi realizada a partir de uma prova escrita, aplicada por meio da corrida orientada. Os alunos se envolveram ativamente na avaliação, fizeram debates e trocaram experiência sobre as respostas. Além disso, os estudantes foram incluídos nas decisões do processo avaliativo, possibilitando maior autonomia a estes. Conclui-se que esta experiência da avaliação se mostrou bastante pertinente, dinamizando o processo avaliativo.

PALAVRAS-CHAVE: Avaliação educacional; Ensino fundamental; Educação física e treinamento

ABSTRACT

This article goal is to report an experience of the use of a guided race as a strategy to evaluate the content of Physical Education at school. The experiment was carried out with 8th and 9th grade students from a public school at São José (SC). The evaluation of learning content was done by a written test, using the guided race as strategy. Students were actively involved in the assessment, debating and exchanging experiences on the answers. In addition, students were included in the decisions of the evaluation process, allowing greater autonomy. It is concluded that this evaluation experience was very relevant, stimulating the evaluation process.

KEYWORDS: Educational evaluation; Primary school; Physical education and Training

RESUMEN

El objetivo de este estudio fue relatar una experiencia de la utilización de la carrera orientada como estrategia de evaluación de los contenidos de la Educación Física Escolar. La experiencia fue desarrollada con alumnos del 8º y 9º año de la Educación Primaria de una escuela municipal de San José (SC). La evaluación del aprendizaje de contenidos se realizó a partir de una prueba escrita, aplicada a través de la carrera orientada. Los alumnos participaron activamente en la evaluación, hicieron debates e intercambiaron experiencias sobre las respuestas. Además, los estudiantes fueron incluidos en las decisiones del proceso de evaluación posibilitandoles mayor autonomía. Se concluye que esta experiencia de evaluación demostró ser bastante adecuada, dinamizando el proceso evaluativo

PALABRAS-CLAVE: Evaluación educativa; Educación primaria; Educación física y entrenamiento

INTRODUÇÃO

A avaliação se refere à forma de obtenção de informações necessárias sobre o desempenho dos estudantes, considerando-se um conjunto de trabalhos e atividades utilizados para averiguar como o educando está abstraindo um determinando conteúdo proposto, ou seja, a avaliação é uma reguladora do processo de ensino e aprendizagem (GONÇALVES; ALBUQUERQUE; ARANHA, 2008). Entretanto, além de estabelecer um parâmetro de quanto o discente alcançou ou avançou nos conceitos desenvolvidos, o docente tem por objetivo, com base nos processos avaliativos, a reorganização ou a continuidade de seu trabalho (PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010).

Compreende-se que a criança passa grande parte da sua vida na escola, sendo assim é neste ambiente que as transformações individuais e sociais acontecem, mesmo considerando as grandes influências do contexto familiar. Neste contexto, reconhece-se que a avaliação é um processo complexo, uma vez que não se pode considerar apenas o desempenho momentâneo do estudante, uma vez que cada aluno chega na escola com um determinado nível de conhecimento, carregando experiências e características individuais diferentes (DARIDO, 2011). Portanto, a avaliação no cotidiano escolar deve observar, analisar e conceituar diversos componentes da conduta humana, além de reconhecer, diagnosticar, desenvolver e valorizar a expressão individual, a cultura própria e a manifestação de afetividade, como um meio para a aprendizagem e para a formação integral do estudante (BRATIFISCHE, 2008; DARIDO, 2011).

Neste sentido, a reflexão sobre as práticas avaliativas deve ser uma ação constante dentro da prática pedagógica do professor, haja vista que, por meio da avaliação, o docente pode ressignificar sua prática, produzir diferentes e novos caminhos para a aquisição de conhecimentos, além de possibilitar que os alunos expressem sua aprendizagem, a partir de diferentes linguagens, seja ela escrita, falada ou corporal (DARIDO, 2011). Neste cenário, ao avaliar, o professor tem que deixar claro aos estudantes os critérios e os instrumentos que serão utilizados, indicando o lugar que os discentes ocupam no processo avaliativo, além dos objetivos e das metas a serem alcançados (GONÇALVEZ; ALBUQUERQUE; ARANHA, 2008). Quanto aos instrumentos, é sugerido o uso de registros sistemáticos em fichários cumulativos, nos quais os alunos podem analisar seu próprio desempenho no processo, realizando uma autoavaliação. Além disso, os estudantes podem ser avaliados de forma sistemática, por meio das situações de aulas, perguntas e respostas formuladas durante as atividades, ou de forma específica em provas, trabalhos, pesquisas, relatórios etc. (DARIDO, 2011). Ao que se refere aos critérios, estes devem ser formulados de acordo com os conteúdos desenvolvidos, estando de acordo com os objetivos propostos no planejamento para o processo de aprendizagem dos estudantes (PALMA; OLIVEIRA; PALMA, 2010).

Desta forma, considerando que os conteúdos contemplem as três dimensões dos conteúdos: conceitual, referente ao saber e aos conceitos ligados aos conteúdos (por exemplo: no caso do esporte, o ensino das regras, das técnicas e dos dados históricos das modalidades); procedimental, correspondente ao saber fazer, as habilidades e as capacidades motoras (por exemplo: no esporte, os fundamentos técnicos e táticos das modalidades); atitudinal, alusivo ao saber ser, as normas, os valores e as atitudes (por exemplo: no esporte, o respeito às regras, a reflexão em torno da violência nos ginásios e nos estádios esportivos, o cooperar com o outro) (GALVÃO, 2002; DARIDO, 2011). Na prática do professor não há como separar os conteúdos na dimensão conceitual, atitudinal e procedimental, o docente apenas pode dar ênfases em determinadas dimensões, de acordo com o objetivo da aula (DARIDO, 2005). Sendo assim, a avaliação, apesar de dar ênfase nas dimensões focalizadas nos objetivos do professor, deve visar oportunizar que os alunos demonstrem seus conhecimentos nas três dimensões de cada conteúdo.

Neste cenário, evidencia-se que a avaliação vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões na área da Educação Física. Todavia, observa-se ainda que poucos estudos e experiências têm sido relatados, no sentido de auxiliar os professores na busca constante pelo aprimoramento deste processo (NOVAES; FERREIRA; MELLO, 2014). Desta forma, ao reconhecer a importância da diversificação dos critérios, dos instrumentos e das estratégias avaliativas, o objetivo deste relato de experiência é descrever uma experiência de utilização da corrida orientada enquanto estratégia de avaliação dos conteúdos da Educação Física Escolar.

O CONTEXTO DA EXPERIÊNCIA

A experiência pedagógica, do processo avaliativo na disciplina de Educação Física, a ser relatada, foi realizada no ano de 2016, em uma escola pública municipal (Centro de Educação Municipal São Luiz - CEMSL), da cidade de São José (SC), com alunos do 8º e do 9º ano do Ensino Fundamental. No início do ano letivo foi elaborado o planejamento da disciplina de Educação Física, tanto no que diz respeito aos objetivos e aos conteúdos quanto às estratégias de ensino e de avaliação, refletindo-se especialmente em inovar nos instrumentos e nos processos avaliativos, em virtude das exigências avaliativas da rede de ensino (SÃO JOSÉ, 2000) e da escola (SÃO JOSÉ, 2016). Neste cenário, evidencia-se que o planejamento foi desenvolvido em cima da Proposta Pedagógica para a disciplina de Educação Física da rede municipal de educação de São José (SC), bem como do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.

De acordo com a Proposta Pedagógica do município (SÃO JOSÉ, 2000), a disciplina de Educação Física assume um papel significativo na construção dos educandos, pois se apresenta como responsável pelo estudo do movimento como um todo, ultrapassando as condições da performance, seja individual ou coletiva, e projetando-se para uma consciência mais participativa e cooperativa, portanto cidadã. Além disso, entende este movimento como uma possibilidade de compreender o mundo pela ação ou como um diálogo entre o homem e o mundo. A proposta curricular do município é pautada na Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano de Urie Bronfenbrenner e no Paradigma da Inteligência Motora, proposto por Ruy Jornada Krebs (SÃO JOSÉ, 2000; KREBS, 2011). Além disso, destaca-se que a proposta curricular foi atualizada no Caderno Pedagógico organizado por Krebs e Ramalho (2011), o qual conta com capítulos escritos pela equipe de coordenadores pedagógicos e professores de Educação Física da rede.

Neste contexto, segundo Krebs (2011) ao iniciar o planejamento das aulas de Educação Física, o professor deve traçar suas metas partindo do princípio dos conceitos chaves da individualidade (estímulo interno, depende das experiências do aluno) e sociabilidade (estímulo externo, depende do ambiente). Neste caso, ao trabalhar com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, deve-se considerar que estes estão na fase das habilidades motoras especializadas. Sendo assim, a rede propõe a seguinte divisão de conteúdos para este etapa da Educação Básica: fundamentos da aprendizagem coletiva; aprofundamento da aprendizagem coletiva; fundamentos da aprendizagem especializada; aprofundamento da aprendizagem individualizada (KREBS, 2011). No que se refere à avaliação, a rede de ensino considera esta como uma das partes mais relevantes do processo, pois somente a partir dela o professor terá um parâmetro se atingiu os objetivos de seu planejamento. Portanto, para a avaliação, o docente pode utilizar os seguintes procedimentos: diários de campo, testes padronizados, testes teóricos e sociogramas (KREBS, 2011).

A escola em que ocorreu a experiência, apresentada neste relato, funciona nos turnos matutino e vespertino, sendo uma escola de ensino integral com turmas do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Fica localizada em área urbana e possui nove turmas (uma para cada ano escolar) e 177 alunos. Segundo o PPP da Escola (CEMSL, 2016), a avaliação deve ser autêntica, dinâmica, participativa e inclusiva, bem como ser desenvolvida nos diversos ambientes da escola e ser realizada por meio de registros observacionais, sistematizados, relatórios descritivos, auto-avaliação e testes escritos.

A professora de Educação Física que conduziu o processo pedagógico é formada em Educação Física e mestranda em Ciências do Movimento Humano, possuindo cinco anos de experiência profissional na Educação Básica. Porém, por ser professora Admitida em Caráter Temporário, estava, em 2016, tendo seu primeiro contato com a rede de ensino, a escola e as turmas participantes da experiência.

Participaram da experiência 12 alunos de uma turma de 8º ano (média de idade de 14 anos) e 10 alunos de uma turma de 9º ano (média de idade de 15 anos) do Ensino Fundamental. As turmas possuíam três aulas semanais de Educação Física, com duração de 45 minutos cada. A dinâmica das aulas envolvia aulas práticas, realizadas em diversos espaços da escola (quadra, pátio, sala de jogos, sala de vídeo etc.). As dimensões conceitual, atitudinal e procedimental dos conteúdos foram ensinadas a partir de atividades práticas, em diversos ambientes da escola.

No que tange aos conteúdos desenvolvidos (quadro 1), destaca-se o trabalho com aptidão física relacionada à saúde, esportes (handbeach, basquetebol, vôlei, futebol) e práticas corporais de aventura (urbanas).

Quadro 1 Descrição dos conteúdos desenvolvidos por bimestre. 

Bimestre
Conteúdos Handbeach
Aptidão física relacionada à saúde
Basquetebol
Aptidão física relacionada à saúde
Práticas corporais de aventura (urbanas) Vôlei
Futebol

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017.

Reforça-se ainda que estes conteúdos foram trabalhados em suas dimensões conceitual (o que se deve saber), procedimental (o que se deve saber fazer) e atitudinal (como se deve ser) (DARIDO, 2011). Por sua vez, o ensino de cada grupo de conteúdos envolveu as estratégias apresentadas no quadro 2.

Quadro 2 Estratégias de ensino utilizadas para o ensino dos conteúdos na Educação Física Escolar. 

Aptidão física relacionada à saúde Esportes Práticas corporais de aventura
Treinamento funcional Jogos pré-desportivos, jogos tradicionais, jogos situacionais, jogo formal Circuitos, estações, brincadeiras
Pesquisa na internet sobre conceitos de: resistência física, resistência muscular, força muscular, flexibilidade, composição corporal Pesquisa na internet sobre histórico, fundamentos, principais equipes, jogadores, posicionamento, estratégias de ataque e defesa Pesquisa na internet sobre histórico das modalidades, locais de prática, equipamentos, objetivos, motivos para se praticar e entendimento dos riscos para cada modalidade

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017.

Para exemplificar algumas estratégias adotadas, esclarece-se que o ensino da aptidão física foi conduzido por meio da execução de exercícios físicos (ex: abdominal, prancha, burpee, polichinelo, corrida, equilíbrio sobre plataforma, equilíbrio sobre um membro inferior, etc.). Tais exercícios estiveram pautados no treinamento funcional (em forma de circuitos), em que os alunos tiveram a oportunidade de aprender estratégias práticas para desenvolvimento da aptidão física, ao mesmo tempo que debatiam e refletiam sobre os conceitos a ela inerentes (força muscular, resistência muscular, resistência física, flexibilidade, composição corporal e equilíbrio) e sua importância para saúde (BASTOS et al., 2016).

Os esportes foram ensinados por meio de jogos (pré-desportivos, tradicionais, situacionais, formal), visando o ensino para a compreensão dos componentes táticos e da lógica interna destes (cooperação, oposição, alvo a atingir e a defender etc.), evitando assim, uma aprendizagem fragmentada por meio de exercícios analíticos que privilegiam o ensino dos componentes técnicos em situações que não correspondem à realidade das diferentes modalidades esportivas (GALATTI; PAES, 2007; GALATTI et al., 2008). Por sua vez, as práticas corporais de aventura se caracterizam como conteúdos inovadores e diferenciados no ambiente escolar, surgindo neste espaço como um rompimento de paradigmas das práticas esportivas. Desta forma, os docentes precisam considerar que os alunos devem e têm o direito de receber outros conhecimentos da cultura corporal de movimento, para que assim possam ampliar seus acervos de conhecimentos, experiências e possibilidades de escolha (PAIXÃO, 2017). Neste cenário, as modalidades das práticas corporais de aventura (skate, parkour e slackline) foram desenvolvidas primeiramente de forma individual, considerando as dificuldades de cada aluno e aumentando o grau de complexidade no decorrer das aulas. Além disso, ao final de cada unidade temática eram praticadas atividades criadas pela própria turma, relativas às modalidades aprendidas.

Neste sentido, destaca-se que tanto nos três exemplos efetivados quanto nas demais estratégias de ensino adotadas na disciplina, buscou-se constantemente proporcionar, aos estudantes, estratégias que favorecessem a aquisição de competências (conhecimentos, habilidades, atitudes) nas dimensões procedimentais, conceituais e atitudinais dos conteúdos (BARROSO; DARIDO, 2009). Além disso, as estratégias foram adotadas, reconhecendo-se que não basta ensinar aos estudantes apenas técnicas e estimulação motora, é preciso ir além e ensinar o contexto em que se apresentam as habilidades ensinadas, integrando os estudantes na esfera da cultura corporal (DARIDO, 2011).

A avaliação, das dimensões procedimental e atitudinal, realizada pela professora, envolveu o uso de instrumentos como observação e registro da evolução dos alunos em termos de competências demonstradas em torno dos conteúdos desenvolvidos, enquanto a avaliação da dimensão conceitual foi conduzida por meio de prova escrita. Além disso, enfatiza-se que os alunos tiveram a oportunidade de avaliar seu desenvolvimento, nas três dimensões dos conteúdos, a partir da autoavaliação.

Neste cenário, ao buscar adequar a avaliação às normas institucionais da escola (SÃO JOSÉ, 2016) e da rede de ensino (SÃO JOSÉ, 2000), bem como ao visar que o processo avaliativo fosse ao encontro dos indicativos de Darido (2011), de que a avaliação deve buscar avaliar a aquisição de competências demonstrada pelos alunos, em relação às práticas corporais, em diferentes linguagens (corporal, escrita, falada), pretendeu-se, ao longo do ano letivo, buscar estratégias avaliativas (para as avaliações escritas) mais dinâmicas e atrativas, que rompessem com a estrutura tradicional das provas escritas, em sala de aula, as quais serão elucidadas a seguir.

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O processo avaliativo, apresentado neste relato de experiência, reconhece que a avaliação da aprendizagem deve abranger as três dimensões dos conteúdos: conceitual (conhecimentos), procedimental (habilidades motoras e capacidades físicas) e atitudinal (valores) (BARROSO; DARIDO, 2009; RODRIGUES; DARIDO, 2008), averiguando-se a capacidade do aluno em expressar suas competências relativas às práticas corporais em diferentes linguagens: corporal, escrita e falada (MATTHIESEN et al., 2008; DARIDO, 2011). Neste sentido, o ano letivo, do ensino da Educação Física com alunos dos anos finais do Ensino Fundamental na rede de ensino relatada, apresentou-se como um grande desafio, tornando necessária a busca pela inovação da prática da avaliação da aprendizagem dos alunos e exigindo criatividade e iniciativa por parte da professora. Assim, no primeiro bimestre, com aplicação de um trabalho teórico em que os estudantes deveriam apresentá-lo com atividades práticas, teve-se a primeira experiência com o intuito de dinamizar a avaliação e motivar os alunos para a realização das provas escritas. Todavia, a experiência mais significativa começou a ocorrer a partir do segundo bimestre letivo.

Para dinamizar o momento da avaliação nos semestres seguintes, facilitando as possibilidades para que os estudantes demonstrarem sua aprendizagem, selecionou-se uma estratégia diferenciada para a efetivação da prova. Neste caso, optou-se pela realização de uma corrida orientada, envolvendo a aplicação de uma prova escrita, a qual tinha como objetivo avaliar as competências adquiridas pelos alunos em relação aos conteúdos de basquetebol e aptidão física relacionada à saúde. Além disso, com esta estratégia visava-se possibilitar aos estudantes que estes pudessem demonstrar sua aprendizagem por meio tanto da linguagem escrita (leitura e anotação de respostas às questões) e da linguagem falada (discussão entre os alunos das possíveis respostas a serem fornecidas) quanto da linguagem corporal (prática da corrida de orientação).

Para compreensão deste cenário, enfatiza-se que a corrida orientada é uma competição praticada por equipes de três a cinco pessoas, em meio à natureza, superando os obstáculos naturais, com objetivo de percorrer um determinado percurso no menor tempo possível. Sendo assim, as equipes devem percorrer os postos de controle que estão dispostos de forma estratégica, obrigatoriamente em determinada ordem que servem para marcar a passagem dos participantes (PEREIRA; ARMBRUST, 2010). Além disso, no ambiente escolar, a corrida orientada pode ser utilizada como uma estratégia de ensino ou de interdisciplinaridade, relacionando outras disciplinas (matemática, história, geografia, português etc.) e o meio ambiente, além de favorecer o desenvolvimento de resistência aeróbia dos estudantes, sendo um campo inovador para a intervenção docente (PAIXÃO, 2017). Todavia, para além de um conteúdo da Educação Física e de uma estratégia de ensino, nesta experiência ela foi utilizada como uma estratégia para o processo avaliativo.

Na organização da dinâmica da atividade previu-se uma aula de 45 minutos para a realização da prova por cada turma. Contudo, o número de questões (10) e a dinâmica de desenvolvimento da corrida orientada exigiram que a duração da avaliação durasse duas aulas consecutivas, solicitando-se assim ao professor da aula seguinte que liberasse os alunos para finalizá-la. As 10 questões da prova foram separadas uma a uma, guardadas em envelopes individuais e espalhadas pela escola em diversos locais (biblioteca, direção, quadra esportiva, portão de entrada e saída, refeitório, sala de jogos, banheiro, bebedouro, mesa das auxiliares de ensino, sala de jogos, sala de vídeo, muros da escola e mezanino). Os locais onde os envelopes foram escondidos foram escolhidos estrategicamente, fazendo com que os alunos tivessem contato com os diversos setores e funcionários da escola.

Antes de iniciar a corrida orientada, os alunos receberam as instruções para realização da prova, quais sejam: 1) ao sair da sala de aula a professora começaria a cronometrar o tempo de realização da prova pelo grupo; 2) procurar os locais onde os envelopes com as questões da prova estavam escondidos, na sequência da 1ª a 10ª; 3) permanecer todo o grupo sempre junto; 4) possibilidade de consultar os materiais pessoais da disciplina e pesquisar na internet via celulares; 5) retornar à sala ao final de respondidas às 10 questões, momento em que a professora parava o cronômetro; 6) vencia a corrida orientada o grupo que terminasse a prova e voltasse para a sala de aula no menor tempo. Nesta perspectiva, para motivar os alunos, além da nota da prova que receberiam em grupo, era feito um ranking dos grupos, sendo que o vencedor recebia 1,5 pontos, o segundo 1 ponto e o terceiro 0,5 pontos somados a nota final da prova.

Neste contexto, as turmas, cada uma em seu horário de aula, foram divididas em grupos de três a quatro alunos, sendo que cada grupo saiu da sala de aula, um de cada vez, enquanto os demais permaneceram em sala de aula, aguardando a sua vez. Cada grupo recebeu uma folha de respostas da prova e 10 charadas, sequenciais, correspondentes a cada local onde as questões da prova estavam escondidas (ex: foco e concentração - biblioteca; basta por os pés no furo para subir - muro; entre tantas mesas e bancos sempre há uma surpresa - refeitório).

Na dinâmica da corrida orientada, ao encontrar o primeiro envelope, o grupo, em conjunto, deveria ler, discutir e procurar em seus materiais as possibilidades de respostas para a questão e responder na folha de resposta o que consideraram ser o mais viável para a pergunta formulada. Após responder a primeira pergunta deveriam procurar o envelope, contendo a segunda questão, assim sucessivamente.

Os pontos positivos desta estratégia avaliativa envolveram a cooperação da equipe, as discussões sobre os conteúdos desenvolvidos, a utilização de outros espaços da escola, a integração dos alunos com outros funcionários, além da quebra de paradigmas acerca da prova, enquanto os pontos negativos corresponderam ao número grande de questões e ao nível difícil da prova, pois demandou muito tempo de realização dos grupos, tendo passado do período estimado para realização da atividade.

Quando iniciou o terceiro bimestre, os alunos já questionaram qual seria a data da prova, pois estavam ansiosos para o dia da avaliação. Foi uma grande surpresa a atitude positiva deles, pois os discentes estavam muito entusiasmados e até mais motivados para participação nas aulas, alguns anotavam os conceitos e sugeriam ideias de perguntas para prova. Neste período a turma recebeu um aluno novo na escola e o primeiro comentário deles foi “a prova da professora é muito legal”.

Nesta perspectiva, ao observar a disposição dos alunos para realizar a prova escrita no segundo bimestre e ao buscar superar as dificuldades encontradas na primeira experiência, no terceiro bimestre reduziu-se o número de questões da prova para seis, neste período foi desenvolvido o conteúdo de práticas corporais de aventura urbanas (skate, slackline e parkour), foi muito relevante à aplicação deste conteúdo, porque era algo que os estudantes não tinham tido contato ainda na escola. Ao que se refere à aplicação desta prova, devido a redução do número de questões, pode-se dificultar um pouco mais as charadas e os esconderijos dos envelopes, colocando-os em muros e árvores, pois os estudantes já conheciam a dinâmica da corrida orientada. Além disso, nesta corrida os grupos receberam apenas a primeira charada, as demais estavam escondidas junto com as perguntas, sendo assim, os grupos foram recebendo as orientações fragmentadas por etapas.

Por sua vez, no quarto e último bimestre, tentando evoluir na aplicação desta estratégia, ao invés da professora elaborar as questões da prova como ocorreu nos bimestres anteriores, os próprios estudantes elaboraram as perguntas da prova e as charadas para encontrar os envelopes. Foram destinadas duas aulas, uma para revisão dos conteúdos desenvolvidos e outra para que os grupos se reunissem e montassem as provas e as charadas. Os critérios de elaboração foram: mínimo de dez perguntas e charadas; contemplar todos os conteúdos trabalhados durante o ano. A professora selecionou seis perguntas e charadas de cada grupo de cada turma, tornando-se uma mediadora do processo ao auxiliar os alunos na construção e na aplicação das tarefas.

No dia combinado para a prova, os alunos estavam ansiosos para a aplicação da avaliação aos colegas. Sendo assim, o grupo que estava aplicando a prova fez a distribuição dos envelopes pela escola e, assim que tudo estava organizado, acompanharam os colegas na realização da corrida. Destaca-se a observação da postura dos alunos, em que, ao final da aula, um discente entrou na sala dizendo: “hoje estou me sentindo professor”.

A participação dos estudantes em todo o processo, em especial no momento de avaliação adotada no final da experiência, visou possibilitar o que Darido (2011) enfatiza como crucial para o processo ensino e aprendizagem. Para a autora, as decisões em torno das estratégias avaliativas devem ser tomadas em conjunto entre professor e alunos, com cada um assumindo responsabilidade no processo de definição dos instrumentos e dos critérios de avaliação. Além de aumentar a autoestima do aluno e desenvolver a autonomia, haja vista que ele participa do processo avaliativo do ensino que lhe foi oferecido.

OS RESULTADOS DA EXPERIÊNCIA AVALIATIVA NA EDUCAÇÃO FÍSICA

Destaca-se que na primeira aula em que foi dito aos alunos sobre a realização de uma prova discursiva para avaliação dos conteúdos, a reação deles foi negativa, pois no entendimento dos discentes na disciplina de Educação Física para ser ter uma boa nota basta participar das aulas. Portanto, partiu-se do princípio de explicar detalhadamente para os estudantes, as dimensões dos conteúdos que seriam avaliadas (conceituais, atitudinais, procedimentais), em uma linguagem compreensível para eles. Desta forma, conforme as explanações sobre porque avaliar e, principalmente, como avaliar avançava, crescia a expectativa dos alunos pela realização da prova. Com toda a expectativa acerca da avaliação, cresceu também o interesse nas aulas, para que houvesse uma real apropriação dos conhecimentos.

Na primeira avaliação, por meio da corrida de orientação, os alunos se envolveram ativamente, fizeram variados debates e trocaram experiência sobre suas respostas. Depois da realização da avaliação de todos os grupos, os discentes comentaram sobre facilidades e dificuldades na busca das respostas. Além disso, demonstraram-se motivados com a prova, solicitando aos professores de outras disciplinas que adotassem novas estratégias de avaliação.

Neste contexto, através da observação da realização da estratégia, a supervisora pedagógica levou para pauta, de discussões em reunião, a dinamização das estratégias de avaliação, sendo apresentados aos demais docentes os resultados obtidos pelos alunos, tanto em rendimento escolar quanto em motivação para novos aprendizados, uma vez que estes passaram a compreender que tudo que se ensina tem aplicação na vida cotidiana. Os professores que participaram desta discussão aceitaram as sugestões e alguns colocaram em prática outras estratégias avaliativas ao longo do ano.

Para avaliar esta estratégia foi solicitado aos alunos que escrevessem em poucas palavras o que sentiam em relação às provas que estavam fazendo na disciplina de Educação Física, constatando-se que houve boa aceitação por parte destes, pois os feedbacks foram extremamente positivos (quadro 3).

Quadro 3 Comentários dos alunos sobre as provas de Educação Física. 

Comentários
“Adorei a prova, vai ter de novo?”.
“Nunca tive uma aula assim esse ano nós sabemos que a Educação Física não é só futebol”.
“Valeu por dar essa oportunidade incrível de fazermos algo diferente”.
“Espero ter mais provas assim, gostei muito”.
“Aulas maravilhosas, nunca imaginei que prova poderia ser algo divertido!”.
“Diga para os outros professores fazerem provas diferentes”.
“Posso resumir tudo em uma palavra: maravilhoso”.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2017.

O resultado obtido da estratégia adotada foi muito positivo para a Educação Física Escolar, uma vez que apresenta nova perspectiva para dinamizar o processo avaliativo. Segundo Tahara, Cagliari e Darido (2017) conseguir inserir novas estratégias de forma produtiva no processo educativo é um grande desafio para os docentes, pois estas inovações proporcionam aos alunos novas possibilidades de aprendizagens, enriquecendo outras estratégias para ensinar e avaliar os conteúdos da Educação Física Escolar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente relato visou apresentar uma experiência para o processo avaliativo na Educação Física Escolar, a qual necessitou se adequar as exigências da instituição a que estava atrelada, bem como visou tornar a avaliação um momento de reflexão sobre a inserção de novas estratégias no processo de ensinar e aprender.

A experiência da avaliação escrita por meio da corrida de orientação se mostrou bastante pertinente para a Educação Física Escolar, pois trouxe novas perspectivas para o ambiente escolar, dinamizando o processo avaliativo. Além disso, os educandos participaram do processo, possibilitando maior autonomia a estes. Quanto aos aspectos negativos, observou-se que o número excessivo número de perguntas na primeira experiência, fazendo com que a realização da prova excedesse ao período da aula de Educação Física.

Sugere-se que o professor, para utilizar esta estratégia, tenha parceria com outros funcionários da escola, para que, enquanto o docente acompanhe o grupo que está realizando a prova, tenha um adulto em sala com os demais. Além disso, em instituições que possuam turmas com grande número de alunos, pode-se reduzir o número de questões e facilitar o trajeto da corrida, para que todos consigam concluí-la ou selecionar locais e charadas diferenciadas para cada grupo de alunos (separando, por exemplo, os envelopes correspondentes a cada grupo por cores) para que todos realizem a corrida de orientação/prova ao mesmo tempo. Não se indica mais do que quatro alunos por grupo, pois a avaliação não será fidedigna, uma vez que em grupos muito grandes nem todos terão chances iguais de participação nas discussões em torno das respostas.

AGRADECIMENTOS

Agradecimento a Secretaria Municipal de Educação de São José (SC).

REFERÊNCIAS

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

Recebido: 01 de Novembro de 2017; Aceito: 01 de Abril de 2018

Concepção do manuscrito: J.R.S. Guimarães, A. Folle

Discussão dos resultados: J.R.S. Guimarães

Produção do texto: J.R.S. Guimarães, M.B. Veiga

Revisão e aprovação: A. Folle

EDITORES

Mauricio Roberto da Silva, Giovani de Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira.

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