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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.32 no.63 Florianópolis  2020  Epub 01-Set-2020

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2020.e72330 

Porta Aberta

Imagem corporal masculina: revisão integrativa da produção científica latino-americana (2005-2019)

Male body image: integrative review of the latin-american scientific production (2005-2019)

Imagen corporal masculina: revisión integrativa de la producción científica latinoamericana (2005-2019)

Alberto Mesaque Martins1 
http://orcid.org/0000-0002-6032-3122

Adriano Roberto Afonso do Nascimento2 
http://orcid.org/0000-0002-7752-0114

1Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Faculdade de Ciências Humanas, Campo Grande, Brasil

2Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Belo Horizonte, Brasil


RESUMO

O estudo apresenta uma revisão integrativa da literatura científica latino-americana, dos últimos 15 anos, acerca dos aspectos socioculturais que perpassam a imagem corporal masculina e das implicações do processo de construção social das masculinidades nos modos como os homens percebem e utilizam seus corpos. Na perspectiva das pesquisas de Revisão Integrativa, foram analisados 115 artigos, disponíveis nas bases virtuais Lilacs, SciELO e PePsic, publicados entre 2005 a 2019. O conjunto de estudos analisados revela a centralidade dos aspectos socioculturais na construção da imagem corporal masculina e no modo como os homens percebem e utilizam os seus próprios corpos, cotidianamente. Em diferentes contextos, os homens vivenciam uma forte pressão social para adequação dos seus corpos aos padrões hegemônicos de beleza e aos ideais de masculinidades, socialmente difundidos e compartilhados, interferindo em suas percepções acerca de seus próprios corpos e delineando comportamentos alimentares e práticas de exercícios físicos que comprometem a saúde.

PALAVRAS-CHAVE: Imagem corporal; Masculinidade; Revisão; Psicologia social

ABSTRACT

The study presents an integrative review of the Latin-American scientific literature, from the 15 years ago, about the sociocultural aspects of the male body image and the implications of the social construction process of masculinities in the ways men perceive and use their bodies. From the perspective of Integrative Review research, we analyzed 115 articles, available in the virtual databases Lilacs, SciELO and PePsic, published between 2005 and 2019. The set of studies analyzed reveals the centrality of sociocultural aspects in the construction of male body image and the way that the men perceive and use their own bodies, daily. In different contexts, men experience strong social pressure to adapt their bodies to hegemonic patterns of beauty and to the ideals of masculinities that are socially diffused and shared, interfering with their perceptions about their own bodies, and construct eating behaviors and physical exercise practices that damage the health.

KEYWORDS: Body image; Masculinity; Review; Social psychology

RESUMEN

El estudio presenta una revisión integrativa de la literatura científica latinoamericana, de los últimos 15 años, sobre los aspectos socioculturales de la imagen corporal masculina y de las implicaciones del proceso de construcción social de las masculinidades en los modos como los hombres perciben y utilizan sus cuerpos. En la perspectiva de los estudios de revisión integrativa se analizaron 115 artículos disponibles en las bases virtuales Lilacs, SciELO y Pepsic, publicados entre 2005-2019. El conjunto de estudios analizados revela la importancia de los aspectos socioculturales en la construcción de la imagen corporal masculina y en el modo cómo los hombres perciben y utilizan sus propios cuerpos, diariamente. En diferentes contextos, los hombres experimentan una fuerte presión social para adaptar sus cuerpos a las normas hegemónicas de belleza y a los ideales de masculinidad socialmente difundidos y compartidos, interfiriendo en su percepción de su cuerpo y delineando los comportamientos alimentarios y las prácticas de ejercicios físicos que ponen en riesgo su salud.

PALABRAS-CLAVE: Imagen corporal; Masculinidad; Revisión; Psicología social

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, cada vez mais, se reconhece que o corpo, para além de sua dimensão anatômica e fisiológica, também é resultado de um contínuo e complexo processo de construção social (BOURDIEU, 2011; GOLDEMBERG, 2011; FERREIRA, 2013). Nessa perspectiva, os sujeitos carregam em seus corpos marcas do contexto social onde se encontram inseridos, atribuindo-lhes não apenas sentidos, mas também valores que orientam a própria utilização dos seus corpos (CAMARGO, JUSTO; ALVES, 2011; FERREIRA, 2013; BOURDIEU, 2014).

Nesse contexto, destaca-se a importância de investigações sobre a Imagem Corporal entendida como o conjunto das representações mentais dos indivíduos acerca dos seus corpos (CAMARGO et al., 2011). Nessa perspectiva, a Imagem Corporal deve ser compreendida para além da sua dimensão cognitiva, sendo constituída por meio de três componentes interrelacionados: o perceptivo, que corresponde à maneira como os indivíduos percebem o seu corpo (estrutura, peso, forma, dentre outros); o subjetivo, que envolve a avaliação dos sujeitos em relação ao seu corpo, podendo estar satisfeitos ou não com ele e englobando as preocupações e ansiedade com o resultado dessa avaliação e; por fim, o comportamental, que diz respeito às ações evitadas pelo sujeito diante da experiência de desconforto com a própria aparência (CAMARGO, JUSTO et al., 2011).

No âmbito dos estudos sobre corpo e corporeidade, o processo de construção social dos corpos e de influência da sociedade sobre os mesmos vem sendo denominado como embodiment, frequentemente traduzido para o português como incorporação (BOURDIEU, 2014). Diversos autores concordam que tal processo é uma tarefa árdua e complexa, que exige dos sujeitos esforços físicos e cognitivos para compreensão dos modelos de corpos difundidos e para a adequação dos seus próprios corpos aos padrões socialmente estabelecidos (MELO; VAZ, 2006; GASTALDO; BRAGA, 2011; ZANETTI et al., 2012; FERREIRA, 2013; BOURDIEU, 2014).

Estudos também chamam a atenção para as singularidades do processo de construção de corporeidades de homens e mulheres, revelando implicações dos modos de conceber as masculinidades e feminilidades, cotidianamente (GOMES, 208; GOLDEMBERG, 2011; RAMOS, 2011; BERMÚDEZ, 2013; MARTINS; MALAMUT, 2013; BOURDIEU, 2014). No que tange à corporeidade masculina, especificamente, as imposições do modelos hegemônicos de masculinidade, fortemente difundidos e idealizados em nossa sociedade, contribuem para que os homens se engajem na construção de uma corporeidade que incorpore tais ideais de masculinidades (MONTEIRO, 2001; BOURDIEU, 2011; ZANETTI et al., 2012; CONNEL; MESSERSCHMIDT, 2013). Para tanto, faz-se necessário que os sujeitos, cotidianamente, construam corpos que encarnem as representações de masculinidades e que distingam o “homem de verdade” de outros modelos de homens socialmente desvalorizados e também de outras mulheres, reiterando, assim, a sua suposta supremacia e dominação (BOURDIEU, 2011; BERMÚDEZ, 2013).

Nessa mesma direção, Connel (1995) ressalta que, além de referir-se às relações sociais, a masculinidade também diz respeito a corpos, tendo em vista que a ideia socialmente compartilhada de homens se refere a pessoas com uma certa configuração corporal masculina. Conforme destaca a autora, “as masculinidades são corporificadas, sem deixar de ser sociais. Nós vivemos as masculinidades (em parte) como certas tensões musculares, posturas, habilidades físicas, formas de nos movimentar e assim por diante” (p. 189).

Analisando o processo de incorporação da masculinidade, Bermúdez (2013) chama a atenção para a existência de estratégias de masculinização, compreendidas como “práticas sociais que deixam de ser componentes estruturais ou subjetivos, para articular ambas as dimensões” (p. 296). Assim, durante o processo de socialização e no âmbito das interações sociais, diferentes atores e instituições operam com o objetivo de levar os homens a incorporarem os padrões, ideais e expectativas acerca da virilidade.

Deste modo, ainda hoje, desde tenra idade, diferentes estratégias são utilizadas para construir a corporeidade de meninos, transformando-os em homens fortes e viris que atendam aos padrões sociais hegemônicos (WELZERL-LANG, 2001; BERMÚDEZ, 2013). Nesse sentido, percebe-se um maior incentivo para que os garotos se empenhem em atividades esportivas, especialmente aquelas que envolvam agilidade, força física e elevado poder de resistência (BOURDIEU, 2011; BERMÚDEZ, 2013).

De forma semelhante, já durante a infância, os meninos são estimulados a não prestarem atenção aos seus sentimentos e emoções, a não chorarem e a controlarem as dores e o sofrimento (WELZERL-LANG, 2001; BOURDIEU, 2011; CONNEL; MESSERSCHMIDT, 2013). Também é evidente, em nossas interações sociais, o quanto os adolescentes e jovens do sexo masculino são convocados a construirem projetos de carreiras profissionais pautados em atividades percebidas como viris e que tenham na estabilidade financeira e na aquisição de bens materiais o sentido de um projeto de vida másculo, viril e bem sucedido (BOURDIEU, 2014; CONNEL; MESSERSCHMIDT, 2013).

Desse modo, é de se supor que a construção da imagem corporal masculina se dá num contexto atravessado por imposições de modelos hegemônicos que orientam os modos como os sujeitos avaliam e utilizam os seus corpos cotidianamente, interferindo, portanto, no modo como exercitam suas masculinidades. Nessa perspectiva, esse estudo tem como principal objetivo realizar uma revisão integrativa da literatura científica latino-americana acerca dos aspectos socioculturais que perpassam a imagem corporal masculina, possibilitando, portanto, compreender como as questões relacionadas ao processo de construção social das masculinidades interferem nos modos como os homens percebem e utilizam os seus corpos, cotidianamente.

MÉTODOS

O estudo foi realizado na perspectiva da pesquisa de revisão integrativa, tendo em vista o potencial desse tipo de investigação em permitir uma análise ampla da literatura científica, possibilitando a compreensão de temáticas de interesse do pesquisador, a partir da integração dos resultados de diferentes estudos (CROSSETTI, 2012). Além disso, a pesquisa de revisão integrativa possibilita o mapeamento da produção científica nacional e/ou internacional sobre determinado objeto de interesse do pesquisador, podendo apontar eventuais lacunas relativas à compreensão desse objeto (CROSSETTI, 2012). Nessa perspectiva, a pesquisa de revisão integrativa possibilita um olhar ampliado e crítico sobre a produção científica sobre determinados temas, permitindo consolidar dissensos e consensos sobre determinadas temáticas a partir da análise de um conjunto de investigações, conduzidas em diferentes contextos.

Nesse sentido, a pesquisa se orientou pela seguinte pergunta: como os aspectos socioculturais influenciam na construção da imagem corporal masculina?

No período entre fevereiro e março de 2020 foram realizadas consultas às bases virtuais da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), da ScientificElectronic Library Online (SciELO) e do portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC). As consultas foram realizadas com a utilização dos seguintes termos, em inglês, português e espanhol: corpo masculino, corpo e masculinidade, corpo e masculinidades, corpo e homem, corpo e homens, corporalidade masculina, corporalidade e masculinidade, corporalidade e masculinidades, corporalidade e homem, corporalidade e homens, corporeidade masculina, corporeidade e masculinidade, corporeidade e masculinidades, corporeidade e homem, corporeidade e homens.

Para seleção dos estudos, foram considerados os seguintes critérios de inclusão: ser artigo científico original, publicado em português, inglês e/ou espanhol, possuir versão completa disponível on-line, abordar aspectos socioculturais que perpassam o processo de construção da imagem corporal masculina; haver sido publicado nos últimos 15 anos, ou seja, entre 2005-2019. Nessa mesma vertente, foram utilizados os seguintes critérios de exclusão: não se tratar de artigo científico original (resumos de teses e dissertações, resenhas, cartas editoriais, revisões e ensaios teóricos, etc.), ter sido publicado em idioma diferente dos citados acima, não possuir versão completa on-line e não abordar a temática de interesse desse estudo.

A busca nas bases de dados, por meio dos termos destacados acima, indicou a existência de 5.668 registros. Os estudos identificados foram organizados em uma planilha de Excel. Após a exclusão das repetições, restaram 1225 registros. Em seguida, foram aplicados os critérios de seleção e inclusão. Ao final desse procedimento restaram 115 publicações que compuseram o corpus dessa investigação1.

Feita a seleção das publicações, foram realizados uma primeira organização e um primeiro agrupamento das mesmas, produzindo, assim, uma caracterização geral dos estudos selecionados. Em seguida, realizou-se uma categorização das temáticas centrais das investigações, considerando-se as palavras-chaves indicadas em cada artigo. As categorias de palavras-chaves mais relevantes foram: imagem corporal, alimentação, atividades físicas e aspectos socioculturais. Optou-se pela utilização desse conjunto de categorias como eixo organizador da apresentação e discussão dos resultados. Desse modo, foram exploradas as quatro categorias mais expressivas.

RESULTADOS

Nas últimas décadas, cada vez mais, se reconhece que o corpo, para além de sua dimensão anatômica e fisiológica, também é resultado de um contínuo e complexo processo de construção social (BOURDIEU, 2011; GOLDEMBERG, 2011; FERREIRA, 2013). Nessa perspectiva, os sujeitos carregam em seus corpos marcas do contexto social onde se encontram inseridos, atribuindo-lhes não apenas sentidos, mas também valores que orientam a própria utilização dos seus corpos (CAMARGO, JUSTO; ALVES, 2011; FERREIRA, 2013; BOURDIEU, 2014).

Caracterização geral dos estudos

Os resultados revelam um maior número de artigos sobre a temática da imagem corporal masculina publicados entre os anos de 2010 e 2013, sendo este último ano aquele com o maior registro de publicações. Tal período coincide com o aumento da produção científica de temáticas relacionadas às masculinidades, em especial no que se refere a área de estudos em Saúde do Homem (GOMES, 2008; MARTINS; MALAMUTT, 2013). Além disso, é preciso ressaltar que, no final da década de 2000, em diversos países da América Latina, começam a ser delineadas e implementadas ações, programas e políticas públicas voltadas tanto para a promoção da saúde masculina, assim como para o engajamento de meninos e homens na construção de novas possibilidades de exercício de suas masculinidades, a partir de novos comportamentos que não comprometam a sua própria saúde, assim como a de outros homens e das mulheres (GOMES, 2008; MARTINS; MALAMUTT, 2013).

Como esperado, considerando os bancos de dados consultados, a maioria das investigações foi realizada em países da América Latina, totalizando 95,6% (110) das publicações. Também vale ressaltar o maior número de estudos produzidos no Brasil, representando 66,9% (77) dos artigos selecionados, revelando o maior protagonismo do país na produção sobre o tema. Em seguida, figura o México, responsável por 12,1% (14). Ademais, também foram identificados 01 estudos desenvolvidos em Portugal e 01 na França, além de outros estudos realizados no Irã (01), na Índia (01) e Emirados Árabes (01). Os grupos mais pesquisados são os de homens estudantes e universitários (60%), em especial os do curso de Educação Física e, ainda, os atletas e praticantes de atividades físicas e esportes (16,5%). Também observa-se um grande número de estudos que utilizam diferentes tipos de inventários e questionários para produção de dados, presentes na maior parte das publicações (85,2%).

Dentre os fatores que contribuem para um maior número de publicações brasileiras, destaca-se a forma como os brasileiros se relacionam com sua corporeidade. Conforme destaca Goldenberg (2011), no âmbito da cultura brasileira, a mídia ocupa um importante papel na divulgação de modelos de corpos a serem idealizados e imitados, contribuindo para o fortalecimento de uma cultura da “boa forma” e do “fitness”, ancorada na maior valorização de padrões ianques e sexys, representados por corpos brancos e jovens, com o mínimo de gordura corporal, delineados e torneados nas academias de ginástica e modelados por meio de cirurgias plásticas e intervenções estéticas. Estudos chamam a atenção para o aumento contínuo do número de brasileiros que procuram, não apenas as academias de ginástica, mas também recorrem às intervenções cirúrgicas com finalidades estéticas, assim como aos anabolizantes e aos esteroides, buscando adequar os seus corpos a um padrão hegemônico de corpo ideal, largamente difundido e perseguido em nossa sociedade (MALYSSE, 2007; SABINO, 2007; IRIART, CHAVES; ORLEANS; 2009; CAMARGO; JUSTO; ALVES, 2011; GOLDEMBERG, 2011).

O maior interesse dos estudos nos grupos de profissionais e estudantes da área de Educação Física, bem como de atletas e esportistas parece estar relacionado a maior pressão que esses sujeitos sofrem para conformarem os seus corpos às imposições dos modelos hegemônicos de boa forma, uma vez que esses homens são, cotidianamente, pressionados a “atestarem”, por meio de seus próprios” corpos, sua competência profissional e habilidades esportivas (FORTES; FERREIRA, 2011; VILHENA, et al., 2012).

Imagem Corporal2

Em todos os estudos selecionados foi possível constatar um grande número de homens insatisfeitos com os seus corpos (CIAMPO et al., 2010; ESNAOLA; RODRÍGUEZ; GOÑI, 2010; CARDOZO et al., 2011; HERNÁNDEZ, et al., 2013; NILSON et al., 2013; SALOMÉ; ALMEIDA, 2014; FORTES et al., 2015; FRANK et al., 2016; PERALTA; SALINAS, 2016; SANTONCINI; VÁZQUEZ; MARQUEZ, 2016; SILVA et al., 2017; SILVA et al., 2018; RESENDE et al., 2019). Embora um considerável número de investigações aponte para a maior prevalência da insatisfação corporal entre as mulheres (VILHENA et al., 2012; CARVALHO et al., 2013, BATISTA et al., 2015), outros estudos vêm apontando para o crescimento desse fenômeno entre a população masculina (ASSIS et al., 2013, FIDELIX et al., 2013, NILSON et al., 2013, MENEZES, et al., 2014; ALWYN et al., 2016; FRANK et al., 2016). Em algumas publicações foi possível constatar, inclusive um maior número de homens insatisfeitos com os seus corpos, quando comparados com as mulheres (CARDOZO et al., 2011, PELEGRINI et al., 2011, MARTINS et al., 2012; ASSIS et al., 2013).

De acordo com os estudos analisados, a insatisfação corporal masculina encontra-se associada à distorção da imagem corporal e, mais especificamente, ao sentimento produzido pela percepção de que seus corpos encontram-se distantes dos modelos idealizados e difundidos socialmente (MARTINS et al., 2012; HERNÁNDEZ et al., 2013; PERALTA; SALINAS, 2016). Nesse sentido, é recorrente que os sujeitos percebam o tamanho, o contorno e o peso dos seus corpos de forma destoante da realidade, seja para mais ou para menos (CIAMPO et al., 2010; PÉREZ-GIL, PAZ; ROMERO, 2011; FORTES et al., 2015; FRANK et al., 2016; ALWYN et al., 2016; SILVA et al., 2018).

Apesar de se tratar de um fenômeno comum para ambos os sexos, é preciso considerar que a insatisfação corporal é vivenciada de forma distinta para homens e mulheres (SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; BARBOSA; MATOS; COSTA, 2011; MUSAIGER; ZAAL; D’SOUZA, 2012). Enquanto as mulheres superestimam o peso corporal, percebendo-se com excesso de peso e gordura e, portanto com um corpo que excede o contorno ideal, os homens tendem a subestimar o peso corporal e suas silhuetas, percebendo-se como mais fracos e menos musculosos do que realmente são (CARDOSO et al., 2009; CARDOZO et al., 2011; PÉREZ-GIL et al., 2011; MARTINS et al., 2012; ASSIS et al., 2013; FORTES et al., 2015; ALWYN et al., 2016; RESENDE et al., 2019).

Apesar de grande parte dos estudos se referirem ao contexto urbano e das grandes cidades, a insatisfação corporal também foi encontrada em grupos de sujeitos que vivem em diferentes contextos geográficos, como pequenas cidades e até mesmo em contextos indígenas (PELEGRINI et al., 2011; PÉREZ-GIL et al., 2011; ASSIS et al., 2013; PÉREZ; ESTRELLA, 2014).

Também foram constatadas diferenças geracionais no modo como os homens vivenciam a insatisfação corporal (CIAMPO, et al., 2010; NILSON et al., 2013, HERNÁNDEZ et al., 2013). Nesse sentido, apesar de se tratar de um fenômeno observado entre homens de diferentes idades, os adolescentes e jovens apresentaram-se mais insatisfeitos com os seus corpos do que os homens idosos (BARBOSA et al., 2011; FIDELIX et al., 2013; HERNÁNDEZ et al., 2013; MENEZES et al., 2014). Alguns pesquisadores chegam a afirmar que a insatisfação corporal parece diminuir no decorrer do envelhecimento (CAMARGO et al., 2011; HERNÁNDEZ et al., 2013; MENEZES et al., 2014), uma vez que os jovens são mais pressionados a utilizar os seus corpos como recursos mediadores de interações sociais, como aquelas estabelecidas no âmbito do trabalho e das relações afetivo-sexuais (BARBOSA et al., 2011; CAMARGO et al., 2011; FIDELIX et al., 2015; ALWYN et al., 2016; FRANK et al., 2016).

Alguns estudos, como o de Ibarzábal e Tubío (2008), destacam a recorrente ansiedade social experimentada pelos homens, gerada pela possibilidade de uma avaliação negativa do seu porte físico pelo próprio grupo no decorrer das interações sociais. Esse fenômeno esteve presente tanto entre homens sedentários, quanto entre esportistas e fisiculturistas que, em seu dia a dia, expõem os seus corpos, estando mais sujeitos às avaliações e pressões de grupos que, habitualmente, praticam atividades físicas (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; FORTES; ALMEIDA; FERREIRA, 2013; REIS et al., 2013; SILVA et al., 2018).

Analisando os comportamentos de homens espanhóis em relação a sua corporeidade, Magallares (2013) observa que, quanto mais introjetados os padrões hegemônicos de masculinidade, maior é o investimento dos homens na construção de musculatura que ateste a virilidade. O autor chega a destacar que a masculinidade, tal qual é construída e difundida socialmente, é um fator de risco para os transtornos alimentares e distorções da imagem corporal (MAGALLARES, 2013).

Os maiores índices de insatisfação corporal masculina vêm sendo associados a fatores como idade (homens adolescentes e jovens tendem a ser mais insatisfeitos que os mais velhos) (CAMARGO et al., 2011; FIDELIX et al., 2013; HERNÁNDEZ et al., 2013), ao estado nutricional (obesos e sobrepesos mais insatisfeitos), ao comportamento alimentar inadequado (associado ao anterior) (SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; FORTES; FERREIRA, 2011), mas, principalmente, à interiorização de ideais corporais largamente difundidos em nosso contexto e de difícil alcance pela maior parte da população masculina (SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; CAMARGO et al., 2011; MARTINÉZ et al., 2014; PERALTA; SALINAS, 2016). Esses resultados, presentes em diferentes publicações, revelam que os homens possuem consciência dos padrões socialmente difundidos e impostos sobre a beleza e a corporeidade masculina (FONTES; BORELLI; CASOTTI, 2012; MARTINÉZ et al., 2014; FRANK et al., 2016). Tais modelos contribuem para um sentimento de insatisfação e inadequação desses sujeitos, contribuindo para uma percepção distorcida dos seus corpos (MARTINS et al., 2012; HERNÁNDEZ et al., 2013; PERALTA; SALINAS, 2016).

A insatisfação com a imagem corporal também foi apontada como um fator de risco para os comportamentos alimentares de risco (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; DUARTE et al., 2014; FORTES et al., 2015; SANTONCINI et al., 2016). Ao perceberem os seus corpos como aquém do socialmente desejado, é recorrente que os homens se engajem em dietas e práticas de exercícios físicos que garantam uma rápida perda de gordura e ganho muscular (ESNAOLA et al., 2010; FONTES et al., 2012; SANTONCINI et al., 2016). Também é recorrente o uso de suplementos, esteroides e anabolizantes como recursos para modificação corporal, podendo comprometer a saúde física desses sujeitos (VILHENA et al., 2012; DUARTE et al., 2014; FORTES et al., 2015; FRANK et al., 2016).

Outros estudos apontam para uma associação entre insatisfação corporal e o aumento de casos de dismorfia muscular, também intitulada como vigorexia (ESNAOLA et al., 2010; VILHENA et al., 2012; REIS et al., 2013). Trata-se de um transtorno de percepção da imagem corporal onde, mesmo com a presença de músculos, os homens percebem os seus corpos como pequenos, magros, fracos e não musculosos (TORO-ALFONSO; WALTERS-PACHECO; CARDONA, 2012; MAGALLARES, 2013).

Alimentação

Diversos estudos identificados apontam para uma relação positiva entre estado nutricional e insatisfação corporal (FORTES; FERREIRA, 2011; TORO-ALFONSO et al., 2012; MARTINÉZ et al., 2014; FORTES et al., 2015; ODA-MONTECINOS et al., 2018). Apesar desse fenômeno não se restringir às pessoas abaixo do peso, com sobrepeso e obesas, esses sujeitos apresentam uma maior insatisfação corporal quando comparados com os indivíduos eutróficos (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; VILHENA et al., 2012, MARTINÉZ et al., 2014). Tendo em vista que a satisfação com a imagem corporal se encontra relacionada à busca pela adequação aos padrões e modelos hegemônicos de corpos, os indivíduos abaixo ou acima do peso são aqueles que recebem maior pressão social para transformação e adequação dos seus corpos (ESNAOLA et al., 2010; PÉREZ-GIL et al., 2011; DUARTE et al., 2014; FORTES et al., 2015; SOUSA et al., 2019).

O medo de engordar e o desejo de emagrecer foi observado entre homens em diferentes contextos, mesmo quando apresentavam o Índice de Massa Corporal (IMC) adequado ou faziam atividades físicas regulares (CIAMPO et al., 2010; SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; BARBOSA et al., 2011; MENEZES, et al., 2014; FORTES et al., 2015). Nesse sentido, um grande número de estudos constatou a prática de dietas de restrição alimentar (carboidratos, proteínas, dentre outros) associada à prática regular de exercícios físicos, em alguns casos, excessiva, como estratégia para redução de peso e gordura corporal e ganho de massa muscular (FABRINI et al., 2010; FORTES; FERREIRA, 2011; TORO-ALFONSO et al., 2012; VILHENA et al., 2012; PERALTA; SALINAS, 2016). Nesse sentido, percebe-se que a restrição alimentar e a prática excessiva de exercícios físicos são estratégias recorrentes entre os homens, em especial, os atletas e esportistas, para adequação dos seus corpos às normas sociais, aperfeiçoamento da aparência física e melhora do condicionamento físico (CARDOZO et al., 2011; CAMARGO et al., 2011; PÉREZ-GIL et al., 2011; REIS et al., 2013; DUARTE et al., 2014; PERALTA; SALINAS, 2016; SANTONCINI et al., 2016).

A insatisfação com a imagem corporal vem sendo apontada como um fator importante que acarreta inúmeros prejuízos à saúde nutricional, correlacionando-se também com baixa autoestima (TORO-ALFONSO et al., 2012; SALOMÉ; ALMEIDA, 2014; FORTES et al., 2015; SOUSA et al., 2019). Nessa vertente, apesar dos comportamentos alimentares de risco serem mais recorrentes entre as mulheres, estudos apontam para a frequência de comportamentos alimentares de risco também entre a população masculina, principalmente entre esportistas profissionais como, por exemplo, judocas, jogadores de basquete, ginastas, bailarinos, dentre outros atletas (FABRINI et al., 2010; FORTES; FERREIRA, 2011; VILHENA et al., 2012; DUARTE et al., 2014; REIS et al., 2013; FORTES et al., 2015; PERALTA; SALINAS, 2016). Somam-se ainda as constatações de relatos de perda de controle na alimentação, seguida de rituais de expurgação, como vômitos induzidos, uso de laxantes e diuréticos, medicamentos inibidores de apetite, dentre outras práticas, cada vez mais recorrentes ente o público masculino, em especial, os adolescentes e jovens (CIAMPO et al., 2010; SAUCEDO-MOLINA; SANTONCINI, 2010; VILHENA et al., 2012; FORTES et al., 2015; PERALTA; SALINAS, 2016).

Atividade Física

De maneira semelhante às estratégias alimentares, a prática de atividades físicas também se configura como um importante e frequente recurso utilizado pela população masculina para modificar os seus corpos e alcançar a satisfação corporal (CIAMPO et al., 2010; FABRINI et al., 2010; CAMARGO et al., 2011; TORO-ALFONSO et al., 2012; PERALTA; SALINAS, 2016; SILVA et al., 2017; ODA-MONTECINOS et al., 2018). Assim, por meio dos treinamentos e exercícios físicos, especialmente aqueles realizados nas academias de musculação, os homens recorrem a atividades que possibilitem adequar os seus corpos aos modelos socialmente difundidos e idealizados: mais forte, volumoso e com baixo percentual de gordura (BARBOSA et al., 2011; CARDOZO et al., 2011; VILHENA et al., 2012; CARVALHO et al., 2013; ODA-MONTECINOS et al., 2018). Conforme destacam Toro-Alfonso et al. (2012) é por meio dos esportes e das atividades físicas que os homens formam e conformam seu corpo aos padrões hegemônicos internalizados.

Também foram observadas diferenças de gênero na prática de esportes (CARDOZO et al., 2011). A frequência de práticas esportivas entre os homens é maior do que entre as mulheres, ou seja, os homens são fisicamente mais ativos do que as mulheres, o que pode interferir nos níveis de satisfação corporal masculina (CARDOSO, 2009; CIAMPO et al., 2010; CARVALHO et al., 2013). Essas diferenças podem ser observadas desde a tenra infância uma vez que meninas brincam de jogos tidos como masculinos, na infância, mas o contrário não ocorre (CARDOSO et al., 2009; CARDOZO et al., 2011).

A prática excessiva de exercícios físicos, principalmente entre os homens jovens, também vem sendo utilizada como estratégia para compensar a ingestão de alimentos com alto valor calórico e alcançar um rápido emagrecimento e ganho de músculos (FABRINI et al., 2010; CARVALHO et al., 2013; PERALTA; SALINAS, 2016). Analisando a prática de atividades físicas em ambos os sexos, estudos apontam que os homens recebem maior estímulo e possuem maior adesão aos esportes mais radicais e agressivos, marcados pela competição e exercício físico extremo, enquanto as mulheres são estimuladas a buscar por esportes menos violentos e mais harmoniosos, como dança e ginástica (CARDOZO et al., 2011; MAGALLARES, 2013).

Outros estudos apontam para a maior presença de sintomas de dismorfia muscular entre homens que praticam exercícios com regularidade e atletas profissionais (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; VILHENA et al., 2012; MAGALLARES, 2013; MARTINÉZ et al., 2014). Esse grupo também vem sendo apontado como aquele em maior distorção da imagem e insatisfação corporal, revelando que a prática de atividade física não é motivada apenas por questões de saúde, mas também esconde a busca pelos ideias corporais, difundidos socialmente (FORTES et al., 2013; MARTINÉZ et al., 2014; RESENDE et al., 2019).

Aspectos socioculturais

Conforme destacam Beiras et al. (2007), os “corpos masculinos são sempre corpos inseridos na história e na cultura” (p. 65). Portanto, é imprescindível estudar o tema da imagem corporal como um processo sócio-histórico e cultural. Nessa perspectiva, dentre os estudos identificados, destacam-se aqueles que buscam analisar, especificamente, a interiorização dos ideais corporais largamente difundidos na sociedade, por meio de diferentes dispositivos, como mídia, publicidade, educação, dentre outros (FONTES et al., 2012; HERNÁNDEZ et al., 2013; FORTES et al., 2015).

Tais estudos vêm apontando para uma correlação positiva entre esses ideais de corpos e a busca pela magreza, pela redução da gordura e pelo aumento de músculos, entendidos como componentes de uma estrutura corporal bela e saudável, compondo, assim, a “boa-forma” (BARBOSA et al., 2011; PELEGRINI, et al., 2011; MAGALLARES, 2013; MARTINÉZ et al., 2014; SOUSA et al., 2019). Em outros palavras, cotidianamente, os sujeitos sofrem uma pressão sociocultural para avaliarem os seus corpos e construirem estratégias para adequá-los ao modelos hegemônicos impostos e difundidos, num processo de comparação social (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; VILHENA et al., 2012). Conforme destacam Esnaola et al. (2010), quanto mais o sujeito se sente pressionado pela cultura, mais ele vivencia insatisfação corporal.

Nesse contexto, os pais vêm sendo destacados como um grupo que exerce grande influência sobre a imagem corporal dos filhos (BARBOSA et al., 2011; MUSAIGER et al., 2012). Apesar do importante papel que a família ocupa na educação alimentar dos filhos, ainda é recorrente que os pais forcem os filhos a perderem peso, buscando, algumas vezes, atingir os seus próprios ideais nos corpos das crianças e dos adolescentes (MUSAIGER et al., 2012).

A pressão social exercida para conformação dos corpos parece contribuir para o delineamento de comportamentos e atitudes dos sujeitos em relação aos seus corpos (ESNAOLA et al., 2010; HERNÁNDEZ et al., 2013). Nesse sentido, alguns estudos identificaram um expressivo número de homens que recorrem diariamente à checagem corporal, seja por meio da pesagem ou, ainda, pela verificação constante de sua musculatura em espelhos (IBARZÁBAL; TUBÍO, 2008; CARVALHO et al., 2013; BATISTA et al., 2015).

Tratando-se do público masculino, especificamente, percebe-se uma forte associação entre musculatura e poder, contribuindo para a construção de representações onde um homem viril é também um homem com um corpo cujos músculos atestem sua virilidade (CARDOSO et al., 2009; ZANETTI et al., 2012; MAGALLARES, 2013). Outros estudos destacam que os homens jovens experimentam mais pressão sociocultural para adaptação dos seus corpos que os homens idosos (HERNÁNDEZ et al., 2013). Os achados desses estudos indicam que as pressões socioculturais parecem perder força no decorrer dos anos, de modo que os adolescentes e jovens encontram-se muito mais suscetíveis às pressões para adequarem os seus corpos do que os sujeitos de meia idade ou idosos (CAMARGO et al., 2011; HERNÁNDEZ et al., 2013).

Em outros estudos, os participantes revelaram que se preocupam com o que os outros pensam sobre seus corpos e concebem o corpo como um instrumento de mediação do convívio social (CAMARGO et al., 2011; MARTINÉZ et al., 2014). Na mesma direção, outras investigações revelam que os homens acreditam que beleza física atua como facilitadora do sucesso nas relações amorosas, sociais, além de ser indicativo de inteligência e sucesso profissional (BARBOSA et al., 2011; FONTES et al., 2012; ALWYN et al., 2016). Esse ideal de beleza vem sendo reproduzido até mesmo em outros contextos, como, por exemplo, nos jogos virtuais que acabam por refletir os ideais corporais dos jogadores, quase sempre representados por avatares jovens, “malhados”, musculosos e com pouca gordura corporal (MARTINS et al., 2012; ZANETTI et al., 2012). Desse modo, persiste a ideia de que a atratividade física pode acarretar vantagens cognitivas, comportamentais e sociais para o indivíduo, sendo necessário investir no cuidado com a alimentação e manter a regularidade de práticas de atividades físicas, mesmo que comprometam a saúde (Barbosa et al., 2011; Camargo et al., 2011; Alwyn et al., 2016).

Além disso, alguns autores destacam que, para muitos sujeitos, o corpo possui a capacidade de expressar a personalidade, podendo denunciar aspectos ocultos da mesma (CAMARGO et al., 2011; MARTINÉZ et al., 2014). Nesse sentido, ainda é recorrente que os homens levem em consideração a aparência de outras pessoas como referência para a sua e que acreditem no poder de influência do corpo (BARBOSA et al., 2011; MARTINÉZ et al., 2014).

Outro grupo de estudos chama a atenção para a influência do trabalho na imagem corporal masculina (FORTES; FERREIRA, 2011; VILHENA et al., 2012; REIS et al., 2013). Dentre essas investigações destacam-se aquelas voltadas para a compreensão de atividades onde o corpo masculino possui uma centralidade, tais como os bailarinos, atletas profissionais, professores e estudantes de educação física, dentre outros (VILHENA et al., 2012; REIS et al., 2013; CLAUMAN et al., 2014). Alguns autores destacam que esses sujeitos são mais pressionados a terem um corpo que ateste não apenas a sua saúde e virilidade, mas também a sua competência atlética e profissional (FORTES; FERREIRA, 2011; VILHENA et al., 2012).

Nessa mesma direção, Clauman et al. (2014) associam o alto índice de insatisfação corporal entre estudantes ingressos em um curso de Educação Física à pressão social que esse grupo sofre para ter um corpo que ateste sua competência profissional, sendo, portanto, entendido como uma espécie de “cartão de visitas”, difícil de ser construído (VILHENA, et al., 2012). No caso de esportistas profissionais, somam-se ainda as pressões de treinadores, patrocinadores, amigos e familiares que aumentam a tensão e a preocupação com a construção de uma imagem corporal que ateste sua competência profissional (FORTES; FERREIRA, 2011).

DISCUSSÃO

De modo geral, o conjunto de estudos analisados revela a centralidade dos aspectos socioculturais na construção da imagem corporal masculina e no modo como os homens percebem e utilizam os seus próprios corpos, cotidianamente (BERMÚDEZ, 2013; BOURDIEU, 2014). Conforme apontam os resultados, em diferentes contextos da América Latina, os homens vivenciam uma forte pressão social para adequarem os seus corpos aos padrões hegemônicos de beleza e aos ideais de masculinidades, socialmente difundidos e compartilhados, interferindo, assim, em suas percepções acerca de seus próprios corpos e delineando comportamentos alimentares e práticas de exercícios físicos que, muitas vezes, comprometem a saúde e o bem-estar desses sujeitos.

A insatisfação com a imagem corporal, constatada em todos os estudos analisados, parece se tratar de um fenômeno cada vez mais recorrente entre a população masculina latino-americana, em diferentes contextos, revelando-se ainda mais alarmante entre os adolescentes e jovens e aqueles que utilizam os seus corpos como instrumentos de trabalho, com os esportistas, os bailarinos, os educadores físicos, dentre outros. A vigilância sobre os corpos masculinos e a imposição de expectativas sociais para que eles incorporem o modelo de masculinidade hegemônica parecem contribuir para o fenômeno da insatisfação corporal. Nessa perspectiva, é necessário reconhecer que, desde a tenra idade, a virilidade dos meninos e jovens é colocada à prova, cabendo a eles atestá-la e comprová-la aos demais membros do grupo por meio de testes e provas que garantam a sua autenticidade e o reconhecimento social (WELZER-LANG, 2001; CONNEL; MESSERSCHMIDT, 2013).

Ademais, o conjunto de estudos também revela a grande pressão social que os homens vêm sofrendo, em diferentes espaços de sociabilidade, para adequarem e conformarem os seus corpos a esses padrões de masculinidades, contribuindo para uma grande procura desses homens por dietas alimentares restritivas, além de favorecerem uma elevada frequência de práticas de atividades físicas excessivas e o uso irregular de esteroides e anabolizantes, dentre outras estratégias que, recorrentemente, colocam em risco a saúde física e psíquica desses sujeitos. Mais do que uma adequação corporal ao fitness e à boa forma, tratam-se de estratégias que tencionam os homens a buscarem uma adequação das suas masculinidades, as quais que devem ser atestadas e publicizadas por meio dos seus próprios corpos másculos, fortes, disciplinados e, portanto, viris. Autores como Welzer-Lang (2001), Connel (1995), Bourdieu (2011) e Bermudez (2013) apontam para a existência de uma diversidade de estratégias pedagógicas de masculinidades que auxiliam as diferentes instituições (escola, religião, trabalho, mídia, dentre outras) no processo de socialização dos meninos e que buscam garantir a construção de um corpo e uma prática social que incorporem os ideais e prescrições impostos pelo modelo de masculinidade hegemônica e que atestem a construção de um “homem de verdade”.

Nesse sentido, estudos vêm buscando analisar como a mídia impressa também contribui para a (re)produção de modelos de corpos masculinos que atendam aos ideais do modelo de masculinidade hegemônica. Beiras et al. (2007) analisaram as representações de corpos masculinos em revista de histórias em quadrinhos e observaram a reprodução de corpos fortes, musculosos, simétricos, que atendem aos padrões dominantes de beleza e masculinidade, em sua maioria, interpretando papéis de heróis que salvam nações ou o mundo inteiro, sem a ajuda de outros indivíduos. Por outro lado, os autores destacam que os vilões dessas mesmas histórias são representados por meio de corpos masculinos frágeis, magros e portando cicatrizes e deficiências físicas, revelando tratar-se de personagens que incorporam uma masculinidade subalterna e desvalorizada.

O mesmo parece se repetir em revistas de outros gêneros editoriais, também voltadas para o público masculino. Analisando matérias da Revista VIP Exame, Monteiro (2001) destaca como a mesma (re)produz em suas matérias e ilustrações a ideia de um homem moderno, heterossexual e extremamente preocupado com aparência e a apresentação do seu corpo, em especial, a sua musculatura. Na mesma direção, Gomes (2008) e Ramos (2011) analisaram o conteúdo da versão brasileira da Revista Mens’ Health e também identificaram a presença marcante do modelo de masculinidade hegemônica e o grande espaço dado para discussões acerca de como os homens leitores poderiam garantir a eliminação de gordura, uma musculatura definida e um excelente desempenho sexual, sob uma perspectiva marcadamente heteronormativa.

Outros estudos vêm demonstrando como o modelo de masculinidade hegemônica e a dominação masculina também se encontram presentes em práticas sociais cotidianas, como por exemplo, no âmbito do esporte. Nesse sentido, Gastaldo e Braga (2011) destacam como as diferentes modalidades esportivas também contribuem para a construção de modelos de masculinidades pautados na competitividade, na superação dos limites físicos, na agressividade e no delineamento de corpos fortes e viris. Para os autores, as “relações de gênero perpassam todas as manifestações do fenômeno esportivo, das práticas aos consumos: seja entre atletas, árbitros/as, torcedores/as, jornalistas ou dirigentes” (p. 890). Melo e Vaz (2006), por sua vez, analisaram filmes que têm o boxe como temática central e ressaltam como os mesmos também (re)produzem um ideal de homem lutador, agressivo e violento, em conformidade com os padrões difundidos pela masculinidade hegemônica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados do presente estudo permitem compreender como os aspectos socioculturais, em especial o processo de construção social das masculinidades, vem contribuindo para a insatisfação dos homens latino-americanos em relação aos seus próprios corpos e, consequentemente, na maior exposição desses sujeitos a comportamentos alimentares e de atividades físicas que colocam em risco a saúde e o bem-estar desses sujeitos. Apesar dos constantes tensionamentos de acadêmicos e movimentos sociais para desconstrução dos papéis socialmente atribuídos aos homens e às mulheres, o conjunto de estudos analisados revela a necessidade de maiores investimentos em estratégias que possibilitem aos homens refletirem sobre a temática das masculinidades, sobretudo sobre sua saúde física e mental.

Da mesma forma, os resultados apontam para a necessidade de se considerar a dimensão da imagem corporal no âmbito dos estudos de saúde masculina, os quais, ainda hoje, priorizam aspectos relacionados ao adoecimento do sistema genital e urológico (próstata, pênis e testículos), desconsiderando, muitas vezes, aspectos psicossociais como a corporeidade masculina. Nessa vertente, destaca-se a necessidade de estudos que abordem a construção de intervenções voltadas para o enfrentamento da insatisfação corporal masculina e que apontem estratégias que contribuam para a reconstrução dos modos como os homens representam os seus corpos e exercitam sua masculinidade.

Ademais, percebe-se que o estudo da imagem corporal masculina, no contexto latino-americano, ainda se mostra incipiente, quase sempre conduzido por meio da aplicação de inventários e questionários estruturados, voltados para grupos de universitários e esportistas, abrindo pouco espaço para exploração das percepções e vivências de outros sujeitos em relação à sua imagem corporal. Desse modo, acredita-se que outros estudos podem ser desenvolvidos a partir de diferentes aportes teóricos buscando compreender a perspectiva de diferentes grupos masculinos não apenas em relação à conformação dos seus corpos aos padrões hegemônicos, como também compreender as experiências de homens cujos corpos incorporam resistências aos modelos de masculinidade hegemônica, como por exemplo, os homens trans, os portadores de deficiências, dentre outros.

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

Recebido: 21 de Março de 2020; Aceito: 20 de Julho de 2020

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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA Concepção do manuscrito: A. M. Martins, A. R. A. Nascimento Coleta de dados: A. M. Martins Análise de dados: A. M. Martins Discussão dos resultados: A. M. Martins Produção do texto: A. M. Martins, A. R. A. Nascimento Revisão e aprovação: A. M. Martins, A. R. A. Nascimento

CONFLITO DE INTERESSES

Não existem conflitos de interesses

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