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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.32 no.63 Florianópolis  2020  Epub 30-Out-2020

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020.e76909 

Artigo Original

Quando o nariz vermelho se encontra com a Educação Física: potencialidades do palhaço como conteúdo na escola

When the red nose meets Physical Education: potential of the clown as content at school

Cuando la nariz roja se encuentra con la Educación Física: el potencial del payaso como contenido en la escuela

1Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS, Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil.

2Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil.


RESUMO

O presente artigo apresenta uma pesquisa teórica realizada a partir de uma revisão de literatura sobre o palhaço/clown nas aulas de Educação Física escolar, em artigos publicados em periódicos avaliados pelo sistema Qualis Capes. O objetivo foi verificar, em produções científicas que abordam as atividades circenses na Educação Física escolar brasileira, publicadas entre os anos de 2010 e 2019, se há a presença do palhaço/clown, e como o palhaço é apresentado nesses artigos. Foram encontradas 50 publicações, das quais 10 abordam o palhaço/clown, em 5 delas o palhaço foi desenvolvido como um dos conteúdos das aulas, nos outros textos ele é apenas citado. Diante disso, foi proposto neste trabalho um desenvolvimento linear dos contextos históricos e possíveis jogos cênicos de palhaço a serem trabalhados nas aulas de Educação Física escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Palhaço; Escola; Atividades circenses

ABSTRACT

This article presents a theoretical research based on a literature review on the clown in Physical Education classes at school. Reviewed articles were published in journals evaluated by the Qualis Capes system. The objective was to verify whether there is the presence of the clown, and how the clown is presented in these articles. The reviewed sample included scientific productions that addressed circus activities in Brazilian Physical Education programs, published between the years 2010 and 2019. Fifty publications were found, of which 10 address the clown, in 5 of them the clown was developed as one of the contents of the classes. Further references in texts the word clown was only quoted. Therefore, this linear development of historical contexts and possible scenic clown games serves as background proposal to be worked on in Physical Education classes.

KEYWORDS: Clown; School; Circus activities

RESUMEN

Este artículo presenta una investigación teórica basada en una revisión de la literatura sobre el payaso en las clases de Educación Física en la escuela, en artículos publicados en revistas evaluadas por el sistema Qualis Capes. El objetivo fue verificar, en producciones científicas que abordan las actividades circenses en la Educación Física brasileña, publicadas entre los años 2010 y 2019, si existe la presencia del payaso, y cómo se presenta el payaso en estos artículos. Se encontraron 50 publicaciones, de las cuales 10 se refieren al payaso, en 5 de ellas se desarrolló el payaso como uno de los contenidos de las clases, en el resto de textos solo se cita. Por ello, se propuso en este trabajo un desarrollo lineal de los contextos históricos y posibles juegos de payasos escénicos a trabajar en las clases de Educación Física escolar.

PALABRAS-CLAVE: Payaso; Escuela; Actividades circenses

INTRODUÇÃO

As atividades circenses constituem “um conjunto de práticas cujos conhecimentos inspiram-se na cultura e nos saberes circenses, e cuja ressignificação e sistematização revelam a lógica pedagógica do profissional de Educação Física.” (BORTOLETO, 2014, p. 62).

Desde meados dos anos 2000, as atividades circenses passaram de uma alternativa para romper o modelo tecnicista que predominava nas aulas de Educação Física para um conteúdo constante nas escolas brasileiras. Se no final da década de 1990 havia poucas publicações sobre o assunto, todas de fora do Brasil (ONTAÑON; DUPRAT; BORTOLETO, 2012), hoje temos um aumento considerável no número de estudos (artigos, trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses) sobre a inserção e uso das atividades circenses nas escolas (XAVIER JUNIOR; MOURA, 2020).

Uma possível explicação para todo esse aumento é que as atividades circenses, devido a sua ampla variedade, possibilitam a qualquer aluno - independentemente da sua constituição corporal e limitações - encontrar alguma modalidade (elementos expressivos, acrobáticos, de manipulação de objetos e/ou de equilíbrio) que se adeque as suas qualidades e afinidades, vivenciando uma experiência prazerosa na Educação Física escolar (DUPRAT, BARRAGAN; BORTOLETO, 2014).

No âmbito da educação, os saberes oriundos do circo possuem um amplo repertório de atividades que podem ser exploradas nas aulas de Educação Física escolar, as quais favorecem o processo criativo e expressivo dos alunos (BARRAGAN, 2016), independente da faixa etária. Com o objetivo de auxiliar no processo de inserção das atividades circenses como conteúdo a ser aplicado nas aulas de Educação Física na escola, Duprat e Pérez Gallardo (2010) e Bortoleto (2017) organizaram taxonomias que servem para orientar o planejamento de propostas pedagógicas. Os autores ainda alertam sobre um crescente reducionismo no que se refere ao repertório circense, há mais de trezentas modalidades circenses, além das modalidades híbridas (BORTOLETO, 2011) e o que se está ensinando nas escolas.

As modalidades malabares com bolas, perna-de-pau, tecido acrobático e acrobacia de solo têm sido as mais desenvolvidas nas aulas de Educação Física, deixando de fora muitas outras possibilidades de utilização de saberes oriundos do circo (BORTOLETO, 2017). Entre essas inúmeras possibilidades de atividades circenses, neste estudo destacamos o palhaço como mais uma possível temática para ser desenvolvida no âmbito da Educação Física escolar. O palhaço, apesar de ser uma das primeiras figuras a ser lembrada quando falamos de circo (BRACCIALLI; MELO; BORTOLETO, 2019), ainda é pouco explorado dentro das escolas e, principalmente, quando discutimos aulas de Educação Física. Porém, ao mesmo tempo, dá abertura para o desenvolvimento lúdico de diversas outras modalidades, sem contar na capacidade de aprimorar a criatividade, sociabilidade e as capacidades corporais da criança.

Sendo assim, neste artigo temos o objetivo de verificar em produções científicas que abordam as atividades circenses na Educação Física escolar brasileira, publicadas na forma de artigos entre os anos de 2010 e 2019, se o palhaço está presente nas propostas e como é apresentado nos referidos textos. Por fim, sugerimos uma proposta de inserção do palhaço nas aulas de Educação Física.

Neste artigo não trataremos de maneira dicotômica os termos conceituais clown e palhaço, assim, entendemos que clown tem sua origem da palavra inglesa clod, e palhaço vem do italiano paglia, portanto, partiremos da premissa que os termos são distintos, no entanto, designam uma mesma figura, originada em períodos históricos e em locais diferentes; entendemos, também, que existem diferenças quanto aos espaços onde este transita e suas formas de atuação. (BURNIER, 2001; BOLOGNESI, 2003; CASTRO, 2005; DORNELES, 2003).

PALHAÇO/CLOWN

O palhaço está presente no imaginário coletivo de maneiras distintas, seja pelo universo circense, pelos programas televisivos, ilustrações, propagandas e comerciais, brinquedos e bonecos, enfim, existe uma grande variedade de representações que se fazem presentes na sociedade para fins artísticos ou por uma demanda de mercado. De um palhaço circense a um animador de festas, de um Doutor da Alegria a um voluntário hospitalar apaixonado por Patch Adams, de um Arrelia a um Patati e Patatá, o que fica e permanece é a representação social existente dessa figura, que acaba se sustentando no imaginário coletivo. Palhaço ou não? Não é nossa função decidir, pois essa representação existe e está dada, portanto, nosso papel enquanto artistas e pesquisadores não é julgar o que é correto ou não na palhaçaria. O que cabe ao artista e aos demais profissionais que assumem essa figura é buscar entendimento de todo um contexto histórico e social que o representa e, assim, buscar identificar sua própria forma de atuação sem que seja necessário um julgamento moralista (GODOY, 2019).

O palhaço, como conhecemos hoje, tem sua origem no circo moderno, por volta de 1800, na pessoa de Joseph Grimaldi, responsável por fundir as figuras da Commedia dell’arte Arlecchino e Pierrot, carregando as características de ambos em uma única maquiagem e figurino, embora os traços mais marcantes destacassem mais o Arlecchino do que propriamente o Pierrot. No entanto, mesmo diante dessa figura mais próxima ao que conhecemos hoje ficar em evidência a partir de Joseph Grimaldi, é importante lembrarmos que o arquétipo do palhaço pode ser encontrado em outros períodos históricos e localidades: nas cortes egípcias, com o bufão Danga; o Yu Sze, na China; Vita e Vidusaka, na Índia; gelotopoioi e parasitas, na Grécia; e tantos outros. Portanto, essa figura é tão antiga quanto possamos imaginar, apesar de, na maioria das vezes, o imaginário coletivo remeter o palhaço exclusivamente ao universo do circo (CASTRO, 2005).

Ao reconhecer esses processos históricos e essas mudanças espaços-temporais que cerceiam o palhaço, podemos compreender toda uma dinâmica social que o sustenta no decorrer dos séculos. Assim, esse reconhecimento por parte do profissional dará não só uma base de sustentação teórica, mas também um entendimento de sua própria prática.

Outro ponto que representa de maneira significativa essa transição para o palhaço do circo moderno está na figura do Clown Branco e do Augusto. Tipos cômicos representados por duas figuras contrastantes, por um lado o Branco, como a representação do bom homem, educado, elegante, trajando um figurino de lantejoulas brilhantes, chapéu cônico e uma maquiagem branca; já o Augusto é uma polaridade oposta, verdadeira representação do estúpido, inadequado aos espaços e locais por onde transita, desajeitado, e com uma maquiagem que toma apenas parte de seu rosto (BOLOGNESI, 2003).

O Augusto acaba perpetuando no universo circense com seus passos descompassados, suas roupas grandes ou curtas demais que denunciam “de um lado, a incompatibilidade e as desmedidas entre o corpo e a roupa que o cobre e, de outro, a aberração da vestimenta como indicador da ‘imbecilidade’ de quem a usa. ” (BOLOGNESI, 2003. p. 57).

O palhaço é um dos artistas mais completos. Além da arte de fazer rir, domina movimentos acrobáticos, faz malabares, equilibra-se, entre outras modalidades circenses. Essa herança histórica vem desde os espetáculos de circo equestre, em que os clowns, com o passar dos anos, assumiram as paródias dos números circenses, o que exigia um corpo pronto a responder tais demandas. Muitas vezes, o espetáculo gira em torno dessas modalidades e muitos palhaços desenvolveram primeiro essas habilidades, antes de se tornarem cômicos (JARA, 2000).

Os palhaços sempre foram parte integrante do circo. Num espetáculo de perícia física, que produz na assistência uma reação mental - deslumbramento, espanto, admiração e apreensão - é preciso haver um complemento: um conceito mental que produza no público uma reação física, ou seja, o riso. (COXE apud BURNIER, 2001, p. 206).

Os palhaços, ao longo de sua formação se deparam com ensinamentos de diversas práticas circenses e devido às necessidades instauradas pela cultura do circo, “procuram agregar outros atributos ao seu repertório: ilusionismo, música (instrumentos e canto), dança e teatro.” (SILVA, 2015, p. 20).

Essa figura essencialmente cômica tem a capacidade nata de transgredir barreiras e subverter a lógica instaurada e por sua habilidade de adaptação, consegue ocupar os mais distintos espaços e formas de atuação. Assim, sendo possível reconhecer diversas funções ocupadas pelo palhaço - desde os tão conhecidos palhaços circenses (AVANZI; TAMAOKI, 2004), até mesmo os que estão inseridos em diferentes culturas populares brasileiras (SANTOS, 2008) - justifica-se porque o palhaço assume tantos espaços de atuação, como: o circo, o teatro, a rua, o presídio, o hospital, o campo de refugiados e tantos outros por ora considerados incomuns, no entanto, subvertidos em palcos pelos artistas.

METODOLOGIA

Utilizando os passos metodológicos desenhados por Ontañon, Duprat e Bortoleto (2012), realizamos uma pesquisa teórica em artigos publicados em periódicos avaliados pelo sistema Qualis Capes entre os anos de 2010 e 2019, para construção de uma revisão da literatura sobre o palhaço/clown nas aulas de Educação Física escolar.

Em um primeiro momento, selecionamos artigos que abordavam a presença das atividades circenses na escola. Para o levantamento dos artigos, realizou-se a busca em bases indexadoras (Lilacs, Scopus e SciELO), na ferramenta de pesquisa Scholar Google e no site do periódico “Educación Física y Deportes”. Esta última busca justifica-se porque até os anos 2017 o periódico utilizava uma plataforma diferente e a ferramenta Scholar Google não disponibiliza os registros publicados até esse ano. Em toda a pesquisa utilizamos os termos: “atividade(s) circense(s)” AND “Educação Física escolar”, “arte(s) circense(s)” AND “Educação Física escolar” e “Circo” AND “Educação Física escolar”.

Após a seleção dos textos, iniciamos a segunda etapa do processo, de leitura dos artigos, para verificar a existência do termo “palhaço” nos textos, excluindo aqueles em que as referências eram apenas históricas.

Com os textos selecionados, criamos categorias de análise, amparados em Bardin (2011) e Bauer (2002). Buscamos construir categorias explicativas e estabelecer entre elas relações que permitissem entender a presença do palhaço nas aulas de Educação Física na escola. As categorias de análise foram:

  1. 1. Propostas ou relatos de atividades circenses com o palhaço: artigos que relataram experiências pedagógicas com a presença da modalidade palhaço nas aulas de Educação Física na escola;

  2. 2. O palhaço como modalidade circense: artigos que citam o palhaço como uma modalidade circense que deve ser trabalhada na escola;

  3. 3. Outros: artigos que não se enquadram nas categorias anteriores, mas que abordam o palhaço na escola.

Análise e discussão dos dados

Na primeira etapa da pesquisa, de levantamento dos artigos sobre atividades/artes circenses na Educação Física escolar, encontramos 50 artigos, distribuídos em 16 diferentes periódicos, sendo 8 deles publicados no periódico Educación Física y Deportes. Após esse levantamento, iniciamos a leitura dos textos selecionados e encontramos 10 artigos que se referiam ao palhaço nas aulas de Educação Física escolar.

Propostas ou relatos de atividades circenses com o palhaço

Nesta categoria encontramos cinco artigos que trazem relatos da utilização do palhaço em programas de atividade circense nas aulas de Educação Física.

Quadro 1 Publicações da categoria: Propostas ou relatos de atividades circenses com o palhaço 

TAKAMORI, Flora Sumie et al. Abrindo as portas para as atividades circenses na Educação Física escolar: um relato de experiência. Pensar a Prática , Goiânia, v. 13, n. 1, p. 116, jan./abr. 2010.
COELHO, Maria; MINATEL Roseane. Circo: a arte do riso e prática da reconstrução social. Tópos, v. 5, n. 1, p. 203-230, 2011.
GOULART, Michelle Cristina. Ginástica, circo e dança: um relato da Educação Física na Educação Infantil. Cadernos de Formação RBCE, p. 30-42, jul. 2011.
ZANOTTO, Luana; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira de. Atividades circenses na Educação Física: transformando a escola em picadeiro. Corpoconsciência, Cuiabá, v. 20, n. 2, p. 23-32, 2016.
VASQUES, Hugo Cavalcante; OTA, Giovanna Sayuri Garbelini; DE MARCO Ademir. O circo na educação infantil: vivências e representações artísticas no desenho. Motrivivência, Florianópolis, v. 31, n. 60, p. 01-21, 2019.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Das cinco publicações dessa categoria, três apresentam propostas desenvolvidas na educação infantil:

  • Encenando o palhaço - “encenam-se contos e fábulas que foram escritos por culturas distantes, física e temporalmente, e neste sentido, esta ideia é uma alternativa rica em possibilidades.” (COELHO, MINATEL, 2011, p. 13);

  • Utilizando a figura brincalhona do palhaço para aproximar as crianças ao universo circense (GOULART, 2011);

  • Utilizando jogos e brincadeiras que abarcavam a “interpretação e expressão de dimensões cênicas, aproximando-se da atuação do palhaço circense.” (VASQUES; OTA; DE MARCO, 2019, p. 10).

As outras duas publicações apresentam propostas direcionadas a alunos mais velhos:

  • Zanotto e Souza Júnior (2016) implementaram uma unidade didática de atividades circenses em uma turma de 6º ano do ensino fundamental de uma escola estadual do interior paulista. Em uma das aulas, contextualizaram as diferentes técnicas e tipos de palhaço, utilizaram elementos da expressão corporal e que representassem o caráter cômico, lúdico;

  • Takamori et al (2010) trazem um relato de experiência do desenvolvimento de atividades circenses em aulas extracurriculares de Educação Física; ao longo do texto, apresentam diversas modalidades que foram realizadas, entre as quais citam o palhaço, mas não explicitam como desenvolveram essa categoria.

Como dito anteriormente, existe todo um contexto histórico e social sobre o palhaço que ultrapassa a “figura brincalhona”. Ao se abordar esse arquétipo “cômico” nas aulas, é fundamental que se busque compreendê-lo não só por meio do imaginário coletivo, mas também a partir de todos os aspectos históricos que compõe essa figura no decorrer dos séculos.

O palhaço como modalidade circense

Dos dez estudos encontrados, quatro apresentam o palhaço como uma modalidade circense.

Quadro 2 Publicações da categoria: Palhaço como uma modalidade circense 

CARAMÊS, Aline de Souza; SILVA, Daiane Oliveira da; RODRIGUES, Rosenan Brum. As atividades circenses como possibilidade de inserção na Educação Física nos anos iniciais. Biomotriz, Cruz Alta-RS, v. 7, n. 2, p. 130-45, 2013.
SILVA, Daiane Oliveira et al. Atividade circense na escola: caminhos à organização didática a partir da concepção crítico-emancipatória. Licere, Belo Horizonte, v. 19, n. 1, p. 316-26, 2016.
SILVA, Daiane Oliveira et al. Atividade circense na escola: o cenário pedagógico das atividades circenses a partir da criança. Cadernos da Fucamp, Monte Carmelo-MG, v. 15, n. 24, p. 91-104, 2016.
SOUZA JÚNIOR, Antonio Fernandes de. Atividades circenses no ensino fundamental: uma possibilidade na Educação Física: escolar. Conexões, Campinas, v. 16, n. 4, p. 600-614, out./dez. 2018.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Os artigos desta categoria, exceto o de Souza Júnior (2018), propõem a inserção das atividades circenses na escola, amparadas pela classificação das modalidades circenses em unidades didático-pedagógicas, propostas por Duprat e Pérez Gallardo (2010). Os autores citam o palhaço como modalidade circense de encenação, mas não discorrem sobre como utilizar em suas propostas. Já Souza Júnior (2018) também se apoia na mesma classificação de unidades didático-pedagógicas, mas afirma não ter sido possível acionar a unidade na experiência que relata.

Todas as propostas pedagógicas, ou relatos de experiência presentes nesta categoria se direcionam ao ensino fundamental.

Quadro 3 Publicações da categoria: Outros 

CARDANI Leonora Tanasovici et al. Atividades circenses na escola: a prática dos professores da rede municipal de Campinas-SP. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 25, n. 4, p. 128-40, 2017.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Cardani et al (2017) realizaram um estudo que analisou o ensino das atividades circenses nas aulas de Educação Física escolar no ensino fundamental (1º ao 9º ano) em escolas municipais de Campinas-SP, no qual cinco professoras afirmaram utilizar alguns elementos do repertório do palhaço (jogos dramáticos e mímica). No entanto, os dados apresentados no artigo não nos permitem identificar esses elementos.

Após analisarmos os resultados encontrados ratificamos a nossa ideia ao iniciarmos este estudo, os trabalhos e pesquisas com atividades circenses estão em um crescente no cenário brasileiro, mas a arte do palhaço, ainda é pouco ou quase nunca explorada. Neste cenário apresentamos uma proposta de trabalho para o Palhaço nas aulas de Educação Física escolar.

O palhaço nas aulas de Educação Física: uma proposta de trabalho

A proposta de inserção do palhaço nas aulas Educação Física é baseada em Bortoleto, Pinheiro e Prodócimo (2011) e Godoy (2016, 2019); o principal recurso a ser utilizado é o jogo, entendido como uma atividade voluntária, dotada de regras, não séria, externa à vida cotidiana, com limites temporais e espaciais próprios e capacidade de absorver quem joga intensamente, levando a uma suspensão temporária da realidade (HUIZINGA, 2019).

O jogo torna-se um aliado do processo de ensino-aprendizagem e, ao falarmos do palhaço, é quase impossível não nos remetermos ao jogo, seja pelo processo de ensino ou mesmo pelas ações do artista que está constantemente em jogo. Aliado a todos os elementos que concretizam essa manifestação o jogo permite que tenhamos um apoderamento do jogador pelo jogo, em outras palavras, aquilo que Scaglia (2017) chama de estado de jogo, ou que Schütz (1979) define como províncias finitas de significado. Ambos os conceitos são uma espécie de suspensão da realidade suprema ou vida corrente, na qual o jogador está imerso, completamente absorvido por aquilo que Freire (2005) denomina de senhor do jogo.

Godoy (2019), por sua vez, considerando os estudos de Scaglia (2017), Schütz (1979) e Berger (2017), cria um conceito de campo de jogo para o palhaço, que denomina as ações do artista como Macro jogo e Micro jogo. Essa perspectiva entende que dentro desse grande jogo (macro jogo) existem outros pequenos jogos (micro jogo) que envolvem tanto o artista como o público, ou seja, dentro de uma ação do palhaço. No que, aqui, chamamos de macro jogo existem outros micro jogos que acontecem simultaneamente: uma ação dentro da ação que começa e se encerra de maneira autônoma.

Fonte: Godoy (2019, p. 59).

Imagem 1 Macro e micro jogos 

Na medida em que joga e se permite a esse jogar, o jogador se coloca como um sujeito aberto e vulnerável a todos os estímulos provenientes desse ambiente de jogo, o que contribui de maneira direta e significativa a esse processo de imersão (GODOY, 2019).

A junção da teoria do jogo com a pedagogia palhacesca tornam dois universos conceituais possíveis: por um lado, a figura do palhaço, presente no imaginário coletivo dotado das representações sociais próprias desse imaginário; por outro, um espaço de trocas horizontais possíveis, que é o jogo. Esses aspectos aliados à Educação Física escolar se mostram caminhos profusos, abrindo espaço para pontos fundamentais na formação: a criatividade, a expressão corporal, a improvisação, principalmente se for levada em consideração a necessidade de espaços criativos e de trocas - tão escassos nas escolas nos últimos tempos, dada a exigência de especialização cada dia mais precoce (FAVARI, 2019).

Quanto aos jogos voltados para o palhaço, utilizaremos a expressão “jogos clownescos”, atividades que abrangem interpretar e expressar conteúdos dramáticos, preferencialmente sem verbalização, com gestos e a expressão corporal: “jogos que se aproximam da atuação do palhaço circense, do mímico e das pantomimas” (BORTOLETO; PINHEIRO; PRODÓCIMO, 2011, p. 23).

Para Kasper (2009), é justamente pelo corpo que a arte clownesca se diferencia. Esse corpo é composto por impulsos que estão para além dos limites usuais, é um corpo que se prepara para pensar em movimento, diante de todos os estímulos provenientes desse jogo constante e ao qual o jogador se dispõe. Burnier (1994) considera que o clown/palhaço utiliza técnicas corporais da representação que dão liberdade a suas ações; estas são, na maioria das vezes, constituídas em torno da brincadeira inserida em um jogar constante. Mesmo diante de um espetáculo ou uma cena já estruturada, o palhaço tem liberdade para criar mediante todos os estímulos que o circundam: público, objeto, espaço e seu próprio corpo. Para Dorneles (2003, p. 50), os clowns não levam nada a sério:

Ele até pode desempenhar um papel com muita seriedade no momento em que o desempenha, pois está seguro de que pode fazê-lo bem feito, porém o que mais importa ao clown é a brincadeira, já que ele é o foco da cena e não o personagem (este é somente o pretexto para o clown estar no palco).

Em pesquisa sobre os clowns, Lecoq (2010) considera que o encontro do artista com seu palhaço se dá pela exploração de seu próprio ridículo. No teatro, o ator assume um personagem a ser interpretado, coloca em evidência as características deste, fazendo com que a persona do ator que o interpreta dê lugar ao personagem a ser interpretado.

Wuo (2011) considera que os jogos de iniciação ao clown são um processo de desnudamento do indivíduo, um colocar-se no mundo por uma lógica inversa, a lógica do próprio clown, proporcionando um afronte a si mesmo, rompendo com a cristalização do corpo, do pensamento e com certas representações sociais instituídas. Para a autora, o palhaço não tenta ser engraçado, mas permite que o engraçado presente em si mesmo aflore e apareça nesse processo de abertura para com o mundo.

Se buscarmos na etimologia (SANTOS, 2011), a palavra “Representar” vem do latimrepraesentare” - “colocar à frente” - de “re + praesentare”, “apresentar”, chegando a: “colocar à frente de”, formado por “prae-“, “à frente”, mais “esse”, “ser, estar”. Em outras palavras: colocar algo a frente de si. Para Stanislavski (2001), o ator que interpreta um papel deve assumir tal personagem ao ponto de sentir-se como tal, construindo um corpo, voz e intensidade, chegando ao ponto de pensar como o personagem ao qual assume, um legítimo representar, assim como vimos na origem da palavra:

A caracterização, quando acompanhada de uma verdadeira transposição, é uma grande coisa. [...] o ator é chamado a criar uma imagem quando está em cena [...]. Noutras palavras, todos os atores que são artistas, os criadores de imagens, devem servir-se de caracterizações que os tornem aptos a se encarnar nos seus papéis. (STANISLAVSKI, 2001, p. 60).

Por sua vez, diferente da criação de um personagem, o palhaço se encontra justamente na exposição daquele que o faz, em um colocar-se em jogo continuamente: corpo, voz, pensamento em consonância com todas as externalidades que o compõem. Não é um “colocar algo à frente si”, mas colocar-se à frente e se permitir, diante do público, da maneira como se é. Isso não significa que o artista não tenha técnicas para isso, ao contrário, aquele que se dispõe ao palhaço busca gestualidades, modos de agir, pensar e falar encontrados em seu próprio corpo, sua personalidade e subjetividade. Não se faz necessário abandonar a si mesmo em favor de uma nova criação, ao contrário, é justamente a exposição que deve ser tomada como importante.

No entanto, mesmo diante de toda essa discussão, é importante ressaltar que existem técnicas distintas para se desenvolver/trabalhar o palhaço e essas não se limitam a uma única ou uma forma correta de se fazer. O propósito deste artigo não é adensar a discussão das formas, mas propor uma das possibilidades presentes para se trabalhar esse elemento nas aulas de educação física escolar, dentro dos limites e emergências desse espaço diferenciado de atuação. Além disso, não pretendemos ditar um formato rígido de jogos e brincadeiras como uma fórmula mágica a se trabalhar a arte do palhaço, mas abrir caminhos e expandir o repertório de possíveis professores que se interessem em adentrar nesse universo lúdico. Vale lembrar que o palhaço, sempre que aprende algo, o transforma para a realidade própria. Sendo assim, sugerimos que abram sua imaginação para ressignificar nossas propostas, apresentadas em dois blocos.

1) Aspectos históricos do palhaço

Como já discutido, o palhaço é uma figura que se faz presente nas mais diversas sociedades e épocas, ocupando diferentes funções sociais, além de receber os mais distintos nomes, por isso, ao se ensinar essa arte tão múltipla, não podemos ignorar seus aspectos históricos.

Esse estudo histórico não precisa ser rígido em uma aula expositiva, na qual o professor vai explanar sobre as primeiras representações cômicas, passando por todas as suas transformações até chegar ao palhaço do circo conhecido hoje, mas pode estar diluído entre exercícios e tarefas direcionadas. Esse conhecimento pode ser trabalhado a partir de jogos lúdicos para atiçar a curiosidade dos alunos em querer se aprofundar em tal conhecimento, como também pode ser apresentado através de livros de literatura, fotografias, vídeos, músicas, até mesmo a partir da memória dos próprios alunos e/ou seus familiares.

Proposta de exercício:

  • Propor aos alunos que pesquisem o nome de algum palhaço que ele, ou algum familiar, tenha visto e ficou guardado na memória;

  • Buscar na internet algum material sobre este artista (nome original, nome artístico, foto do palhaço, vídeo de uma apresentação, nome do circo em que ele trabalhava, desenho de sua maquiagem, relato de uma cena, música que o palhaço cantava, entre outros);

  • Pedir a cada criança que apresente rapidamente o palhaço que pesquisou (caso outras crianças tenham encontrado o mesmo palhaço, pedir que elas compartilhem o material encontrado em seguida).

A história dos palhaços (como também de circos, grupos de teatro, programas de televisão, entre outros) começam a ser trabalhados pelas memórias dos alunos, com isso é possível desencadear diversos jogos e exercícios de palhaço, como por exemplo, homenageando alguns palhaços a partir de imitação dos corpos, maquiagens e figurinos, material suficiente para o desenvolvimento de um exercício cênico com os participantes.

Além disso, pode ser compartilhada a história de alguns dos grandes palhaços brasileiros a partir de contações de histórias, realizadas pelos professores ou até mesmo buscando parcerias com grupos e artistas locais para desenvolver uma pequena apresentação sobre a temática.

2) O corpo como princípio

O corpo é um dos principais aliados do palhaço. Para Silva (2017, p. 150), “a disciplina e a disponibilidade física que as acrobacias imprimem na construção do corpo cênico do palhaço, aliadas à consciência de foco e triangulação que as máscaras oferecem, agregam itens essenciais a um palhaço.”

Ao entrar em cena, o palhaço utiliza diversas técnicas cômicas, que foram desenvolvidas ao longo da sua formação; um simples olhar para o cotidiano pode ser o estímulo para uma nova piada. Entre essas técnicas destacam-se: gagues, cascatas, claques, acrobacias cômicas, entre outras.

As gagues são os números clássicos que os palhaços realizam, inesperado pela audiência: “se configuram em um acervo de partituras que os palhaços podem recorrer nas mais diversas situações cômicas.” (NOGUEIRA, 2017, p. 76). São exemplo de gag: a torta na cara e o chute no chapéu caído no chão. As cascatas são as quedas e as claques, os tapas falsos dados pelos palhaços.

Proposta de exercício:

  • Cada aluno deve observar nos movimentos realizados no dia a dia, que possam servir como referência e gerar riso no jogo do palhaço;

  • Jogo do sério;

  • Imagem e ação.

As acrobacias cômicas são exercícios acrobáticos utilizados pelos palhaços para provocar o riso, utilizadas para a simulação de quedas, escorregões e desequilíbrios, sem que o palhaço se machuque; exigem o preparo técnico do acrobata e a capacidade palhacesca de representar imperícia.

Proposta de exercício:

  • Imitação de animais;

  • Rolamentos: simples para frente e para trás; tipo peixe; em duplas;

  • Apoio invertido: parada de cabeça; parada de mãos; estrela.

Por mais estranho que possa parecer, as cascatas e as claques são exercícios possíveis de serem trabalhados dentro da escola. A proposta pode ser iniciada com movimentos simples, partindo de conhecimentos básicos de acrobacias, como por exemplo, cambalhotas. Uma possível proposta inicial é desafiar o aluno a reproduzir uma queda cômica em câmera lenta, percebendo todos os encaixes do corpo para que não exista nenhuma pancada. É possível acrescentar a essa atividade a solicitação, aos alunos, para exagerarem em suas expressões corporais. A observação do funcionamento dos movimentos cotidianos pode ser de grande riqueza para a pesquisa corporal dos alunos, trabalhando com a inserção de desequilíbrios, mudanças e acidentes que geram situações cômicas.

Além das habilidades acrobáticas, o palhaço tem que desenvolver seu corpo de forma expressiva, englobando todas as possibilidades de expressão, desde movimentos cotidianos (andar, sentar, correr, pular...), miméticas (ações com objetos invisíveis, reprodução fiel ou estereotipada de movimentos...), sentimentos (alegria, medo, amor, ódio...), até mesmo suas capacidades vocais (variações de tons, onomatopeias, cadência de falas...). Para isso, são inúmeros os jogos e exercícios possíveis, encontrando nos jogos teatrais (SPOLIN, 2001) um terreno fértil para esse tipo de experiência.

É importante ressaltar que o palhaço, em sua atuação, nunca está sozinho, pois sempre joga com alguém (com sua dupla cômica e/ou público) ou algo (objetos). Sendo assim, é de suma importância que, ao propor atividades para desenvolver esse conteúdo, o professor sempre realize jogos em dupla ou em grupos, improvisando ou construindo cenas cômicas.

Encerrada a proposição, não podemos deixar de destacar que devemos considerar os aspectos relativos à segurança da criança na realização das atividades - um dos pilares do trabalho com atividades circenses na escola. Sendo assim, entende-se segurança como “um estado de baixo risco, de otimização do controle do risco e, por conseguinte, de menor probabilidade da ocorrência de acidentes” (CARDANI et al, 2017, p. 9). Esse risco, muitas vezes, pode ultrapassar os limites do corpo, algo comum ao se trabalhar com a arte do palhaço. Também precisamos tomar cuidado em minimizar os riscos psicológico e emocional aos quais as crianças estão expostas. O fracasso pode ser um desencadeador de grandes problemas na infância, desde os casos de bullying entre os colegas, até o constrangimento do aluno frente aos pares e professores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que a relação entre o palhaço e a Educação Física escolar carece de estudos e pesquisas. Ao longo deste texto, procuramos discutir como o palhaço - uma das figuras que mais habita o imaginário circense - pode estar presente nas aulas de Educação Física. Sobre isso, acreditamos, de acordo com Bortoleto (2017), que as atividades circenses na escola não podem continuar sendo reféns das decisões individuais dos professores, seus saberes particulares são importantes, mas é preciso ir além, buscando conhecimentos que direcionam os alunos a uma visão mais ampliada e contextualizada do circo.

Gostaríamos de deixar claro que ao propor atividades tivemos a intenção de criar nos professores o desejo de transcender, de incluir em suas aulas um conteúdo contagiante e reflexivo, pois acreditamos que, assim como o palhaço, o professor de Educação Física tem a capacidade nata de transgredir barreiras e subverter a lógica instaurada em suas aulas e os alunos têm liberdade para correr, saltar, jogar, cantar. Por que não ousar e propor o palhaço como conteúdo das suas aulas?

Ao tratarmos do palhaço, estamos indo para além da representação social e superficial presente no imaginário coletivo. Por detrás dessa figura existem aspectos históricos fundamentais para entendermos suas modificações ao longo do tempo, além de estudos no fazer artístico, que vão desde: o estudo dos movimentos, as técnicas corporais, acrobáticas, etc. Portanto, não estamos tratando apenas de uma atividade relacionada às artes cênicas, mas de um universo múltiplo e diverso que é a palhaçaria, composto por estudos de áreas como: artes, educação física, sociologia, antropologia, filosofia, psicologia, entre outras. Assim, o palhaço nas aulas de educação física não é apenas mais uma atividade inserida com fim de entreter os alunos, mas uma atividade que abrirá as possibilidades para se trabalhar aspectos fundamentais dentro da própria área de maneira abrangente: o corpo, a voz, a criatividade, as relações pessoais, como também aspectos reflexivos imprescindíveis.

Portanto, consideramos a união da Educação Física e da arte do palhaço não só possíveis, mas necessárias para o avanço da atividade circense nas aulas de Educação Física, tanto para aquele que participa, que ganhará um novo conteúdo a ser trabalhado, mas também para o professor, que poderá abrir caminho para novos conhecimentos e formas de trabalho para além dos possíveis engessamentos já existentes e consolidados. O corpo faz a arte, mas, na mesma medida, a arte desmecaniza o corpo.

Destarte, é importante destacar que este artigo direciona a discussão sobre jogos para um público não artista, dentro de um ambiente de ensino formal, que não tem como objetivo a formação de artistas. Sendo assim, boa parte da proposta aqui apresentada busca inserir e apresentar essa arte ao público geral, entendendo que esse processo proposto antecede até mesmo a iniciação, pois se trata de uma breve introdução a esse universo tão profuso que é a palhaçaria. Cabe ao professor de Educação Física buscar embasamento prático e teórico sobre tais questões, também ter consciência de que o trabalho desenvolvido, apesar de breve e introdutório, poderá gerar estímulo nos alunos para que futuramente possam buscar mais sobre o universo da palhaçaria.

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITORA DE SEÇÃO Bianca Natália Poffo

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto Santos

Recebido: 02 de Setembro de 2020; Aceito: 01 de Outubro de 2020

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