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Motrivivência

versão On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.33 no.64 Florianópolis  2021  Epub 01-Mar-2021

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021.e77239 

Artigo Original

Professores universitários de Educação Física: atribuições profissionais sob investigação

University physical education teachers: professional assignments under investigation

Profesores universitarios de educación física: asignaciones profesionales en investigación

Roberta de Souza Gomes1 
http://orcid.org/0000-0003-3302-0473

Francisco Lamassa Junior1 
http://orcid.org/0000-0003-4539-1925

Alan Camargo Silva1 
http://orcid.org/0000-0003-1729-5151

Sílvia Maria Agatti Lüdorf1 
http://orcid.org/0000-0002-8752-3431

1Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Educação Física e Desportos, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 21941-599


RESUMO

O contexto de atribuições desenvolvidas em uma universidade é eivado de complexidade, independentemente da área e, neste sentido, urge ser investigado, especialmente sob o ponto de vista dos professores universitários, como no presente caso. O objetivo do estudo é compreender como professores de Educação Física universitários lidam com suas atribuições profissionais, no que diz respeito ao ensino, à pesquisa e às vivências administrativas. A partir da abordagem qualitativa, foram realizadas 11 entrevistas semiestruturadas com docentes de um curso de graduação em Educação Física de uma universidade pública, além da análise do Currículo Lattes dos mesmos. Foi possível concluir que os docentes estão satisfeitos com suas escolhas profissionais e buscam se organizar para cumprir as diversas atividades acadêmicas. Entretanto, problemas como elevada carga de trabalho e falta de infraestrutura adequada, dentre outros, podem gerar dificuldades no cotidiano laboral.

PALAVRAS-CHAVE: Educação física; Docentes; Universidade; Ensino

ABSTRACT

The context of assignments developed at a university is fraught with complexity, regardless of the area and, in this sense, it is urgent to be investigated, especially from the perspective of university professors, as in the present case. The objective of the study is to understand how university Physical Education teachers deal with their professional duties, with regard to teaching, research and administrative experiences. From the qualitative approach, 11 semi-structured interviews were conducted with professors from an undergraduate course in Physical Education at a public university, in addition to the analysis of their Lattes Curriculum. It was possible to conclude that the teachers are satisfied with their professional choices and seek to organize themselves to fulfill the various academic activities. However, problems such as high workload and lack of adequate infrastructure, among others, can generate difficulties in daily work.

KEYWORDS: Physical education; Faculty; University; Teaching

RESUMEN

El contexto de las asignaciones que se desarrollan en una universidad está cargado de complejidad, independientemente del área y, en este sentido, urge ser investigado, especialmente desde la perspectiva de los profesores universitarios, como en el presente caso. El objetivo del estudio es comprender cómo los docentes universitarios de Educación Física afrontan sus deberes profesionales, en lo que respecta a la docencia, la investigación y las experiencias administrativas. Desde el enfoque cualitativo, se realizaron 11 entrevistas semiestructuradas con profesores de un curso de pregrado en Educación Física de una universidad pública, además del análisis de su Currículo Lattes. Se pudo concluir que los docentes están satisfechos con sus elecciones profesionales y buscan organizarse para cumplir con las diversas actividades académicas. Sin embargo, problemas como la alta carga de trabajo y la falta de infraestructura adecuada, entre otros, pueden generar dificultades en el trabajo diario.

PALABRAS-CLAVE: Educación física; Docentes; Universidad; Enseñanza

INTRODUÇÃO

Os professores adquirem mais conhecimentos ao trabalhar por anos no magistério, o que pode auxiliar na prática cotidiana (TARDIF; RAYMOND, 2000). Entretanto, a atuação pedagógica pode ficar comprometida e, por vezes, não ser satisfatória no que diz respeito à jornada de trabalho, aos incentivos à formação continuada e à progressão na carreira docente (JACOMINI; PENNA, 2016). Sabe-se que a construção de ser docente se estabelece na formação e continuamente na prática profissional (CAMPOS; ALMEIDA, 2019).

Nesse sentido, durante a carreira, o docente está em constante processo de aprendizagem ao conquistar novos instrumentos de ensino e amealhar experiências profícuas para a prática pedagógica (STANO, 2001; TARDIF, 2002). Por outro lado, o momento de afastamento ou desinvestimento do trabalho docente pode ser considerado uma etapa de vida conturbada (HUBERMAN, 2007). Essa fase profissional pode ser caracterizada principalmente em virtude das percepções pessoais sobre o nível de satisfação com: o que foi realizado ao longo da carreira, a obtenção de títulos, as relações estabelecidas com alunos e outros professores e, também, os locais em que se trabalhou (TARDIF, 2002).

Apesar de cada pessoa construir a sua trajetória profissional de forma singular e de atuar em diferentes espaços, existem alguns acontecimentos que são comuns na vida de grande parte dos formadores (FOLLE et al., 2009). Assim, aspectos semelhantes com determinadas singularidades podem ser verificados em professores de Educação Física (SILVA; LÜDORF, 2010).

Especialmente após vários anos de atuação, sugere-se que algumas questões relacionadas à jovialidade e ao avançar da idade passam a inquietar o pensamento dos professores/profissionais de Educação Física, sobretudo aqueles atuantes no mercado do fitness (LÜDORF; ORTEGA, 2013). Estudos realizados com professores de Educação Física de academias de ginástica (FREITAS et al., 2014) e que atuavam em escolas (PORTUGAL, 2017; GOMES, 2016) apontam que os docentes se preocupam com os impactos do envelhecimento em suas práticas profissionais. No entanto, questiona-se como esta realidade de trabalho na área se estabelece especificamente no âmbito universitário.

Ainda que haja relevante produção de conhecimento acerca da compreensão da carreira em Educação Física voltada aos aspectos pedagógicos ou à sobrecarga laboral docente (BOTH et al., 2013; FARIAS; BATISTA; GRAÇA, 2018), torna-se imperioso atualmente empreender investigações sobre a docência universitária, sobretudo pelas crises político-econômicas que vêm comprometendo as universidades, especialmente as públicas (LÜDORF; REI; SILVA, 2018). Assim, alguns trabalhos apontam a necessidade de se investir cada vez mais em pesquisas científicas objetivando entender como o cenário atual de intensificação do trabalho docente e produtividade acadêmica impacta na qualidade do processo ensino-aprendizagem (REZER et al., 2012; RUZA; SILVA; PÁDUA, 2015; GUIMARÃES; CHAVES, 2015).

No entanto, poucos são os estudos sobre a carreira acadêmica ligada à Educação Física, o que demonstra a necessidade de se compreender melhor os aspectos que envolvem esse engajamento profissional. Hopf e Canfield (2001) destacam que as principais dificuldades enfrentadas especialmente pelos professores universitários são os problemas com a renda e obstáculos nas relações interpessoais dentro do ambiente de trabalho.

Nesse contexto, o problema do estudo é apresentado a partir das seguintes questões norteadoras: como professores de Educação Física universitários interpretam o seu papel enquanto docente? Até que ponto estes professores vivenciam a sua atuação no campo da pós-graduação, mais precisamente com relação à pesquisa? Por fim, questiona-se como as funções administrativas podem atravessar a carreira destes professores?

O presente estudo tem o objetivo de compreender como professores de Educação Física universitários lidam com suas atribuições profissionais no que diz respeito ao ensino, à pesquisa e às vivências administrativas1.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa foi realizada com professores universitários que trabalhavam em um curso de graduação em Educação Física de uma universidade pública, situada no estado do Rio de Janeiro. Destaque-se que a referida instituição oferece cursos de licenciatura e bacharelado em Educação Física, além de pós-graduação lato e stricto sensu. Os critérios de seleção dos sujeitos foram: a) ser graduado em Educação Física, b) possuir 15 anos ou mais de experiência na universidade, c) lecionar disciplinas diferentes entre eles. Optou-se por estudar professores de uma universidade pública por dedicarem um número expressivo de horas a um mesmo local. A escolha por sujeitos graduados em Educação Física ocorreu pelo fato de alguns docentes não necessariamente possuírem esta formação inicial, embora atuassem nos cursos de graduação em Educação Física.

Privilegiou-se a etapa da carreira docente denominada de “consolidação na carreira”, quando teoricamente já passaram 15 anos ou mais de magistério (HUBERMAN, 2007). Para mapear estes professores, foi realizado levantamento junto ao departamento de recursos humanos da instituição. A escolha por selecionar professores de diferentes disciplinas visou ampliar o espectro de vivências acadêmicas no intuito de explorar variados pontos de vista com base no que lecionaram. Os professores selecionados atenderam aos critérios de seleção e todos os docentes que foram convidados a participar das entrevistas aceitaram o convite.

O grupo investigado de docentes de Educação Física universitários foi composto por 11 pessoas, sendo oito homens e três mulheres, todos pós-graduados, na faixa etária de 45 a 65 anos. Os participantes da presente pesquisa possuem atuação nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física. Entre março de 2016 e fevereiro de 2017, as entrevistas foram realizadas na universidade em que os participantes trabalhavam e o próprio pesquisador se encarregou de realizar o contato com os professores. Em um primeiro bloco, as perguntas versavam sobre dados gerais do entrevistado, como instituição de formação, locais em que atuou, tempo em que lecionava na universidade, disciplinas ministradas e demais atividades desenvolvidas na unidade. No segundo, as questões estavam voltadas especificamente à prática profissional como professor universitário de Educação Física.

As entrevistas tiveram a duração de 60 minutos aproximadamente e foram gravadas/ transcritas na íntegra. No Quadro 1, constam as informações acerca do perfil docente2 do presente estudo:

Fonte: elaborado pelos autores

Quadro 1 Perfil dos professores universitários 

Na pesquisa qualitativa, as entrevistas semiestruturadas, de acordo com Bauer e Gaskell (2008), fornecem dados básicos para o desenvolvimento e compreensão da relação entre os atores sociais e a situação estudada, com o objetivo apreender alguns comportamentos em contextos sociais específicos. No intuito de se obter mais informações que pudessem auxiliar na compreensão da trajetória acadêmica e profissional de cada docente, conjugou-se às entrevistas, o exame dos Currículos Lattes dos professores. Ressalta-se que dois docentes não estavam cadastrados na Plataforma Lattes3.

A análise de dados foi realizada obedecendo aos critérios de repetição e relevância, como propõe Turato (2011). O critério de repetição é norteado segundo as falas recorrentes do entrevistado, a partir da avaliação de seu conteúdo. O critério de relevância valoriza pontos específicos, que segundo a avaliação do pesquisador, poderá ser um dado importante para a interpretação dos dados.

Os procedimentos empregados na pesquisa estão de acordo com os princípios éticos que orientam as resoluções 466/12 e 510/2016, do Conselho Nacional de Saúde.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS

Ser professor universitário e sua prática docente

Ainda que se trate de professores de uma determinada universidade pública, cuja realidade pode diferir de outras tantas, emergiu dos dados a percepção de que ser professor universitário possibilita contribuir de algum modo para o processo de formação de novos docentes em Educação Física e também a possibilidade de problematizar suas vivências profissionais auxiliando-os na futura inserção no mercado de trabalho:

“[...]ele vai lembrar de você. Então, eu não deixo de falar nada nas minhas aulas. Eu acho que você enquanto profissional, tem que se colocar a serviço do outro, entende?” (M1, 56 anos)

“Então, eu acho que, de lá pra cá, o que eu tento trabalhar todo momento aqui, é essa questão da formação docente. Eu entro em sala de aula e falo para eles: olha, eu não tô vendo graduando, eu não tô vendo alunos. Eu tô vendo professores em formação. Então a relação que eu estabeleço com vocês é de professor pra professor [...].” (M2, 45 anos)

“Participar da formação dos meus alunos, dando a eles o máximo de informações, de situações. É de vivências, de tudo o que eu já passei, tudo o que eu sei, tudo o que eu aprendi. Tudo é, que eu li, estudei. É, tudo que vivenciei dentro do magistério. De forma que eles saiam daqui com a maior capacitação possível pra atuar no mercado de trabalho.” (H3, 64 anos)

“Olha, eu acho o papel do professor universitário fundamental, né? Qualquer área, na formação de qualquer profissional. Eu acho que a tarefa do professor universitário, é uma tarefa extremamente relevante. Porque é necessário formar profissionais para todas as áreas [...] Então, eu considero extremamente relevante esta função.” (H2, 64 anos)

Na perspectiva dos professores entrevistados, é importante se preocupar com a formação para além da transmissão de conhecimento. Em outras palavras, os professores universitários tentam se colocar no lugar do docente em formação a fim de contribuir para a atuação na área e também possibilitar reflexões sobre os acontecimentos relacionados à prática profissional (ALMEIDA; PIMENTA, 2014).

Geralmente, devido à quantidade elevada de horas de aula e demais atividades desempenhadas, o professor diminui o seu tempo de contato com os alunos. A docência passa a ser compreendida, de modo equivocado, como a transmissão rápida de conhecimento, sem necessariamente se preocupar com o nível de compreensão dos alunos (CHAUI, 2003). De acordo com Bourdieu (2008), este processo reforça uma contradição estrutural do campo acadêmico, pois ao propor um ensino voltado para o mercado, acaba por restringir o conhecimento adquirido em algumas disciplinas. Cabe destacar, entretanto, que na realidade estudada, não houve uma tendência de ensino voltado para o mercado.

Para além do entusiasmo com a formação apresentado pelos docentes existem alguns aspectos que poderiam atrair os indivíduos para a carreira na universidade, tais como: liberdade para organizar suas aulas e selecionar os conteúdos que serão ministrados, certa flexibilidade com relação aos horários, atuar primordialmente em um local e, por fim, relativo prestígio social. Ressalta-se que estas características devem ser contextualizadas à luz da instituição estudada, uma universidade pública, como pode ser visto:

“Aqui você tem mais possibilidade de trabalhar melhor a sua disciplina, né? No meu caso, do que na universidade particular, de você mudar, de você ter determinadas coisas que você é obrigado a cumprir. Aqui, você fica livre pra criar, pra desenvolver, pra evoluir, pra mudar o que você acha que não tá certo, sabe?” (M3, não informada)

“Eu tenho uma vaidade danada, ser professor universitário. Tenho um orgulho danado. Eu acho que é uma carreira, apesar de não muito bem remunerada, mas te abre muitas portas na sociedade. Você é muito respeitado na sociedade, né? Então, toda vez que me apresentam: "não, ele é professor da universidade [...] isso demonstra um certo respeito, um certo é, status, né?” (H6, 54 anos)

Os professores que atuam em universidades públicas possuem liberdade para trabalharem o conteúdo dentro da instituição possibilitando uma reflexão acerca da sua prática docente das disciplinas que ministram (REZER et al., 2012). Isto se refletiria na qualidade com que as aulas são realizadas, influenciando de forma positiva no processo de formação do aluno e resultando em um reconhecimento por parte da sociedade (NUNES; OLIVEIRA, 2016). Para Bourdieu (2008), a universidade é repleta de capitais em disputa, logo este prestígio conferido socialmente aos docentes, é uma forma de transformar capital acadêmico em capital social e assim conseguir legitimidade/poder naquele espaço.

Já no cenário do ensino superior privado a realidade pode ser aparentemente distinta. De acordo com Broch et al. (2020) houve nas últimas décadas uma massificação dos cursos de Educação Física (licenciatura/bacharelado) em instituições privadas, o que gerou algumas consequências ao corpo docente. Por exemplo, Gerez e Bracht (2019) detectaram como professores de Educação Física se adaptam a diversos aspectos de cunho mercantil como a sobrecarga de disciplinas, falta de autonomia pedagógica e precário regime de trabalho. Assim, nestes espaços, as relações são permeadas basicamente pelo capital econômico.

A realidade dos professores investigados faz com eles tenham que desempenhar muitas atividades relacionadas ao ambiente universitário, como ministrar aulas, corrigir provas, planejar as disciplinas, envolver-se em projetos de pesquisa e extensão, participar de reuniões dentre outros, gera sentimentos ambíguos. Em alguns casos, a rotina acadêmica, à primeira vista, pode não ser considerada extenuante:

“[...] É, bom, como professor eu não vejo desgaste, desgaste físico. Eu que, o professor, ele tem uma carga de 8 horas ou mais, né? Isso é plenamente realizável por qualquer professor, né? [...] Então, é normalmente, atividade que não é cansativa, no meu ponto de vista. É, são atividades prazerosas [...].” (H2, 64 anos)

Então, toda essa situação que se apresenta, faz com que cada aula pra mim seja uma situação nova. É, é uma alegria grande. É, como se eu tivesse indo para a quadra jogar Tênis. [...] E, aqui a mesma coisa, eu não me vejo trabalhando. Me vejo é fazendo algo muito prazeroso. [...].” (H3, 64 anos)

A partir dos relatos é possível apreender que atuar em algo que proporciona satisfação pode colaborar para que o cotidiano no trabalho dentro da universidade seja algo prazeroso (RUZA; SILVA; PÁDUA, 2015). Outra situação que pode reforçar esta característica é possuir tempo suficiente e liberdade dentro da instituição possibilita uma reflexão acerca da sua prática docente e sobre o conteúdo que abordam nas disciplinas (REZER et al., 2012). Esta conjuntura se refletiria teoricamente na qualidade com que as aulas são realizadas, influenciando também de forma positiva no processo de formação do aluno.

Em contrapartida, este sentimento de contentamento relacionado ao ofício docente pode esconder alguns problemas associados à profissão como a quantidade de exigências a serem realizadas e a jornada de trabalho referente à universidade pública estudada. Nesta perspectiva, a rotina na universidade pode ser considerada exaustiva, devido à sobrecarga de atividades de natureza acadêmica:

“[...] Porque quando você acha que vai comer alguma coisa, um lanchinho, "professora, você pode ver?" [...] Então, essa rotina não necessariamente uma rotina aqui, né? Uma rotina muito em casa, no dia-a-dia, desse material todo que a gente traz pra cá [...] Ah, claro, né? Como todo e qualquer trabalho causa um desgaste físico e, mental[...].” (M2, 45 anos)

“Então, a rotina é essa, dar aula, avaliar, é trabalhar com avaliação do aluno é, lançar notas. É, trabalhar com os e-mails institucionais, pra você informar os alunos dos diversos passos que vão sendo dados durante as disciplinas. E, ao mesmo tempo trabalhar com processos, trabalhar com projetos, etc e tal, nas outras atividades é, administrativas [...].” (H7, 63 anos)

“A única dificuldade é que em se tratando de universidade pública, é muito difícil, né? Burocrático, tem poucos recursos. Então, tudo isso traz muitas dificuldades [...] É bem desgastante. Muitas vezes é até frustrante. Porque você se empenha e, não consegue realizar. Eu acho que isso é o que mais desgasta.” (H4, 59 anos)

Nota-se, portanto, que a sobrecarga laboral do professor universitário não está relacionada somente à quantidade de tarefas que deve cumprir, mas também à variedade de atividades que precisa administrar. Este tipo de rotina profissional impacta direta e inevitavelmente na qualidade de "ser professor universitário".

Diante dessa realidade multifacetada de demandas laborais que atravessam o cotidiano docente, reforça-se, com base em estudos de revisão de literatura (CERICATO, 2016; CORTEZ et al., 2017), a importância de se investigar a multideterminação desses tipos de agravos ao trabalho docente. Em especial, torna-se imperioso empreender estudos também acerca da docência em Educação Física no que diz respeito à articulação entre ensino-pesquisa-extensão, tema esse ainda incipiente na produção do conhecimento da área (LOPES; CARBINATTO, 2019).

Dilemas e paradoxos da carreira universitária

Se a prática pedagógica é algo prazeroso até certo ponto, para os professores, o mesmo não pode ser afirmado em relação à outras atribuições do cotidiano universitário, como permanência em cargos administrativos:

“Eu tenho dito uma carreira muito difícil né? Eu fui chefe de departamento duas vezes. Fui coordenador (de pós-graduação) [...] É uma coisa que eu decidi é que eu não vou ter mais cargo administrativo. Só vou participar de colegiado, cargo administrativo nunca mais.” (H1, 56 anos)

“Então, muito trabalho, muita coisa que você tem que fazer, muitas vezes você fica absolutamente sozinho [...] Então, é, foi um período muito cansativo. E, também, é, algo muito desgastante, porque você lida com todo o pessoal da universidade. [...] Ser diretor [...], é algo extremamente desgastante.” (H2, 64 anos)

Esta é uma questão que merece destaque uma vez que o desgaste emocional provocado pelas demandas dos cargos administrativos pode agravar até a saúde dos professores universitários, pois não raro foi citado certo “esgotamento mental”. Relatos revelam o desgaste emocional derivado de cobranças do cargo, como também ter que gerenciar problemas pessoais e/ou administrativos com outros docentes e/ou funcionários.

Durante o desempenho das funções administrativas, foram mencionadas dificuldades para dispor de tempo para as atividades cotidianas, uma vez que se somavam a estas, participações em reuniões de diversas instâncias, bem como outros compromissos advindos do cargo ocupado. Além disso, a universidade muitas vezes não disponibiliza cursos ou capacitação para instrumentalizar a gestão destes cargos (COELHO, 2017).

A carreira universitária é complexa e abrange uma série de atividades. Consultando o Currículo Lattes dos professores, foram observadas as principais atividades, conforme descritas no Quadro 2:

Fonte: elaborado pelos autores

Quadro 2 Atividades dos professores universitários 

Notou-se que a maioria dos professores atua ou já atuou em cargos administrativos, em projetos de pesquisas e na extensão. Segundo Recktenvald e Souza (2016), grande parte dos professores dos Institutos Federais de Ensino Superior participa de atividades que não podem ser separadas do ensino como a pesquisa e a extensão além das funções administrativas.

Todavia, causa estranhamento um significativo número de professores envolvidos com grupos de pesquisa, mas que não atuam/atuaram no âmbito da pós-graduação:

“Então, durante a minha trajetória eu sempre me envolvi é, com a universidade, com diversos cargos, [...] chefia de departamento [...] coordenador do curso de licenciatura, vice-diretor [...], já com respeito a projetos, eu tenho projetos já há muito tempo, [...] se divide é, em três vertentes, que é a iniciação, a difusão e, o treinamento.” (H3, 64 anos)

“Eu não tenho é a Dedicação Exclusiva oficial na, aquela graninha a mais que a gente ganha. Mas, eu tô só trabalhando na universidade. [...] Antigamente, com Dedicação Exclusiva, o professor trabalha só na universidade. Independente do que ele fazia, independente que ele só trabalhasse aqui. Agora não, agora eles acham que o cara tem que ser pesquisador. Ele pode trabalhar com Extensão, ele pode ser chefe de departamento, pode ser o que for mas, se não for pesquisador, não tem Dedicação Exclusiva.” (H7, 63 anos)

É importante destacar que a inserção em programa de pós-graduação stricto sensu ocorre mediante critérios definidos para credenciamento, baseados em produtividade acadêmica, coordenação de laboratório, dentre outros. O cotidiano universitário, assim, passa a exigir estas novas atribuições, incluindo a criação e desenvolvimento de projetos de pesquisa, e também, de extensão, de certa forma, problematizadas pelos professores.

Analisando-se esta realidade a partir da noção de campo científico de Bourdieu (2004, p. 28), importa destacar que “os agentes sociais, evidentemente, não são partículas passivamente conduzidas pelas forças do campo [...]. Eles têm disposições adquiridas [...] que podem, em particular, levá-los a resistir, a opor-se às forças do campo.” Diante das variadas demandas ligadas à carreira acadêmica, parece que alguns professores, por exemplo, não se adaptaram à lógica de produtividade, normalmente associada a instituições universitárias de prestígio.

Isto porque o envolvimento com a pós-graduação, no ponto de vista dos entrevistados, expõe outras exigências e dificuldades, como as que se referem à cobrança quanto ao número de publicações científicas e aos obstáculos para desenvolver pesquisas:

“[...] Aí começou a ter a exigência da produção, que tinha que ter tantos artigos, tal, tal. E as coisas foram piorando, piorando, piorando. Até o ponto que está atualmente. Mas quem tinha o mestrado funcionando na época, tudo era mais fácil. Tudo era mais fácil. Porque os próprios alunos do mestrado, produziam artigos com os professores.” (H2, 64 anos)

“[...] Primeiro de você ter um lugar calmo, de você ficar, no meu caso eu não tenho. É, estrutura, telefone, internet. Então é, eu não gosto de pesquisar na universidade, prefiro pesquisar fora daqui.” (M3, não informada)

Na atualidade, a função do professor está se modificando devido às exigências que deve cumprir como as atividades profissionais e pessoais, acarretando aumento do número de responsabilidades. Entre os professores universitários, a cobrança para realização de publicações científicas acaba sendo um fator estressante gerando, por vezes, exaustão emocional (CARLOTTO, 2004).

Se por um lado os educadores investem na sua formação didático-pedagógica no decorrer da carreira, por outro lado, são cobrados quanto à sua capacidade de produção científica (MEYER; ORLANDO; VOSGERAU, 2017). Certas cobranças parecem ser específicas de professores que atuam em universidades públicas, ou seja, que lecionam em regime de 40 horas com dedicação exclusiva e participam da pós-graduação (GUIMARÃES; CHAVES, 2015).

Em relação às condições do ambiente encontrado na universidade, Lüdorf, Rei e Silva (2018) ressaltam a precariedade da infraestrutura que, por vezes, pode dificultar a realização das atividades acadêmicas. No entanto, por meio da identificação dos problemas que afetam os professores, é possível encontrar soluções que possam auxiliar a melhorar o cotidiano laboral universitário (MARTINS; VARANI, 2012).

Esta realidade é diferente se comparada a dos docentes de Educação Física escolar por exemplo, que associaram o cansaço da profissão a tarefas rotineiras como transportar material, permanecer exposto ao sol e realizar exercícios junto aos alunos (LÜDORF; ORTEGA, 2013).

Em um estudo realizado por Lemos, Nascimento e Borgatto (2007) com professores de Educação Física do Ensino Fundamental e Médio, verificou-se que grande parcela dos docentes estava satisfeita com a qualidade de vida no ambiente laboral principalmente em relação à estabilidade no emprego e importância do trabalho desenvolvido, ao passo que estavam descontentes com o salário.

Aparentemente, de acordo com Favatto e Both (2019), a desvalorização financeira continua sendo um dos motivos para o abandono de professores de escolas em início de carreira. Entretanto, para os professores universitários esta perda parece estar associada ao valor profissional:

“[...] Agora sem dúvida alguma, eu acho que o professor universitário goza de um status um pouco maior, do que o professor de escola. Não é muita coisa. Se você pensar o professor, no geral, né? Não tem um sentido de respeito que se tinha por exemplo na geração passada. Ou, eu acho que a gente vem passando por um processo de... perda [...].” (M2, 45 anos)

Para os docentes analisados, o professor universitário possui uma função importante, pelo fato de ser responsável por formar novos educadores. Devido à relevância do seu papel social, o professor universitário merece condições adequadas para lecionar, alcançando sua valorização (TARDIF, 2002) ou mereceria, o que nem sempre se traduz na realidade desta categoria.

Mesmo que haja um sentimento de desvalorização, diante do contexto apresentado, é possível apreender que escolha de ser professor universitário, dentre tantas outras profissões é uma tarefa multifatorial e que exige condições para exercê-la, mas que alguns docentes resolveram esta questão com relativo êxito devido ao grau de satisfação que demonstram pela escolha profissional:

“Eu sou inteiramente satisfeito com o caminho que eu trilhei até chegar na universidade, a universidade em si. O que eu construí pra mim foi extremamente relevante, bastante relevante. E, eu acho que deixei pra alguns alunos, talvez até para a maioria, uma noção do que é ser professor, não é?” (H2, 64 anos)

“Mas, sabe, foi assim. Eu sou muito grata. Muito grata mesmo à área. Às vezes eu falo: "Não saberia fazer? Saberia." Eu acho que eu saberia fazer várias outras coisas. Mas com essa paixão, com essa. Acho que eu não me via em outro lugar. [...].” (M2, 45 anos)

Silva e Lüdorf (2010) detectaram que alguns professores de Educação Física demonstram comprometimento com o trabalho em função da satisfação com a carreira. Freitas et al. (2014) apontam que os profissionais de Educação Física estão realizados com a profissão que escolheram, embora não se sintam satisfeitos com certa desvalorização ao longo do tempo e com determinadas condições de trabalho

No entanto, ao analisar os relatos dos professores, nota-se que estão satisfeitos com a carreira que construíram como professores de Educação Física. Outro aspecto que traz contentamento para os docentes entrevistados é o fato de atuarem em uma universidade pública. Este fato contribui para que os docentes com menos tempo na profissão adquiram vivências da prática pedagógica através do contato com os antigos professores que ainda continuam motivados no ofício do ensinar.

Apesar de estarem próximos à aposentadoria, apresentaram entusiasmo com a profissão. Alguns demonstraram também interesse em continuar a estudar. Isso, de certo modo, não se coaduna com a perspectiva de Huberman (2007) ao sugerir que, geralmente, professores próximos da aposentadoria pensam em parar de lecionar. Habitualmente, a aposentadoria ocorre paralelamente ao processo de envelhecimento. Embora Bourdieu (2008) aponte que capital acadêmico torna-se maior ao envelhecer, Le Breton (2011) argumenta que os indivíduos, apesar de combaterem as características apresentadas pela idade, o medo de envelhecer está ligado a perda da posição profissional e consequentemente social.

Assim, a razão da permanência do vínculo dos professores universitários com a profissão não ocorre primordialmente pela questão financeira, mas pela satisfação de ocupar o cargo de professor universitário. Assim, ao se desligarem da prática profissional em um futuro próximo, pode-se pensar como tais docentes irão lidar com o afastamento da profissão acarretado pela aposentadoria que costuma trazer um sentimento de desconforto (NASCIMENTO; POLIA, 2019).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, foi possível compreender que existem algumas atribuições no cotidiano de professores universitários na área de Educação Física. De forma geral, no âmbito pedagógico foi detectado um sentimento de satisfação e de realização, principalmente associado ao caráter formativo da instância acadêmica. Assim, o fato de lecionar disciplinas na graduação parece despertar mais sentimentos associados ao prazer do que ao cansaço, divergindo de resultados encontrados em estudos com professores de Educação Física que atuam em outras esferas.

Com relação as demandas advindas da pós-graduação, a necessidade de estar engajado como pesquisador, as demandas por pressão pela produtividade científica e à falta de infraestrutura adequada, são elementos que geram dificuldades ao cotidiano da profissão. Neste contexto, parece interessante pensar em possíveis especificidades laborais relativas à Educação Física e à universidade pública estudada.

Já especialmente com relação as vivências as administrativas, parece existir um fator de desequilíbrio na relação entre o tempo e as atividades a serem desempenhadas. O que desencadeia uma sobrecarga de tarefas, com implicações, que muitas vezes, provocam desgastes emocionais aos docentes.

Conclui-se que ao se discutir a carreira de professores de Educação Física na universidade é importante conhecer, para além das questões que envolvem a prática pedagógica, os problemas que os docentes enfrentam no ambiente de trabalho e de que forma lidam com os mesmos. Neste sentido, recomenda-se a realização de estudos que possam aprofundar o conhecimento da realidade de outras instituições, tanto públicas como privadas, ou mesmo que se debrucem mais detidamente sobre o cotidiano universitário, de modo a melhor compreender os paradoxos e dilemas enfrentados pelos professores.

REFERÊNCIAS

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1 Declaramos que o presente manuscrito não possui conflito de interesses.

2“H” é usado para se referir aos homens e “M” para se referir às mulheres.

3A Plataforma Lattes é a experiência do CNPq na formação de bases de dados de Currículos, de Grupos de pesquisa e de Instituições em um único Sistema de Informações (Disponível em: http://lattes.cnpq.br/).

AGRADECIMENTOS Não se aplica

FINANCIAMENTO Este estudo é derivado da dissertação de Roberta de Souza Gomes e foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Este estudo teve aprovação do comitê de ética, através do processo 52/2008 e parecer 04/2009

LICENÇA DE USO Os autores cedem à Motrivivência - ISSN 2175-8042 os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution Non-Comercial ShareAlike (CC BY-NC SA) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, desde que para fins não comerciais, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico desde que adotem a mesma licença, compartilhar igual. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico, desde que para fins não comerciais e compartilhar com a mesma licença

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani de Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITORA DE SEÇÃO Bianca Poffo

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto

Recebido: 18 de Setembro de 2020; Aceito: 05 de Fevereiro de 2021

betadylong@hotmail.com

lamassaufrj@gmail.com

alan10@zipmail.com.br

sagatti@ufrj.br

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Não se aplica

CONFLITO DE INTERESSES

Não se aplica

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