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Motrivivência

On-line version ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.32 no.63 Florianópolis  2020  Epub Oct 30, 2020

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020.e76893 

Porta Aberta

Relações étnico-raciais e Educação Física escolar: uma revisão integrativa de teses e dissertações

Ethnic-racial relations and school Physical Education: un integrative review of theses and dissertations

Relaciones étnico-raciales y Educación Física escolar: revisión integradora de tesis y disertaciones

Giuliano Pablo Almeida Mendonça1 
http://orcid.org/0000-0001-5510-506X

Elisabete dos Santos Freire1 
http://orcid.org/0000-0002-7500-8352

Maria Luiza de Jesus Miranda1 
http://orcid.org/0000-0003-1438-8205

1Universidade São Judas Tadeu, USJT, Departamento de Educação Física, São Paulo, São Paulo, Brasil


RESUMO

O objetivo deste estudo foi compreender como a temática das relações étnico-raciais tem sido estudada na educação física escolar. Para isso, realizou-se uma revisão integrativa de teses e dissertações nas bases de dados da CAPES e da BDTD. A amostra totalizou 25 estudos que puderam ser organizados em três grandes grupos: formação; identificação/investigação e intervenção/proposição que apontaram para um crescimento no interesse em pesquisar a temática. Por fim, pudemos concluir que, mesmo havendo interesse por parte dos pesquisadores, é necessário investir na formação continuada para que se consiga ampliar as discussões e criar estratégias mais concretas de inserções dessa temática nas aulas de educação física escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Relações étnico-raciais; Educação física escolar; Revisão integrativa

ABSTRACT

The aim of this study was to understand how the theme of ethnic-racial relations has been studied in school physical education. For this, an integrative review of theses and dissertations was carried out in the CAPES and BDTD databases. The sample totaled 25 studies that could be organized into three major groups: training; identification / investigation and intervention / proposition that pointed to a growing interest in researching the theme. Finally, we were able to conclude that, even if there is interest on the part of the researchers, it is necessary to invest in continuing education in order to be able to expand the discussions and create more concrete strategies for insertion of this theme in school physical education classes.

KEYWORDS: Ethnic-racial relations; School physical education; Integrative review

RESUMEN

El objetivo de este estudio fue comprender cómo se ha estudiado el tema de las relaciones étnico-raciales en la educación física escolar. Para ello, se realizó una revisión integradora de tesis y disertaciones en las bases de datos CAPES y BDTD. La muestra totalizó 25 estudios que podrían organizarse en tres grandes grupos: formación; identificación / investigación e intervención / propuesta que apuntan a un creciente interés en investigar el tema. Finalmente, pudimos concluir que, si bien existe interés por parte de los investigadores, es necesario invertir en educación continua para poder ampliar las discusiones y generar estrategias más concretas para la inserción de esta temática en las clases de educación física escolar.

PALABRAS-CLAVE: Relaciones étnico-raciales; Educación física escolar; Revisión integradora

INTRODUÇÃO

O ensino de conhecimentos sobre a história e cultura negra na educação física brasileira tem sido relegados a um plano secundário, e por vezes, tendo reduzida a presença entre os temas e conteúdos selecionados para as aulas desse componente curricular. Esse panorama excludente aparentemente começa a se modificar, de fato, a partir da promulgação da Lei 10.639-03, quando os pesquisadores passaram a repensar a importância em abordar os conteúdos relacionados as questões da temática das relações étnico-raciais.

Este componente curricular, que surge influenciado por instituições militares e médicas, tinha como objetivo precípuo o de preparar o corpo para a força de trabalho, e também o de buscar o melhoramento genético da raça branca (eugenia) já que o contingente populacional negro naquela época era muito grande e se temia que essa “mistura” desqualificasse a raça (BRASIL, 1997; CASTELLANI FILHO, 2013; MALDONADO e SILVA, 2017).

Com o nome de ginástica, baseada nos métodos europeus - sueco, alemão e francês, a educação física tinha como uma de suas funções principais, a de desenvolver e fortalecer física e moralmente os indivíduos (SOARES et al., 2012).

Posterior a esse período, e com forte influência europeia, o esporte passa a ser a prática corporal dominante nas aulas, sendo pensado da mesma maneira que a instituição esportiva, com seus princípios de rendimento atlético, o fomento a competições, e suas regras estabelecidas (SOARES et al., 2012).

Esse modelo reprodutivista tinha como objetivos, por um lado revelar talentos esportivos e por outro, disciplinar física e moralmente os cidadãos para o trabalho, reforçando a exclusão nas aulas, uma vez que apenas os indivíduos mais aptos, mais habilidosos faziam parte das equipes (MENDONÇA, 2013).

A partir da década de 80, com a disseminação de teorias pedagógicas, a educação física passa a ser repensada a fim de dar legitimidade à área, buscando dar valor a esse componente curricular no processo formativo, ampliando sua atuação da prática pela prática, para fazer parte de todo processo educacional (MOREIRA E NISTA-PICCOLO, 2009).

Mesmo diante desse contexto, raras eram as proposições relacionadas às discussões das relações étnico-raciais na educação física, panorama que começou a ser apontado quando da publicação dos parâmetros curriculares nacionais, que colocava a necessidade de conhecer e passar a valorizar toda herança sociocultural, seja brasileira ou de outros povos e nações, superando qualquer tipo de discriminação baseada nas mais diversas diferenças, seja ela cultural, de classe social, de crenças, de sexo ou de etnias (BRASIL, 1997).

As discussões acerca das relações étnico-raciais tomaram uma visibilidade maior, de fato, quando o então Presidente da República, sancionou a Lei 10.639, de 9 de Janeiro de 2003, que fala, em seu artigo 26 A, §1º:

Altera a lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira”. A partir desta lei, tornou-se obrigatório no currículo escolar da educação básica o “estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra Brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil (BRASIL, 2003).

Essa Lei, de um modo geral, deveria vir como uma tentativa de reparação ao silenciamento de longos anos no que diz respeito à contribuição de um povo que viera escravizado de suas terras para trabalhar de forma forçada aqui no Brasil em todo seu processo de crescimento.

Para complementar, em 2004, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira propõem ações educativas de combate ao racismo e às discriminações indicando, dentre outros aspectos, a necessária “valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por exemplo, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da escrita e da leitura” (BRASIL, 2004, p. 20).

Mesmo diante desse cenário legal, e decorridos mais de quinze anos da promulgação dessa Lei e de suas respectivas diretrizes, Lima e Brasileiro (2020), em análise da produção de conhecimentos acerca da temática, apontam que a área da educação física se aproxima das relações étnico-raciais, mas ainda de uma forma tímida. Nesse sentido, Corsino (2015) e Bugarim et al. (2020), consideram que ainda há uma necessidade maior acerca do trato da temática na educação física escolar.

Partindo dessas premissas, surge a problemática deste estudo: como as questões das relações étnico-raciais, estão sendo estudadas nas dissertações de Mestrado e nas teses de Doutorado pelos pesquisadores nas Universidades Brasileiras, seja no que diz respeito a formação do professor de educação física, seja pela atuação dele na escola?

Considerando o exposto, esta pesquisa tem como objetivo compreender como a temática das relações étnico-raciais tem sido estudada na educação física escolar, analisando as dissertações e as teses publicadas nas bases de dados nacionais. O objetivo de compreender o que tem sido produzido acerca da temática nesse componente curricular se mostra relevante, visto que possibilita uma divulgação mais sintetizada à comunidade científica por agregar os resultados desses estudos de forma integrada, identificando os caminhos já trilhados e as lacunas ainda existentes sobre a temática, o que torna possível propor novos caminhos para seguir em pesquisas futuras acerca das relações étnico-raciais nas aulas de educação física.

MÉTODO

Para este estudo, utilizamos como método a revisão integrativa, uma vez que

[...] é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010, p. 103).

Definido esse percurso, obedecemos às cinco etapas metodológicas preconizadas para elaboração de uma revisão integrativa: elaborar a questão da revisão; definir os critérios para a seleção dos estudos; buscar a literatura; analisar os dados e posteriormente interpretar os resultados (GANONG, 1987).

Assim, após a elaboração da pergunta orientadora, definimos que seriam analisadas apenas as teses e dissertações sobre as relações étnico-raciais e sua presença no ensino da educação física na escola ou na formação de professores e professoras. Para realizar as buscas optamos por utilizar o Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES (BTC) e da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

A busca na literatura ocorreu entre os meses de novembro de 2019 a maio de 2020 utilizando os seguintes descritores de forma segmentada: "cultura negra", "cultura afro brasileira", racismo, "discriminação racial", "preconceito racial", "preconceito étnico", etnia, "relações étnico-raciais", negro, negra, "Lei 10639", "Lei 10.639", juntamente com o operador booleano “AND” no termo "educação-física"

É válido salientar que, devido a algumas limitações observadas no Banco de Teses e Dissertações da CAPES (BTC), não foi possível inserir todos os termos em uma busca avançada, sendo assim, optamos por repetir o mesmo mecanismo de busca na Biblioteca Digital Nacional de Teses e Dissertações (BDTD) a fim de homogeneizarmos, na medida do possível, a busca desses estudos.

A realização das buscas, em suas diferentes etapas, bem como a seleção das obras é representada na figura 01. Assim, inicialmente foram identificados um total de 214 estudos, excluídos aqueles duplicados nas bases. Na primeira etapa, efetivada a partir da análise de títulos e resumos, foram selecionadas apenas 27 pesquisas. Nesta fase, foram excluídos estudos em que a educação física e/ou as relações étnico-raciais eram discutidas, mas fora do contexto escolar, sem relação com o componente curricular. Na segunda etapa de seleção foi realizada a triagem com a busca dos textos completos, sendo identificados dois deles indisponíveis na rede mundial de computadores, sendo excluídos da pesquisa.

Figura 01 Fluxograma de Seleção dos Estudos 

Como próximo passo, partimos para a leitura completa das obras, visando observar os seguintes itens de análise: nível da pós-graduação; ano de publicação; local; metodologia de pesquisa utilizada; ciclo de escolarização; objetivos do estudo e, por fim, os conteúdos abordados, os quais mostraremos a seguir.

Com a finalidade de analisar qualitativamente os dados, recorremos como método à análise temática, tendo em vista que esta busca identificar, analisar e relatar padrões (temas) dentro dos dados, organizando e descrevendo minimamente o conjunto de dados em detalhes (BRAUN e CLARK, 2006). Esses dados foram oriundos por meio da análise dos títulos, resumos e mais detalhadamente da leitura do texto completo das obras selecionadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os 25 estudos selecionados, 20 são dissertações de Mestrado Acadêmico, quatro de Mestrado Profissional e uma Tese de Doutorado.

A distribuição temporal das produções começa a aparecer no ano de 2008, cinco anos após a promulgação da Lei 10.639/03, com um estudo, mesma quantidade que apareceu em 2009. Nos anos de 2010 e 2011 não conseguimos encontrar nenhuma produção. Já a partir de 2012 é possível identificar o aumento no número de pesquisas. Em 2017 conseguimos encontrar o maior número de estudos sobre a temática. Vale salientar que nem todos os estudos defendidos no ano de 2019 até o momento do fechamento deste texto, poderiam estar disponíveis, tanto por consequência de atualizações nos bancos de teses pesquisados, e, conforme contato com o autor de um estudo, a biblioteca da Universidade ainda não havia publicado.

Fonte: Os autores

No que concerne à distribuição geográfica dos estudos a região sudeste apresenta 60% da produção, seguida pela região sul, com 24% dos estudos. Nas regiões centro-oeste, nordeste e norte os estudos encontrados apresentam-se respectivamente os percentuais de 8%, 4% e 4%, conforme ilustra o gráfico 02 .

Fonte: Os autores

Esse percentual obtido coaduna com os dados da plataforma SUCUPIRA, base de referência do sistema nacional de pós graduação (SNPG), que traz a região Sudeste com o maior número de Programas de Pós Graduação do país, seguidos pelas região Sul, Nordeste, Centro Oeste e Norte.

Em relação aos métodos aplicados nos estudos, diagnosticamos 22 produções de natureza qualitativa e três estudos com abordagem qualitativa/quantitativa.

Pesquisas de natureza qualitativa respondem a questões bem particulares, já que conseguem trabalhar com maior gama de significados, motivos, anseios, crenças, valores e atitudes, visando aprofundar bem mais as relações, os processos e os fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalização de variáveis (MINAYO, 1994).

Quanto aos instrumentos para coleta de dados, identificamos os questionários e as entrevistas semi-estruturadas em 24 dos estudos analisados. É sabido que essas técnicas de coleta são coerentes com os objetivos da pesquisa qualitativa já que favorecem a aproximação do pesquisador com a realidade que investiga, criando condições de compreender o contexto estudado (SILVA et al., 2006)

No que diz respeito à amostra, considerando aquelas em que pudemos verificar a coleta de dados com mais de um grupo, encontramos 20 estudos que incluíam os professores como a população pesquisada, oito estudos que incluíam os estudantes na amostra e cinco em que apareciam outros atores diretamente envolvidos no contexto escolar, como diretores, coordenadores pedagógicos, técnicos, dentre outros.

Observando o ciclo de escolarização analisados pelos estudos, verificamos que a maior parte dos estudos escolheu analisar o Ensino Fundamental, com 10 pesquisas apresentadas, enquanto em 16 desses estudos, não fora indicado o ciclo de escolarização. Diante desses dados, podemos inferir que o fato de apontar o Ensino Fundamental como o ciclo mais observado se deva a ser o nível de ensino mais extenso, e, portanto, de possibilidades de aplicações.

Tendo em vista os objetivos dos estudos, verificamos a prevalência de três temas, os quais categorizamos como: (1) Formação- Estudos que trataram da formação, inicial ou continuada do professor de educação física para trabalhar com a temática; (2) Identificação/Investigação- Estudos que buscaram identificar se, ou como as relações étnico-raciais estão sendo tratadas no componente curricular, e (3) Intervenção/Proposição - Estudos que propuseram alguma forma de intervenção com a finalidade de materializar nas aulas, as discussões das relações étnico-raciais.

A partir dos três temas apresentados anteriormente, organizamos os estudos com os temas elencados e seus respectivos autores, como apresentamos no quadro 1.

Quadro 1: classificação dos temas dos estudos analisados 

TEMAS ESTUDOS
Formação Crocetta (2014); Silva (2016); Silva (2019).
Identificação/Investigação Moreira (2008); Oliveira (2012); Martins (2013); Pires (2013); Sousa (2013); Coutinho (2014); Bins (2014); Gil (2014); Pastoriza (2015); Guimarães (2017); Crelier (2017); Faria (2018); Silva Filho (2018); Nobrega (2019); Gomes (2019).
Intervenção/Proposição Maranhão (2009); Bento (2012); Rangel (2017); Soares (2017); Araújo (2017); Jacob (2017); Carvalho (2018).

Fonte: Os autores

FORMAÇÃO

O tema formação, apareceu em três estudos, representando 12% do total. O estudo de Crocetta (2014) buscou produzir uma análise do modo como os conteúdos relacionados com as questões étnico-raciais se apresentavam nas ementas do currículo dos cursos de educação física em 12 Instituições de ensino superior de uma região do Estado de Santa Catarina. Dois pontos podem ser destacados na investigação da autora. O primeiro deles é o fato de que apenas quatro das doze instituições apresentam em suas matrizes curriculares conteúdos relacionados à temática, seja em disciplinas específicas ou não. O segundo ponto a destacar é o da constatação de que as matrizes investigadas foram formuladas após a promulgação da Lei 10.639-03, o que aponta uma continuidade do silenciamento para com as questões étnico-raciais nos currículos. Silva (2016) produziu e implementou um curso de extensão a distância para o ensino da história e cultura afro brasileira em aulas de educação física, utilizando o atletismo como conteúdo principal. O autor apontou para a necessidade de que mais cursos de extensão acerca da temática das relações étnico-raciais sejam ofertados e vê os cursos em plataformas online como uma alternativa viável no que diz respeito a formação continuada dos professores.

Silva (2019), por sua vez, analisou as implicações dessa formação com relação à educação das relações étnico-raciais em três instituições de ensino superior no Mato Grosso do Sul. O autor constatou que a temática já aparece no currículo, dando conta de formalidades legais, mas que ainda há um longo caminho para que se rompa com o currículo eurocêntrico e esportivizante da educação física.

Elencar um tema que trata da formação inicial ou continuada do professor de educação física para o trato das relações étnico-raciais nos fez perceber que, mesmo após mais de 15 anos da promulgação da Lei 10.639-03 ainda é incipiente a preocupação com uma temática tão relevante. Este reduzido interesse parece se refletir na dificuldade da abordagem dessa temática nas aulas, fato também verificado por Coelho e Coelho (2013) e por Coelho (2018) quando apontaram para a fragilidade da formação também em outros componentes curriculares.

IDENTIFICAÇÃO/INVESTIGAÇÃO

O tema identificação/investigação propôs diagnosticar como tem acontecido a inserção da temática das relações étnico-raciais na educação física. Conseguimos detectar esta característica em 15 estudos, representando 60% do total, configurando como a estratégia mais recorrente utilizada pelos pesquisadores. Neste tema, buscamos relacionar os estudos que, de alguma forma, buscassem analisar se, e/ou como a temática das relações étnico-raciais estavam presentes na educação física e, para um melhor ordenamento didático, agrupamos esses estudos em subtemas.

Inserção da Lei 10.639-03

Os estudos de Moreira (2008), Oliveira (2012), Coutinho (2014) e Faria (2018) caminham no sentido de verificar acerca das questões relativas ao processo de implementação da Lei 10.639/03 e das diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais, apontando os panoramas encontrados em cada realidade observada.

Em síntese, os autores evidenciam em seus estudos tensões ainda existentes quanto à aplicabilidade da referida Lei, haja vista o pouco investimento no que diz respeito a confecção de materiais didáticos, bem como com a formação, inicial e continuada, dos professores para lidar com a temática.

Olhar dos atores envolvidos

Verificar a prática pedagógica do professor, bem como o olhar do estudante para com as relações étnico-raciais foi o foco dos estudos de Martins (2013), Pires (2013), Bins (2014), Gil (2014), Pastoriza (2015), Crelier (2017), Nobrega (2019) e Gomes (2019).

Esses estudos, que analisam a execução da temática no ambiente escolar, evidenciaram como tem se operacionalizado essas abordagens nas aulas mostrando que no intervalo de seis anos entre o primeiro e o último estudo, algumas similaridades ainda acontecem.

Martins (2013) já apontava que, mesmo dez anos após a Lei ainda existem muito mais entraves do que avanços, tais como problemas com formação continuada, desmotivação, sobrecarga de trabalho, o que pode transformar essa Lei em uma “letra morta”. De forma similar, Pires (2013) sugeriu que o cumprimento da Lei tem seguido um projeto de educação capitalista, tornando-se mais um compromisso repassado aos professores para dar conta da dívida histórica para com os negros brasileiros.

Os estudos de Gil (2014), Pastoriza (2015) e Nobrega (2019) indicaram uma carência na formação, evidenciando o despreparo para tratar a temática ou sua abordagem apenas em datas específicas, como o mês da consciência negra, trabalhando comumente o conteúdo capoeira nas aulas.

Mesmo a Lei tendo sido promulgada em 2003, ainda conseguimos perceber a existência de professores que a desconhecem, fato especificado nos estudos de Gil (2014) e Crelier (2017), esse último apontando para metade dos professores entrevistados com o total desconhecimento da Lei. Para a autora, este resultado sugere que os espaços para a reflexão devem ser ampliados, a fim de que se consiga “encarnar” e não só “internalizar” a Lei e consequentemente suas reflexões.

Gomes (2019) investigou os sentidos atribuídos por estudantes negras às aulas de educação física por meio de narrativas autobiográficas a fim de contribuir para a educação étnico-racial. Com uma perspectiva narrativa, o autor elaborou um livro, que foi disponibilizado em um endereço eletrônico, sobre a educação das relações étnico-raciais na educação física escolar. O autor instiga o leitor do seu estudo a buscar ao que se pode chamar dos indícios de reflexões possíveis para a ressignificação de práticas docentes para uma educação antirracista.

Utilização de um conteúdo

No que tange ao trato de um conteúdo específico para contemplar a abordagem da temática das relações étnico-raciais, encontramos Sousa (2013), que investigou como os professores se apropriam do Jongo, uma manifestação cultural de matriz africana, verificando a dificuldade dos professores em inserir essa manifestação em suas aulas, devido ao pouco conhecimento relacionado e, para que se conseguisse suprir essa lacuna, seria necessário mais formações para eles.

Já para falar acerca da capoeira, Guimarães (2017) analisou o impacto dessa manifestação no processo de implementação da Lei 10.639/03 a partir da percepção de um grupo de professores da rede de ensino pública do Amapá. Em sua análise, o autor constatou um desconhecimento da Lei em mais de 75% dos professores entrevistados além da reduzida abordagem da Capoeira em contraponto com toda riqueza de características e possibilidades que essa manifestação afro brasileira pode trazer para a educação física.

Além dele, Silva Filho (2018) buscou compreender a capoeira enquanto prática educacional, bem como sua ligação com as religiões afrodescendentes na pesquisa com os professores. Em contraponto ao estudo de Guimarães (2017), o autor constatou que todos tinham o devido conhecimento da Lei, além de admitirem a importância do trato da capoeira nas aulas, embora menos de 50% deles tenham declarado fazê-lo em suas aulas. Por fim, sugeriu a necessidade da criação de cursos de formação continuada para que se consiga consolidar o trato da temática nas aulas de forma mais ampliada.

Observamos que uma parcela significativa dos estudos ainda propõe investigar a inserção da temática das relações étnico-raciais na educação física. Porém, a partir dos dados expostos, assim como já sinalizado nos estudos analisados no tema anterior, ainda há uma parcela de professores que desconhecem a Lei 10.639-03 e, consequentemente a obrigatoriedade de sua aplicação. Paralelo a esse fato, percebemos que esse desconhecimento advém também em decorrência da ausência do trato dessa temática na formação inicial, e também de formações continuadas específicas ao tema, confirmando as afirmações de Coelho e Coelho (2013), bem como o estudo de Coelho (2018), que demonstrou uma confluência nas produções que falam da formação de professores para as relações étnico-raciais, quando todos enfatizaram para essa necessidade.

INTERVENÇÃO/PROPOSIÇÃO

Encontramos sete estudos que buscaram intervir/propor temas para que se discutisse as relações étnico-raciais, representando 28% do total.

Maranhão (2009) e Bento (2012) utilizaram em seus estudos os jogos de matrizes indígenas e africanas enquanto elementos facilitadores para o cumprimento da Lei 10.639-03. Maranhão (2009) mostrou que, a partir desses jogos e sem a preocupação em catalogá-los, conseguiu oportunizar às crianças o conhecimento e a construção de nova percepção de África e, consequentemente, outra percepção do povo e da cultura do negro, gerando identificações que fortaleceram suas identidades. Já Bento (2012) percebeu que o constante diálogo entre os educadores e os educandos, a partir dos jogos, proporcionaram a construção dos processos educativos relacionados à valorização, conhecimento e reconhecimento da cultura africana. Além disso, conseguiu identificar também a relação dos saberes adquiridos no ambiente escolar com os aprendidos fora dele.

Em Rangel (2017), a autora investigou a prática do Jongo no município de São Mateus, com a finalidade de articulá-lo às práticas de ensino de educação física por parte dos professores daquela localidade. Para isso, desenvolveu uma intervenção junto aos alunos de 5º ano fundamental durante nove aulas em parceria com o professor de educação física e, junto aos professores, promoveu um encontro de formação para informar acerca do trabalho bem como possibilitar a vivência do Jongo. Enquanto descoberta, pontuou que a educação física era uma disciplina propícia ao trato da temática étnico-racial, uma vez que conseguia colaborar nos aspectos de perpetuação e ressignificação de práticas culturais locais, nesse caso, do Jongo.

Soares (2017) elaborou uma unidade didática, utilizando as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) para problematizar as relações étnico-raciais, e mostrou a importância da incorporação da temática nas aulas, pois essa ainda não se faz presente de forma maciça nos componentes curriculares, muito também pela falta de formação por parte do professor. No que tange às tecnologias, a autora aponta que, mesmo com a falta de conhecimento delas por parte do professor, as TIC se mostram como uma ferramenta viável para o desenvolvimento de conteúdos relacionados à temática.

Tendo a capoeira como pano de fundo, Araújo (2017) buscou identificar quais são os efeitos político-pedagógicos produzidos por essa prática no contexto escolar na compreensão dos(as) professores(as) colaboradores(as), criando uma síntese argumentativa a respeito da presença dessa manifestação da cultura popular afro-brasileira no contexto escolar, devido a sua multiplicidade de características. Por outro lado, conseguiu perceber que ainda existem oposições acerca do seu trato, em especial por professores de outros componentes curriculares. Para esses professores, a prática da capoeira interfere negativamente ao perturbar o ambiente escolar, especialmente por consequência do barulho produzido pela musicalidade, chegando a atrapalhar a concentração dos estudantes não envolvidos nessa aula específica. Tais atitudes denotam a reprodução de posturas preconceituosas e que fortalecem a hierarquização dos conhecimentos e das formas de ensinar e aprender manifestadas na escola

O estudo de Jacob (2017) tocou em dois pontos relevantes da nossa realidade ao elaborar uma sequência didática para a disciplina de educação física com o tema “mulher negra no futebol”. Nesse estudo, a autora apontou a necessidade de levar aos estudantes identidades positivas sobre a mulher negra na sociedade, visualizando a precisão da ampliação de debates no ambiente escolar. No que se refere ao futebol, observou que a adequação de regras específicas para garantir a participação das mulheres levou a reflexões sobre a formatação do esporte.

Carvalho (2018) verificou a possibilidade da contribuição da capoeira para um processo de educação integral na área de educação física. Por meio de um constructo bibliográfico histórico, o autor sugeriu a capoeira enquanto ferramenta para auxiliar na produção de novas formas de consciência social tendo em vista seus múltiplos saberes e, desse modo, garantir a exequibilidade do trato da temática das relações étnico-raciais.

Enquanto Intervenção/Proposição conseguimos verificar a amplitude relacionada à temática, mas que, mesmo assim, faz-se necessário um olhar mais cuidadoso e abrangente para tratar das relações étnico-raciais na educação física. Os estudos deste tema têm uma relevância muito grande pois não se limitam a diagnosticar uma realidade já conhecida: o descumprimento ou o desconhecimento da Lei, a deficiência nas formações inicial e/ou continuada, que pouco discutem os conhecimentos sobre a história e cultura africana e afro brasileira. Esses estudos buscam analisar como é possível trabalhar essa temática, contribuindo, assim, para a formação e, consequentemente, para a prática pedagógica dos professores.

Por fim, buscamos analisar os conteúdos que, quando citados, foram os que os pesquisadores mais apontavam em seus estudos, sejam eles citados de forma exclusiva ou apontados em conjunto com outros temas, dessa forma, verificamos a capoeira como o tema mais prevalente, sendo apresentada em 14 estudos. Além dela, verificamos o aparecimento enquanto possibilidades para que sejam tratadas nas aulas, os jogos e brincadeiras, as danças, as músicas, como também a inserção do negro nos esportes de um modo geral, o que nos leva a constatar a diversidade de possibilidades para o trato da temática na educação física.

CONSIDERAÇÕES

O presente artigo teve como objetivo compreender como a temática das relações étnico-raciais tem sido estudada na educação física. Essa análise, extraída de teses e dissertações feita no banco de teses da Capes (BTC) e na biblioteca digital brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) permitiu aferirmos os caminhos que os pesquisadores têm tomado em relação ao estudo dessa temática.

Nesse sentido, conseguimos perceber, a partir da exploração dos objetivos dos estudos elencados, um olhar muito direcionado para a investigação da prática pedagógica do professor de educação física em relação a utilização dessa temática em suas aulas, sendo necessário um aprofundamento maior no que diz respeito a elaboração de propostas pedagógicas mais concretas para subsidiar o trabalho do professor de educação física.

Confirmando o que apontaram os estudos de Pereira et al. (2019) e Bugarim et al. (2020), mesmo após mais de 15 anos da Lei 10.639-03 identifica-se certo desconhecimento desse dispositivo legal por parte dos professores, o que nos leva a pensar que a temática das questões étnico-raciais é silenciada ou pouco divulgada.

Para que haja uma mudança de postura na consolidação das discussões acerca das questões relacionadas as relações étnico-raciais, dentre outros fatores, deve-se entender a necessidade de mais investimentos, além de uma insistência no que diz respeito às formações específicas, que proporcionem aos profissionais não só a capacitação, mas que oportunize a compreensão da importância das questões relativas à diversidade étnico-racial, a fim de que se criem estratégias pedagógicas que possam auxiliar a reeduca-las (BRASIL, 2004).

Tratando-se da formação, inicial e continuada dos professores, verificamos que ainda há uma carência dessa abordagem, sendo necessário um melhor direcionamento para que essa temática passe a ser abordada de forma mais cotidiana na educação física.

Devemos reconhecer que esta pesquisa não trata da totalidade dos estudos relativos ao tema, dentre outros motivos, por limitações dos mecanismos de buscas nas bases observadas. Porém, os resultados já nos dão um olhar otimista no que se refere à preocupação dos professores em inserir essa temática em suas aulas.

Desta forma, salientamos que este artigo não tem a pretensão de esgotar as pesquisas na área, mas sim, busca apontar acerca da necessidade do crescimento dos estudos de forma que os professores de educação física consigam, em um determinado momento, inserir de forma natural os conhecimentos advindos das culturas africanas e afro brasileiras, ampliando o currículo de suas aulas para além dos conhecimentos eurocêntricos e norte-americanos.

REFERÊNCIAS

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITOR DE SEÇÃO Giovani De Lorenzi Pires

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto Santos

Recebido: 09 de Setembro de 2020; Aceito: 12 de Outubro de 2020

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