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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.31 no.60 Florianópolis out./dez 2019  Epub 05-Dez-2019

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e59846 

Artigo Original

Futebol e migração: a perspectiva dos treinadores brasileiros no exterior

Soccer and migration: the perspective of brazilian coaches at the exterior

Fútbol y migración: la perspectiva de los entrenadores brasileños en el exterior

Diego Ramos do Nascimento1 
http://orcid.org/0000-0001-7393-5200

Carlos Henrique de Vasconcellos Ribeiro2 
http://orcid.org/0000-0001-9095-0373

Erik Giuseppe Barbosa Pereira3 
http://orcid.org/0000-0001-8129-4378

1Mestre em Educação Física Centro Universitário Brasileiro - UNIABEU Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil personalnascimento@gmail.com

2Doutor de Educação Física Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, Brasil c.henriqueribeiro@gmail.com

3Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Educação Física e Desportos, Departamento de Jogos, Rio de Janeiro, Brasil egiuseppe@eefd.ufrj.br


RESUMO

O fluxo migratório nos esportes é definido como o movimento entrada/saída de atletas entre países. Causas e consequências são mutáveis e definidas de acordo com características globais. Apesar de sua importância no esporte, os treinadores não possuem o mesmo peso nesse processo. O objetivo desse estudo foi estudo foi entender, a partir das atuações de dois renomados treinadores brasileiros de futebol, como se dá(ão) o(s) processo(s) migratório(s). Trata-se de um estudo observacional de característica qualitativa. Entrevistas semiestruturadas sobre questões inerentes ao fluxo migratório foram realizadas com 2 treinadores brasileiros de experiência internacional. Para análise dos dados nos apoiamos na Análise de Conteúdo proposta por Bardin. Concluímos que a visão dos treinadores sobre o fluxo migratório no futebol brasileiro tem aspectos diferentes dos atletas. As motivações foram o desafio profissional e novas oportunidades. Aspectos socioculturais foram as principais dificuldades. Além disso, uma possível segregação política, falta de resultados expressivos e ausência das licenças específicas fecham portas internacionais para treinadores brasileiros.

PALAVRAS-CHAVE: Esporte; Futebol; Migração

ABSTRACT

The migratory flow in sports is defined as the entry / exit movement of athletes between countries. Causes and consequences are changeable and defined according to global characteristics. Although their importance in sports, coaches do not carry the same weight in this process. The objective of this study was to understand, from the actions of two renowned Brazilian soccer coaches, how the migratory process (s) is given.This is an observational qualitative study. Semistructured interviews about migratory flow questions were conducted with 2 Brazilian coaches of international experience. For analysis of the data, we support the Content Analysis proposed by Bardin. We conclude that the coaches view on the migratory flow in Brazilian soccer has different aspects of the athletes. The motivations were the professional challenge and new opportunities. Socio-cultural aspects were the main difficulties. In addition, a possible political segregation, lack of expressive results and absence of specific licenses close international doors for Brazilian coaches.

KEYWORDS: Sport; Soccer; Migration

RESUMEN

Flujo migratorio en los deportes se define como el movimiento entrada/salida de atletas entre países. Causas y consecuencias son mutables y definidas de acuerdo con características globales. A pesar de su importancia en deporte, entrenadores no tienen el mismo peso en ese proceso. Objetivo de estudio fue entender, a partir del las actuaciones de dos renomados entrenadores del fútbol brasileños, cómo se dan los procesos migratorios. Se trata de un estudio observacional de característica cualitativa. Entrevistas semiestructuradas sobre cuestiones inherentes al flujo migratorio se realizaron con 2 entrenadores brasileños de experiencia internacional. Para análisis de los datos nos apoyamos en Análisis de Contenido propuesto por Bardin. Concluimos que la visión de entrenadores sobre migración en el fútbol brasileño tiene aspectos diferentes de los atletas. Las motivaciones fueron desafío profesional y nuevas oportunidades. Los aspectos socioculturales fueron las dificultades. Además, una posible segregación política, falta de resultados expresivos y ausencia de licencias específicas cierran puertas internacionales para entrenadores brasileños.

PALABRAS-CLAVE: Deporte; Fútbol; Migración

INTRODUÇÃO

Gallino (2005) conceitua migração como o “movimento populacional, voluntário ou forçado, de uma área geográfica a outra, podendo ser temporária, de longo prazo ou definitiva”. Tal conceito é permeado pelas qualidades profissionais e em busca de uma qualidade de vida que seja melhor que a encontrada em seu país de origem.

Ao pensarmos no esporte enquanto fenômeno social e midiático, além da qualificação que um esportista possui, o fluxo migratório nos esportes pode ser definido como o movimento de entrada e saída de atletas entre países (Da SILVA et al, 2012; SOCA, 2012). As causas e as consequências para essa movimentação são mutáveis e definidas temporalmente de acordo com as características globais vigentes no contexto geopolítico e econômico (VALDERRAMA, 2000; BATISTA, 2015). Sob a ótica migratória do futebol, as causas e as consequências se confundem a todo tempo, ao passo que os fatores sócio econômicos, culturais e geopolíticos constam nessas duas premissas (RIAL, 2008). Outros indícios creditam certa diferenciação nesses itens ao compararmos atletas de diferentes modalidades (PONTES et. al, 2018).

Estudos como os de Rial (2006, 2008), Ribeiro e Dimeo (2009) e Pisani (2012, 2014) por exemplo, tomam como ponto de partida a perspectiva dos atletas de futebol e ex-jogadores. Quando muito, somam a perspectiva de outros envolvidos neste processo de migração tais como agentes de futebol e treinadores. Dada a complexidade do fenômeno, acreditamos que apresentar uma pesquisa que tenha como objetivo aprofundar análises sob a perspectiva dos técnicos pode ser mais uma contribuição para os estudos da área.

O futebol brasileiro, por se tratar do esporte que possui número de movimentações formais por ano na casa dos milhares (CBF, 2018), detém atenção especial no que tange ao fluxo migratório de seus atletas. Contudo, os treinadores de futebol não possuem o mesmo espaço nesse processo, apesar de serem mão-de-obra importantes no cenário do esporte (WAGG, 2006). Para além disso, mesmo que indiretamente, fazem parte da engrenagem que movimenta os atletas entre as nações, impactando as migrações com seus pedidos de contratações ou sendo impactados pela perda de seus atletas para outras agremiações (GASPARETTO, 2013).

Sendo assim, ainda são raros estudos com a temática migração que dêem conta de compreender o papel e a atuação dos técnicos de futebol, sob a perspectiva do fluxo de profissionais que viajam ao redor do mundo para conseguir exercer suas profissões nesse esporte. Contribuir com estudos a partir da ótica dos treinadores de futebol sobre a migração pode trazer à tona tensões ainda não discutidas sobre o fluxo migratório nesta modalidade.

Para tal, perguntamos: qual o entendimento de treinadores brasileiros de futebol sobre suas experiências em relação aos processos de migração? A partir desse questionamento, o objetivo desse estudo foi entender, a partir das atuações de dois renomados treinadores brasileiros de futebol, como se dá(ão) o(s) processo(s) migratório(s).

METODOLOGIA

Este estudo1 é de natureza qualitativa, utilizando como estratégia a Análise de Conteúdo (AC). O modelo qualitativo proposto por Demo (2012) busca alastrar as possibilidades de analisar e perceber os fenômenos sociais, ao invés de fechá-los ou concluí-los. Já a AC, proposta por Bardin (2011), esse processo se divide em três grandes etapas que se apresentam de maneira entrelaçada, isto é, admite idas e vindas de uma à outra durante o tratamento dos dados. São elas: 1- a pré-análise; 2- exploração do material e; 3- tratamento e interpretação dos dados. Na fase 1, retomamos ao objetivo da pesquisa, indicamos inicialmente o aporte de documentos e arquitetamos preliminarmente os identificadores para a análise, definindo assim categorias de registro. Na 2ª fase, abordamos os índices e organizamos os indicadores através de recortes e classificações do texto, preparando o material para a exploração. Os dados são desmembrados em unidades e reagrupados por categorias após uma análise classificatória posterior. Na última etapa, interpretamos os dados, estabelecendo grupos de implicações, justificando as principais informações fornecidas pelas análises através de abordagens qualitativas e inferências significativas.

No que tange aos instrumentos, utilizamos um roteiro de entrevista semiestruturado (TRIVIÑOS, 2015) contendo 6 perguntas que versavam sobre a temática em tela. A entrevista realizada foi gravada somente em áudio, com posterior transcrição e interpretação das informações, de forma que as informações concedidas pelos treinadores pudessem ser salvaguardadas e terem seus sentidos ampliados. Esse instrumento contou com a participação de 2 treinadores de futebol com experiência internacional, a saber: Carlos Alberto Gomes Parreira (CAP) e Oswaldo de Oliveira Filho (OL).

Carlos Alberto Gomes Parreira (CAP), conhecido popularmente como Parreira, formou-se em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1966, passando a atuar como preparador físico em clubes de futebol logo após sua formação no São Cristóvão de Futebol e Regatas. Seu primeiro trabalho de destaque como preparador físico deu-se na seleção brasileira tricampeã mundial em 1970. A partir de 1975, assume o cargo técnico no futebol no Fluminense Football Club e, em mais de 40 anos de profissão, atuou em 7 nações dirigindo clubes e/ou seleções, a saber: Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, África do Sul, Espanha (Valência), Turquia (Fenerbahçe) e Estados Unidos (New York MetroStars). No total, ergueu 16 taças em níveis nacionais e internacionais.

Oswaldo de Oliveira Filho (OL), formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1975, também iniciou sua trajetória futebolística como preparador físico em 1977, passando a treinar equipes a partir de 1999, o Sport Club Corinthians Paulista. Seu trabalho foi apresentado em clubes de 3 países diferentes nas suas 4 décadas de profissão: Al-Alhi (Emirados Árabes Unidos), Kashima Antlers (Japão) e Al-Arabi (Qatar). Com carreira comprovadamente vitoriosa em seu período no futebol japonês, conquistou 3 vezes o Campeonato Japonês (2007, 2008 e 2009), 2 Copas do Imperador (2007 e 2010), 2 Supercopas Japonesas (2009 e 2010) e 1 Copa da Liga Japonesa (2011).

Para a concessão das entrevistas foi feito um contato preliminar com os treinadores por meio do professor da disciplina de Futebol da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. Após esse contato e aceite dos entrevistados, aproveitamos a presença de ambos no curso de Especialização em Futebol da mesma instituição para coletarmos os dados. Esse procedimento aconteceu no mês de setembro de 2017, na sala da coordenação do Programa de Pós-Graduação, com duração de 1h e 48min e contou com a presença dos dois participantes e da autoria do estudo. Nessa ocasião, o pesquisador principal, explicou o objetivo e a importância da estudo, assim como realizou a leitura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) que foi prontamente assinado pelos participantes após a leitura. Após o entendimento dos procedimentos éticos, demos início à entrevista que transcorreu sem interrupções e de maneira amistosa e cordial. Desta forma, seguimos os cuidados recomendados pelas Resoluções 196/96 (BRASIL, 1996) e Resolução 466/2012 (BRASIL, 2012).

De posse da entrevista gravada, todo o material registrado foi organizado e ordenado em 3 grandes categorias conforme sua relevância qualiquantitativa na narrativa dos treinadores, isto é, pela quantidade de vezes e riqueza de detalhes com as quais foram vislumbrados e/ou desvelados. A seguir, encontram-se as seguintes categorizações, bem como suas respectivas discussões: A) adaptação; B) comando em outras seleções nacionais e; C) capacitação técnica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através das duas falas analisamos as narrativas que estes traçam sob sua própria experiência internacional. Desta forma, os entrevistados tentam encontrar coerência naquilo que se pergunta, traçando uma linha argumentativa na sequência de fatos, da passagem do tempo. Cabe-nos selecionar aqui as passagens mais significativas, analisando como os entrevistados dão sentido as suas experiências em terras distantes, suas dificuldades para atuarem como treinadores em locais onde eram poucos conhecidos, e a vontade de, ao longo do tempo, saírem-se vitoriosos nas empreitadas que buscaram.

Os dois treinadores entrevistados mostraram que suas trajetórias profissionais fora das terras brasileiras tiveram início similar. O fator convergente entre os técnicos deu-se na escolha de dois países que não possuem tradição consolidada no futebol. OL iniciou no Qatar em 1980 e CAP em Gana em 1967. Assim, - apesar de suas experiências terem se iniciado em décadas distintas -, nota-se que a busca pela oportunidade de trabalho fora do Brasil se deu longe dos centros mais desenvolvidos do futebol mundial. Longe da Europa, notadamente dos países como Espanha, Itália e Portugal. Como reforço às nossas escolhas amostrais, temos ainda hoje essas regiões possuindo apenas 6% das migrações totais tabuladas entre os anos de 2000 e 2010 (CBF, 2018).

Adaptação

Quanto às dificuldades de adaptação encontradas nas primeiras aparições internacionais, CAP afirmou:

As dificuldades é (sic) você se adaptar a cultura, muita gente vai e não se adapta e acaba voltando por não se adaptar a cultura local, por exemplo, quem for trabalhar na Arábia Saudita tem que ter um espirito de adaptação muito grande né... a comida, religião, parte política, temperatura, a distância, o trabalho com jogadores, porque eles são amadores, mentalidade amadora, é complica, é muito difícil... Então eu acho que o importante do treinador, a gente vai falar sobre isso ai, é se adaptar a essas culturas, a esse meio... quem chegar lá tem que se adaptar e tem que, evidentemente, impor o seu estilo, a sua maneira, cobrar disciplina senão você não vai a lugar nenhum... eu tive muitas dificuldades mas consegui impor disciplina de trabalho, comprometimento.

Ao compararmos esse discurso com a fala dos atletas analisadas por Rial (2008) e por Dimeo e Ribeiro (2009) percebemos que fatores relacionados com a cultura local, idioma e fatores climáticos são barreiras que existem, e influenciam o processo migratório, a mais de 50 anos e mesmo considerando que o crescimento das políticas de globalização capitalista nesse período foram exponenciais, o distanciamento entre as culturas ainda afeta a adaptação dos profissionais em novos países (WAGG, 2006).

A capacidade de se adaptar às características culturais e, a partir disso, se sentir mais integrado ao seu local de trabalho não pode ser quantificado em uma média temporal. Além disso, há uma relação entre formação escolar e velocidade de adaptação às novas culturas, sendo a velocidade de integração e interação cultural diretamente proporcional ao nível de formação do indivíduo (SOARES et al., 2011). Ainda segundo os autores, boa parte dos atletas profissionais de futebol possuem apenas o ensino fundamental completo e, com isso, teriam capacidade reduzida de se adaptar em outros ambientes. Contudo, tal afirmação não se aplica diretamente à nossos entrevistados que tiveram problemas de adaptação mesmo possuindo ensino superior.

Em tempo, não podemos ignorar nesse contexto adaptativo os locais das primeiras experiências internacionais destes treinadores. Quanto menor for a distância cultural e linguística entre as nações de destino e de origem, menores serão as dificuldades encontradas (TIESLER, 2012). Em sua pesquisa, a autora encontrou que a maioria dos atletas que migram para Portugal são oriundo de ex-colônias portuguesas e, segundo a CBF (2018), Portugal está no topo dos 5 países que mais receberam jogadores brasileiros profissionais entre os meses de Janeiro e Abril de 2018, mostrando conformidade com o encontrado pela autora em seu trabalho. Podemos assim creditar essas dificuldades aos locais das primeiras aparições internacionais pois, tanto CAP quanto OL, iniciaram em países do Oriente médio e em um contexto histórico onde não havia aproximação político-cultural do Brasil com as nações dessa região e com isso, pouco sabia-se à época sobre seus costumes locais (SANTANA, 2006).

O processo de adaptação durante a migração de jogadores de futebol é largamente estudado, como vimos em nossa introdução. Treinadores, porém, não fazem gols. Não estão dentro das quatro linhas. Assim, diferente dos jogadores, as qualificações de trabalho exigidas para um técnico de futebol são inerentes ao papel do que se espera de um bom técnico: que sua liderança e capacidade de vencer possam ser verificadas ao longo dos jogos, por vezes anos, por vezes meses. Seus comandados devem entendê-los, e acima de tudo, devem confiar em seu trabalho. Mesmo com a barreira da língua, mesmo com as diferenças culturais, o que se espera destes é uma capacidade ainda maior de assimilação cultural.

Dependendo de quão longe estes estavam dos centros mais desenvolvidos do futebol, mais dificuldades em relação ao profissionalismo de seus comandados. Ressaltamos que ambos os treinadores tiveram, cada um, cerca de 20 anos de trabalho em clubes e seleções ao redor do mundo. Para CAP:

Não tinha mudado muito ainda né... Então lá a dificuldade era a falta de infraestrutura que não tinha nenhuma, clube e seleção. Falta de comprometimento dos jogadores porque eles eram totalmente amadores, o cara trabalhava no banco, o cara da universidade, o cara andava de Rolls-Royce...

Lopes (1999) nos afirma que a profissionalização do futebol se iniciou a partir da década de 1930. O relato feito por CAP é referente ao final da década de 1960 demonstrando que o futebol na região do Oriente Médio não acompanhou as tendências mundiais e que, com isso, causou consequência na adaptação profissional dos envolvidos.

Em contrapartida, essas dificuldades não foram encontradas durante atuações em outros países, como citado por OL na sua primeira passagem pelo Japão: “No Japão era muito fácil, simplesmente por causa da disciplina e obediência, ou seja, a formação do homem e não a formação do jogador, do atleta, facilitou muito o meu trabalho”.

Para além desta, CAP corrobora por ter encontrado nos Estados Unidos uma instituição que “tinha organização, tinha estrutura, tinha trabalho mental...”. Podemos buscar entendimento dessa diferença relacionando o período de profissionalização do futebol em cada continente. O futebol africano e do oriente médio foram os que tiveram sua profissionalização mais tardia, ao final da década de 1970. Assim, o que une os dois treinadores é a constante mudança, ano a ano, de oportunidades de trabalho ao redor do mundo, em diferentes continentes, ora em países com mais estrutura e cultura esportiva, e outras vezes, fruto do acaso e da vontade de mostrar suas qualidades em situações nem sempre favoráveis.

Comando em outras seleções nacionais

Além dos clubes, nossos atores tiveram experiências no comando de seleções. CAP dirigiu as seleções do Kuwait, Emirados Árabes, Arábia Saudita e África do Sul, enquanto OL esteve na equipe técnica das seleções do Qatar, Emirados Árabes e Japão. Nesse quesito, as adaptações culturais, vivenciadas por CAP e OL, ganham notoriedade através do aparecimento de outros fatores, como lembra:

Com a seleção eu acho o trabalho mais desafiante, a responsabilidade é muito maior, mas eu gosto mais. O clube, dia a dia, é bom você tá(sic) envolvido, mas é complicado você joga três vezes por semana, duas... muitos jogos... muitas competições, eu gostava do trabalho de seleções. (CAP)

Nas palavras de OL: “... a responsabilidade é maior, a cobrança é muito maior porque você está envolvido com o país e, mesma coisa, ser técnico no Brasil de clube é uma coisa, ser técnico de seleção é nacional pô! (sic)”.

A responsabilidade citada por OL é um fardo que os treinadores carregam através do mito criado em torno das seleções nacionais de futebol. O jornalista brasileiro Nelson Rodrigues apudAntunes (2004, p. 234) fazia um paralelo entre as guerras e o futebol, relegando o mesmo grau de importância dos exércitos às seleções nacionais. Essa figura imaginária que as seleções nacionais possuem transferem para os treinados à beira do campo todas as responsabilidades inerentes de um líder de nação. Se considerarmos que ambos nasceram no país que, segundo Gastaldo (2006) “o futebol tem sido apontado como um dos principais elementos articulados com a identidade nacional do Brasil” podemos acreditar que as pressões inerentes do comando de outra seleção nacional seja inferior a encontrada aqui no Brasil, contudo, CAP nos apresenta um outro ponto de vista:

Porque é a vaidade do Sheik, dos países, cada um chega “o meu time, a minha seleção”, tanto é que quando nos disputamos um jogo contra a Arábia saudita que classificou o Kuwait para a copa do mundo de 82 eram 4 finalistas... Só dois iam a Copa... Nós fomos jogar o primeiro jogo, era ida e volta, primeiro jogo contra a Arábia Saudita em Riad, vocês não podem imaginar a rivalidade que é Arábia saudita e Kuwait! É muito maior que Argentina e Brasil e tal... É um negócio assim, de louco. Então os jogadores ficaram sabendo que o rei da Arábia saudita, o rei, era o rei mesmo... Porque o rei, o rei! Não tinha coisa mais importante pra fazer?! Tinha não! Ofereceu X, uma fortuna pra ganhar o jogo da gente... Aí, daqui a pouco, vem a notícia do Emir do Kuwait, que era o rei: “se ganhar o jogo eu dou o dobro do que eles ofereceram!”. Então o jogo fica uma guerra, politica, uma guerra técnica, tática. Imagina aquele estádio lá...

Os estudos geopolíticos são construídos pelas análises das disputas e conflitos por territórios e recursos (CANETTIERI, 2010). A partir da fala apresentada por CAP mostrando a tensão diplomática entre os reis do Kuwait e Arábia Saudita percebemos como o futebol é utilizado como ferramenta institucionalizada para disputas nacionais. Segundo Canettieri (2010) é nesse momento que a geopolítica e os esportes estreitam suas relações.

Todos os sentimentos nacionalistas são expostos durante uma partida da seleção nacional, uma vez que o futebol é uma das manifestações culturais mais reveladoras da identidade nacional de um povo (FREYRE, 1945, p.421).

Em paralelo, a cobrança que vem das arquibancadas ressoa (ou silencia) o coro acalorado das identidades nacionais citadas por Freyre. As expressões criadas pelas mídias às vésperas de competições de selecionados nacionais - como “a pátria de chuteiras” ou “vestir o manto da nação” - reacendem a chama do nacionalismo depositando na seleção todas as esperanças de um povo. Durante uma partida de futebol, toda a nação se concentra em torno dos 11 jogadores que ali estão representando seu país e, com isso, permite a aproximação do torcedor com o Estado (GOMES, 2002, p.237). Contudo, uma linha tênue é traçada, uma vez que o possível fracasso da equipe nacional faz com que a pátria torcedora descarregue na seleção todas as suas frustações e, na grande maioria das vezes, nomeia-se o treinador como principal responsável pelas derrotas (COELHO, 2004).

Podemos sugerir que as responsabilidades e as cobranças são acentuadas se considerarmos que os treinadores dirigiram seleções nacionais estrangeiras. Para tal, nos sustentamos em Elias e Scotson (2000, p.7), que descreveram as relações em uma determinada comunidade entre indivíduos nativos e estrangeiros, dos quais nomeiam os estrangeiros como “outsiders”. De acordo com essa relação, os “outsiders” recebem maior pressão social e profissional por não terem um vínculo cultural local. A falta deste vinculo minimiza as questões ligadas à identidade nacional e coloca a liderança de um “não nativo” em questionamento, o que pode justificar o aumento da responsabilidade citado na fala dos envolvidos.

É possível perceber a relação intensa entre responsabilidade, satisfação profissional e pressão no ambiente de trabalho. Essa relação, denominada por Silva et. al. (2016) como suporte social positivo é determinante na condução dos comandados, direcionando a capacidade de aprendizado técnico-tático (SALLAS et. al., 1997). Sugere-se então que treinadores que compreendam melhor as consequências derivadas do comando de um selecionado nacional estrangeiro tendem a obter maior sucesso em seus resultados.

As motivações para a migração desses treinadores foram claramente diferentes das encontradas em jogadores de futebol. Enquanto autores como Dimeo e Ribeiro (2009), Soares (2011) Pisani (2014) e Tiesler (2016) corroboram que o fator financeiro está na primeira prateleira das escolhas dos atletas, CAP e OL delimitam seus motivos em três searas: desafio, oportunidade e capacitação. CAP afirma: “Esteja preparado, ou seja, façam cursos, estudem, aproveite as oportunidades, procurem as oportunidades e paguem o preço.”

OL acrescenta que “um desafio sempre né! Conhecer uma cultura diferente... um modo esportivo diferente e sempre começar um trabalho, desenvolver, levar um time pra copa do mundo, sempre havia esse desafio de conquistar alguma coisa ...”

Relativizamos a narrativa sobre a questão financeira neste momento de suas vidas. Enquanto para outros treinadores, jogadores e demais membros de uma comissão técnica que tentam a vida fora terras tupiniquins fazer o pé-de-meia é o elemento preponderante - conforme visto em estudos como os citados acima -, compreendemos que, para aqueles que chegam nos postos mais altos dessa profissão, o fator financeiro segue mais como reconhecimento do que uma busca.

Capacitação técnica

A capacitação para os treinadores, atualmente, não é somente um diferenciador, é uma obrigatoriedade. Tal capacitação se divide entre a graduação acadêmica e o licenciamento para profissão.

Para que possamos compreender a capacitação acadêmica, nos apropriamos do estudo de Bettanim et al. (2017) que apresentam dados relativos a formação acadêmica dos treinadores no Brasil. Analisando 109 treinadores brasileiros de futebol das categorias de base em 2009, pouco mais de 50% eram formados em Educação Física. Depurando dados dos treinadores que participaram do Campeonato Brasileiro da Série A, 40% dos treinadores possuíam graduação. Tais índices nos mostram que a formação em educação física não é fator decisivo no momento da escolha dos profissionais. Não obstante, nossa legislação se contradiz nesse quesito. A lei 9696/98 estabelece, em por menores, que apenas profissionais formados podem detém a exclusividade na atuação sob treinamentos desportivos especializados, enquanto em outra ponta, a lei 8650/93 em seu artigo 3º define que treinadores esportivos devem ser preferencialmente diplomados em Educação Física, determinando que não há proibição para não formados atuarem (BRASIL, 2018).

Seguindo os padrões internacionais, a CBF a partir de 2019, tornará obrigatório o licenciamento para treinadores dos clubes das Séries A e B (CBF, 2018). A UEFA já obriga um licenciamento próprio para atuação na Europa desde a convenção de treinadores realizada em 1997 (UEFA, 2018).

A obtenção dessas licenças pode influenciar diretamente as migrações e o mercado de trabalho dos treinadores devido a necessidade de uma qualificação profissional específica e restrita (Maguire, 2007). E sobre as dificuldades que a não obtenção das licenças gera no mercado de trabalho europeu para os treinadores brasileiros, CAP relembra um diálogo com outro treinador brasileiro, Leonardo:

É questão de capacitação, uma vez eu perguntei a Leonardo, Leonardo foi jogador muito tempo na Europa, foi diretor e foi técnico então ele conhece todo mundo do futebol ‘Parreira, o problema, primeiro a gente não tem os técnicos qualificados aqui, não tem diploma, na Europa todo técnico que trabalha é diplomado, tem o certificado, tem que fazer o curso na academia francesa, na federação francesa, portuguesa, espanhola, inglesa, senão ele não trabalha...

OL acrescenta outros itens às barreiras possíveis:

E tem a barreira do idioma e tem a barreira cultural que eles acham que no Brasil, que era campeão do mundo, aqui quem resolve aqui é o jogador e não o treinador, tanto é que quando se ganha uma copa do mundo quem ganha são os jogadores... eu nunca vi um técnico ganhar copa do mundo no Brasil... Agora, quando perde aí é o treinador.

Outro aspecto levantado pelos treinadores foi a relação entre os resultados obtidos na carreira e a migração dos treinados. CAP em sua fala, destaca que as grandes conquistas podem fazer com que as portas estrangeiras se abram com mais facilidade para esses profissionais:

E também porque a gente ficou 24 anos sem ir à final de copa, ai a... A Holanda vem ganha a final da copa de 74, vai a final da copa de 78, isso aí não parece não, mas, desperta a atenção... Futebol holandês, jogadores, treinador... Aí a França foi campeã em 1998, aí começou... Abre o mercado para eles também. O sucesso do time principal, da seleção em copa, essa tendência ajuda muito...

Essa característica parece se perpetuar com a entrada do novo século, uma vez que em um estudo feito por Talamoni et al., (2013) um renomado treinador brasileiro do início dos anos 2000 só obteve suas primeiras oportunidades de trabalho na Ásia e no Oriente Médio quando conquistou títulos de expressão no Brasil. Em tempo, Ferreira (2004) e Jr e Venâncio (2018) entendem título de expressão como os campeonatos estaduais das principais praças e campeonatos nacionais de primeira divisão.

Contudo, a relação resultados esportivos x migração ganha mais uma variável quando os jogadores são os envolvidos. Para OL, a qualidade técnica do futebolista brasileiro ainda desperta certa atenção e cobiça dos clubes mundiais de maior porte:

Mas o futebol brasileiro tem uma marca muito forte, “The Brazilian way”, a nossa camisinha amarela, a nossa qualidade técnica, a nossa habilidade... Então, isso desperta um interesse muito grande ainda nos jogadores e, um pouco menos, nos treinadores...

A expressão “the Brazilian way” deriva da visão internacional que o Brasileiro tem de adaptar a sua vida às dificuldades socioeconômicas vividas em toda a história do país. Sua analogia para dentro do campo é encontrada sob a forma diferenciada de pensar o jogo e se ajustar às situações problema em espaço reduzido e curto tempo que o jogador brasileiro possui atrelado à conotação passional que é atribuída a esses momentos pelos jornalistas de todo o mundo (BELLOS, p. 252, 2014).

Ainda quanto aos jogadores de futebol, outro fator permeia a relação “Resultados Esportivos x Qualidade Profissional x Migração”. A convocação de um atleta para atuar em sua seleção é um resultado esportivo individual segundo os próprios atletas (RIAL, 2008) e, para além disso, se tornou um pré-requisito de contratação de alguns países do velho continente. Para CAP, o

Futebol inglês exige que o cara tenha jogado tantas partidas na seleção principal do seu país e, se não tiver esse número de jogos, ele tem que ter um atestado de alguém qualificado dizendo que ele tem qualidades técnicas pra jogar na primeira liga inglesa.

Se para os jogadores existe uma teia de possibilidades bem fomentada que influenciam positivamente as migrações, para os treinadores brasileiros, a situação não é tão animadora. Para os treinadores entrevistados, simplesmente não há mercado para os técnicos brasileiros na Europa. Segundo OL: “Pra técnicos não tem... hoje não tem! Hoje nem pra... nem pra África, nem pra oriente médio, nem pra Ásia né?! Na Europa não tem”.

Os números corroboram para essa afirmação. Desde de 2011, quando Leonardo esteve à frente da Internazionale de Milão, não há um brasileiro nas Top 5 ligas europeias - Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França (UEFA, 2018).

Dos motivos para o fechamento do mercado, o licenciamento da UEFA é o mais citado, contudo, questões políticas também são consideradas para o não aproveitamento dos treinadores brasileiro. OL afirma: “Com certeza... sem dúvida (influência política) ... E ainda usaram esse artifício da licença. Hoje isso é muito forte em todos os países!”.

Em matéria especial realizada pelo programa Seleção Sportv2, treinadores de carreira consolidada e alguns detentores da licença UEFA PRO (Mano Menezes, Milton Mendes, Muricy Ramalho) também concordam que o não reconhecimento da nossa formação de técnicos é uma barreira.

Por fim, nos deparamos com um tópico que, na visão de Maguire (2007) fecha o ciclo migratório de um esportista: A repatriação. O momento de voltar para seu país pode trazer retornos ao profissional envolvido e a seu país de origem. As palavras de OL mostram sua percepção sobre o retorno:

Isso foi o que me deu experiência! Porque eu nos primeiros anos no Qatar, fiz muito laboratório. Treinava ser preparador físico e treinador com os jogadores, né?! Quando apareceu o primeiro polar, frequencímetro... Então vivia fazendo experiência com eles, aí retornei ao brasil em 96 e tive uma outra experiência muito legal que eu fui ser consultor técnico do Rene Simões na Jamaica, que foi quando a Jamaica classificou para o mundial de 98 na França. Trabalhei 6 meses lá com ele, voltei e comecei minha trajetória como auxiliar técnico com o Wanderlei Luxemburgo no Santos, no Corinthians... E aí no Corinthians, quando o Wanderley foi para a seleção eu assumi como treinador...

Essa capacitação profissional decorrente de experiências internacionais, não somente foram benéficas ao treinador, quanto para os clubes que foram dirigidos por ele. Após seu retorno 1999 OL conquistou com o SC Corinthians Paulista os campeonatos Paulista, Brasileiro e o primeiro campeonato mundial de clubes de FIFA. Logicamente, não podemos afirmar contundentemente que o caso de OL e CAP são a totalidade dos casos de treinadores repatriados, contudo, já apresenta uma realidade distinta da encontrada na maior parte dos atletas que são repatriados, que retornam aos seus países em final de carreira, no momento de declínio fisiológico e que devolvem muito pouco do investimento feito pelo clube para sua repatriação (SOCA, 2012).

Assim, a carreira de técnicos de futebol pode ser longeva, e tão ou até mais rica de experiência profissionais que a dos jogadores de futebol. Não são limitados por nenhuma regra que os impede de dirigir apenas as suas seleções nacionais e, também, não precisam para de atuar quando estão no auge de sua maturidade e experiência. Nosso argumento é de que os treinadores aqui analisados obtiveram o máximo de experiência internacional, fator que no nível do futebol brasileiro é quase que uma exigência para os jogadores de futebol: se no início da carreira for viável, que vá, nem que seja para onde o futebol não é praticado no seu melhor nível técnico. Nossos técnicos adquiririam experiência fora daqui, e isto foi muito bom para eles e para os clubes brasileiros que depois estiveram sob seus comandos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos inferir que, a partir da vivência desses profissionais, a visão dos treinadores sobre o fluxo migratório no futebol brasileiro tem aspectos diferentes da visão dos atletas, segundo as literaturas discutidas.

Resultados distintos poderiam ter sido encontrados se tivéssemos em mãos outro universo amostral. Nossa pesquisa está limitada aos dois treinadores, e ressaltamos que questões relacionadas à história de vida precisam levar em conta as particularidades de experiência profissional, onde a trajetória de sucesso na carreira aliado ao reconhecimento público difere susbstancialmente de treinador para treinador.

Quanto aos principais motivos para a migração, os atletas pontuam a questão financeira como prioridade. Em outra via, OL e CAP demostraram que o desafio profissional e novas oportunidades são os principais motivos. Ainda com relação as questões financeiras, é importante relativizar, uma vez que os treinadores entrevistados têm carreira vitoriosa e de grande visibilidade. Seu sucesso à beira do campo, dentro e fora do Brasil, podem deixar a questão financeira em segundo plano.

Sobre as dificuldades, os aspectos socioculturais afetam ambos os profissionais com a mesma intensidade. Analisando o mercado internacional notamos a falta de qualificação específica, a segregação política e a falta de resultados internacionais impactantes como prováveis motivos para o fechamento das portas para os treinadores brasileiros.

Contudo, devido à pouca literatura direcionada para o fluxo migratório dos treinadores, algumas lacunas podem emergir. Sendo assim, sugerimos a construção de novos estudos que permitam ampliar o leque sobre o tema.

AGRADECIMENTOS

Não se aplica

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1Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), parecer nº 2.097.257

2Material jornalístico em vídeo e impressão virtual disponível em https://globoesporte.globo.com/futebol/futebol-internacional/noticia/brasil-vai-para-oitava-temporada-sem-treinadores-nas-top-5-ligas-da-europa.ghtml.

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APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), parecer nº 2.097.257 e CAAE:67523717.8.0000.5257.

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

Recebido: 21 de Outubro de 2018; Aceito: 15 de Fevereiro de 2019

Concepção do manuscrito: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

Coleta de dados: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

Análise de dados: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

Discussão dos resultados: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

Produção do texto: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

Revisão e aprovação: D.R. Nascimento, E.G.B. Pereira, C.H.V. Ribeiro

CONFLITO DE INTERESSES

Não há conflito de interesses.

EDITORES

Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira.

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