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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.32 no.62 Florianópolis abr./jun 2020  Epub 01-Maio-2020

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020.e63230 

Porta Aberta

A esportivização do surfe: reflexões a luz de Pierre Bourdieu

The sportivization of surf: reflections in the light of Pierre Bourdieu

La esportivización del surf: reflexiones a la luz de Pierre Bourdieu

Léo Barbosa Nepomuceno1 
http://orcid.org/0000-0002-7473-9460

Júlia Aparecida Devidé Nogueira2 
http://orcid.org/0000-0002-0318-1973

George Washington Noronha Honorato1 
http://orcid.org/0000-0001-7829-1109

Maria Lúcia Magalhães Bosi3 
http://orcid.org/0000-0001-9742-9230

Fidel Machado de Castro Silva4 
http://orcid.org/0000-0002-8289-7733

1Universidade Federal do Ceará - UFC, Instituto de Educação Física e Esportes, Fortaleza, Ceará, Brasil.

2Universidade de Brasília - UnB, Faculdade de Educação Física, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

3Universidade Federal do Ceará - UFC, Faculdade de Medicina, Fortaleza, Ceará, Brasil.

4Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP, Faculdade de Educação Física, Campinas, São Paulo, Brasil.


RESUMO

Pierre Bourdieu é uma referência importante para a pesquisa sociocultural do esporte e de práticas corporais. O presente trabalho, de cunho teórico conceitual, tem como objetivo analisar o processo de esportivização do surfe e identificar algumas vias para a construção de objetos de pesquisa sociocultural do surfe, a partir dos conceitos bourdieusianos de campo social e habitus. Para tanto, aspectos da constituição do surfe como esporte moderno são analisados. A análise também focaliza disputas especificas pelo capital e pela inserção brasileira no cenário internacional, na interface com questões relacionadas ao esporte espetáculo e sua relação com o mercado consumidor. Evidenciam-se contradições relacionadas à profissionalização do esporte, a interesses comerciais e aos ideais de liberdade e prazer presentes no surfe.

PALAVRAS-CHAVE: Surfe; Sociologia do esporte; Sociedade; Pierre bourdieu

ABSTRACT

Pierre Bourdieu is an important theoretical reference for the sociocultural research of sport. The purpose of this article is to analyze the process of sportivization of surfing and to identify from Bourdieu’s perspective some socio cultural dimensions for advance surf research, based on the concepts as social field and habitus. We discuss the process of constitution the surf as a modern sport. The analysis also evidences disputes over capital and the Brazilian insertion in the international competition scenario, as well as issues related to sport spectacle and its relationship with the consumer market. There are contradictions related to the professionalization of sport, commercial interests and the ideals of freedom and pleasure present in surfing.

KEYWORDS: Surf; Sociology of sport; Society; Pierre bourdieu

RESUMEN

Pierre Bourdieu es una referencia importante para la investigación sociocultural del deporte. El presente trabajo, de cuño teórico conceptual, tiene como objetivo analizar el proceso de esportivización del surf y identificar algunas vías para la construcción de objetos de investigación sociocultural del surf, a partir de los conceptos de campo social y habitus. Discutiremos aspectos de la constitución del surf como deporte moderno, así como se identifican disputas por el capital y la inserción brasileña en el escenario internacional competitivo, en la interfaz con cuestiones relacionadas al deporte espectáculo y su relación con el mercado consumidor. Se evidencian contradicciones relacionadas con la profesionalización del deporte, los intereses comerciales y los ideales de libertad y placer presentes en el surf.

PALABRAS-CLAVE: Surf; Sociología del deporte; Sociedad; Pierre bourdieu

INTRODUÇÃO

Pierre Bourdieu é um autor que vem inspirando estudos socioculturais do esporte e permitindo a delimitação epistemológica de análises sobre aspectos psicossociais ligados às práticas corporais e esportivas (MURAD, 2009; STIGGER, 2005; BRACHT, 2011; MEDEIROS; GODOY, 2009). No referido contexto temático, a utilização de postulados bourdieusianos na produção de conhecimento em educação física e esportes se expressa, sobretudo, como esquema lógico-conceitual que potencializa a articulação de teoria e métodos de pesquisa.

Entendemos o surfe como um objeto social complexo que pode ser socialmente apropriado de vários e diferentes modos. Nessa conjuntura, para subsidiar o aprofundamento do estudo sobre o surfe e seu processo de institucionalização moderno, o presente artigo tem como objetivo analisar, ancorado em categorias bourdieusianas, elementos do processo de esportivização da prática supracitada.

O processo de esportivização, aqui tomado como transformação das práticas corporais em atividades de competição (GONZALEZ, 2005), se faz, cada vez mais, presente em várias modalidades, com consequências sobre os modos de apropriação de tais práticas, bem como no que concerne à configuração hegemônica dos campos esportivos (SILVA; DAMIANI, 2005). Assim como várias modalidades tradicionais de jogos, a exemplo de passatempos, danças e lutas, o surfe vem passando por transformações importantes, sobretudo, influenciadas pelos processos de esportivização e espetacularização - com a transformação do surfe em um esporte de espetáculo midiático. Desse modo, entendemos que a discussão sobre o surfe, como prática sociocultural específica, faz-se importante, haja vista as lacunas na literatura. Ademais, esta modalidade vem se constituindo como uma prática corporal e esportiva de grande adesão no contexto brasileiro e internacional.

MÉTODO

Trata-se de um artigo conceitual, fundado no método reflexivo-analítico, mediante o qual operacionalizamos um referencial sociológico especifico. Iniciamos com um breve histórico da constituição sociocultural do esporte, destacando sua gênese e esportivização, bem como nuances do crescimento do surfe no Brasil e sua subsequente inserção no cenário mundial. Na construção das reflexões, estabelecemos como foco prioritário, do ponto de vista teórico, um diálogo com dois textos de Bourdieu sobre os esportes: “Programa para uma sociologia do esporte” (BOURDIEU, 2004) e “Como se pode ser desportista?” (BOURDIEU, 2003). A leitura dos mesmos nos orientou na identificação de temas pertinentes a uma análise sociocultural dos esportes, tais como os conceitos de campo social e habitus.

A reflexão mais especifica sobre o mundo sociocultural do surfe se deu com a sistematização de estudos sobre o processo histórico de esportivização da modalidade, com intuito de estabelecer uma compreensão sobre questões específicas da gênese dos campos esportivos; a estruturação de relações de poder e concorrência entre agentes e instituições; a relação entre oferta e demanda; as articulações e homologias entre as lógicas de consumo e de produção; o aspecto de poder simbólico das distinções entre as formas de praticar o esporte, dentre outras questões. O desenvolvimento do trabalho se dá com a identificação de contrapontos entre os ideais de liberdade e prazer que permeiam a cultura do surfe e a extrema competitividade, o rigor das regras e o excesso de racionalidade que hoje norteiam o esporte espetáculo com pretensão de normalização.

HISTÓRICO E ESPORTIVIZAÇÃO DO SURFE: padrões e apropriações

Não há consenso sobre a emergência do surfe. A história do surfe remonta a antigas formas de navegação desenvolvidas pela humanidade e liga-se a tradições de povos do Peru e das ilhas da Polinésia (KAMPION; BROWN, 1998; BABOGHLUIAN, 2003; WARSHAW, 2010). Como veremos, a história das pranchas de surfe nos traz reflexões importantes sobre as formas de surfar e suas distintas modalidades de prática (WARSHAW, 2010). Dentre as versões existentes sobre a história da modalidade, destaca-se a ideia de que o surfe surgiu com os antigos povos peruanos que, em suas práticas de navegação e pesca, construíram espécies de canoas ou pequenas embarcações, dentre as quais os “caballitos de totora”1, que possibilitaram a experiência prazerosa de deslizar pelas ondas. Através de apuradas técnicas de navegação esses povos teriam migrado para as ilhas da Polinésia e, chegando lá, contribuíram para a disseminação do passatempo.

Tal hipótese historiográfica se baseia, dentre os seus argumentos, na análise do design dos caballitos de totora - que por sua instabilidade e maleabilidade são mais adequados ao divertimento do que mesmo a pesca, e na experiência do antropólogo e aventureiro Thor Heyerdahl que, em 1947, empreendeu uma jornada de 101 dias, da América do Sul até a Polinésia Francesa, utilizando uma embarcação feita com os mesmos materiais e tecnologias disponíveis aos antigos peruanos. O documentário Kon-Tiki (KON TIKI, 1950) narra essa experiência, que se interliga à história do surfe (WARSHAW, 2010; NORONHA, 2013). Ademais das controvérsias sobre a origem precisa da prática, pode-se afirmar que as ilhas da Polinésia foram os principais núcleos geradores da cultura do surfe (KAMPION; BROWN, 1998; BABOGHLUIAN, 2003; WARSHAW, 2010).

A prática de deslizar sobre as ondas encontrou, especialmente no Havaí, terreno fértil para seu amplo desenvolvimento como elemento da cultura local. A pesquisa sobre a cultura do surfe encontra no legado havaiano uma referência importante, por um lado, para analisar possíveis valores tradicionais evidenciando certa permanência de algumas tradições e, por outro lado, identificando novos costumes atrelados a uma prática totalmente distinta. O surfe encontrou lugar de destaque na cultura havaiana, influenciando na dinâmica social de um modo abrangente. Nesse contexto, a descoberta do surfe pelos europeus, inicialmente com a tripulação conduzida pelo capitão James Cook, em 1778, foi motivo de encantamento e admiração, especialmente pela relação implícita com o mar: “o relacionamento dos polinésios com o mar era diferente de tudo o que os europeus tinham experimentado. Para os ilhéus, o oceano significava vida, alegria e liberdade” (KAMPION; BROWN, p.29, 1998).

A disseminação da prática do surfe se dá após a ocupação das ilhas polinésias pelos europeus e norte-americanos - não sem antes ser praticamente dizimada, juntamente com a população nativa, por ocasião da colonização no início do século XX (WARSHAW, 2010; KAMPION; BROWN, 1998). A partir de então, a prática do surfe começa a se expandir, especialmente para a Califórnia e a Austrália. Como apontam Dias, Soares e Melo (2012, p.112):

Embora existam, desde o século XIX, registros sobre o hábito de deslizar de pé sobre pranchas nas ondas do mar, foi apenas na segunda década do século XX, especialmente nos Estados Unidos, que essa modalidade assumiu seu formato atual, popularizando-se crescentemente a partir dos anos 1960.

Enquanto os Estados Unidos mostram ao mundo o “American way of life” - um modo confortável de viver centrado no bem-estar econômico pós-guerra - a prática do surfe começa a ganhar novos adeptos, em especial, jovens de classe média e alta da Califórnia. Por se vincular a alguns ideais de liberdade, prazer e inconformismo, o surfe foi imediatamente associado a movimentos e grupos representantes da contracultura, tais como estudantes e hippies, muito embora abarcasse jovens de posicionamentos político-ideológicos diversos. A representação social do surfista fica então marcada pela mensagem subversiva de imprevisibilidade, contestação dos costumes e, também, delinquência (DIAS; SOARES; MELO, 2012).

Seguindo a progressiva hegemonia sociocultural estadunidense a partir do término da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento do surfe e a disseminação da sua cultura mantém estreita relação com o processo de esportivização, um modelo de organização desportiva com caráter competitivo. O desenvolvimento da mídia especializada passa a construir um rico imaginário social da modalidade do surfe, inaugurando um mercado consumidor que aglutina e consolida um estilo de vida praiano, irreverente e questionador - gestado ao ritmo dos “The Beach Boys”, pioneiros da surf music nos EUA. Como destacam Kampion e Brown (1998, p. 93):

As revistas e os filmes de surfe do início dos anos 60 aceleram tremendamente o desenvolvimento do desporto. Os surfistas da Austrália, de San Diego ou de Cape Hatteras podiam ver o que os surfistas do Havaí e de Malibu andavam a fazer. Podiam ver que tipo de pranchas usavam, as manobras, as nuances, quem era hot e porquê e, acima de tudo, o que era possível! Criaram-se estrelas. A Surfer (revista especializada) teve em breve a sua primeira votação anual por parte dos leitores dos melhores surfistas masculinos e femininos [...].

Um marco na definição do surfe moderno é o surgimento e desenvolvimento das fábricas de prancha. Como apontado anteriormente, a história do surfe se interliga com a história dos equipamentos. A consolidação dos modelos, materiais e tecnologias de surfwear estão ligados diretamente à consolidação do esporte e a criação dos estilos do surfe. Como destaca Dias (2007, p. 257): “o progressivo aperfeiçoamento das pranchas é um elemento importante para compreendermos a difusão desta prática, pois a partir daí o nível de habilidade e de força exigidos serão sensivelmente menores, garantindo maiores facilidades”.

Com o processo de esportivização surgem também as primeiras competições, as definições de estilos e critérios de julgamento e a consolidação dos estilos legítimos de surfar. Dá-se ainda a inserção na lógica da sociedade de consumo, despontando um amplo conjunto de agentes e instituições no campo esportivo e farta oferta de mercadorias: fabricantes de pranchas (shapers, laminadores, lixadores, e outros) e as lojas de surfe (com equipamentos e surfwear); os juízes, as federações esportivas e as associações internacionais; os promotores de eventos (e um conjunto de ocupações envolvidas); os técnicos esportivos, outros profissionais (de educação física, fisioterapia, nutrição), e as escolinhas de surfe; cinegrafistas, fotógrafos e repórteres especializados (que divulgam novas manobras e informações sobre as condições do mar diariamente pela internet, rádio e televisão); os salva-surfe (os quais tem uma ligação com o corpo de bombeiros); além das comunidades de pescadores, que estabelecem com os surfistas uma concorrência territorial (PEGADAS SALGADAS, 2012). Atualmente, o Brasil é considerado a terceira potência em termos de número de praticantes e de dinheiro movimentado pelo mercado do surfwear (ZUCH, 2014).

APROPRIAÇÃO CULTURAL, ELASTICIDADE

Manifestam-se então as disputas de poder (implícitas e explícitas) na definição das regras no surfe. Tradicionalistas e inovadores lutam para definir critérios para as melhores performances, gerando divergências e conflitos de interpretação nas competições (ZUCH, 2012), bem como variações nos modos de se relacionar com as pranchas e as ondas (BORTOLETO, 2013; QUADRA, 2015). Nesse ínterim, algumas polaridades se afirmam: freesurfer (aquele que não participa de competições) e surfista competidor; surfista de ondas grandes e surfistas de ondas pequenas e médias (há uma divisão entre os praticantes relativa ao tamanho das ondas e ao desafio implícito); surfista de pranchinha e surfista de longboard; aerialistas (surfistas especializados em executar o aéreo como manobra principal) e surfistas clássicos (adeptos de uma linha de manobras mais tradicional); tuberiders (surfistas especializados em executar o tubo como manobra principal), monoquilhas (tradicionalistas no que diz respeito ao uso de pranchas de modelo antigo) e experimentalistas (que usam diversas pranchas e buscam a inovação nos modelos, além de reinterpretarem o surfe em outros esportes como o skate e o kitesurfe).

Não obstante, há também que se considerar as apropriações particulares e singulares dos contextos de diversos países e em cada localidade onde a prática do surfe se desenvolveu, mantendo relações com diversos modos de organização sociocultural, importantes para compreender as configurações sociais que permeiam essa prática. Como apontam Dias, Soares e Melo, (2012, p. 114):

Conforme ocorre com outras modalidades em momentos históricos anteriores, a disseminação de práticas que originalmente traziam marcas culturais norte-americanas, como é o caso do surfe, não deve ser considerada somente como o resultado de uma imposição unilateral: há múltiplas apropriações locais que dizem muito sobre o contexto histórico do receptor.

As possibilidades de apropriação e ressignificação da cultura do surfe nos diversos territórios representam o caráter singular da construção social das práticas. Levando em consideração uma variável natural indispensável à sua atividade - as ondas - é notável que o surfe venha desempenhando um papel importante na constituição de culturas praianas, estando associado a elementos lúdicos e prazerosos relacionados à aventura e às experiências corporais inusitadas e marcantes junto ao mar. Nessa perspectiva, as culturas e estilos de vida atrelados ao surfe se ligam aos processos de apropriação e transformação dos antigos passatempos reconfigurados pelos processos de esportivização e espetacularização. Temos, então, que a consolidação do surfe moderno ocorre permeada por uma tensão entre o paradigma dos esportes de alto rendimento e de maximização dos resultados e as formas não competitivas de praticar a modalidade, implicando na necessidade de compreensão da pluralidade nas formas de se surfar. Na perspectiva do rendimento, cabe o destaque que, em 2017, o surfe passou a ser considerado modalidade olímpica, com sua primeira competição prevista para o ano de 2020, em Tóquio.

SURFE NO BRASIL E “BRAZILIAN STORM”

No Brasil, país de origem dos campeões mundiais de 2014, 2015, 2018 e 2019, as primeiras apropriações do esporte se dão a partir da década de 1960, com a formação de uma geração pioneira do surfe brasileiro, composta por membros da elite e da classe média, principalmente do Rio de Janeiro. Marcadamente influenciados pela cultura norte-americana, a tribo de surfistas brasileiros se destaca pela informalidade, o descompromisso e o desinteresse pelas questões político-econômicas do país e do mundo (DIAS; SOARES; MELO, 2012).

Um aspecto marcante na luta por reconhecimento e legitimação da prática esportiva do surfe no Brasil se relaciona ao esforço de agentes e instituições ligadas ao surfe, principalmente por meio de produções midiáticas a partir dos anos 1980, para desconstruir a imagem social depreciativa do esporte, geralmente atrelada ao movimento hippie, ao consumo de drogas e à “vagabundagem” (SOARES, 2008).

Muito mudou desde os anos 1980 até hoje no surfe nacional e internacional. Observamos um espaço progressivamente maior e mais favorável para o surfe na mídia esportiva e um crescente reconhecimento dos brasileiros em nível internacional. Criaram-se canais de televisão especializados, como o canal Woohoo e o canal Off, e programas sobre o tema, incluindo a cobertura ao vivo de campeonatos nacionais e internacionais. Consolidou-se uma classe de telespectadores do surfe, torcedores brasileiros que dedicam tempo e atenção às transmissões, bem como a promover e debater o surfe nas redes sociais.

A partir de 2010, temos o que, na mídia especializada do surfe, se chama “Brazilian Storm” - o aumento da participação e das vitórias de atletas brasileiros nas competições internacionais de surfe, desbancando os tradicionais americanos, havaianos e australianos. Surgem termos como “fenômeno Medina” e “efeito Medina”, referindo-se à construção de novos heróis: Gabriel Medina, primeiro brasileiro campeão mundial de surfe em 2014 e 2018, Adriano de Souza (Mineirinho), campeão mundial em 2015, Ítalo Ferreira, campeão em 2019, Felipe Toledo, Silvana Lima e outros que figuram como astros nos eventos da World Surf League (WSL). Tal tempestade tem impresso um estilo que corrobora para a construção e consolidação de um conjunto de valores e relações sociais.

Isso significa que o avanço do processo de profissionalização do esporte em escala mundial conta hoje com a presença marcante de agentes e instituições brasileiras. Há a consolidação de uma imagem favorável sobre os(as) surfistas brasileiros(as), sobre o surfe no Brasil, e sobre o mercado do esporte em nossas praias e cidades; além do reconhecimento das diversas possibilidades de exploração da experiência do surfar a partir de novos movimentos como os flow riders: surfistas que buscam se conectar ao “espírito original do surf”, vivendo de viajar por lugares paradisíacos em busca de ondas perfeitas; e os big rides: aqueles que só surfam em ondas gigantes, o que, em algumas ocasiões, pode ser fatal.

O significado gerado e produzido por essas formas de se enxergar e praticar o surfe são distintos e atravessados por fatores e condições sociais que influenciam na apropriação da prática. No contexto atual, grupos de brasileiros já formam a paisagem de várias localidades onde existem ondas boas no mundo, acirrando um aspecto de rivalidade internacional. No país, está cada vez mais claro que a cultura do surfe influencia a constituição de muitos grupos sociais, especialmente pela incorporação de um estilo de vida diferenciado pelos signos produzidos por esse esporte, como a liberdade, o contato com a natureza e um ideal de saúde ligado à superação de limites e ao prazer. No Brasil a imagem da prática tem sofrido alterações, como a visão sobre os atletas, sobre os praticantes, sobre o que pode o surfe como modalidade esportiva, sobre a relação com a saúde e também sobre o potencial dessa modalidade em termos de formação de um lucrativo mercado consumidor.

NOTAS SOBRE O CAMPO ESPORTIVO DO SURFE: disputas, contradições e polarizações

O conceito de “campo”, transversal à obra do sociólogo Pierre Bourdieu, como proposta de abordagem do espaço social, é definido como um espaço de lutas concorrenciais entre os diferentes agentes, que ocupam diversas posições, em torno da apropriação de um capital específico do campo (o monopólio do capital legítimo) e/ou da redefinição desse capital - para Bourdieu o capital pode ser econômico, cultural, social ou simbólico e envolve uma espécie de recurso ou poder construído na atividade social. Todo campo é segundo o autor:

Um campo de forças e um campo de lutas para conservar ou transformar esse campo de forças[...]. É a estrutura das relações objetivas entre os agentes que determina o que eles podem e não podem fazer. Ou, mais precisamente, é a posição que eles ocupam nessa estrutura que determina ou orienta[...] suas tomadas de posição. (BOURDIEU, 2004b, p.23).

A distribuição desigual do capital gera dominantes e dominados e, dessa forma, determina a estrutura do campo, que é, portanto, definida pelo estado de uma relação histórica entre as forças existentes (agentes, instituições). Em luta uns contra os outros, os agentes de um campo têm como interesse comum a permanência da existência do campo e, por esse fator, mantêm uma “cumplicidade objetiva” para além das lutas que os opõem (BOURDIEU, 2004b; 2012).

Vários são os campos analisados por Bourdieu: o artístico; o econômico; o científico; o político; o esportivo. Cada campo possui uma autonomia relativa; as lutas que nele ocorrem têm uma “economia” interna, mas lutas externas ao campo (econômicas, sociais, políticas) podem pesar sobre as relações de forças internas. Assim, o conceito de campo retrata um posicionamento de recusa ao internalismo e ao externalismo nos estudos históricos, sendo, eminentemente, dialético.

A proposta teórico-metodológica implicada no conceito de campo visa demarcar um universo intermediário do espaço social, onde estão inseridos agentes e instituições que produzem, reproduzem e divulgam um conjunto de práticas sociais específicas (BOURDIEU, 2012; 2004b). Cada campo social revela-se como uma estrutura estruturante que produz habitus (sistema de disposições incorporadas) através de processos de socialização dentro do espaço social em questão. Ou seja, habitus se expressa em um saber dado pela experiência social, incorporado a partir da trajetória biográfica dos agentes em diversos campos sociais. Pode ser entendido como hábito psíquico e corporal, que reflete uma tradição prática e, ao mesmo tempo, um princípio ativo e criativo matriciador de práticas, que opera na intermediação da ação individual e social diante de um espaço de possibilidades dadas por situações específicas vividas nos diversos campos sociais (WACQUANT, 2014).

O habitus é um conceito que remete à proposta bourdieusiana de ruptura parcial com o estruturalismo onde o agente é, muitas vezes, reduzido ao papel de suporte da estrutura. Há o reconhecimento da intenção ativa e inventiva da prática, mas também da influência relativa dos campos sociais. O que perpassa a noção de habitus é a necessidade de indagar o lugar da cultura e sua relação com a ação dos sujeitos (BOLTANSKI, 2005). Nesse sentido, um habitus é uma disposição cultivada, um conjunto de esquemas interiorizados, incorporados - inscritos no próprio corpo, que retrata a dimensão corporal de um aprendizado passado, fruto de socialização (BOURDIEU, 2011).

Surge, então, o tema referente a esse complexo processo social e político relacionado à esportivização do surfe e à luta por reconhecimento e legitimação dessa prática esportiva, que podemos interpretar como a constituição do campo esportivo. No interior desse campo especifico, temos as lutas entre as diferentes escolas ou tradições de prática. E, também, as lutas institucionais e entre as nações almejando posições mais favoráveis dentro do esporte, onde podemos destacar a inserção e o aumento do espaço e do capital conquistados pelos agentes e instituições brasileiras. A “Tempestade Brasileira” pode ser vista como um dos reflexos do aumento da cultura esportiva, da oferta e da procura pelo surfe no Brasil. E as transformações no mundo social do surfe ocorrem associadas, por um lado, ao desenvolvimento do mercado consumidor e ao aumento de telespectadores interessados na modalidade. E, por outro, as transformações no plano das práticas e disputas competitivas: os atletas brasileiros foram se aprimorando, foram se adaptando às regras do jogo, foram constituindo habitus esportivos em conformidade com as mudanças no campo e passaram a ter uma participação mais ativa em tais mudanças.

A utilização das noções de campo e de habitus, implica, assim, em reconhecer que a cultura esportiva se inscreve nos corpos através de processos de socialização, influenciando na construção de uma teorização da ação esportiva, que considere a determinação sociocultural e o caráter ativo do agente. O meio sociocultural que envolve o campo esportivo socializa e tende a promover as preferências, gostos e estilos de vida vigentes. No interior das modalidades de prática se engendram possibilidades de produção de práticas corporais e consumos que se tornam mais ou menos disponíveis e socialmente aceitáveis, num determinado período de tempo. É o que Bourdieu chama de princípio das transformações das práticas esportivas: as relações entre oferta e procura, entre o campo esportivo e o habitus correspondente.

Para o autor, o processo de constituição dos campos esportivos implica na criação de uma cultura e uma ética capazes de influenciar na formação política dos novos e velhos adeptos: “A constituição de um campo das práticas-desportivas é solidário à elaboração de uma filosofia do desporto que é uma filosofia política do desporto” (BOURDIEU, 2003, p.187). Assim, a legitimação de uma ética e uma filosofia das modalidades esportivas, implica em certa defesa de estilos de vida e de formas particulares de apropriação das práticas corporais, que retratam certo estado da arte das lutas simbólicas travadas entre agentes e instituições para estabelecer consensos sobre os corpos legítimos e os usos legítimos do corpo. Essa reflexão nos conduz a uma importante problematização sobre a constituição e reprodução de estilos de vida e de consumo presente nas culturas ou subculturas esportivas.

O campo de práticas desportivas é o lugar de lutas que, entre outras coisas, disputam o monopólio da imposição da definição legítima da prática desportiva e da função legítima da atividade desportiva, amadorismo contra profissionalismo, esporte-prática contra esporte-espetáculo, esporte distintivo - de elite - e esporte popular - de massa, etc.; e este campo insere-se ele próprio no campo das lutas em torno da definição do corpo legitimo e do uso legítimo do corpo, lutas que, além de oporem entre si, treinadores, dirigentes, professores de ginástica e outros comerciantes de bens e serviços esportivos, opõem também os moralistas e em particular o clero, os médicos e em particular os higienistas, os educadores no sentido mais amplo - conselheiros conjugais, dietistas, etc -, os árbitros da elegância e do gosto - costureiros, etc (BOURDIEU, 2003, p. 189).

Temos que a análise sociocultural do surfe encontra no imaginário social da modalidade um conjunto de preconceitos e signos de distinção atrelados à representação social dos surfistas e dos estilos de vida que eles representam. Há uma dimensão de poder simbólico, conforme postulado por Bourdieu, que permeia a delimitação das formas legitimadas e em vias de legitimação, sobre os modos de surfar e de ser surfista. Assim, o surfe está inserido num universo de práticas e consumos constituídos como sistema que interliga lazer e esporte. O desenvolvimento do modelo de esporte competitivo - que estabeleceu uma ruptura radical com as antigas práticas - constituiu uma padronização que faz surgir o surfe moderno, atravessado pelos signos de racionalização e maximização do rendimento esportivo, vinculados à lógica do mercado de surfwear e do esporte espetáculo.

Um tópico importante no contexto da produção bourdieusiana sobre o esporte é a constituição social das práticas esportivas como produtos de um mercado do espetáculo. Nessa perspectiva, o espaço dos esportes não pode ser concebido como um lugar restrito a si mesmo. Ele está circunscrito em um amplo universo de práticas e consumos, ou seja, ele próprio é estruturado e constituído como um sistema (BOURDIEU, 2004).

Na perspectiva de analisar as lógicas distintas e distintivas dos campos esportivos, Bourdieu (2003; 2004) dá especial atenção às divisões entre “esporte amador” e “esporte profissional”; “esporte praticado” e “esporte consumido como espectador”; “esporte comum” e “esporte espetáculo”. Para o autor, a gênese do esporte moderno passa pelo crivo do processo de esportivização estabelecendo uma mudança nos modos de apropriação e reprodução das práticas esportivas. No contexto dessas transformações, como abordado por Bracht (2011), Stigger (2005) e Murad (2009), uma modalidade de prática corporal, jogo ritual, divertimento ou passatempo resulta numa realidade distinta e padronizada, que apresenta características básicas como a definição de regras, a competição, o rendimento físico-técnico, a busca dos recordes, a racionalização e a cientificização do treinamento.

Destaca-se aqui a necessária reflexão sobre a gênese da separação entre especialistas e leigos; as rupturas progressivas operadas pela especialização dos campos esportivos tendo como consequência a “despossessão dos leigos, pouco a pouco, reduzidos ao papel de espectadores” (BOURDIEU, 2004, p. 217-218). Assim, cabe a indagação sobre as formas de como o esporte se transforma em espetáculo, atrelado à indústria cultural na modalidade de show business. Acentuam-se os esforços para destacar as proezas e sutilezas relacionadas à prática esportiva, destacam-se as performances extraordinárias, enaltecem-se as virtudes dos praticantes e suas trajetórias, criam-se ídolos esportivos. Como destaca Debord (2003, p.14), “o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens”. Nessa perspectiva, o esporte espetáculo constrói-se através da exploração de alguns aspectos da experiência corporal ligada às práticas, constrói heróis, é frequentemente sensacionalista, envolve, por certo suspense e ansiedade, a busca pelo resultado, acirra disputas e performances buscando encher os olhos dos espectadores. A espetacularização midiática da vida induz à passividade e à aceitação, o que é vivido diretamente transforma-se em representação (DEBORD, 2003).

Na perspectiva bourdieusiana, é preciso reconhecer que quanto mais se constitui um espaço de consumidores espectadores e um espaço de leigos, mais se desenvolve um espaço para os “puros profissionais”. A análise da construção progressiva dessa polaridade “leigos x especialistas”, derivado do avanço da esportivização e da espetacularização do surfe, é uma das potentes linhas de interpretação das transformações que hoje ocorrem no meio social e propriamente esportivo da modalidade.

Nesse contexto, o surfe vem se transformando em espetáculo midiático patrocinado por grandes empresas e, também, por governos interessados em fazer do esporte um importante mecanismo produtor de estilos de vida e de consumo distintivos. Aqui vemos a articulação clara entre capitais simbólicos e econômico destacados por Bourdieu (2012; 2003). Nesse contexto de espetacularização, assistir uma etapa da WSL, transmitida pela internet em inglês e em português, pode se transformar numa experiência singular e envolvente, capaz de proporcionar excitações intensas como as analisadas por Elias e Dunning, no estudo das torcidas de futebol (ELIAS; DUNNING, 1992).

Algumas mudanças nas regras têm favorecido o espetáculo, sobretudo com a valorização de manobras antes não tão pontuadas nas competições, como os aéreos e rotações. Os brasileiros têm se adaptado bem a essas mudanças e vem transformando, junto com surfistas da “nova geração” internacional, as competições em atrações com manobras acrobáticas e progressivas, consolidando a lógica do esporte show business e sua lógica de consumo. Nessa perspectiva, até os flow riders e os big riders, que se destacavam, respectivamente, por buscar o espírito original do surfe e a aventura (e risco) de surfar ondas gigantes, vem se transformando em garotos propaganda (através de seus patrocinadores e sua exposição em redes sociais e em programas especializados) de um estilo de vida a ser consumido por quem busca liberdade, aventura e contato com a natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Destacando a preocupação de Bourdieu com a pluralidade existente dentro do sistema dos esportes e das modalidades no caso, a unidade nominal “esporte” ou “surfe” procuramos evidenciar a diversidade de formas de apropriação, de formas de praticar e uma diversificação social entre praticantes e consumidores. É necessário, nessa perspectiva analítica, reconhecer o campo esportivo do surfe, como fruto de relações sócio-históricas e disputas entre agentes e instituições para buscar identificar e analisar afinidades, interesses, gostos preferenciais de seus praticantes, dirigentes e adeptos em geral.

Bourdieu (2004) enfatiza que, muitas vezes, a diversidade de utilizações pode ser marcada em diferentes momentos pelo uso dominante que é feito da prática. Dentre os elementos determinantes do sistema de preferências envolvido nas modalidades esportivas, Bourdieu destaca o envolvimento com o corpo proporcionado pela prática, refletindo-se em formas de interação e disputa e, também, formas de experimentar o mundo físico e social. O estudo da relação entre campo e habitus esportivo, no surfe, problematiza o processo histórico e social envolvido na constituição dos espaços de produção do esporte, dotados de especificidade e história próprias (Bourdieu 2004; 2003), onde aspectos dados como “originais” e “essenciais” como a liberdade, o lazer e o prazer, a aventura vêm perdendo espaço diante de processos de padronização dados pela esportivização e transformação do surfe em espetáculo midiático, com fins de modelar as necessidades de consumo atreladas à prática. Por outro lado, o poder das padronizações e apropriações são diversos, expressando-se em diferentes formas de praticar, bem como de ocupar o espaço social que permeia a “comunidade surfe”. Tais formas de apropriação merecem estudos posteriores para que seja possível captar e analisar as lutas simbólicas que envolvem as diferentes categorias sociais de praticantes.

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1Os caballitos de totoras são artefatos milenares, espécies de canoas utilizadas para a pesca, e que conservam uma incrível semelhança com uma prancha de surfe moderna. Se levarmos em consideração que estamos falando de um objeto utilizado há mais de 5 mil anos atrás (3 mil anos antes de cristo), seu estudo merece a atenção no tocante à investigação das origens do surfe (WARSHAW, 2010).

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

Recebido: 19 de Abril de 2019; Aceito: 01 de Agosto de 2019

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