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Motrivivência

versión On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.32 no.63 Florianópolis  2020  Epub 20-Oct-2020

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020.e76302 

Artigo Original

Gosto, importância e participação: a relação dos estudantes do ensino médio com a Educação Física

Taste, importance and participation: the relation of high school students to Physical Education

Gusto, importancia y participación: la relación de los estudiantes de la escuela secundaria con la Educación Física

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Muzambinho, Minas Gerais, Brasil

2Universidade Estadual de Campinas - FEF/UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil

3Universidade Federal Fluminense - UFF, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil

4Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, Bauru, São Paulo, Brasil


RESUMO

O objetivo do estudo foi compreender como estudantes de Ensino Médio se relacionam com a disciplina curricular Educação Física (EF). Indagou-se, via questionário estruturado, 182 discentes do Ensino Médio de 8 escolas estaduais de São Paulo sobre suas relações de gosto, importância e participação com a EF. Os resultados indicam que: (i) a EF representa a disciplina que mais gostam; (ii) mas possui importância intermediária; (iii) a disciplina mobiliza participação mediana; (iv) o gosto, a importância e a participação pela EF diminuem ao longo dos anos escolares do Ensino Médio; (v) a participação discente está mais atrelada ao gosto do que à importância. Por fim, esperamos que, ao ouvir os estudantes, estes resultados retornem aos docentes sugerindo novas dinâmicas e diretrizes em direção à melhoria das aulas de EF.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino médio; Estudantes; Sentido; Mobilização

ABSTRACT

The aim of the study was to understand how high school students relate to the Physical Education (PE). We asked 182 high school students from 8 public schools of São Paulo state, through a structured questionnaire, about their relations of taste, importance and participation with PE. The results indicate: (i) PE represents the subject they like most; (ii) but has intermediate importance; (iii) the subject mobilizes medium participation; (iv) the taste, importance and participation to PE decrease throughout the high school years; (v) student participation is more linked to taste than importance. Finally, we hope that, upon listening to the students, these results will return to teachers, suggesting new dynamics and guidelines towards the improvement of PE classes.

KEYWORDS: High school; Students; Meaning; Mobilization

RESUMEN

El objetivo del estudio fue comprender cómo los estudiantes de secundaria se relacionan con la Educación Física (EF). A través de un cuestionario estructurado, se les preguntó a 182 estudiantes de secundaria de 8 escuelas públicas de São Paulo sobre sus relaciones de gusto, importancia y participación con EF. Los resultados indican que: (i) EF representa la disciplina que más les gusta; (ii) pero es de importancia intermedia; (iii) la disciplina moviliza la participación media; (iv) el gusto, la importancia y la participación de EF disminuyen a lo largo de los años de secundaria; (v) la participación de los estudiantes está más vinculada al gusto que a la importancia. Finalmente, esperamos que, al escuchar a los estudiantes, estos resultados vuelvan a los maestros, sugiriendo nuevas dinámicas y pautas para mejorar las clases de educación física.

PALABRAS-CLAVE: Educación secundaria; Estudiantes; Sentido; Movilización

INTRODUÇÃO1

O Ensino Médio (EM) é objeto de debates em diversas instâncias sociais. Dentre os temas desses debates podemos citar a recente reforma do EM (LOPES, 2019), a conturbada produção e aprovação da Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017a) para o EM (CÁSSIO; CATELLI JR., 2019), as ocupações de escolas paulistas por estudantes secundaristas (CÁSSIO et al., 2016), a evasão escolar (MILLEN NETO et al., 2010), entre outros. Quanto à disciplina curricular obrigatória Educação Física (EF), além de recentes debates sobre o texto da BNCC-EF (BETTI, 2018), há outros problemas de longa data que permeiam o EM, por exemplo, dispensas das aulas de EF (SOUZA JR.; DARIDO, 2009), substituição das aulas por atividades extraclasses ou extracurriculares (RODRIGUES et al., 2000), envolvimento e percepção dos jovens “nas” e “sobre” as aulas (MARTINS; FREIRE, 2013; SILVA; RODRIGUES; FREIRE, 2017). Destarte, observamos que a EF escolar no EM representa um campo efervescente e profícuo de estudos acadêmico-científicos.

No ensejo deste campo de estudo e discussões, a perspectiva discente em relação às aulas de EF pode representar um tema de extrema relevância ao ensino de boa qualidade. Considerando a educação escolarizada como uma relação dialógica, tal como concebe o pedagogo brasileiro Paulo Freire (2010), é importante compreender a visão dos estudantes a respeito da sua experiência na EF.

Nesse sentido, o estudo de Hugo Lovisolo (1995) com estudantes da rede municipal pública de ensino da cidade do Rio de Janeiro representa um dos pioneiros na perspectiva dos alunos. Na ocasião, o autor questionou a opinião de 432 alunos e 703 responsáveis acerca de tópicos relevantes à EF, tais como: o gosto, a importância, a utilidade, a obrigatoriedade, entre outros. Neste trabalho, chama a atenção dois momentos. Primeiro, os discentes manifestam que a desorganização (bagunça, sujeira, falta de manutenção e materiais) representa o fator de maior desgosto na escola; por sua vez, entre as três coisas que mais gostam, apreciam professores, amigos e a Educação Física. Em segundo, os alunos elegem a EF como a disciplina curricular que “mais gostam”, porém não atribuem muita “importância” a ela em comparação a outras. Destarte, o autor nos indica que os aprendentes distinguem “importância” de “gosto” na disciplina curricular de EF.

Assim como Lovisolo (1995), os estudos sobre a perspectiva discente possuem início na década de 1990 no Brasil (BETTI; USHINOHAMA, 2014). Todavia, constatam os autores que grande parte dos estudos na área da EF com este enfoque são superficiais e carentes de um quadro epistemológico que subsidie análises mais aprofundadas. Em vista disso, a perspectiva teórica engendrada no atual artigo baseia-se na noção da relação com o saber, elaborada por Bernard Charlot (2000; 2005).

A noção da relação com o saber emerge do contraste à suposta relação causal entre condições sociais e fracasso escolar. Para Charlot, não se trata de negar uma correlação estatística entre estes indicadores, mas destacar os casos “paradoxais”, ou seja, aqueles nascidos em classe social desfavorecida que logram sucesso escolar ou, por outro lado, descendentes de classes privilegiadas que culminam na situação de fracasso escolar. Sob este enfoque subjaz o entendimento que existe “algo” entre a posição social e a posição subjetiva que é a “relação com o saber”, isto é, a relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros. Para tanto, o autor lança mão de uma sociologia do sujeito que ambiguamente considera o Ser como social e subjetivo. A partir deste ponto de vista, as questões que orientam o autor passam a ser: qual sentido de ir à escola? Qual sentido de estudar? Como o aluno se mobiliza para aprender?

Para o autor, aprender significa entrar em uma atividade que depende da atitude do estudante de pôr-se em movimento interior a favor da aprendizagem, movimento este definido como mobilização (reunir esforços para iniciar algo). Todavia, os saberes que estão no patrimônio cultural humano são infinitos e seria impossível apropriar-se deles em sua totalidade. Isto justifica o motivo de os sujeitos se mobilizarem de maneira seletiva para as coisas que os interessam, que possuem uma relação consigo, com outros e com o mundo, ou seja, de saberes que façam sentido para si. Por sua vez, o sentido advém do desejo, das relações de gosto, de prazer, do gozo; e por isso, afirma Charlot (2000, p.57) que “não há sentido, senão do desejo”.

Nesse sentido, compreendemos que a noção da relação com o saber de Charlot (2000) (ao trunfo de conceber o sujeito ambiguamente como um ser social e subjetivo) dialoga com as categorias de gosto e importância de Lovisolo (1995). Tanto o primeiro autor quanto o segundo, consideram que os aspectos subjetivos dos alunos estão presentes quando estes se relacionam com os saberes escolares. Assim, por “saber”, no caso específico da EF, trata-se da abordagem didático-pedagógica das manifestações (ou conteúdos) da cultura (corporal) de movimento. Doravante, à expressão “saber da Educação Física” subentende-se como referente a conceitos (saber-sobre), procedimentos (saber-fazer) e valores e atitudes (saber ser) atinentes às manifestações da cultura de movimento (jogo, esporte, luta, dança, ginástica etc.).

Nesse pano de fundo, sob inspiração do estudo de Lovisolo (1995) e aporte da noção da relação com o saber de Charlot, compreendemos que a relação dos estudantes com os saberes da EF expande seus efeitos nas categorias gosto, importância e participação, e assim questionamos: (i) qual é o gosto dos alunos pelas aulas de EF?; (ii) qual a importância atribuída a este componente curricular?; (iii) como se dá a participação/mobilização discente nas aulas?; (iv) como esses elementos (gosto, importância e participação) se dão nos diferentes anos do EM? No intuito de obter respostas às questões supramencionadas, estabelecemos como objetivo do presente estudo compreender, sob enfoque da perspectiva discente, como os estudantes de EM de oito escolas da rede estadual de São Paulo se relacionam com a disciplina curricular de EF.

MÉTODO

A pesquisa consiste numa abordagem de tipo descritiva e exploratória. Trata-se de um levantamento de campo, com dados de natureza quantitativa e um grau de controle não experimental (GIL, 2010). A técnica de pesquisa empregada partiu da documentação direta, valendo-se como instrumento de coleta de dados, um questionário estruturado (MARCONI; LAKATOS, 1982) contendo 17 questões2 elaboradas por professores/as e pesquisadores/as vinculados ao Grupo de Estudos Socioculturais, Históricos e Pedagógicas da Educação Física (CNPq). Apresentaremos aqui os resultados e interpretações de 6 questões fechadas relacionadas às temáticas de gosto, importância e participação.

Participaram da pesquisa 182 discentes do EM, sendo: (i) 94 meninos e 88 meninas; (ii) 62 alunos do 1º ano; 55 do 2º ano e 65 do 3º ano. Este grupo é oriundo de 8 escolas da rede estadual da região centro-oeste do estado de São Paulo, localizadas nos municípios: Alfredo Marcondes, Bauru, Jaú, Macatuba, Penápolis, Santo Expedito e São Manuel. A escolha das escolas se deu por critério de acessibilidade e a amostragem dos participantes do estudo foi composta por 5% dos alunos de todas as turmas das instituições integrantes, selecionados por sorteio. Esta investigação foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista, sob o processo n. 13142/46/01/12.

A partir dos dados obtidos e do referencial teórico utilizado foram construídas três categorias de análise: gosto, importância e participação. Cada categoria foi interpretada a partir do total de alunos e entre os anos de escolarização no EM (1º, 2º e 3º ano). Finalmente, os resultados gerais destas categorias foram comparados entre si.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados estão organizados em três grupos: (i) gosto, (ii) importância, e (iii) participação. No primeiro caso, procuramos descrever o quanto os estudantes gostam das aulas de EF e contrastar este quesito com o gosto pelas demais disciplinas curriculares. Num segundo momento, buscamos compreender a relação de importância da EF para a vida dos discentes e em comparação às demais disciplinas escolares. Uma terceira análise retrata a participação discente nas aulas de EF.

Gosto

Gostar de algo pode ter sentido de prazer, amar, estimar, julgar bem, aprovar, simpatizar-se, etc. Muitas escolhas pessoais se dão no âmbito do gostar ou desgostar; nesse sentido, o objetivo desta categoria é apresentar em qual medida os estudantes gostam das aulas de EF. De modo comparativo com outras disciplinas escolares, a tabela 1 ilustra os resultados dos estudantes de EM quanto à questão: “Quais são as três disciplinas (matérias) da escola que você mais gosta?”.

Tabela 1 Atribuição de gosto para as disciplinas do EM (total e por ano escolar) 

DISCIPLINA TOTAL 1º ANO 2º ANO 3º ANO
EF 57% 63% 60% 48%
MATEMÁTICA 43% 52% 40% 48%
ARTE 38% 32% 35% 38%
BIOLOGIA 29% 31% 24% 32%
PORTUGUÊS 24% 19% 31% 23%
FÍSICA 21% 19% 27% 18%
HISTÓRIA 18% 13% 24% 17%
GEOGRAFIA 16% 18% 13% 18%
FILOSOFIA 13% 21% 9% 9%
QUÍMICA 13% 21% 13% 6%
INGLÊS 13% 5% 9% 23%
SOCIOLOGIA 9% 10% 7% 11%
CIÊNCIAS 1% 0% 0% 2%
BRANCO/NULO 1% 0% 0% 2%

Fonte: Autoria própria

Nota-se que 57% dos alunos consideram a EF uma das três disciplinas que mais gostam. Mais do que isso, ao ordenar os dados, a EF representa a disciplina curricular mais apreciada do EM. Tal resultado compactua com outros estudos sobre gosto dos estudantes na EF. No estudo de Frey (2007) constatou-se que o gosto dos alunos pela EF se apresentou em primeiro lugar em relação às demais disciplinas. Darido (2004) ao questionar alunos de ensino fundamental e médio, constatou que todas as turmas atribuem a EF como a disciplina preferida na ordem de gosto. Tais resultados não diferiram de Lovisolo (1995) no ensino fundamental, em que a EF também apresentou ser a disciplina mais apreciada.

Ademais, vale ressaltar que a disciplina curricular “Arte” representa a terceira mais citada pelos alunos. Destacamos tal disciplina, pois assim como a EF, direcionam seus momentos de ensino e aprendizagem a partir de elementos estéticos e comunicativos que implicam uma dimensão do sentir e relacionar-se na corporeidade. De modo mais específico, é possível dizer que ambas lidam com a corporeidade como condição de aprendizagem. Isto é, não se restringem ao plano verbal (à língua) para ensinar e aprender, pois abordam um saber incorporado, um saber que implica o domínio da atividade (CHARLOT, 2000; 2005). Não bastasse isso, também se nota o compartilhamento e a coabitação de alguns conteúdos entre as áreas, tais como a Dança e as Atividades Circenses. Com base na constatação que a EF e a Arte figuram entre os três conteúdos mais citados na ordem de gosto, uma hipótese que pode ser aventada é que as similaridades e as características destas áreas (corporeidade, saber domínio, linguagem não-verbal) afetam positivamente o gosto dos estudantes em suas relações de desejo, de gozo e de prazer.

Contudo, também cabe questionar como o gosto pela EF pode variar ao longo dos anos do EM. De modo semelhante aos resultados totais, a EF aparece ordenada em primeiro lugar em cada um dos três anos escolares do EM. Com efeito, 63% no 1º ano, 60% no 2º ano, e 48% no 3º ano; neste último, partilhando a posição junto à Matemática. Destarte, observamos que, não obstante à posição primeira, o gosto pela EF decai ao longo dos anos escolares do EM.

Já de modo mais amplo, a partir dos valores relativos de percentagem, podemos notar que as disciplinas tendem a uma variabilidade ou alternância de movimentos (ou curvas) positiva ou negativa ao longo dos anos escolares. Todavia, não é possível afirmar que essas variações sejam significativas do ponto de vista estatístico, porém, do ponto de vista descritivo, nota-se tal tendência. Por outro lado, as exceções que merecem destaque são as disciplinas de Arte, EF e Química. As duas últimas, diferente da disciplina de Arte cuja tendência é crescente, têm um decréscimo de gosto ao longo dos anos do EM.

Para analisar especificamente a atribuição de gosto para disciplina EF foi elaborada a questão fechada “qual a sua opinião sobre as aulas de EF?”, que deveria ser respondida a partir de alternativas que sinalizavam uma escala de intensidade de “gosto”. A tabela 2 mostra as respostas dos estudantes:

Tabela 2 Juízo de gosto em relação à disciplina curricular EF por estudantes de EM. 

RESPOSTAS TOTAL 1ºANO 2ºANO 3ºANO
GOSTO MUITO 60% 71% 51% 57%
GOSTO MAIS OU MENOS 33% 23% 40% 37%
GOSTO POUCO 7% 6% 9% 5%
NÃO GOSTO 0% 0% 0% 0%
DETESTO 1% 0% 0% 2%
BRANCO/NULO 0% 0% 0% 0%

Fonte: autoria própria

Observamos que um total de 93% dos estudantes pesquisados gosta deste componente curricular, independente se atribuem como critério “gosto muito” (60%) ou “gosto mais ou menos” (33%). Espelhado neste resultado, também chama a atenção a baixa quantidade de alunos que elegeram as alternativas “gosto pouco”, “não gosto” e “detesto”, que mesmo somadas, representam apenas 9% dos alunos.

Este intenso gosto pela EF compactua com outras investigações. Para Cardoso e Nunez (2014), em estudo com alunos do EM nas escolas públicas estaduais de Mato Grosso, 88,3% dos alunos gostam das aulas de EF. Schneider e Bueno (2005), ao questionar 202 alunos do EM da Rede Pública da Região da Grande Vitória, também constataram o gosto pela EF na maioria dos estudantes. Contudo, este último estudo também demonstrou os motivos por este gosto ou desgosto. Aqueles alunos que mencionaram gostar das aulas, argumentaram por diferentes interesses: o jogar esportes de modo organizado, a distração, o divertimento, a oposição ao ambiente da sala de aula, o relaxamento, a integração da turma (fazer amigos), etc. Por outro lado, os motivos de desgosto foram: falta infraestrutura, aulas tumultuadas e desorganizadas, baixa diversidade de conteúdos, pouca participação do aluno na escolha das atividades. Portanto, pode-se afirmar, em todos os casos, que o gosto pelas aulas de EF é elevado, porém os interesses que justificam este “gosto” são diversos e, via de regra, interligadas ao “o que” os estudantes vivenciaram nas aulas da disciplina.

Uma outra possível análise que pode ser destacada é a variação de gosto ao longo dos anos escolares do EM. Se somarmos os valores das categorias “gosto muito” e “mais ou menos”, bem como, por outro lado, “gosto pouco”, “não gosto” e “detesto” de cada ano escolar, nota-se que não há alterações descritivas entre eles. Todavia, se observamos exclusivamente a alternativa “gosto muito”, é possível inferir que o 1º ano atribui maior intensidade de gosto pela EF (com 71%, contra 51% e 57% do 2º e 3º ano, respectivamente), o que coaduna com a mesma conclusão da questão anterior, ao sinalizar uma perda de gosto da EF quando se compara o ano de entrada (1º ano) e o de saída (3º ano) do EM.

Importância

Quanto à importância, o dicionário Houaiss (2009) a define como algo “digno de consideração”, de “apreço”, por ter “autoridade”, “influência”, “prestígio”. No cotidiano escolar não é raro encontrarmos expressões que conotam uma falta de importância da EF. Com efeito, expressões como “EF não cai no vestibular”, “o mercado de trabalho não exige isso”, “EF é aula vaga” apontam para a desvalorização do componente curricular.

Aos sujeitos da pesquisa foram feitas duas indagações: “(1) Quais são as três disciplinas (matérias) da escola que você considera mais importantes?” e “(2) Você acha que as coisas que você aprendeu na EF são importantes para a sua vida?”

Tabela 3 Importância atribuída às disciplinas curriculares de EM. 

DISCIPLINA TOTAL
% ORD.
MATEMÁTICA 94%
PORTUGUÊS 91%
GEOGRAFIA 20%
BIOLOGIA 20%
EF 19%
HISTÓRIA 17%
INGLÊS 13%
FÍSICA 12%
QUÍMICA 5%
FILOSOFIA 4% 10º
SOCIOLOGIA 2% 11º
CIÊNCIAS 2% 12º
ARTE 1% 13º
BRANCO/NULO 0% -

Fonte: autoria própria

Com base na Tabela 3, que mostra a importância atribuída pelos estudantes às disciplinas curriculares do EM, compreendemos que o grau de importância pode ser estratificado em três grupos: (i) disciplinas de importância hegemônica, apontada por mais de 90% dos estudantes; (ii) de importância intermediária, manifestada de 10 a 20% dos estudantes; (iii) de menor importância com valor igual ou menor a 5% dos estudantes.

No primeiro agrupamento, as disciplinas curriculares de Matemática (94%) e Língua Portuguesa (91%) são hegemonicamente vistas como de suma importância, o que também foi observado por Darido (2004), Frey (2007) e Marques (2008). Ademais, embasado em Lovisolo (1995), Berwanger (2002) e Betti e Liz (2003), podemos considerar que essa hegemonia ocorre desde o Ensino Fundamental em decorrência da valorização social dada a esses conteúdos. Algumas características condicionam tal percepção: (i) representam disciplinas com a maior carga horária em todo Ensino Básico; (ii) são disciplinas que possuem maior destaque em documentos oficiais, como é o caso da BNCC (CÁSSIO; CATELLI JR., 2019); (iii) as avaliações em larga escala em nível nacional avaliam prioritária e exclusivamente saberes da Matemática e de Língua Portuguesa (BRASIL, 2020). Neste sentido, se para Charlot (2000) a escola representa um lugar que induz relações com os saberes, certamente, a predominância dessas duas disciplinas induz e mantém uma percepção de autoridade e de importância para os estudantes.

No segundo grupo de disciplinas, consideradas de importância intermediária e com ampla discrepância em relação ao primeiro, há a Geografia (20%), Biologia (20%), EF (19%), História (17%), Inglês (13%) e Física (12%). Especificamente na EF, apesar de não ser reconhecida como hegemonicamente importante, não é taxada como aquelas de menor importância, como as disciplinas de Química (5%), Filosofia (4%), Sociologia (2%), Ciência (2%) e Arte (1%); pelo contrário é citada como a quinta mais importante dentre as treze disciplinas do EM, o que coaduna com estudos realizados no Ensino Fundamental por Lovisolo (1995) e Betti e Liz (2003). Todavia, tal resultado diverge do estudo de Darido (2004), para quem, estudantes do 1º ano do EM consideram a EF como a segunda disciplina menos importante. Ainda vale ressaltar que apesar da disciplina Arte representar a terceira mais citada na ordem de gosto, quando analisada no quesito importância, figura como a menos importante para os alunos. E, desse ponto de vista, é possível afirmar que a EF e a Arte, disciplinas que lidam com a corporeidade, apresentam uma relação inversa entre gosto e importância. Isto é, o gosto é alto entre os estudantes, porém não são valoradas como as mais importantes, demonstrando que a importância não é necessariamente determinada pelo gosto.

Todavia, consideramos que o reconhecimento intermediário da importância da EF por parte dos estudantes é positiva, visto que, se retirarmos as disciplinas hegemônicas (Matemática e Língua Portuguesa) - que por sua vez, possuem uma relação desigual com as demais disciplinas -, apenas a Geografia e Biologia superam a EF em ordem de importância. Essa relativa alta importância pode ter uma valência estratégica na defesa da disciplina contra o “desinvestimento” do sistema e dos grupos escolares. É sabido do uso de diversos mecanismos e estratégias para “driblar” a obrigatoriedade deste componente curricular, tanto nas condutas particulares de cada escola (fusão de turmas, aulas em contra turno, mecanismos de não-reprovação da disciplina, redução de carga horária, etc), quanto em âmbito político-institucional, como foi o caso da Reforma do EM que flexibilizou o status da EF como disciplina curricular, para “Estudos e Práticas da Educação Física” - Lei nº 13.415/2017 (BRASIL, 2017b), o que culmina por relegá-la a uma condição de marginalidade e de importância social inferiorizada diante de outras disciplinas.

Contudo, como a importância da EF é manifestada como uma das três disciplinas mais importantes ao longo do EM? A Figura 1 mostra a variação de importância da disciplina de EF em cada ano do Segundo Grau.

Fonte: autoria própria

Figura 1 Importância da disciplina EF ao longo dos anos de escolarização do EM 

Conforme a atribuição de importância ao longo dos três anos, notamos uma tendência interessante. No 1º ano, a EF é a terceira disciplina mais citada como importante (34%). No 2º ano, perde duas posições e torna-se a quinta (20%). No 3º ano, passa a ser a sétima na ordem de importância (14%). Nota-se uma perda de importância ao longo dos anos, o que compactua com Marzinek (2004), ao sugerir que a motivação e a ordem de importância tendem a diminuir quando se comparam estudantes no último ano do Ensino Fundamental com aqueles no último do EM.

Como exercício reflexivo, aventamos hipóteses para essa tendência decrescente. Em primeiro lugar, a iminência do vestibular - a exceção do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que desde 2009 passou a integrar a EF (FERNANDES; RODRIGUES; NARDON, 2013) - pode supervalorizar outras disciplinas. Uma segunda hipótese é que a aproximação do jovem secundarista com o mundo de trabalho tende à valorização de determinadas habilidades e competências de “saberes-objeto” (SOUZA; RAMOS, 2017). Não obstante a estes elementos, os discentes, ao considerarem especificamente os saberes ligados à EF reconhecem seu valor, como apontado nas respostas à questão: “você acha que as coisas que você aprendeu na EF são importantes para a sua vida?” (Figura 2).

Fonte: autoria própria

Figura 2 Importância da EF para a sua vida 

Se somarmos os quesitos “muito” e “mais ou menos”, 87% dos estudantes manifestam que a EF possui importância média-alta para a vida. Todavia, 13% dos alunos atribuem pouca (11%) ou nenhuma importância (2%). Podemos afirmar que estes resultados coadunam com Menezes e Verenguer (2006), que, ao analisar 105 estudantes do EM, constataram que a maioria atribuiu importância de “bom” ou “ótimo” a esta disciplina curricular. Entrementes, Perfeito (2008), apropriando-se de uma amostra de 221 estudantes secundaristas, apontou que 80,5% alegaram que a disciplina de EF “não é importante”. Diante do contraste dos resultados com a literatura indicamos a necessidade de investigações que tematizem as situações de intervenção, pois, a proposta curricular e a abordagem de EF; a perspectiva de mundo, de escola e de conhecimento; bem como as formas de mediação pedagógica podem, possivelmente, influenciar no grau de importância atribuído pelos discentes à área.

Por sua vez, como a importância da EF para a vida se expressa ao longo dos anos de escolarização do Segundo Grau? A Figura 3 apresenta os resultados para esta indagação:

Fonte: autoria própria

Figura 3 Importância da EF para vida ao longo dos anos de escolarização no EM 

Diferente da figura 1, que mostra a tendência decadente da importância ao longo dos anos do EM, quando indagados sobre a importância da EF na vida, a figura 3 ilustra uma tendência crescente no quesito “muito importante” e decrescente nos quesitos “mais ou menos” e “pouco”. Estes resultados divergem de Menezes e Verenguer (2006), que observaram uma tendência inversa, isto é, no 2º e 3º ano a importância decaía em comparação ao 1º ano. Devido à contradição com literatura, torna-se inviável qualquer consideração cabal. Em todo caso, merece destaque o fato de a importância para a vida ter valores e tendência diferentes ao longo dos anos de escolarização do EM.

Uma hipótese que pode ser aventada é que “a importância da EF para a vida” pode ter sido interpretada como “utilidade para a vida”, o que influenciou a alta valoração neste quesito. Nesta perspectiva, Lovisolo (1995) apresenta quatro utilidades principais mencionados pelos estudantes em relação a EF: o caráter biomédico (melhoria de saúde, ganho de força), a estética corporal (adequação ao padrão de beleza), as práticas esportivas e o caráter emocional-psicológico. Nesse pano de fundo, um avanço de perspectiva seria indagar os “porquês” da importância da EF para a vida.

Destarte, constatamos que os estudantes a consideram importante tanto para a vida quanto na escola, porém o grau de importância não supera o “prestígio” das disciplinas curriculares de Matemática, Língua Portuguesa, Geografia e Biologia.

Participação

A aprendizagem ou a apropriação das coisas do mundo se dá a partir de um processo de interiorização. Contudo, para aprender é preciso colocar-se em movimento interior, reunir esforços para entrar em uma atividade. A esta atitude denomina-se mobilização (CHARLOT, 2000, 2005). Na EF, a forma mais clara de mobilização se dá na participação do estudante nas aulas. Todavia, tal mobilização/participação depende de motivos propulsores (móbil), que neste estudo, foram representadas pelo gosto e a importância. No que concerne à participação, alguns estudos apontam que muitos estudantes não participam e/ou se desinteressam pelas aulas de EF no EM (LIZ, 1999; MARTINELLI, 2006). Paiano (2006) e Pereira e Moreira (2005) sugerem que a não participação dos estudantes nas aulas deste componente curricular é um fator de suma importância dada as próprias características específicas da disciplina. Portanto, desvelar e problematizar como ocorre a participação dos discentes do EM é fundamental haja vista este aspecto ser um fator de mobilização dos estudantes para a aprendizagem.

Diante disso, questionamos: “quanto a sua participação nas aulas de EF, você participa…” A Figura 4 elucida a resposta dos estudantes ao questionamento.

Fonte: autoria própria

Figura 4 Participação discente nas aulas de EF 

Somando as respostas “todas” e “maioria”, notamos que o total de 91% dos estudantes frequenta a maioria das aulas de EF. Uma percentagem pequena alega que participa apenas de “algumas” aulas (7%) ou de uma “minoria” (2%). É necessário mencionar que o enunciado da questão permite dúbia interpretação dos estudantes, por exemplo, a alternativa “maioria” pode ser entendida como participação entre mais da metade e menos do total, ou seja, no intervalo de 51% a 99% de participação.

À vista disso, é peremptório analisar especificamente a categoria “todas”. Nesse sentido, 56% dos secundaristas declararam participar de todas as aulas. Estes resultados corroboram com Cardoso e Nunez (2014), Darido (2004), Pereira e Moreira (2005) que constataram, respectivamente, a participação de 54,7%, 57,1% e 54% dos estudantes em todas as aulas de EF no EM. Sendo assim, as fontes indicam que a participação é considerada relativamente média nas aulas de EF.

Em comparação às aulas de EF no Ensino Fundamental, a participação dos estudantes do EM é menor. Darido (2004) constatou que entre estudantes da (antiga) 5ª série, a participação “sempre” em todas aulas é de 79%, enquanto na (antiga) 7ª série é de 72,7%. Teixeira e Folle (2013) observou que a participação entre estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental de uma instituição de Santa Catarina foi de 79,1%. Noutro estudo, realizado em Indianópolis/MG, Bento e Ribeiro (2008) sugerem que a participação entre os grupos de 5ª, 6ª e 7ª séries é de 85% e dos estudantes da 8ª série é de 75%. Sendo assim, se comparamos os resultados da atual investigação com os dados das pesquisas citadas, nota-se que o nível de participação tende a decair ao longo do processo de escolarização. Para tanto, a Figura 5, ao apresentar a participação dos estudantes ao longo dos anos escolares do EM, reforça este entendimento:

Fonte: autoria própria

Figura 5 Partição discente nos três anos do EM 

Com base na Figura 5, é perceptível uma tendência decrescente do nível de participação discente. Ao passo que a participação de “todas” as aulas apresenta decadência entre os anos escolares do EM; de modo inverso, a mobilização pela “maioria” das aulas tende a elevar no 2º e 3º ano, o que sinaliza que a participação “perambula” de “todas” as aulas para um nível inferior.

Ademais, este resultado coaduna com os dados da figura 1, que indica uma diminuição da importância da EF quando comparada às outras disciplinas curriculares. Todavia, o resultado é ambíguo se compararmos com a figura 3, que retrata a importância deste componente curricular para a vida. Com efeito, ao cotejar o resultado da “importância” para a vida com o da “participação”, observamos que os discentes do 3º ano do Médio dão maior importância à EF, entrementes, têm a menor participação em relação aos três anos deste nível de ensino. Por outro lado, ao analisarmos a tabela 2 que mostra a relação do “gostar”, observamos que a participação se torna mais condizente com este atributo, tanto a participação quanto o gosto tendem a diminuir no 3º ano do EM em relação aos anos anteriores de escolarização.

Portanto, atribuir importância não determina participação, isto é, estes atributos não possuem uma relação de causalidade. Neste sentido, ideamos que a participação nas aulas de EF depende de outros fatores que ultrapassam o reconhecimento da importância. Os resultados da pesquisa sugerem que o atributo gosto possui uma relação mais próxima à mobilização pelas aulas e, consequentemente, para a aprendizagem. Parece-nos que esta relação de gosto pela disciplina escolar e participação nas aulas coaduna com os estudos sobre a indissociável relação da afetividade com a cognição, como argumenta Leite (2012). Em linhas gerais, a relação afetiva com a disciplina de EF parece ser mais efetiva que a relação racional (de importância), para mobilizar a participação dos estudantes nas aulas deste componente curricular.

Embasado na noção da relação com o saber de Charlot (2000; 2005), duas inferências podem ser aventadas. Primeiramente, a relação de gostar de algo pressupõe uma relação de prazer, gozo, desejo. Conforme o intelectual francês, o desejo é uma aspiração primeira, já que visa, essencialmente, a satisfação do prazer, desprovendo-se de questões objetivas e determinadas. Desta maneira, gostar das aulas de EF não precisa ter necessariamente uma explicação conceitual de importância, isto é, uma razão de ser. O gosto pode estar no campo do desejo que, com frequência, foge à razão e encontra-se no passional, na afetividade. Portanto, participar da aula pode ser impulsionado pelo prazer, dito em outros termos, de fazer pelo gostar ou pelo prazer da atividade, sem uma pretensão segunda (racional), como é o caso da importância.

Em segundo lugar, no plano racional da importância é possível atribuir valor à EF e paradoxalmente não participar, ou seja, não entrar em atividade. Nos termos de Charlot (2005, p.55) “[...] muitos alunos têm desejo de saber, mas não têm vontade de aprender, de estudar [...] de se esforçar para se engajar em uma atividade”. Consequentemente, a relação do sujeito cognoscente com o objeto cognoscível não pode ser entendida apenas por uma relação racional, um atributo de importância, mas também por uma relação afetiva, de passionalidade, com o conhecimento e a aprendizagem.

De fato, a afetividade com a disciplina de EF pode ser decisiva para a participação nas aulas. Neste sentido, apesar de conhecermos relatos de relações afetivas negativas com a EF - como a experiência escolar de Fontana (2001, p.42), para quem, “[i]r para as aulas de EF tornou-se doloroso dever. Saía de casa andando bem devagar. Inventava obstáculos pelo caminho, encompridava o trajeto [...]. Em aula, fingia que as palavras da professora não se dirigiam a mim” -, no senso comum, é corriqueiro associar essas aulas a uma relação afetiva positiva.

Em vista disso, foi feita a seguinte pergunta: “Se a aula de EF não fosse obrigatória, você a faria?”. A Tabela 4 apresenta as respostas ao questionamento.

Tabela 4 Suposição de participação nas aulas de EF se ela não fosse um componente curricular obrigatório. 

RESPOSTA TOTAL 1º ANO 2ºANO 3ºANO
SIM 76% 79% 76% 74%
NÃO 11% 6% 9% 17%
NÃO SEI DIZER 12% 13% 15% 9%
BRANCO/NULO 1% 0% 0% 0%

Fonte: autoria própria

Um total de 76% dos estudantes afirmou que “sim”, participaria das aulas de EF mesmo se ela não fosse obrigatória. Somente 11% manifestou que “não” participaria e, de resto, 12% declarou “não sei dizer”. Ademais, embora timidamente, quando analisamos a transição entre os anos escolares do Ensino Secundário, é perceptível que a resposta “sim” decai ao longo dos anos, enquanto a resposta de “não” participação possui uma tendência crescente. Tal resultado entre os anos escolares reafirma a compreensão supracitada de que o gosto possui uma relação mais próxima com a participação (mobilização na atividade), já que o decréscimo de gosto pela EF no 3º ano (Tabela 2) coincide com a manifestação crescente de não-participação (17% no 3º ano do EM) em caso de caráter optativo da disciplina. Todavia, vale ressaltar que, embora haja variações entre os anos escolares, tal não é suficiente para alterar a opinião majoritária que manifesta alta participação mesmo em caso de não-obrigatoriedade.

CONSIDERAÇÕES

Atribuir importância, gostar e participar são ações que docentes esperam como atitudes de seus estudantes nas aulas EF no EM. A preocupação docente por “contagiar” os aprendizes seja pela via do prazer e da diversão, do “jogo possível”, da valoração de um saber orgânico, ou da participação discente, são exemplos que representam a assunção de um compromisso com uma educação escolar pública, gratuita e de boa qualidade. Esta abordagem que avulta o papel discente no processo de aprendizagem tem como característica o diálogo com os estudantes. À vista disso, criar mecanismos de interlocução e encorajar a fala dos estudantes é fulcral para saber a percepção sobre e a mobilização para as aulas de EF dos discentes.

Embasados em Lovisolo (1995) e na noção da relação com o saber de Charlot, encetamos este estudo com o objetivo de compreender como discentes do EM atribuem importância, gosto e participam das aulas de EF. Neste sentido, a investigação mostrou que a EF é a primeira na ordem de gosto dentre as treze disciplinas citadas. No entanto, analisando ao longo dos três anos do Segundo Grau, notamos a tendência a uma redução na atribuição de gosto para as aulas de EF.

Apesar da sua destacada posição na ordem de gosto, a EF não é vista como componente curricular hegemonicamente importante. Ela é considerada uma disciplina de importância intermediária, que perde importância ao longo dos anos do EM. Ambiguamente, 87% dos discentes alegaram que a EF tem importância de nível médio-alta para a vida. Em síntese, esta disciplina curricular é considerada importante pelos estudantes secundaristas, todavia o grau de importância não é capaz de ultrapassar a importância hegemônica de outras disciplinas como Matemática e Língua Portuguesa.

A participação é considerada mediana nas aulas de EF. Em comparação ao Ensino Fundamental, a participação é menor e indica que a tendência é decair ao longo do ciclo de escolarização. Ademais, a participação tende a diminuir ao longo de cada ano do EM. Sendo assim, a participação nas aulas de EF está mais atrelada à afetividade (gosto) do que com a racionalidade (importância).

Deste modo, ideamos que a mobilização para a participação está vinculada tanto à afetividade quanto à razão, mas tem uma maior influência da primeira. Neste sentido, a pesquisa indica, conforme a noção da relação com o saber, que a participação (mobilização) é movida pelo prazer ou desejo de aprender. Sendo assim, esta perspectiva elucida que a relação do sujeito com o objeto epistêmico precisa ser vista para além de uma relação racional (de importância para o trabalho, para a vida, para saúde etc.), atentando-se à relação afetiva (gosto, desejo, paixão etc. pelo saber e conhecimento) com a aprendizagem.

Diante dessa outra perspectiva no âmbito da EF no EM, abre-se um enfoque de trabalho cujas questões centrais são: o que mobiliza e motiva os estudantes a gostar, atribuir importância e participar das aulas deste componente curricular? O que não é favorável ao gosto, à importância e à participação? E, sobretudo, quais os processos de mediação pedagógica mais adequados para passar da recusa ou desmotivação para a mobilização? A partir de soluções para essas questões, parece-nos ser possível contribuir com o trabalho de professores de EF que atuam no EM.

Nesse sentido, sugerimos que se desenvolvam pesquisas qualitativas que melhor compreendam os sentidos e significados dos discentes, especialmente, na busca dos “porquês”. Para tanto, manifesta-se a necessidade de pesquisas com desenhos metodológicos que permitam cada vez mais “dar ouvidos” aos discentes, especificamente, as que envolvam a realização de entrevistas, grupos focais, rodas de conversa, etc.

Na contramão das práticas que tendem a minguar a importância, o gosto e a participação, observamos um movimento que busca no diálogo com os estudantes, alternativas para uma EF mais significativa para a vida estudantil e Educação Básica. Quiçá, ouvir os estudantes seja uma das melhores táticas para a EF lutar por uma educação escolar pública, gratuita e de boa qualidade num contexto de privatização do público. Ademais, assumimos que estudos na perspectiva dos estudantes não se restringem per si, pelo contrário, retornam aos professores e às políticas educacionais constatando e sugerindo novas diretrizes e dinâmicas. Em síntese, foi com o desejo de contribuir com o sobredito projeto de Educação e EF escolar que apresentamos este estudo.

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1 Declaramos que este manuscrito não possui conflitos de interesse entre os autores.

2Dados coletados em 2013 como parte do projeto de pesquisa “Os saberes da Educação Física nas perspectivas dos alunos: diagnóstico e interlocuções” desenvolvido no âmbito do Grupo de Estudos Socioculturais, Históricos e Pedagógicos da Educação Física (CNPq), vinculado ao Departamento de Educação Física da Faculdade de Ciências da UNESP - campus de Bauru, sob responsabilidade do último autor do atual trabalho.

AGRADECIMENTOS O primeiro autor demonstra agradecimento especial ao IFSULDEMINAS por fornecer condições e incentivos de qualificação para o desenvolvimento deste manuscrito. Também agradecemos os membros participantes do Grupo de Estudos Socioculturais, Históricos e Pedagógicos da Educação Física (DEF-Unesp/Bauru) que contribuíram com a consolidação deste trabalho.

FINANCIAMENTO Não se aplica

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Esta investigação foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Paulista, sob o processo n. 13142/46/01/12

LICENÇA DE USO Os autores cedem à Motrivivência - ISSN 2175-8042 os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution Non-Comercial ShareAlike (CC BY-NC SA) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, desde que para fins não comerciais, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico desde que adotem a mesma licença, compartilhar igual. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico, desde que para fins não comerciais e compartilhar com a mesma licença.

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITOR DE SEÇÃO Juliano Silveira

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto Santos

Recebido: 08 de Agosto de 2020; Aceito: 02 de Outubro de 2020

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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Concepção do manuscrito: M. R. So; G. Santos Rodrigues; M. Betti Coleta de dados: M. R. So, T. Z. Ushinohama, M. Betti. Análise de dados: M.R. So, G. Santos Rodrigues, E. Prodócimo, M. Betti. Discussão dos resultados: M. R. So, G. Santos Rodrigues, E. Prodócimo, M. Betti. Produção do texto: M. R. So, G. Santos Rodrigues. Revisão e aprovação: E. Prodócimo, M. Betti

CONFLITO DE INTERESSES

Não há conflito de interesses entre os autores

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