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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.31 no.60 Florianópolis out./dez 2019  Epub 05-Dez-2019

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2019e59884 

Porta Aberta

Reflexões sobre a produção de pesquisas pautadas na história oral em periódicos de estratos superiores na área da Educação Física

Reflections on the production of oral history research in higher education journals in the area of ​​Physical Education

Reflexiones sobre la producción de investigaciones pautadas en la historia oral en periódicos de estratos superiores en el área de la Educación Física

Maria Thereza Oliveira Souza1 
http://orcid.org/0000-0002-1636-6969

Pauline Iglesias Vargas2 
http://orcid.org/0000-0002-6756-4674

André Mendes Capraro3 
http://orcid.org/0000-0003-3496-3131

1Mestre em Educação Física Universidade Federal do Paraná, Departamento de Educação Física, Curitiba, Brasil mariathereza_souza93@yahoo.com.br

2Mestre em Educação Física Universidade Federal do Paraná, Departamento de Educação Física, Curitiba, Brasil piglesiasvargas@gmail.com

3Doutor em História Universidade Federal do Paraná, Departamento de Educação Física, Curitiba, Brasil andrecapraro@onda.com.br


RESUMO

Ao discutirmos os artigos baseados na metodologia de História Oral publicados em revistas científicas próprias da Educação Física, observamos que as formas empregadas para se analisar as fontes orais se constituíam de maneira diferenciada em relação ao que nos acostumamos a encontrar em textos de outras áreas, principalmente no que tange o tratamento conceitual de memória e identidade. A fim de entender essas diferenças para além de uma breve constatação inicial, estabelecemos a seguinte pergunta norteadora: de que forma a metodologia de História Oral vem sendo utilizada nos artigos científicos publicados em revistas da Educação Física no Brasil? Concluímos que o modo de fazer pesquisas em História Oral na Educação Física guarda suas particularidades, como uma predominância do cruzamento de diferentes tipologias de fontes, a minoria de trabalhos que apresentam detalhamento da passagem do oral para o escrito e o pouco tratamento metodológico dos conceitos de memória e identidade.

PALAVRAS-CHAVE: História oral; Educação física; Artigos científicos

ABSTRACT

When discussing the articles based on Oral History methodology published in scientific journals of Physical Education, we observed that the forms used to analyze the oral sources were constituted in a differentiated way in relation to what we usually find in other area articles, mainly regarding the conceptual treatment of memory and identity. In order to understand these differences in addition to a brief initial observation, we set the following guiding question: in what way has Oral History methodology been used in scientific articles published in Physical Education journals in Brazil? We conclude that the way of doing research in Oral History in Physical Education has its peculiarities, as a predominance of the crossing of different sources of typologies, the minority of works that present detail of the passage from the oral to the writing and the little methodological treatment of the concepts of memory and identity.

KEYWORDS: Oral history; Physical education; Scientific papers

RESUMEN

Al discutir los artículos basados en la metodología de Historia Oral en revistas científicas propias de la Educación Física, observamos que las formas empleadas para analizar las fuentes orales se constituían de manera diferenciada en relación con lo que acostumbramos a encontrar en textos de otras áreas, principalmente en lo que se refiere al tratamiento conceptual de memoria e identidad. A fin de entender esas diferencias, establecimos la siguiente pregunta orientadora: ¿de qué forma la metodología de Historia Oral viene siendo utilizada en los artículos científicos publicados en revistas de la Educación Física en Brasil? Concluimos que el modo de hacer investigaciones en Historia Oral en la Educación Física guarda sus particularidades, como una predominancia del cruce de diferentes tipologías de fuentes, la minoría de trabajos que presentan detalle del paso de lo oral a lo escrito y el poco tratamiento metodológico de los conceptos de memoria e identidad.

PALABRAS-CLAVE: Historia oral; Educación física; Artículos científicos

INTRODUÇÃO

A História Oral se constituiu nos últimos anos como uma das metodologias de pesquisa mais profícuas em estudos históricos, sociais e antropológicos no Brasil. Tal condição se dá, muito provavelmente, pela relevância e atuação de dois grupos de pesquisa especializados em estudos desse modelo - o programa de História Oral do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea no Brasil), localizado na renomada Fundação Getúlio Vargas e o Núcleo de História Oral (NEHO) da Universidade de São Paulo.

Pois bem, pode-se dizer que foram principalmente esses dois projetos teóricos que lançaram as diretrizes para o entendimento de como se fazer uma pesquisa com História Oral no país. Isso porque seus coordenadores, Verena Alberti (CPDOC) e José Carlos Sebe Bom Meihy (NEHO), lançaram manuais teóricos sobre tal modelo de pesquisa em 1996 e 2004, respectivamente.

Amparados por essas diretrizes metodológicas e por alguns referenciais teóricos internacionais, como os de Halbwachs (2006), Pollak (1989; 1992), Candau (2011), Thompson (1992) e Portelli (2010; 2016), que pesquisadores de nosso grupo construíram suas pesquisas (dissertações) nessa área1.

Entretanto, ao começarmos a observar, em reuniões semanais do grupo de pesquisa, alguns artigos que se classificavam como de História Oral, publicados em revistas científicas próprias da Educação Física, observamos que as formas empregadas para se analisar as fontes orais se constituíam de maneira diferenciada em relação ao que nos acostumamos a encontrar em textos de outras áreas, principalmente no que tange o tratamento conceitual de memória e identidade. Dessa forma, a fim de entender essas diferenças para além de uma breve constatação imprecisa e superficial, estabelecemos a seguinte pergunta norteadora: de que forma a metodologia de História Oral vem sendo utilizada nos artigos científicos publicados em revistas de Educação Física no Brasil?

Hipotetizamos que a História Oral foi apropriada e, possivelmente, ressignificada por pesquisadores da Educação Física.

METODOLOGIA

No intuito de esquadrinhar e delimitar a pesquisa, foram selecionadas as revistas de Educação Física classificadas acima do estrato B2 presentes no WebQualis2 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no quadriênio 2013-2016. As revistas que se enquadraram em tal critério de seleção foram as seguintes: Pensar a Prática, Movimento, Motriz, Revista Brasileira de Ciências do Esporte (RBCE), Revista Brasileira de Ciência e Movimento (RBCM), Licere, Motrivivência, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e Journal of Physical Education.

Realizamos então, no sistema online de cada periódico, uma busca com o termo “História Oral”. Não houve uma delimitação temporal específica para a investigação, haja vista que foram considerados todos os números das revistas desde suas origens, o que nos levou a datas distintas em relação a cada uma. Assim, estabelecemos apenas um corte final no ano de 2018, já que a pesquisa se iniciava naquele período e, portanto, artigos publicados posteriormente a nossa busca, não poderiam ser incluídos. Vale a ressalva de que houve uma exceção no modelo de busca na RBCE, explicamos: apesar de todos os seus números estarem disponíveis em formato online, aqueles anteriores ao ano de 2006 não foram encontrados pela busca de palavras, já que foram digitalizados em forma de imagem, haja vista que suas publicações originais foram em formato impresso. Nesse caso, tivemos que analisar número por número em busca de artigos que possivelmente se encaixassem em nossa pesquisa.

Após isso, todos os artigos encontrados nos periódicos passaram por uma análise do grupo para confirmação de que os mesmos realmente se delimitavam metodologicamente como de História Oral, já que em alguns casos o sistema apontava textos que possuíam um ou outro termo de forma separada, ou, ainda, pesquisas que apenas mencionavam a História Oral em suas referências.

Tal processo, então, confirmou 60 dos 106 artigos encontrados. Foram 21 na Movimento, sete na RBCE, seis na Licere, seis na Motrivivência, cinco na Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, cinco na Pensar a Prática, quatro na Motriz, quatro no Journal of Physical Education e dois na RBCM.

No intuito de estabelecer bases quantitativas para auxiliar na reflexão qualitativa, e identificar, segundo nossa avaliação, aqueles artigos que se enquadram dentro dos padrões estabelecidos pela metodologia de História Oral, estabelecemos quatro critérios práticos: a apresentação ou não de critérios de inclusão e exclusão dos colaboradores entrevistados pelos autores do artigo; a utilização ou não de cruzamento de fontes orais com outros modelos de fontes na construção do texto; a existência ou não de uma preocupação em detalhar a forma como a passagem da linguagem oral para a escrita foi feita; e, por fim, a apresentação ou não dos conceitos de memória e/ou identidade no tratamento das narrativas.

Reflexão 1: apresentação dos critérios de inclusão e exclusão dos entrevistados

O uso da História Oral como metodologia em pesquisas acadêmicas implica em uma série de condições e requisitos que deve ser observada. A concepção de um projeto que vise registrar e discutir as memórias e narrativas de determinado(s) sujeito(s) demanda, obrigatoriamente, a escolha de um tema de pesquisa que viabilize a utilização da História Oral como método de apreensão de impressões e significados relativos ao passado. Na sequência, é necessário escolher entre os tipos de entrevista3, que podem ter um viés temático ou podem ser tratadas como história oral de vida. Ambos os tipos de entrevistas não são mutuamente excludentes e alguns artigos relativos ao levantamento aqui realizado, lançaram mão de uma mescla entre História Oral temática e História Oral de vida, como foi o caso da pesquisa empreendida por Tralci Filho (2016), intitulada “Tradição no Kung Fu: mestres brasileiros entre permanências e transformações”, a partir de relatos de mestres brasileiros, discípulos diretos de mestres chineses. No caso do referido trabalho, o autor optou por iniciar suas entrevistas com questões de caráter biográfico para depois abordar junto a seus entrevistados o tema central de seu estudo.

Na sequência da opção por determinado tipo de entrevista, é necessário adotar alguns critérios para a seleção dos participantes da pesquisa e isso, é claro, também está relacionado ao tema eleito para discussão ou à representatividade da história de vida do(s) narrador(es). Como registrou Paul Thompson (1992, p.10), “Mas de quem é a voz - ou são as vozes - que se deve ouvir?”

No levantamento aqui realizado, foi possível perceber que 77% dentre os 60 artigos publicados nos diferentes periódicos próprios da área evidenciavam as opções de escolha de seus entrevistados, conforme apresentado na figura 1. Isso pode ser atrelado ao fato de que esse é um cuidado também inerente a quaisquer pesquisas pautadas em entrevistas, ou seja, sem estarem necessariamente vinculadas à História Oral, o que torna seu uso mais recorrente.

Fonte: os autores.

Como exemplo de uma descrição pormenorizada a respeito dos critérios de inclusão ou seleção dos entrevistados é possível citar o texto de Schiavon e Paes (2012), “Condições dos treinamentos de ginastas brasileiras participantes de Jogos Olímpicos (1980-2004)”:

Participaram da pesquisa dez ginastas, apresentadas a seguir em ordem cronológica de participação em Jogos Olímpicos: Cláudia Magalhães (1980), Tatiana Figueiredo (1984), Luisa Parente (1988 e 1992), Soraya Carvalho (1996), Daniele Hypólito (2000, 2004 e 2008), Camila Comin (2000 e 2004), Ana Paula Rodrigues (2004), Caroline Molinari (2004), Daiane dos Santos (2004 e 2008) e Laís Souza (2004 e 2008). O critério estabelecido para determinar o universo da pesquisa foi: ginastas brasileiras participantes (ou classificadas) dos Jogos Olímpicos, na modalidade de Ginástica Artística Feminina até o ano de 2004 (SCHIAVON; PAES, 2012, p. 760).

Por meio de uma descrição “cronológica” de suas narradoras, os autores apresentaram critérios de inclusão para participar da pesquisa - os quais se demonstraram bem visíveis no trecho acima.

É oportuno recordar que no caso da História Oral, a subjetividade ganha destaque, por meio de significados e representações contemporâneas atribuídos ao passado. Nesse sentido, é importante observar que:

A escolha dos entrevistados não deve ser predominantemente orientada por critérios quantitativos, por uma preocupação com amostragens, e sim a partir da posição do entrevistado no grupo, do significado de sua experiência. Assim, em primeiro lugar, convém selecionar os entrevistados entre aqueles que participaram, viveram, presenciaram ou se inteiraram de ocorrências ou situações ligadas ao tema e que possam oferecer depoimentos significativos. (ALBERTI, 2004, p. 31).

Obviamente tratar os narradores como “unidades qualitativas” - expressão também empregada por Alberti (2004) - a fim de esclarecer critérios de seleção de participantes para pesquisas em História Oral, não significa deixar de observar o rigor necessário na descrição da escolha de um indivíduo em detrimento de outro. Tal ausência de clareza em relação aos critérios de inclusão e/ou exclusão de participantes não só compromete o uso da metodologia, como por consequência pode subutilizar as memórias e relatos dos entrevistados.

Reflexão 2: detalhamento da passagem do oral para o escrito

Numa pesquisa apoiada na metodologia da História Oral a passagem do oral para o escrito é uma etapa fundamental, uma vez que há uma diferença significativa entre uma e outra linguagem (MEIHY, HOLANDA, 2014). Sendo assim, é de suma importância que o pesquisador seja capaz de incorporar ao texto, o indizível.

Para Page (2004) a transcrição é uma arte, portanto, varia conforme o produtor, e completa: “Los mejores transcriptores de historia oral procuran convertir la palabra hablada en un texto escrito que sea fiel al momento concreto del diálogo y a la intención del entrevistado y al mismo tiempo resulte fluido y legible para el investigador.” (p. 63-64).

No entanto, não há consenso entre os autores no que tange a forma de realização da transcrição das entrevistas em História Oral. Alberti (2004) orienta a transcrição em fases, a fim de garantir a fidelidade do que foi proferido. A autora recomenda: 1) transcrição fiel do áudio da entrevista; 2) desmembramento das palavras usualmente contraídas; 3) inclusão de marcas para sinalizar silêncios, emoções, risos, interrupções, entonação da voz do locutor, trechos lidos e enunciados incompletos; 4) copidesque, que seria a realização de pequenos ajustes para adequar para a forma escrita.

Na contramão, Meihy e Holanda (2014) indicam a reescrita do que foi proferido a partir do encontro dialógico de forma estética, aproximando a literatura da história, o qual denominam de transcriação. O texto criado, a partir da entrevista é devolvido ao colaborador no sentido de verificar a identificação do entrevistado com o produto concluído. Para os autores, “[...] essa [é] a grande prova da qualidade do texto final.” (MEIHY; HOLANDA. 2014, p. 139).

Mesmo havendo diferentes possibilidades da produção do texto de História Oral, há consenso de que se trata de uma etapa essencial, a qual merece atenção do pesquisador. Entretanto, apenas 38% dos artigos analisados a indicam, conforme figura 2.

Fonte: os autores.

Dentre os 23 (38%) artigos que apresentam a forma de transcrição das entrevistas, apenas três utilizaram a técnica de transcriação sugerida por Meihy e Holanda (2014). Um exemplo deles foi “Identidade docente no ensino superior de Educação Física: aspectos epistemológicos e substantivos da mercantilização educacional”, de Rubens Antonio Gurgel Vieira e Marcos Garcia Neira (2016), que explicaram o procedimento adotado:

[...] processo que caracteriza a metodologia da história oral e que consiste basicamente na produção de um texto em parceria com o colaborador, que pode, inclusive, suprimir ou incluir passagens, pois o que importa é a sua visão do que foi criado. (VIEIRA; NEIRA, 2016, p. 785).

Todos os artigos que utilizaram a transcriação foram publicados na revista Movimento, entre os anos de 2013 e 2016, o que pode ser um indício de uma nova linha de pesquisadores utilizando desta técnica de construção narrativa.

Os 20 outros artigos citam a transcrição, porém boa parte não descreve como ocorreu e quais foram os padrões adotados. Já Christiane Macedo, Aline Haas e Silvana Goellner, no artigo “O método pilates no Brasil segundo a narrativa de algumas de suas instrutoras pioneiras”, detalham a transcrição, conforme segue:

As fontes orais foram produzidas, considerando os seguintes procedimentos: contato com possíveis entrevistadas, levantamento de dados biográficos, elaboração de roteiro, realização da entrevista com gravação em mídia digital, transcrição, conferência de fidelidade (verificação se o escrito corresponde ao áudio), copidesque (adaptação da linguagem falada para a linguagem escrita), devolução para a entrevistada realizar alterações se julgar necessário, assinatura de uma carta de cessão de diretos autorais para uso e divulgação da entrevista concedida (MACEDO; HAAS; GOELLNER, 2015, p. 573).

Reflexão 3: o uso de fontes paralelas ou cruzamento de fontes diversificadas com as narrativas orais

Longe de ser um ponto pacífico, o cruzamento de fontes variadas com as orais ou mesmo o uso em paralelo das orais com outras tipologias, outrora estratégia metodológica severamente criticada, atualmente é relativizada. Portanto, é um ponto que, no nosso entendimento, merece uma discussão, tendo-se em conta o seu uso (ou não) nos textos selecionados.

Os pesquisadores que usualmente se pautam nos preceitos da História Oral, sobretudo aqueles que conduzem suas respectivas pesquisas a partir do conceito de memória, tendem a vetar ou ao menos julgar desnecessário o cruzamento de fontes. Fato inegável: fontes documentais e impressas - por mais que também guardem sua subjetividade (RICOEUR, 1968) - são mais detalhistas e mais precisas, principalmente se o pesquisador pretende ser factual. Para os adeptos da História Oral como método, como nós, não raro o cruzamento pode até gerar um certo desconforto, uma sensação de “combate injusto”, pois, como sabemos, enquanto as fontes escritas foram produzidas em seus próprios tempos e estão lá, inalteradas, em arquivos ou outros espaços de guarda, as reminiscências individuais são regularmente moldadas e/ou reconstituídas a partir de elementos associados ao presente, ou seja, flexíveis, sujeitas inegavelmente à temporalidade na qual o colaborador será instigado a relembrar de uma experiência passada, logo, memória.

Porém, existe um contraponto, ponderado e com argumentos consistentes:

O memorialista se contenta em escutar, recolher fielmente, sem jamais intervir nem tomar a mínima distância; seu silêncio vale aprovação, para não dizer adesão. O historiador não deixa de ouvir e recolher, mas sabe que deve se distanciar, que a simpatia necessária, virtude cardeal do bom entrevistador, não deve cegá-lo nem privá-lo da lucidez. O cruzamento das fontes, o necessário espírito crítico, não são incompatíveis com o respeito devido à testemunha ou aos grupos [grifo nosso] (JOUTARD, 2000, p. 43).

Ainda no mesmo texto, publicado na obra “Desafios à História Oral no Século XXI”, Joutard (2000) reforça que o cruzamento pode ser, inclusive, com as próprias fontes orais, só que de outro período, exatamente para verificar essa influência do presente na narrativa. Em consonância com a possibilidade positiva de cruzamento de fontes vislumbradas pelo historiador francês, Alberti e Pereira (2008) acrescentam que é necessário o manuseio de fontes primárias e secundárias visando à preparação para as interações formais com os colaboradores. Evitando, com essa precaução, situações embaraçosas típicas de quem trabalha com a oralidade - como, por exemplo, selecionar um indivíduo que não tenha envolvimento efetivo com o assunto/período delimitado.

À guisa de exemplo, o artigo produzido por Goellner e colaboradores (2005) “ESEF 65 anos: entre memórias e histórias apresenta um procedimento símile ao proposto por Alberti (2004), sem deixar de priorizar as narrativas de seus entrevistados:

Paralelo a realização e processamento das entrevistas foram consultadas várias outras fontes como, por exemplo, atas e registros oficiais da Escola e reportagens em jornais e revistas. A partir do diálogo estabelecido entre as diferentes fontes, privilegiando como já foi mencionado, os depoimentos orais [grifo nosso], elegemos quatro temas para desenvolver nesse texto [...] (GOELLNER, 2005, p. 205).

A proposta de Alberti (2004) sugere apenas um estudo pregresso, por meio de outras tipologias de fontes, da biografia do colaborador e seu envolvimento com a temática de pesquisa, portanto, sequer pode ser entendida como um cruzamento de fontes. Cremos que esse uso complementar em trabalhos monográficos4 pode até ser detalhado na metodologia, mas se enquadraria mais como procedimento cautelar do que como algo inerente à pesquisa.

Apontado os elementos norteadores, apresentamos a figura 3, referente ao uso (ou não) de outras fontes, seja de modo paralelo ou cruzando essas diferentes fontes com os depoimentos dos colaboradores, publicadas em revistas de relevância na área de Educação Física, de acordo com a CAPES.

Fonte: os autores.

A figura evidencia que 30% dos artigos não cruzaram fontes. Ou seja, 18 destes artigos seguiram o princípio de que, por meio do uso do conceito de memória, é possível desenvolver a pesquisa a partir das condições definidas por Patai (2010) e Meihy e Holanda (2014) como “História Oral pura” em detrimento ao cruzamento e/ou uso conjugado, prática adotada, consequentemente, por 70% dos textos analisados.

Vale enfatizar que a escolha das fontes depende em grande parte da especificidade do estudo e da problemática de pesquisa, cabendo aos autores identificar as tipologias de fonte adequadas para atingir os objetivos de cada estudo. Tendo em vista que existem matrizes diversas da História Oral defendendo ora o uso exclusivo das entrevistas, ora a associação com outras fontes, não julgaremos o mérito das opções. Isso não nos isenta de apresentarmos uma reflexão acerca de como um e outro tipo de uso da História Oral foram feitos nos periódicos pesquisados.

Quanto aos artigos que usaram apenas das entrevistas como material de análise, foi possível perceber que a maioria de seus autores tinha experiência consistente no manuseio da História Oral e seus pressupostos teóricos. Alguns dos textos, inclusive, eram segmentos adaptados ou subtemas de teses e dissertações. Outro importante detalhe: um número significativo havia sido aprovado em comitê de ética em pesquisa.

Já os artigos que adotaram a postura de cruzar ou usar fontes em paralelo podem ser divididos, essencialmente, em três subgrupos: 1) realizados por pesquisadores que pertencem a Grupos de Pesquisa vinculados ao CNPq e que adotam como metodologia as linhas teóricas da História Oral que propagam o uso em paralelo com a finalidade de melhor compreender a memória/identidade de um segmento social. Aqui as fontes não orais (documentais, impressas e, às vezes, iconográficas) são complementares, não raro, advindas de acervos pessoais dos próprios colaboradores; 2) a subversão à essência da História Oral ou seu uso apenas como técnica, pois nessas pesquisas os depoimentos são meros complementos que reforçam uma hipótese já estabelecida e “comprovada” por meio de outras fontes - estas sim, devidamente valorizadas; 3) formado geralmente por pesquisas pontuais (restritas ao próprio artigo), essas apresentam na metodologia a proposta de que irão trabalhar com os fundamentos teóricos da História Oral, porém, não concretizam tal promessa, isto é, possivelmente, acreditam que acentuar - em detrimento às “simples” entrevistas como material empírico - o uso da História Oral poderia dar um maior grau de complexidade à proposta, consequentemente, aumentando a chance de publicação.

Reflexão 4: a presença de memória e/ou identidade

Como último item de análise, cabe destacar o papel exercido pela memória. Para Joel Candau, ela é:

[...] acima de tudo, uma reconstrução continuamente atualizada do passado, mais do que uma reconstituição fiel do mesmo. [...] A ideia segundo a qual as experiências passadas seriam memorizadas, conservadas e recuperadas em toda sua integridade parece “insustentável” (CANDAU, 2011, p. 9).

Essa talvez seja uma das premissas mais utilizadas por aqueles que se debruçam sobre os estudos da memória social e, consequentemente, da História Oral, haja vista que, ao pensarmos em narrativas sobre o passado, não há como desvinculá-las da atuação preponderantemente seletiva da memória.

Junto a isso, temos que a memória,

[...] ao mesmo tempo em que nos modela, é também por nós modelada. [E de que] isso resume perfeitamente a dialética da memória e da identidade que se conjugam, se nutrem mutuamente, se apoiam uma na outra para produzir uma trajetória de vida, uma história, um mito, uma narrativa (CANDAU, 2011, p. 16).

Ou seja, trabalhamos com a ideia de que toda fala tem seu caráter identitário, tendo em vista que, ao abrirmos nossa história de vida, nos utilizamos de representações intencionais sobre quem somos e quem gostaríamos de ser perante quem nos ouve. Há o sentido de que “[...] saber o que fomos, confirma o que somos” (LOWENTHAL, 1998, p. 83).

Foi por considerarmos esses conceitos fundamentais para a História Oral que estabelecemos a sua presença ou não nos artigos encontrados como um dos critérios de análise. Os dados encontrados dão conta de que em 72% dos textos houve, ao menos, menção a um dos dois conceitos. Como pode ser visto na figura 4.

Fonte: os autores.

Entretanto, na maioria dos casos, os termos foram apenas introduzidos ao texto sem uma discussão teórica que os ancorasse ou desse ao leitor uma noção da importância que ambos carregam nos estudos com fontes orais, visto que,

Ao narrar uma história, identificamos o que pensamos que éramos no passado, quem pensamos que somos no presente e o que gostaríamos de ser. As histórias que relembramos não são representações exatas de nosso passado, mas trazem aspectos desse passado e os moldam para que se ajustem às nossas identidades e aspirações atuais (THOMSON, 1997, p. 57).

Nos deparamos nos textos, então, com uma menor preocupação dos autores com essas questões. Basicamente, o panorama geral encontrado foi de uma análise pautada em preceitos próximos aos das entrevistas convencionais, como a utilização da metodologia de análise de conteúdo. Muitos transitaram numa linha perigosa ao tratar as fontes orais como confiáveis a ponto de as narrativas serem confundidas com fatos. Outros mencionaram a reminiscência no intuito de salientar a importância de registrar “as memórias” de clubes, instituições, atletas, etc., e não propriamente objetivando tratá-la a partir de suas bases teóricas e sociais.

Como exceção a esses casos, temos, por exemplo, o texto “Narrativas de atletas de voleibol nos Jogos Olímpicos (1964 e 1968)”, de Eduardo Klein Carmona, Carolina Fernandes da Silva e Janice Zarpellon Mazo. Os autores, amparados em Halbwachs (2006), salientam a importância de alguns cuidados conceituais:

Como foram utilizadas entrevistas individuais e coletivas, o estudo foi guiado por dois conceitos fundamentais vinculados à História Oral: memória individual, a dos esportistas, e memória coletiva, pois a memória de uma família foi abordada na análise. A memória coletiva é um conceito elaborado por Maurice Halbwachs. Este autor afirma que as lembranças poderiam ser organizadas de duas maneiras: agrupadas em torno do ponto de vista de uma só pessoa, como uma memória individual, ou se distribuindo no interior de uma determinada sociedade, na memória coletiva (CARMONA; SILVA; MAZO, 2015, p. 783).

Além deste, também mencionamos o artigo intitulado “A participação de mulheres no esporte universitário: um campo em disputa” de Jaqueline Cardoso Zeferino, Marisa Barletto e José Geraldo do Carmo Salles (2013), o qual também se baseia na teoria de memória coletiva de Maurice Halbwachs (2006) para analisar as trajetórias de vida de mulheres que praticavam vôlei na cidade de Viçosa na década de 1970 e em como suas memórias individuais muitas vezes se confundiam com a memória do grupo; e o texto “O movimento religioso dos surfistas evangélicos de Florianópolis” de Iara Regina Damiani (2009), no qual vemos a apropriação dos conceitos, principalmente de memória, mesmo que eles não tenham sido explicitados de forma pormenorizada no artigo (houve, nesse sentido, uma explicação sobre a presença dessas discussões no projeto maior de pesquisa da autora).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise quantitativa por meio de critérios estabelecidos nos permitiu aferir algumas considerações sobre a situação das pesquisas de História Oral nos trabalhos publicados nas revistas da área de Educação Física. Avaliamos que 77% dos 60 trabalhos detalhou quais foram os critérios de inclusão e exclusão dos colaboradores entrevistados em suas pesquisas. Apenas 30% não fizeram um cruzamento das fontes orais com outras tipologias de fontes. Número símile à porcentagem pequena de 38% que informaram de que forma foi feita a passagem da linguagem oral para o texto escrito. Em relação aos importantes conceitos de memória e identidade, pudemos observar que, apesar de 72% dos artigos terem mencionado um ou outro desses termos, uma pequena minoria realizou um trabalho analítico amparado em seus significados no tratamento das narrativas orais.

Qual o contexto que tais dados apontam? Primeiramente, observamos que o quesito que mais atendeu aos preceitos da História Oral aos quais estamos acostumados a seguir foi o detalhamento dos critérios para delimitação dos entrevistados, já que aproximadamente três quartos dos trabalhos o fizeram. Já em relação a pouca importância dada ao processo de transcrição e a conceituação de memória e identidade (aspectos geralmente concomitantes nos textos analisados), podemos inferir que isso se deva a um distanciamento dos autores dos preceitos básicos da História Oral, há muito problematizados por teóricos brasileiros e estrangeiros, aqui anteriormente listados.

Na contramão, ao observar a autoria dos artigos, bem como o objeto dos diferentes estudos, percebemos que as publicações que faziam parte de uma pesquisa maior (dissertação, tese ou grupo de pesquisa) eram as que apresentavam maior proximidade dos padrões metodológicos da História Oral. Neste sentido, destacamos a recorrência de trabalhos com a participação de autores como: Janice Zarpellon Mazo, Silvana Vilodre Goellner e Luiz Carlos Rigo.

Por fim, uma das aspirações para realizar tal trabalho de pesquisa foi a de fazer uma autoavaliação ao comparar nossos estudos com aqueles que vem sendo desenvolvidos por outros pesquisadores, e, então, apontar novos caminhos e possibilidades para nossas próprias pesquisas e de demais interessados que possam se apropriar de tal metodologia. Tal ideia foi bem-sucedida, pois nos levou a várias reflexões. Por exemplo, notamos que, em alguns casos, o cruzamento de fontes orais com outras fontes, que foi realizado pela maioria dos textos analisados, pode ser uma alternativa bastante profícua, a qual foi por nós, de certa forma, negligenciada em trabalhos anteriores. Além disso, tratar a fonte oral como uma versão histórica, utilizando de análise de conteúdo para o tratamento das narrativas, também se apresentou como uma possibilidade de uso conjugada à História Oral nos objetos típicos da Educação Física e do esporte.

Encontrar um meio termo entre a necessidade de cuidados metodológicos essenciais no trato de narrativas orais, como, por exemplo, jamais “duvidar” da validade de uma fonte oral ao confrontá-la com fontes jornalísticas ou documentais, e a possibilidade de uma pesquisa histórica com resultados concretos parece ser o caminho o qual devemos perseguir.

AGRADECIMENTO

Agradecemos o apoio e ajuda do grupo de pesquisa em História Oral da UFPR, sem o qual não seria possível a realização da pesquisa. Nominalmente: Rodrigo Cribari Prado, Rafael Orlando de Oliveira, Sabrina Coelho Santos, Ketlin Ferreira, Jonathan Rocha, Luiz Canedo Júnior, Eduarda Gimenez Cruz, Ivo Lopes Muller Júnior, Nathalia Lutt Lourenço e Fabiana Della Giustina dos Reis.

REFERÊNCIAS

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1Exemplos: as dissertações “A memória é uma ilha de edição - narrativas e significados sobre o início e a difusão do aikido no Brasil”, de Rodrigo Cribari Prado (2014); “‘Mulheres que lutam’: as narrativas de judocas brasileiras e a contribuição na construção da memória da modalidade”, de Adriana Brum (2016); “‘Da Visão que eu tenho, do que eu vivi, não sei muito no que acreditar’ - atletas da seleção brasileira feminina e as memórias de um futebol desamparado”, de Maria Thereza Oliveira Souza (2017); e “‘Eu só tenho daquela época... boas lembranças!’: narrativas acerca do esporte escolar de rendimento em escolas particulares de Curitiba (1980-1990)”, de Pauline Iglesias Vargas (2017); e a tese “‘Nem tudo que reluz é ouro’: histórias de jogadores de futebol”, de Everton de Albuquerque Cavalcanti (2017).

2Este aplicativo, de acordo com Ivone Job (2018, p. 29) “[...] permite a classificação e consulta à lista das revistas utilizadas pelos programas de pós-graduação brasileiros para divulgação de sua produção especializada para cada área de conhecimento. As revistas recebem os seguintes graus em ordem decrescente de valor: A1; A2; B1; B2; B3; B4; B5; C (peso zero)”.

3Cabe considerar ainda a Tradição Oral como um tipo de entrevista própria à metodologia da História Oral, cujo o emprego é mais comum a antropólogos que têm por objetivo registrar e analisar narrativas de caráter genealógico, bem como mitos, cantos, rezas e representações simbólicas principalmente (não somente) em sociedades ágrafas. Para maiores esclarecimentos sugerimos a leitura do artigo “Tradição oral e história oral: proximidades e fronteiras” de Alberti (2005).

4Em textos mais curtos, como artigos, por exemplo, seria inviável a explicação de tais procedimentos devido à limitação rígida de caracteres ou palavras.

FINANCIAMENTO Este estudo contou com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação Araucária.

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica.

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Não se aplica.

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

Recebido: 23 de Outubro de 2018; Aceito: 08 de Julho de 2019

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Não se aplica.

CONFLITO DE INTERESSES

Os autores declaram não haver nenhum tipo de conflitos de interesse.

EDITORES

Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira.

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