SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 número60Era uma vez um ministério do esporte...: seu financiamento e gasto nos governos Lula, Dilma e TemerPolítica nacional do esporte: as consequências do desmonte do ministério do esporte índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Compartilhar


Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.31 no.60 Florianópolis out./dez 2019  Epub 05-Dez-2019

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e66834 

Seção Temática

As representações sociais sobre a extinção do ministério do esporte para os usuários do twitter: um estudo netnográfico

The social representations about the extinction of the ministry of sport for the twitter users: a netnography study

Las representaciones sociales sobre la extinción del ministerio del deporte para usuarios de twitter: un estudio netnográfico

Diego Petyk de Sousa1 
http://orcid.org/0000-0002-2234-7342

Érica Fernanda de Paula2 
http://orcid.org/0000-0002-3702-3156

Fabiana Pelinson3 
http://orcid.org/0000-0003-1928-8414

Alfredo Cesar Antunes4 
http://orcid.org/0000-0001-9446-5316

Constantino Ribeiro de Oliveira Junior5 
http://orcid.org/0000-0003-0577-5262

1Doutorando em Ciências Sociais Aplicadas (UEPG) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Departamento de Educação Física, Ponta Grossa, Brasil diegopetyk@uol.com.br

2Doutoranda em Ciências Sociais Aplicadas (UEPG) Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Educação Física, Ponta Grossa, Brasil erydepaula@hotmail.com

3Doutoranda em Ciências Sociais Aplicadas (UEPG) Instituto Superior do Litoral do Paraná (ISULPAR), Paranaguá, Brasil fabianapelinson@gmail.com

4Doutor em Educação Física (UNICAMP) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Departamento de Educação Física, Ponta Grossa, Brasil alfredo.cesar@hotmail.com

5Doutor em Educação Física (UNICAMP) Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Departamento de Educação Física, Ponta Grossa, Brasil constantino@uepg.br


RESUMO

Considerando o anúncio da extinção do Ministério do Esporte, realizado em 31 de outubro de 2018 por Jair Bolsonaro, diferentes opiniões e manifestações eclodiram no ciberespaço entre outubro de 2018 a junho de 2019. Objetivamos nesse artigo identificar as Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter. Para tanto, utilizamos os procedimentos teórico-metodológicos da Teoria das Representações Sociais, aliados às discussões sobre cibercultura e netnografia. Para a análise dos dados, recorremos ao software Iramuteq. Desse modo, identificamos como núcleo central da Representação Social o termo Bolsonaro. Entre as Representações Sociais, percebemos que, para os usuários do Twitter, existe uma culpabilização ao Bolsonaro e seus apoiadores, entre eles alguns atletas de alto rendimento, principalmente provenientes do Voleibol, além de uma preocupação com possíveis consequências da gestão Bolsonaro ao esporte brasileiro.

PALAVRAS-CHAVE: Ministério do esporte; Representações sociais; Netnografia; Twitter

ABSTRACT

On October 31, 2018, the President Jair Bolsonaro announced of the extinction of the Ministry of Sport, leading to the emergence of different opinions and manifestations in cyberspace between October 2018 and June 2019. In this article we aim to identify the Social Representations about the extinction of the Ministry of Sports for Twitter users. For this purpose, we use the theoretical-methodological procedures of the Theory of Social Representations allied to discussions about cyberculture and netnography and for the data analysis we used the Iramuteq software. Therefore, we identified the term Bolsonaro as the central nucleus of the Social Representation. Among the social representations we realized that, for the Twitter users, there is a phenomenon of blaming of Bolsonaro and its supporters, as some of the high-performance athletes, mainly from Volleyball, besides a concern with the possible consequences of the Bolsonaro management to Brazilian sport.

KEYWORDS: Ministry of sports; Social representations; Netnography; Twitter

RESUMEN

Teniendo en cuenta el anuncio de la extinción del Ministerio del Deporte, celebrada el 31 de octubre de 2018 por Jair Bolsonaro, diferentes opiniones y manifestaciones estallaron en el ciberespacio entre octubre de 2018 y junio de 2019. Nuestro objetivo en este artículo es identificar las representaciones sociales sobre la extinción del Ministerio del Deporte para los usuarios de Twitter. Para ello, utilizamos los procedimientos teóricos-metodológicos de la teoría de las Representaciones Sociales, aliados a las discusiones sobre cibercultura y netnografía. Para el análisis de datos, recurrimos al software Iramuteq. Así, identificamos como núcleo central de la Representación Social el término Bolsonaro. Entre las Representaciones Sociales, nos dimos cuenta de que, para los usuarios de Twitter, hay una culpa a Bolsonaro y sus seguidores, entre ellos algunos atletas de alto rendimiento, principalmente provenientes del Voleibol, además de una preocupación con posibles consecuencias de gestión Bolsonaro al deporte brasileño.

PALABRAS-CLAVE: Ministerio del deporte; Representaciones sociales; Netnografía; Twitter

INTRODUÇÃO

A Teoria das Representações Sociais (TRS) foi desenvolvida por Serge Moscovici em 1961 com a publicação da obra ‘La Psychanalyse, son image et son public’. O termo Representação Social ou Representações Sociais na teorização Moscociviana é uma denominação para especificar um tipo de fenômeno interpretado por essa teoria (ALMEIDA, 2009; MOSCOVICI, 2015; PAULA; SOUSA; ANTUNES, 2018a, 2018b).

Todavia, a definição mais conhecida no meio acadêmico sobre a TRS é a de Jodelet (2001, p.22), compreendendo as Representações Sociais como “uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social”. A própria Jodelet realizou um balanço sobre a produção brasileira da TRS, destacando que no Brasil as pesquisas focam em uma pluralidade de objetos, porém, sempre com a finalidade de compreender a realidade social brasileira e possíveis modos de intervenção no cotidiano. Essa característica destacada por Jodelet (2011) demarca a diferenciação entre as pesquisas brasileiras e europeias. Enquanto as europeias estão pautadas em avanços teóricos e metodológicos, há a tendência dos pesquisadores brasileiros em aplicar a teoria.

Sobre a TRS na área de Educação Física e Esportes, Sousa et al. (2018) identificaram que as pesquisas na área caminham conforme as colocações de Jodelet (2011), principalmente visando compreender o contexto escolar, seja por meio de profissionais ou de alunos envolvidos na própria realidade estudada.

Dessa forma, compreendemos, como Sousa et al. (2018), a necessidade do desenvolvimento de estudos interdisciplinares nas produções vinculadas à TRS na área de Educação Física. Além das questões emergidas no cotidiano delimitado pela dimensão espaço/tempo, será fundamental navegar pelo ciberespaço com as temáticas cotidianas da área de Educação Física, uma vez que ele tem reconfigurado os modos de organização e a vivência das práticas sociais.

Entendemos o ciberespaço na perspectiva do sociólogo Pierre Lévy. O ciberespaço é um “movimento geral de virtualização da informação e da comunicação” (LÉVY, 2010, p.32), simboliza a construção de novas redes de intercomunicação entre indivíduos, isto é, um novo meio de comunicação e construção do cotidiano por meio da interação de dispositivos e periféricos não-humanos. Entretanto, o termo não caracteriza apenas a infraestrutura material da comunicação digital, “mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo” (LÉVY, 2010, p.17). Tratamos não apenas do ambiente da Internet, mas tudo aquilo que o cerca - interconexão das redes de dispositivos, seus arquivos, seus dados, suas informações, seus perfis e as pessoas que os utilizam.

É este ciberespaço que consagrou a era da cibercultura1 como a nova forma da cultura contemporânea. Lemos (2002, p.54) sustenta que o fenômeno técnico eclode de modo extensivo, a partir desta última fase da modernidade, instaurando a etapa considerada como “a fase da ubiquidade, a fase da simulação, a fase da cibercultura”. Entendemos a cibercultura como um novo modo de ser e agir que se expande do off-line para o interior do ciberespaço. Nessa nova forma de interconexões intermediadas entre humanos e não-humanos é que novas formas de conhecimentos são elaborados e compartilhados socialmente sobre um determinado acontecimento.

O acontecimento utilizado neste texto para exemplificar essa conexão entre TRS e cibercultura foi o anúncio da extinção do Ministério do Esporte. A extinção do Ministério do Esporte foi oficializada por meio da Medida Provisória nº 870 de 01 de janeiro de 2019, posteriormente convertida na Lei nº 13.844 de 18 de junho de 2019, que estabeleceu a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Nessa legislação, o esporte fica sob a responsabilidade do Ministério da Cidadania, por meio da Secretaria Especial do Esporte.

Porém, esse desfecho para o extinto Ministério do Esporte começou a ser anunciado no dia 31 de outubro de 2018, quando o recém-eleito Jair Messias Bolsonaro anunciou o corte de 29 ministérios para 15. Essa notícia foi compartilhada no ciberespaço por distintos portais brasileiros (UOL, 2018; ISTOÉ, 2018; O GLOBO, 2018) e ganhou as redes sociais.

A ampliação do uso e desenvolvimento das redes sociais da Internet têm se constituído como uma extensão das redações jornalísticas em relação à descoberta de pautas, da apuração de informações e, especialmente, da dinâmica da notícia - no que se refere à etapa de circulação (apresentação e conteúdo das postagens) e da subetapa recirculação (a partir das ações participativas dos usuários) (SOUSA, 2015). Isto é, o ciberespaço permite um movimento próprio de consumo, interação e produção de sentido. O acontecimento reconfigurado a partir das particularidades do ciberespaço é publicado em sites e redes sociais digitais e ganha uma configuração própria, uma vez que os usuários constroem um novo acontecimento, atuam como produtores, indicadores e reverberadores daquela informação que é replicada e reconfigurada. Há um ambiente de profusão de sentido (OLIVEIRA, 2017), em que se localiza uma disputa de sentidos e representações entre os atores sociais a partir da reconfiguração daquele acontecimento.

Diante disso, perguntamos: quais são as Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter? Desse modo, elegemos como objetivo desse trabalho identificar as Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter. Destacamos a máxima de Denise Jodelet para exemplificar a construção da espinha dorsal dos trabalhos sobre Representações Sociais. Uma Representação Social é sempre de alguém (sujeito) sobre alguma coisa (objeto) (JODELET, 2001). Portanto, esse trabalho tem como objeto de Representação Social o anúncio da extinção do Ministério do Esporte e como sujeito os usuários do Twitter que comentaram sobre o objeto da Representação.

Embora a cibercultura e o ciberespaço se constituam como temáticas contemporâneas amplamente investigadas, especialmente no campo de estudos da Comunicação, a produção de pesquisas de tais temas com aplicabilidade netnográfica ainda é recente e em número exíguo (KOZINETS, 2002; MONTARDO; PASSERINO, 2006; BENETTI, 2010 LEITÃO; GOMES, 2017).

Quando focalizamos a cibercultura e/ou o ciberespaço e suas articulações com temáticas esportivas notamos que as pesquisas são incipientes. Ao observar a produção do conhecimento acerca do ciberespaço, constatamos estudos que investigam determinados acontecimentos esportivos (BRÜGGERMANN, 2015; D’ANDREA, 2016; TEIXEIRA, 2016; SILVA; MARCELINO, 2017; BRÜGGERMANN; PIRES; BITENCOURT, 2018; MOURA, 2018), de cobertura de eventos de esporte (COELHO; ALMEIDA, 2015; PEREIRA et al., 2015) e da Educação Física Escolar (RIGONI; NUNES; FONSECA, 2017).

Entretanto, notamos uma lacuna de estudos em relação à representação dos usuários das redes sociais digitais, alocados no ciberespaço, acerca de acontecimentos, eventos e/ou temáticas esportivas com aplicação netnográfica. Por meio dessa interconexão (TRS, netnografia e temáticas esportivas) é que pretendemos contribuir com este artigo, visando possibilitar uma alternativa teórico-metodológica para dar visibilidade à cortina de névoa que é o ‘social’2. ‘Social’ esse que recebe a movimentação (física e virtual) que espera a capacidade de intermediar e transmutar do campo acadêmico, criando novas formas de ver seus movimentos fluídos.

MATERIAL E MÉTODOS

As escolhas metodológicas das pesquisas no ciberespaço devem considerar, preliminarmente, as dinâmicas culturais específicas do contexto da Internet, isto é, “as especificidades desse campo empírico, angulada pelas questões que a problematização da investigação suscita” (BRAGA, 2007, p.4). Dessa consideração, alinhada ao objetivo de identificar as Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter, optamos por conduzir uma pesquisa netnográfica.

A netnografia é uma metodologia para estudos na Internet (HINE, 2000), como método interpretativo e investigativo dos comportamentos culturais e de comunidades online3 (KOZINETS, 1997). O referido método pode se comportar “como uma janela ao olhar do pesquisador sobre comportamentos naturais de uma comunidade durante seu funcionamento, fora de um espaço fabricado para pesquisa, sem que este interfira diretamente no processo como participante fisicamente presente” (AMARAL; NATAL; VIANA, 2008, p.36). Assim, as análises netnográficas variam ao longo de um espectro “que vai desde ser intensamente participativa até ser completamente não-obstrutiva e observacional” (KOZINETS, 2007, p.15).

Adotamos nesta pesquisa o tipo silencioso (também chamado de lurker), ou seja, a observação não participante das produções e interações em determinado ambiente online. Braga (2006) considera que observar e descrever formam a unidade do fazer netnográfico e que tais procedimentos adotados devem ser compreendidos a partir das características, gramáticas e linguagens próprias dos ambientes digitais (SÁ, 2005), neste caso, das dinâmicas de funcionamento do Twitter, campo empírico desta pesquisa.

O Twitter é uma ferramenta de micromensagens (RECUERO; ZAGO, 2009) em que, originalmente, os usuários são convidados a responder à pergunta ‘o que está acontecendo?’ em até 280 caracteres. Os atores seguem e são seguidos por outros usuários, compartilham conteúdos, direcionam mensagens a usuários específicos, curtem, comentam e compartilham (retweet) conteúdos uns dos outros. De acordo com Recuero e Zago (2009, p.82), o Twitter também pode ser compreendido como um site de rede social, “definido como um espaço da web que permite aos seus usuários construir perfis públicos, articular suas redes de contatos e tornar visíveis essas conexões”.

Lançado em outubro de 2006, continua sendo amplamente utilizado - 150 milhões de usuários diários e 300 milhões de usuários únicos mensais - em contextos múltiplos, “como plataforma de feed de notícias, de interação social, de debate político, de engajamento cívico, entre outros” (REIS; MALINI, 2016, p.2).

Considerando as especificidades do ciberespaço e do Twitter, seguimos os seguintes procedimentos para a coleta de dados. Inicialmente, a partir do campo de busca no Twitter, foram inseridas as seguintes palavras-chave: ‘extinção Ministério do Esporte’, ‘extinção Ministério dos Esportes’, ‘extinguir Ministério do Esporte’, ‘extinguir Ministério dos Esportes’, ‘fim Ministério do Esporte’ e ‘fim Ministério dos Esportes’, considerando a delimitação temporal de 2018, ano em que é anunciada a extinção, até junho de 2019, período de promulgação da Lei nº 13.844 de 18 de junho de 2019. Com tais palavras-chave selecionamos apenas os tweets dispostos na aba ‘Em destaque’, ou seja, aqueles que possuíam melhor desempenho na plataforma em relação à curtidas, comentários e compartilhamentos (retweets).

Localizamos um total de 128 tweets e selecionamos apenas aqueles que abordavam a extinção do Ministério do Esporte no período considerado, totalizando 113 tweets. Na sequência, elaboramos um banco de dados com esses tweets para posteriormente analisá-los no Software Interface de R pour les nalyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires (Iramuteq)4, um software gratuito que permite a realização de análises de textos e evocações de palavras. A utilização do software Iramuteq, aliado à TRS, emerge como uma possibilidade de análise para os estudos relacionados ao esporte, nas Ciências Humanas e Sociais (PAULA; SOUSA; ANTUNES, 2018b).

Para o presente estudo, optamos pela utilização das seguintes análises: nuvem de palavras, análise de similitude e classificação hierárquica descendente (CHD). A nuvem de palavras é uma análise lexical simples, que agrupa e organiza as palavras de acordo com a frequência, possibilitando a percepção das palavras-chave do corpus. Quanto à análise de similitude, é frequentemente utilizada por pesquisadores das Representações Sociais, pois permite analisar a estrutura do conteúdo do corpus textual, identificando se há conexidade entre as palavras. Por fim, a CHD agrupa os principais termos, separando o corpus em classes. Cada classe pode representar uma Representação Social ou aspectos complementares a outras (CAMARGO; JUSTO, 2013).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Depois de coletados os 113 tweets, eles foram inseridos no software Iramuteq para análise de dados. Assim, foram separados em 117 segmentos de texto (ST), com aproveitamento de 76,32% dos ST. Emergiram 3.252 ocorrências (palavras), sendo 1.109 palavras distintas e 775 com uma única ocorrência.

Na análise, por meio de nuvem de palavras, podemos reconhecer a organização gráfica em relação a sua frequência. Ela permite uma distinção rápida das principais palavras-chave no corpus de análise (CAMARGO; JUSTO, 2013). Dessa forma, quanto maior a palavra na nuvem, maior é a sua importância e representatividade para o grupo estudado.

Assim, no caso dos tweets investigados, identificamos como as principais palavras-chave: ‘Bolsonaro’ com aparição em 57 tweets, ‘atleta’ com 31 tweets, ‘estar’ com 22 tweets, ‘vôlei’ com 18 tweets, ‘esporte’ com 16 tweets e ‘apoiar’ com 14 tweets, como as mais frequentes. Isso demonstra que para os usuários do Twitter há a indicação de nomes e grupos citados como responsáveis pela extinção do Ministério do Esporte, conforme apresentado na imagem 1.

Fonte: Os autores

Imagem 1 Nuvem de Palavras sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter 

Na análise de similitude é possível reconhecer as ocorrências entre as palavras e o seu desfecho, que exemplifica a conexidade entre as palavras, contribuindo na visualização da estrutura do corpus textual e particularizando as partes comuns e as específicas (CAMARGO; JUSTO, 2013). Identificamos novamente as palavras ‘Bolsonaro’, ‘atleta’, ‘estar’ e ‘vôlei’ em destaque na representação gráfica da imagem 2.

A partir das duas imagens podemos inferir que essas palavras demonstram os alicerces da Representação Social sobre a extinção do Ministério do Esporte dos usuários do Twitter. Dessas, o termo ‘Bolsonaro’ é o ponto central que dá capilaridade para os outros termos. O termo ‘vôlei’ está próximo do termo ‘estar’, ambos conectados expressam certa culpabilidade, no entendimento de parte dos usuários, de atletas da seleção brasileira de vôlei por apoiarem Jair Bolsonaro ao longo do período eleitoral, por meio das suas redes sociais.

Fonte: Os autores

Imagem 2 Análise de similitude sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter 

O termo ‘atleta’ destaca certa preocupação dos usuários com uma possível consequência da extinção do Ministério do Esporte. A grande preocupação está envolta à retirada de incentivos e políticas públicas de esporte e lazer.

Na sequência, foi realizada a análise de Classificação Hierárquica Descendente (CHD), na qual é possível classificar os segmentos de texto (ST) em classes, em função da proximidade do seu vocabulário e frequência (CAMARGO; JUSTO, 2013). O conteúdo analisado foi classificado em seis classes: classe 1, com 14 ST (16,09%); classe 2, com 18 ST (20,69%); classe 3, com 15 ST (17,24%); classe 4, com 16 ST (18,39%); classe 5, com 13 ST (14,94%); e classe 6, com 11 ST (12,64%).

Essas seis classes são agrupadas em duas ramificações. A primeira delas foi composta pelas classes 3 e 4, com 31 ST (35,6%). A segunda delas é formada pelas classes 1, 2, 5 e 6, com 56 ST (64,3%), conforme a figura 03. Compreendemos que, a partir da CHD, identificamos duas Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter, uma referente a cada ramificação. No entanto, a segunda ramificação é subdivida em três grupos lematizados, sendo: a classe 6, a classe 1 e as classes 2 e 5.

Fonte: Os autores

Imagem 3 Classificação Hierárquica Descendente sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter 

A primeira Representação Social que identificamos pode ser compreendida como ‘a culpabilização pelo fim do Ministério do Esporte’. Ela é composta pela classe 4 (culpabilização aos atletas do vôlei) e classe 3 (ironia aos atletas do vôlei).

Na ‘crítica aos atletas do vôlei’, que compreende 18,39% do corpus total analisado, foi constituída por palavras entre x2=4,82 a x2=22,99. Essa classe tem as palavras: x2=22,99 (parabéns), x2=17,18 (Wallace), x2=14,75 (vôlei), x2=13,45 (Ana Paula), x2=8,95 (responsável), x2=6,12 (jogador) e x2=4,82 (presidente) como representativas. Nessa classe, identificamos a culpabilização dos atletas da seleção brasileira de voleibol pela extinção do Ministério do Esporte. Nela, os usuários do Twitter ironizaram o apoio que atletas como Ana Paula e Wallace deram a Jair Bolsonaro ao longo da corrida presidencial, principalmente por meio de suas redes sociais. Logo, com o anúncio do dia 31 de outubro de 2018, os usuários do Twitter lembraram de situações de apoio dos atletas e ironizaram a sua parcela de culpa e responsabilidade, como observamos nos tweets a seguir:

Thiago A. @thiagoaalmeida 12:57 - 1 de nov de 2018

Wallace, Lucão e vários outros jogadores de vôlei que eu tanto admirava. Graças a seu apoio ao Bolsonaro, como prêmio, ganhamos a EXTINÇÃO do Ministério do Esporte! Parabéns…

Weriton Klinghoffer @weritonqueiros 19:22 - 4 de nov de 2018

Wallace, do vôlei masculino, que junto com outros jogadores, fizeram campanha pro Bolsonaro na final da Liga das Nações agora tá criticando no Instagram porque o futuro presidente vai extinguir o ministério do esporte

A ‘ironia aos atletas do vôlei’ corresponde a 17,24% do corpus, sendo montada por palavras entre o intervalo de x2=5,32 a 15,16. Essa classe tem como palavras representativas: x2=15,46 (estar), x2=14,91 (feliz; bolsonarista), x2=14,69 (existir), x2=11,0 (vôlei) e x2=5,32 (ano; nomear; grande; ganhar; deixar). Nessa classe, identificamos a ironia dos usuários do Twitter com os atletas do vôlei, como destacamos nos tweets a seguir:

Tigresa @Tigresadiz 08:57 - 1 de nov de 2018

O pessoal do vôlei tá feliz com o fim do ministério do esporte?

Leo Boechat @leoboechat 17:02 - 1 de nov de 2018

Será que aquele pessoal reacinha do vôlei tá feliz com o fim do Ministério do Esporte? Que tunda, hein?

Portanto, a somatória dos discursos sobre a ‘crítica aos atletas do vôlei’ e ‘ironia aos atletas do vôlei’ fundamentam a identificação de uma das Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter. Essa Representação Social é compreendida como ‘a culpabilização pelo fim do Ministério do Esporte’.

A segunda Representação Social identificada diz respeito ‘as consequências da gestão Bolsonaro para o esporte brasileiro’. Ela é subdividida em quatro classes: classe 6 (mudanças no arranjo administrativo); classe 1 (intenções na extinção); classe 2 (o fim de políticas públicas do esporte) e classe 5 (já era esperado).

Na classe 6 (mudanças no arranjo administrativo) acomoda 12,64% do corpus analisado, tendo um intervalo de x2=5,3 a 36,65. Nessa classe, encontramos as palavras: x2=36,65 (Ministério da Cultura), x2=28,97 (Ministério da Agricultura; Ministério do Meio Ambiente), x2=21,79 (Ministério do Trabalho), x2=10,77 (ministro), x2=8,21 (pasta) e x2=5,3 (Ministério; tomar). Com isso, percebemos através dos tweets dos usuários a discussão de possíveis consequências na formatação do arranjo administrativo do futuro Governo Federal. Alguns exemplos são:

Samille Lima @Shambilinho 13:59 - 3 de jan de 2019

Corte no salário mínimo, extinção dos Ministério_do_Trabalho, Ministério_da_Cultura, Ministério_do_Esporte, Ministério_das_Cidades, Integração racial e CONSEA, retirada dos LGBT da pasta de dir. humanos, demarcação de terras_indígenas p/o ministério_da_agricultura. Mas o importante é q usem meninas_rosa e meninos_azul?

Sam @Samaramaraaps 13:38 - 2 de nov de 2018

O cara já anunciou alguns ministros, cogitou a possibilidade de unir ministério_da_agricultura com o Ministério_do_meio_ambiente, deu declaração que vai extinguir ministério_do_esporte e nós não temos fatos pra argumentar? Que mundo que vc vive? Que lógica é essa a sua? Kkkk

Posteriormente, essas possíveis mudanças são confirmadas na Medida Provisória nº 870 de 01 de janeiro de 2019, convertida na Lei nº 13.844 de 18 de junho de 2019, que estabeleceu a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios.

Sobre ‘as intenções na extinção’ que corresponde a 16,04% do corpus, entre o intervalo de x2=5,89 a 33,5, as principais palavras evidenciadas foram: x2=33,5 (extinguir), x2=16,2 (futebol; convidar), x2=11,93 (Bolsonaro) e x2=5,89 (sério; completo). Dessa forma, esse grupo de palavras demonstrou a preocupação dos usuários do Twitter sobre as reais intenções na extinção do Ministério do Esporte, como podemos observar no exemplo do tweet abaixo:

Thaynara @thaylisita 23:13 - 3 de nov de 2018

Sério Bolsonaro, quais são tuas reais intenções ao extinguir o ministério do esporte? Não to te entendendo. Por favor, explique suas razões. Nós brasileiros merecemos explicações coerentes... tá demais

Na classe ‘o fim de políticas públicas do esporte’, que representou 20,69% do corpus analisado no Iramuteq, foi compreendida no intervalo entre x2=9,35 a 24,22. Nessa classe, as palavras destacadas foram: x2=24,22 (dar), x2=12,93 (esporte), x2=10,73 (extinção) e x2=9,35 (atletas). Assim, podemos compreender que essa classe representou a preocupação dos usuários do Twitter sobre os possíveis cortes por parte do futuro Governo Federal com as políticas públicas de esporte. Alguns exemplos foram:

Vides @_fhilipe 11:00 - 8 de nov de 2018

Luiz Lima ex-atleta e eleito deputado federal pelo PSL de Bolsonaro participando de debate na ESPN falando sobre a extinção do ministério do esporte, todos se queixando, todos falando da importância óbvia de tal ministério. Ache o erro, dou uma dica: PSL

Alessandro Buzo @Alessandrobuzo 11:51 - 20 de jan de 2019

REVOLTANTE essa matéria sobre o Corte do Bolsa Alteta no último dia do Governo Temer e a extinção do Ministério do Esporte no primeiro dia do Bolsonaro, é uma vergonha. QUEM LIGA? Querem combater a violência dando arma pra população. VCS SÃO BURROS (ou) MÁ INTENCIONADOS

A classe ‘já era esperado’ correspondeu a 14,94% do material analisado, tendo um intervalo entre x2=4,05 a 23,72. Nela, as principais palavras foram: x2=23,72 (achar), x2=19,11 (saber), x2=18,05 (querer), x2=13,57 (Brasil), x2=10,67 (ficar), x2=6,54 (ler), x2=6,23 (apoiar), x2=4,55 (mesmo), x2=4,24 (Bolsonaro) e x2=4,05 (falar). Nessa classe, há um questionamento por parte dos usuários do Twitter sobre o conhecimento dos atletas brasileiros que apoiaram Bolsonaro ao longo da campanha eleitoral acerca do plano de governo para o esporte brasileiro, como podemos verificar nos seguintes exemplos:

Corsino@deborahcorsino 10:29 - 1 de nov de 2018

Queria muito saber o que o Ronaldinho ta achando da extinção do ministério_do_esporte aqui no Brasil, planejada pelo Bolsonaro, seu então candidato

Cacá @cacacomenta 12:07 - 1 de nov de 2018

Os atletas brasileiros que até campanha fizeram pro Bolsonaro, agora indignados com o fim do Ministério_do_Esporte. Dizer que é mito, que é a solução pros problemas do Brasil, é fácil. Eu quero é saber se os bolsonaristas leram o plano de governo do Bolsonaro antes de apertar 17 na urna.

Ao analisar os resultados apresentados, chama atenção o fato dos tweets serem majoritariamente contrários à exclusão do ME. Tendo em vista que aos serem coletados não foram selecionados apenas os tweets contrários ou favoráveis, esperávamos que fossem encontrados ambos os posicionamentos, no entanto isso não foi identificado. Percebemos entre os usuários do Twitter mensagens de indignação e culpabilização. Por outro lado, não foram encontradas mensagens de comemoração, mas apenas uma de apoio5:

Eclipse Lunático @UniaoTricolorBa 19:43 - 2 de nov de 2018

Acabo de ver postagens da distinta Ana_Paula, Musa e grande_atleta do Voleibol, conseguindo a proeza de ser melhor ainda escrevendo, reiterando seu pedido de extinção do Ministério_do_Esporte, que subscrevo in totum. Contudo, é preciso uma ampla auditoria em todas as verbas e benefícios dados ao Ministério_do_esporte desde a Copa_do_Mundo, passando pelas Olimpíadas e chegando ao PROFUT, precisam ser investigados. Especialmente no futebol, de forma ESCANCARADA, vê-se ROUBALHEIRA e muita LAVAGEM_DE_DINHEIRO. Podendo ter ligações c/ a LAVA_JATO. Quando as EMPREITEIRAS se envolveram nesta área, deveria ter sido acesa uma IMENSA LUZ_VERMELHA. Só que nunca interessou à ninguém. Por isso, encolhemos numa área importante e que subsidia a Educação. Espero que Bolsonaro e sua equipe fiquem atentos a isso.

Ao adentrar o ciberespaço, a extinção do Ministério do Esporte surge como um novo acontecimento que desvela Representações Sociais, em uma espécie de movimento de característica viral. Neste espaço virtual, ocorre uma disputa de sentidos sobre o acontecimento entre os atores sociais, no entanto, no caso analisado, essa disputa converge para um mesmo entendimento, contrário à extinção, no que se refere aos tweets que possuíam melhor desempenho na plataforma, isto é, àqueles que detinham os maiores números de interações. Esse consenso exemplifica o que Recuero (2017) nomeia de ‘microesferas públicas’, em que as redes sociais se fragmentam ideologicamente, constituindo bolhas onde apenas algumas opiniões e ideias circulam livremente e sofrem aderência dos demais.

Portanto, se as palavras com maior incidência nos tweets revelam um panorama semântico da rede, os termos mais recorrentes permitem o entendimento de oposição dos usuários à decisão de extinção do Ministério do Esporte e também do governo de Bolsonaro, expressos pela culpabilização dos apoiadores de Bolsonaro, especialmente de atletas do vôlei, pelo fim do Ministério do Esporte e as consequências da sua gestão para o esporte brasileiro.

O termo Bolsonaro ganha destaque em todos os resultados, sendo o Núcleo Central (NC) das Representações Sociais sobre a extinção do Ministério do Esporte para os usuários do Twitter. Para Abric (2000), as Representações Sociais organizam-se em um sistema central (núcleo central) e um periférico. O NC é caracterizado pelos elementos mais estáveis das Representações Sociais, enquanto os elementos periféricos são os mais suscetíveis à mudança.

Abric (2000, p. 34) salienta que a homogeneidade de um grupo “não é definida pelo consenso entre seus membros, mas sim pelo fato de que sua representação se organiza em torno do mesmo núcleo central, do mesmo princípio gerador do significado que eles dão à situação ou ao objeto com o qual são confrontados”.

O NC é o elemento que dá significado à Representação Social, desempenhando duas funções essenciais: função geradora e organizadora, pois é o que faz com que os outros elementos ganhem um sentido, unindo-os (ABRIC, 2000). Percebemos que o termo Bolsonaro desempenha esse papel nos resultados apresentados, pois mesmo quando ironicamente alguns tweets culpam os atletas pela extinção do ME, indiretamente eles estão sendo culpados por terem apoiado o atual Presidente.

CONCLUSÕES

Compreender e ver o que está por trás dessa cortina de névoa que é o social não são tarefas fáceis. No entanto, dentro da capacidade conferida a nós, pesquisadores desse social, nos resta tentar identificar pequenos contornos observáveis dentro do limite da nossa visão. Podemos observar e ver com o auxílio das Teorias das Representações Sociais, cibercultura e netnografia um pequeno movimento do social no ciberespaço sobre o fato da extinção do Ministério do Esporte brasileiro.

Identificamos a ocorrência de duas Representações Sociais para os usuários do Twitter, que podem ser simplificadas pelas expressões: ‘culpabilização aos atletas do vôlei’ e ‘as consequências da gestão Bolsonaro no esporte brasileiro’. Assim, o termo Bolsonaro foi central para identificar a estruturação dessas Representações Sociais, tanto que, o termo está presente nas classes 1, 4 e 5 e como a palavra mais frequente no corpus analisado. Outro ponto identificado foi o forte tom de crítica e culpabilização aos atletas do vôlei pelo apoio a Bolsonaro nas redes sociais e em eventos esportivos.

Destacamos que a rede social investigada a partir da netnografia é apenas umas das possibilidades de estudar esse acontecimento ou qualquer outra temática relativa ao campo esportivo e da Educação Física. Todavia, as manifestações encontradas neste pequeno fragmento do ciberespaço demonstraram o não apoio à decisão de Bolsonaro e sua esquipe em extinguir o Ministério do Esporte.

Portanto, se faz necessário avançar em outros fragmentos do ciberespaço e também no cotidiano físico interacional para compreendermos um pouco mais sobre o que aconteceu e está acontecendo por de trás da cortina de névoa do social, especialmente sobre esse trágico acontecimento para o campo esportivo brasileiro.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos o apoio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), aos membros do Grupo de Estudos Esporte, Lazer e Sociedade (UEPG) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) pelo o incentivo no desenvolvimento de pesquisas.

REFERÊNCIAS

ABRIC, Jean-Claude. Abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, Antonia Silva Paredes; OLIVEIRA, Denize Cristina de (Org.). Estudos interdisciplinares de representação social. 2. ed. Goiânia: AB, 2000. p. 27-37. [ Links ]

ALMEIDA, Angela Maria de Oliveira. Abordagem societal das representações sociais. Sociedade e Estado, Brasília, v. 24, n. 3, p.713-737, dez. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922009000300005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 09 jun. 2019 [ Links ]

AMARAL, Adriana; NATAL, Geórgia; VIANA, Lucina. Netnografia como Aporte Metodológico da Pesquisa em Comunicação Digital. Sessões do Imaginário, Porto Alegre, v. 20, n. 13, p.34-40, dez. 2008. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/view/4829/3687. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

BENETTI, Georgia Maria Ferro. Discursos sobre menstruação em comunidades do Orkut: gênero, corpos e materialidades no ciberespaço. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2010. [ Links ]

BRAGA, Adriana. Técnica etnográfica aplicada à comunicação online: uma discussão metodológica. UNIrevista, São Leopoldo, v. 1, n. 3, 2006. [ Links ]

BRAGA, Adriana. Usos e consumos de meios digitais entre participantes de weblogs: uma proposta metodológica. In: ENCONTRO DA COMPÓS, XVI, 2007, Curitiba. Anais... Curitiba: Compós, 2007. Disponível em: http://www.compos.org.br/data/biblioteca_162.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019. [ Links ]

BRASIL. Medida Provisória nº 870, de 1 de janeiro de 2019. Estabelece a Organização Básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Brasília, DF, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870.htm. Acesso em: 17 jun. 2019. [ Links ]

BRASIL. Lei nº 13844, de 18 de junho de 2019. Estabelece a organização básica dos órgãos da Presidência da República e dos Ministérios. Brasília, DF, Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13844.htm. Acesso em: 17 jun. 2019. [ Links ]

BRÜGGERMANN, Ângelo Luiz. Cultura e tecnologias: netnografia com jovens futebolistas brasileiros na Europa. Dissertação (Mestrado em Educação Física) - Centro de Desportos, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015. [ Links ]

BRÜGGERMANN, Ângelo Luiz; PIRES, Giovani de Lorenzi; BITENCOURT, Fernando Gonçalves. Jovens futebolistas brasileiros na Europa: interpretando o cotidiano cultural por meio da netnografia. Pensar a Prática, Goiânia, v. 21, n. 3, 2018. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/49802/pdf. Acesso em: 11 jun. 2019. [ Links ]

CAMARGO, Brigido Vizeu; JUSTO, Ana Maria. IRAMUTEQ: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v.21, n.2, p. 513-518, dez. 2013. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 11 jul. 2019. [ Links ]

COELHO, Isabel Colucci; ALMEIDA, Éverton Vasconcelos de. Cultura da participação e da convergência na Copa do Mundo FIFA 2014: um estudo a partir de imagens compartilhadas no Twitter. Motrivivência, Florianópolis, v. 27, n. 45, p.138-153, 14 set. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2015v27n45p138/30201. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

D’ANDREA, Carlos. #vergonhabrasil: controvérsias midiatizadas no Twitter durante e após o jogo Brasil 1 x 7 Alemanha. Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun., São Paulo , v. 39, n. 3, p. 99-114, Dec. 2016 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-58442016000300099&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 17 jul. 2019. [ Links ]

HINE, Christine. Virtual ethnography. London: Sage, 2000. 192p. [ Links ]

ISTOÉ. Bolsonaro define pelo menos 15 ministérios em novo governo. 31 out. 2018. Disponível em: https://istoe.com.br/bolsonaro-define-pelo-menos-15-ministerios-em-novo-governo/. Acesso em: 15 jul. 2019. [ Links ]

JODELET, Denise. As Representações Sociais. In: JODELET, Denise (Org.). Representações Sociais: Um domínio em Expansão. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. p. 17-44. [ Links ]

JODELET, Denise. Ponto de vista: Sobre o movimento das representações sociais na comunidade científica brasileira. Temas em Psicologia, Ribeirão Preto, v. 1, n. 19, p.1-19, jun. 2011. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2011000100003. Acesso em: 19 jun. 2019. [ Links ]

KOZINETS, Robert. On netnography: initial reflections on consumer research investigations of cyberculture. Illinois: Evanston, 1997. 371 p. [ Links ]

KOZINETS, Robert. The field behind the screen: using netnography for marketing research in online communities. Journal of Marketing Research, n. 39, p.61-72, fev. 2002. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1509/jmkr.39.1.61.18935?journalCode=mrja. Acesso em: 10 jun. 2019. [ Links ]

KOZINETS, Robert. Netnography 2.0. In: BELK, Russel. Handbook of qualitative research methods in marketing. Edward Elgar Publishing, 2007. 129-142 p. [ Links ]

LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do Ator-Rede. Salvador: Edufba, 2012. 400 p. [ Links ]

LEITÃO, Débora; GOMES, Laura Graziela. Etnografia em ambientes digitais: perambulações, acompanhamentos e imersões. Revista Antropolítica, Niterói, n. 42, p. 41-65, 2017. Disponível em: http://www.revistas.uff.br/index.php/antropolitica/article/view/546/pdf. Acesso em: 12 jun. 2019. [ Links ]

MONTARDO, Sandra; PASSERINO, Liliana Maria. Estudo dos blogs a partir da netnografia: possibilidades e limitações. RENOTE - Novas tecnologias da educação, Porto Alegre, v. 4, n. 2, 2006. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/renote/article/view/14173. Acesso em: 11 jun. 2019. [ Links ]

MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: Investigações em Psicologia Social. 11. ed. Petrópolis: Vozes, 2015. 404 p. [ Links ]

MOURA, Bruno Melo. O consumo produtivo dos fãs brasileiros da National Football League (NFL): uma netnografia da interação virtual estabelecida a partir das transmissões nacionais dos jogos da principal liga de futebol americano do mundo. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco, 2018. [ Links ]

NOVELLI, Marcio. Do Offline-ne para o Online: a Netnografia como um Método de Pesquisa ou o que pode acontecer quando tentamos levar a Etnografia para a Internet? Organizações em contexto, São Paulo, ano 6, n. 12, p. 107-133, jul./dez. 2010. Disponível em: http://www.ciencianasnuvens.com.br/site/wp-content/uploads/2015/04/308.pdf. Acesso em: 10 jun. 2019. [ Links ]

LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2002. 292 p. [ Links ]

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3. ed. São Paulo: Editora 34, 2010. 272 p. [ Links ]

OLIVEIRA, Felipe de. Disseminação das redes sociais digitais obrigou a imprensa a repensar suas dinâmicas. Entrevista concedida a Vitor Necchi. Revista IHU On-line, São Leopoldo, n. 502, abr. 2017. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/159-noticias/entrevistas/569552-disseminacao-das-redes-sociais-digitais-obrigou-a-imprensa-a-repensar-suas-dinamicas-entrevista-especial-com-felipe-de-oliveira. Acesso em: 11 jul. 2019. [ Links ]

PAULA, Érica Fernanda de; SOUSA, Diego Petyk de; ANTUNES, Alfredo Cesar. A Representação Social dos Agentes da Fundação Municipal de Esportes de Ponta Grossa - Paraná: O lazer como Busca do Prazer. In: ANTUNES, Alfredo Cesar; OLIVEIRA JUNIOR, Constantino Ribeiro de; RAUSKI, Eliane de Fátima (Org.). Ciências Sociais Aplicadas: Cotidiano e Representações. Ponta Grossa: Texto e Contexto, 2018a. Cap. 5. p. 111-130. [ Links ]

PAULA, Érica Fernanda de; SOUSA, Diego Petyk de; ANTUNES, Alfredo Cesar. Teoria das Representações Sociais e software IRAMUTEQ: Uma Possibilidade Metodológica para Estudos nas Ciências Sociais e Humanas. In: FREITAS JUNIOR, Miguel Archanjo de; RAUSKI, Eliane de Fátima (Org.). Possibilidades Metodológicas para a Abordagem do Esporte nas Ciências Sociais. Ponta Grossa: Texto e Contexto, 2018b. Cap. 4. p. 77-105. [ Links ]

PEREIRA, Rogério Santos et al. A cobertura jornalística da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e a repercussão na rede social Twitter. Motrivivência, Florianópolis, v. 27, n. 45, p.154-171, 14 set. 2015. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2015v27n45p154. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

RECUERO, Raquel. Redes sociais formaram bolhas na internet que restringem circulação de opiniões e ideias. Entrevista concedida a João Vitor Santos. Revista IHU On-line, São Leopoldo, n. 502, abr. 2017. Disponível em: http://www.ihuonline.unisinos.br/artigo/6814-redes-sociais-formaram-bolhas-na-internet-que-restringem-circulacao-de-opinioes-e-ideias. Acesso em: 17 jul. 2019. [ Links ]

RECUERO, Raquel; ZAGO, Gabriela. Em busca das “redes que importam”: redes sociais e capital social no Twitter. Líbero, São Paulo, v. 12, n. 24, p. 81-94, dez. 2009. Disponível em: http://seer.casperlibero.edu.br/index.php/libero/article/view/498. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

REIS, Nelson Alysio; MALINI, Fábio. A hashtag #NãoVaiTerGolpe à luz do método perspectivista de ARS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 39, São Paulo. Anais... São Paulo: Intercom, 2016. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-2064-1.pdf. Acesso em: 07 jun. 2019. [ Links ]

REZENDE, Constança. Bolsonaro define pelo menos 15 ministérios em novo governo; veja lista. UOL, 31 out. 2018. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/10/31/bolsonaro-define-pelo-menos-15-ministerios-em-novo-governo.htm. Acesso em: 15 jul. 2019. [ Links ]

RIGONI, Ana Carolina Capellini; NUNES, Felipe Gustavo Barros; FONSECA, Karina das Mercês. O culto ao corpo e suas formas de propagação na rede social Facebook: implicações para a Educação Física escolar. Motrivivência, Florianópolis, v. 29, p.126-143, 8 dez. 2017. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2017v29nespp126. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

SÁ, Simone Pereira. O samba em rede: comunidades virtuais, dinâmicas identitárias e carnaval carioca. Rio de Janeiro: E-papers, 2005. 123 p. [ Links ]

SOARES, Jussara. Bolsonaro define 15 ministérios; Ensino Superior vai para Ciência e Tecnologia. O Globo, 31 out. 2018. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/bolsonaro-define-15-ministerios-ensino-superior-vai-para-ciencia-tecnologia-23201727. Acesso em: 15 jul. 2019. [ Links ]

SOUSA, Diego Petyk de et al. Apropriação da Teoria das Representações Sociais pelo Campo Acadêmico/Científico da Educação Física no Brasil: o Estado do Conhecimento (2004-2016). Pensar A Prática, Goiânia, v. 21, n. 4, p.796-809, 27 dez. 2018. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/49647. Acesso em: 09 jul. 2019. [ Links ]

SOUSA, Maíra de Cássia Evangelista de. A dinâmica da notícia nas redes sociais na internet: a forma de apresentação das postagens no Twitter e no Facebook. Revista Fronteiras - estudos midiáticos, São Leopoldo, v. 17, n. 2, p. 199-212, maio/ago. 2015. Disponível em: http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/fem.2015.172.07. Acesso em: 15 jul. 2019. [ Links ]

SILVA, Pedro Costa e; MARCELINO, Fábio. A midiatização dos encontros varzeanos: uma netnografia dos grupos de WhatsApp destinados a marcação de jogos amistosos em Belo Horizonte. In: ECOMIG, 10, Belo Horizonte, 2017. Anais... Belo Horizonte: CEFET-MG, 2017. Disponível em: https://anaisecomig.files.wordpress.com/2018/02/pedro_vasconcelos_pucminas-_a-midiatizaccca7acc83o-dos-encontros-varzeanos.pdf. Acesso em: 11 jun. 2019. [ Links ]

TEIXEIRA, Renata de Andrade. A mulher no futebol: o bullying e o cyberbullying no contexto de gênero. 63 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Humano e Tecnologias) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016. [ Links ]

1A cibercultura, para Lévy (2010, p.17), é “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço”. É, portanto, um conjunto de performances que se expandem com a ampliação do ciberespaço.

2O termo ‘social’ aqui é compreendido com base em Moscovici (2015) e Latour (2012). Ambos destacam a plasticidade ou fluidez de como as coisas aparecem e desaparecem. Assim, o que resta para nós investigadores desse social é captar e descrever esse movimento.

3Entendemos que os mundos, online e off-line, não são necessariamente realidades separadas - mundo real versus mundo virtual -, mas podem ser considerados um continuum da mesma realidade (NOVELLI, 2010).

4Interface de R para Análise Multidimensional de Textos e Questionários.

5Essa mensagem de apoio corresponde a três tweets do mesmo usuário, que foram compilados por se tratarem de uma sequência. A mensagem foi dividida pelo usuário em três tweets em virtude do limite de caracteres da plataforma.

13Caso necessário veja outros papéis em: https://casrai.org/credit/

FINANCIAMENTO O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica.

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Não se aplica.

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

Recebido: 01 de Agosto de 2019; Aceito: 17 de Setembro de 2019

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Os papéis descrevem a contribuição específica de cada colaborador para a produção acadêmica inserir os dados dos autores conforme exemplo, excluindo o que não for aplicável. Iniciais dos primeiros nomes acrescidas com o último Sobrenome, conforme exemplo.

Concepção do manuscrito: L. S. Sobrenome, J. T. Sobrenome, A. P. Sobrenome

Coleta de dados: L. S. Sobrenome, J. T. Sobrenome, A. P. Sobrenome

Análise de dados: L. S. Sobrenome, J. T. Sobrenome

Discussão dos resultados: J. T. Sobrenome

Produção do texto: L. S. Sobrenome, J. T. Sobrenome, A. P. Sobrenome

Revisão e aprovação: A. P. Sobrenome

CONFLITO DE INTERESSES

Não temos nenhum conflito de interesses

EDITORES

Mauricio Roberto da Silva, Giovani de Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons