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Motrivivência

versión On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.33 no.64 Florianópolis  2021  Epub 05-Ago-2021

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021.e79622 

Artigo Original

A prática científica dos grupos de pesquisa no subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar

The scientific practice of research groups in the academic-scientific subfield of Physical Education in schools

La práctica científica de los grupos de investigación en el subcampo académico-científico de la Educación Física en la escuela

Jessica Serafim Frasson1 
http://orcid.org/0000-0002-6142-1971

Eduardo Batista von Borowski2 
http://orcid.org/0000-0001-6779-5133

Elisandro Schultz Wittizorecki1 
http://orcid.org/0000-0001-7825-0358

1Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil

2Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de Santa Catarina, Garopaba, SC, Brasil


RESUMO

O presente texto é fruto de uma tese de doutorado e tem como objetivo apresentar as práticas científicas dos grupos de pesquisa da região sul do Brasil que pesquisam o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar. O desenho metodológico estrutura-se a partir da pesquisa qualitativa e apresenta a prosopografia como procedimento metodológico vinculado a entrevistas semiestruturadas e à análise de documentos como ferramentas do processo de obtenção das informações. Foi possível compreender que as práticas científicas são orientadas político-epistemologicamente e indicam não apenas aquilo que os agentes fazem e a forma que fazem, mas, sobretudo, os interesses e intencionalidades que orientam as suas ações e disposições no espaço social;pois, suas agendas de pesquisas, os caminhos metodológicos, as problematizações e as produções científicas estão intimamente articuladas as suas bases político-epistemológicas e, portanto, concepções de mundo, de educação e de Educação Física escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Subcampo acadêmico-científico; Educação física escolar; Grupo de pesquisa; Prática científica; Epistemologias

ABSTRACT

This text aims to analyze the scientific practices of research groups dedicated to the academic-scientific subfield of Physical Education in Schools. It focuses on groups working in the Southern region of Brazil. As the methodological design, the authors have chosen qualitative research and prosopography as methodological procedures linking semi-structured interviews to the analysis of documents for obtaining information. It was possible to understand that the scientific practices of the groups are politically and epistemologically oriented and indicate not only the agents’practices but also the interests and intentions that guide their actions and dispositions in the social space. Because a result, their research agendas, methodological paths, problematizations, and scientific productions conect closely linked to their political and epistemological basis, and, therefore, conceptions of the world, of education and school Physical Education.

KEYWORDS: Academic-scientific subfield; Physical education in schools; Research groups; Scientific practice; Epistemologies

RESUMEN

Este texto tiene como objetivo presentar las prácticas científicas de los grupos de investigación en la región sur de Brasil que se dedican a investigar el subcampo académico-científico de la Educación Física en la escuela. El diseño metodológico se basa en la investigación cualitativa y presenta la prosopografía como un procedimiento metodológico vinculado a las entrevistas semiestructuradas y el análisis de documentos como herramientas para el proceso de obtención de información. Entendemos que las prácticas científicas de los grupos están orientadas político-epistemológicamente y indican no solo lo que hacen y cómo lo hacen los agentes, sino, sobre todo, los intereses e intenciones que orientan sus acciones y disposiciones en el espacio social, desde su las agendas de investigación, los caminos metodológicos, las problematizaciones y las producciones científicas están estrechamente vinculadas a sus bases político-epistemológicas, y, por tanto, concepciones del mundo, la educación e la Educación Física escolar.

PALABRAS-CLAVE: Subcampo académico-científico; Educación física en la escuela; Grupo de investigación; Práctica científica; Epistemologías

INTRODUÇÃO

O presente texto deriva de uma tese de doutorado que buscou, a partir das lentes teóricas de Pierre Bourdieu sobre a sociologia da ciência e da perspectiva libertadora de Paulo Freire, compreender o engendramento do subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar e as relações construídas nesse espaço social a partir dos grupos de pesquisa. Uma das considerações realizadas na referido pesquisa - e tema de análise e reflexão neste texto - trata sobre as práticas científicas dos grupos de pesquisas, isto é, sobre um conjunto de ações que são arquitetadas e gestadas pelos agentes para sua manutenção no campo científico. São práticas que se materializam nas formas de produzir e de construir conhecimentos - avanços, problemas, produções, caminhos metodológicos e, concepções teóricas, político-epistemológicas -, nos diálogos, nas relações científicas, nas posições que os agentes ocupam e, nos seus interesses e envolvimentos no espaço social (FRASSON, 2020). Deste modo, objetivamos apresentar as práticas cientificas dos grupos de pesquisa da região sul do Brasil que se dedicam a pesquisar o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar.

Para avançar na proposta desse texto, retomamos a noção de campo científico que orientou nossas reflexões, nas palavras de Bourdieu (2019, p.59),ele "é como um jogo, que é inventado pouco a pouco, [...] através de uma série de instituições, os congressos eruditos, os anais de congressos, as publicações", e, acrescentamos, as temáticas e agendas de pesquisa, as metodologias e as orientações epistemológicas dos agentes envolvidos nesse espaço social. Com a teoria dos campos sociais de Bourdieu, passamos a entender, que estes se caracterizam por espaços sociais, mais ou menos restritos, onde as ações individuais e coletivas se dão dentro de uma normatização. O espaço social, segundo Bourdieu (2013, p.136), "não é o espaço físico, mas ele tende a se realizar de forma mais ou menos completa e exata nesse espaço”; um (o espaço físico) é definido pela exterioridade recíproca das partes, já o outro (o espaço social) é composto pela “pela exclusão mútua (ou distinção) das posições que o constituem; isto é, como estrutura de justaposição de posições sociais” (BOURDIEU, 2013, p.133).

Entender o campo como um espaço social é entender que, mais que um local diverso, ele é um espaço de diferenças associadas à percepção das diversas dimensões que conformam a vida social. Partindo dessa noção, entendemos a Educação Física como um campo de conhecimento acadêmico-científico que, como destacam Molina Neto et al. (2006, p.160) é "multidisciplinar e polifônico", é engendrado por diferentes áreas de conhecimento que, com suas particularidades e especificidades, formam os subcampos que, por sua vez, concentram os debates, as evidências científicas, as experiências acadêmicas, as reflexões e as compreensões dos agentes acerca das temáticas que constituem, desenvolvem e consolidam o respectivo subcampo, no campo em que se encontram.

Na polifonia da Educação Física, nos dedicamos a estudar aquela que, historicamente vem ocupando a menor fatia das produções: a Educação Física escolar (ANTUNES et al., 2005; BRACHT et al.,2011; BRACHT et al. 2012; WIGGERS et al., 2015); compreendendo-a como um subcampo acadêmico-científico que trata de uma das especificidades do campo da EF, concentrando "os agentes e as instituições que produzem, reproduzem ou difundem [...] a ciência” (BOURDIEU, 2004, p.20), as experiências acadêmicas, os debates, as reflexões e as compreensões sobre a referida temática, que constituem, desenvolvem e consolidam o respectivo subcampo no campo em que se encontra. Além disso, compreendemos a Educação Física escolar como um subcampo que compreende, pedagógica e cientificamente, a cultura corporal de crianças, adolescentes, adultos e idosos, estudantes das escolas brasileiras públicas e privadas. Não se trata, portanto, de uma questão de nomenclatura, considerando o histórico de constituição da Educação Física escolar - particularmente no que diz respeito às tensões advindas do desprestígio do tema no interior do campo científico - e as especificidades de fazer pesquisa nesse espaço social, trata-se de um esforço que demarca e determinar o lugar dessa pesquisas o campo da Educação Física (FRASSON, 2020).

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, que ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas complexas relações sociais (LÜKDE; ANDRÉ, 1986). Além disso, este estudo se apropriou da prosopografia como procedimento metodológico. Enquanto método, Bourdieu (1996) destaca que a prosopografia, fornece dados objetivados de certo indivíduo, ou seja, as disposições socialmente construídas que o posicionam no mundo social. Para Stone (2011) a operacionalização do método dá-se, em primeiro lugar, pela definição de um universo de sujeitos e, em segundo lugar, pela formulação de um grupo de questões padronizadas a serem lançadas ao universo definido.

Entendemos que os agentes que produzem o conhecimento da Educação Física escolar no subcampo podem ser identificados em diferentes frentes: (a) nos Programas de Pós-Graduação (PG)stricto sensu da Educação Física e áreas afins; (b) em programas de PG em outras Áreas ou Grande Área de conhecimento; (c) na PG lato sensu; e (d) nos professores e professoras que trabalham cotidianamente com a Educação Física escolar, seja na escola de ensino básico, seja no ensino superior. Então, um dos desafios da pesquisa foi lançar mão de uma análise do subcampo acadêmico-científico que contemplasse uma amplitude significativa dessas frentes sem perder a profundidade analítica. Por conseguinte, encontramos nos grupos de pesquisas o espaço que poderia auxiliar na empreitada, pois, eles possuem uma diversidade de agentes sociais, de trabalhos e de localizações acadêmico-científicas.

Os grupos foram identificados no site do Diretório de Grupos de pesquisa (DGP) do CNPq, com o descritor “Educação Física escolar”. Foram estabelecidos os seguintes critérios para identificação dos grupos no site: a identificação do descritor no nome do grupo, no título das linhas de pesquisas, nas palavras-chave, nos objetivos das linhas de pesquisas e na repercussão científico do grupo; bem como a delimitação da região sul do Brasil como espaço geográfico. Para estudar os grupos de pesquisa, elaboramos uma ficha prosopográfica, onde concentramos as informações sobre os grupos, seus líderes e demais pesquisadores, e lançamos mão da entrevista semiestruturada e da análise de documentos (LÜKDE; ANDRÉ, 1986) como ferramentas para o processo de obtenção das informações.

As entrevistas foram realizadas de forma presencial e/ou online, após agendamento prévio com os líderes, que foram contatados via site do DGP e também via e-mail. Dos 36 líderes identificados, 17 aceitaram conceder as entrevistas, que foram realizadas entre os meses de outubro a dezembro de 2018, conforme aceite e agenda dos líderes. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas, totalizando 13h de áudio e 128 páginas de transcrições.

A análise de documentos se deu a partiu de três documentos: (a) o Currículo Lattes dos líderes e demais pesquisadores dos grupos, onde identificamos informações sobre a produção intelectual dos sujeitos e as temáticas de estudos que se dedicavam a investigar; (b) a página dos grupos de pesquisa, no site do diretório (http://lattes.cnpq.br/web/dgp) que dá acesso às informações de cada grupo cadastrado na plataforma do DGP (identificação, endereço, contato, repercussões, linhas de pesquisa, instituições parceiras, indicadores de recursos humanos de cada grupo; equipamentos e software, quandoutilizados; indicadores de produção de cada um dos líderes, periódicos e número de publicações dos agentes, nos últimos vinte anos - 2000/2020); e (c) o manual do usuário, documento disponível no site do CNPq (http://lattes.cnpq.br/web/dgp/manual-do-usuario/) que apresenta as funcionalidades básicas do sistema DGP e orienta os usuários quanto à sua utilização.

Todas as informações obtidas a partir do corpus documental e das entrevistas foram agrupadas e organizadas em tabelas, quadros e sínteses que permitiram a construção de categorias analíticas sobre o mecanismo de engendramento do subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar e, especificamente neste texto, sobre as práticas científicas dos grupos de pesquisas que se dedicam a estudar e pesquisar o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar. Para fins de rigor metodológico, a pesquisa também assumiu a responsabilidade ética de preservar a identidade dos participantes, optando por utilizar nomes fictícios para identificar e referir-se aos líderes que concederam a entrevista e números para identificar os grupos de pesquisa. Por fim, destacamos que a pesquisa foi submetida à apreciação da Plataforma Brasil, sob certificado de apresentação para apreciação ética nº 16610519.9.0000.5347 eaprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o parecer consubstanciado de nº3.627.614.

ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES

O que define um grupo de pesquisa, segundo as informações obtidas no site do DGP, é “um conjunto de indivíduos organizados hierarquicamente em torno de uma ou, eventualmente, duas lideranças”; é compreendido como um espaço que demanda “envolvimento profissional e permanente com a atividade de pesquisa”; onde o “trabalho se organiza em torno de linhas comuns de pesquisa que subordinam-se ao grupo (e não ao contrário)”; e, “que, em algum grau, compartilha instalações e equipamentos” (CNPq, 2020).

Os grupos de pesquisa tendem a aglutinar e concentrar pesquisadores com interesses comuns em temas específicos, que comungam e/ou se aproximam das mesmas bases teóricas, epistemológicas e, portanto, políticas; por isso, compreendemos os grupos de pesquisa, como um espaço de reflexão, de problematização, de produção e de difusão de conhecimento científico. Assim, quando buscamos compreender a prática cientifica dos grupos de pesquisa da região sul do Brasil que se dedicam a pesquisar o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar; esse movimento ajuda a compreender aquilo os agentes fazem e da forma como fazem, isto é, o que pesquisam, como e porque; além de fornecer elementos para refletirmos sobre as posições e os espaços que os líderes, seus grupos e as pesquisas que realizam ocupam no espaço social.

Para apresentar as práticas científicas dos grupos, procuramos analisar e compreender as produções dos agentes que compõem os grupos de pesquisa, as temáticas de pesquisa a que eles têm se dedicado, os caminhos metodológicos escolhidos pelos agentes para desenvolverem seus estudos e as bases teóricas e epistemológicas que orientam e embasam as pesquisas. Essas informações serão apresentadas a seguir por meio de entrevistas e análise de documentos.

Inicialmente, buscando entender as produções dos respectivos grupos, analisamos os índices de produção no site do DGP - no que se refere a artigos, a livros e a capítulos de livros -, de todos os 348 integrantes que compõem os dezessete grupos de pesquisa nos últimos cinco anos (2015/2019), ou, em alguns casos, a partir da data em o agente ingressou no referido grupo de pesquisa. Identificamos que 82,4% dos grupos possuem produção em artigos, livros e capítulos de livros, enquanto que 11,7% produziram artigos e capítulos de livros e 5,9%, livros e capítulos de livros. Interpretamos que essa disposição e tendência da produção, possa decorrer da pressão imposta por quem conduz e regula o campo acadêmico-científico ou, ainda, por conta de os líderes estarem ou não credenciados em programas de pós-graduação. Este é um mecanismo que condiciona a produção dos agentes e no campo acadêmico-científico não é novidade que a produção de artigos tende a ser aquela considerada de mais valor, pois, "no excurso do que é uma produção acadêmica [...]", não se discute o conhecimento produzido, "[...] mas os pontos que gera" determinada produção (MANOEL, 2020, p.5).

A partir da triangulação das informações obtidas nas entrevistas, nos currículos e no site do DGP, pudemos identificar a tendência das produções: os grupos em que os líderes e demais participantes estão vinculados com a PG tendem a produzir mais artigos, livros e capítulos de livros, enquanto os que não possuem essa vinculação, concentram suas produções em trabalhos para apresentar em congressos. Ao mapear as produções dos agentes, também compreendemos que elas, na maioria das vezes, referem-se às temáticas de estudos, que, por sua vez, indicam aquilo que os grupos fazem enquanto produtores de conhecimento na área em que estão localizados, além de estabelecerem, de alguma forma, a organização do subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar. Abaixo, apresentamos exemplos de temáticas de estudo/pesquisa e as diferentes metodologias que sustentam as pesquisas realizadas pelos grupos em que os líderes foram entrevistados:

“Trabalhamos preferencialmente com a formação inicial e continuada, e algumas pesquisas sobre o planejamento com foco na formação” (Marcelo, líder do grupo 14).

“Estudamos as temáticas de formação inicial, trabalho docente, estruturação e organização do ensino e da escola” (Gabriela, líder do grupo 04).

“A linguagem, essa está sendo uma das temáticas centrais hoje. As concepções e olhares sobre a linguagem” (Marcia, líder do grupo 22).

“Trabalho docente, construção da identidade, docência, prática docente, prática pedagógica e educativa, a socialização” (João, líder do grupo 28).

Esses grupos apresentam, em suas temáticas de pesquisa, elementos que ajudam a compreender o professorado e a formação de professores em seus mais amplos aspectos. Para Carlos, líder do grupo 27 - que também tem se dedicado a estudar temáticas semelhantes -, essas são possibilidades de estudos que

“ajudam a entender o que os professores fazem, porque fazem e da forma que fazem no seu cotidiano” (Carlos, líder do grupo 27).

Desse modo, entendemos que esses grupos se apropriam da Educação Física escolar, adentrando e embarrando-sedo cotidiano da escola para realizarem suas pesquisas. No trecho da entrevista de João, líder do grupo 28, subentende-se que as temáticas de pesquisa estão fortemente ligadas aos interesses e às escolhas cotidianas do grupo. Do mesmo modo, a partir da narrativa de Marcia, líder do grupo 22, é possível interpretar que a agenda de pesquisa dos grupos pode ser constituída de forma processual, acompanhando aquilo que os agentes entendem como necessário em um determinado tempo histórico. A mesma disposição pode ser identificada nas entrevistas realizadas com Carla e Lucas, líderes dos grupos 03 e 19:

“A cada quatro ou cinco anos nós escolhemos uma temática associadas às discussões de corpo e cultura física, considerando as questões sociais, históricas e econômicas de relação de poder, e questões da diversidade étnica, racial e de classe social” (Carla, líder do grupo 03).

“Currículo é a que tem mais potência nas discussões dentro do grupo, tendo sempre, de algum modo, a formação em saúde atravessada...Pesquisamos em diferentes nichos: bodybuilding, docência em diferentes níveis de ensino, serviços de saúde, artefatos midiáticos [...] uma marca do grupo é a questão dos temas emergentes, a questão da Educação Física na área de construção curricular ainda é muito verde na nossa área [...] tem muito o que se discutir. Quando e se isso estiver saturado, na perspectiva do grupo, vamos cavar em outros poços, outros temas, e é por isso que temos tantos trabalhos diferentes no grupo, né…” (Lucas, líder do grupo 19).

As narrativas indicam a processualidade dos temas que compõem as agendas de pesquisa dos grupos. Contudo, um outro elemento passível de análise diz respeito ao prestígio acadêmico, às escolhas e aos interesses dos líderes por determinados temas de investigação que podem render capitalização científica para as disputas travadas no interior do campo e do subcampo acadêmico-científico. No caso de Lucas, líder do grupo 19, as agendas de pesquisa variam de acordo com a saturação ou emergência das temáticas no campo; analisando as pesquisas realizadas pelo coletivo, identificamos a dedicação do grupo à diferentes temáticas e que, segundo o líder, representam aquilo que é novo ou pouco estudado pelos demais agentes no campo. A autoria científica também pode ser considerada como uma forma de capital científico, aquele que é representado pelo prestígio, pelo reconhecimento, pela definição de posição social e de autoridade (BOURDIEU, 1983; 1989).

Seguindo nas análises, uma outra temática de estudo foi identificada no grupo 15, liderado por Patrícia:

“Estudamos corpo, gênero e sexualidade. A Educação Física tem sido apontada em alguns estudos como a disciplina privilegiada para trabalhar essas temáticas. [...] Talvez porque o corpo seja mais evidente nesse contexto, porque a estrutura da aula seja mais próxima dos alunos. [...] ou, por ser uma disciplina mais voltada para as práticas corporais e esportivas, a questão de gênero grita nas escolas e a sexualidade tem sua vinculação com a questão dos esportes” (Patrícia, líder do grupo 15).

Na lógica de ciência hegemônica estabelecida pela estrutura que normatiza o campo acadêmico-científico da Educação Física, a narrativa de Patrícia representa temáticas de pesquisa que são consideradas marginais ou arriscadas no que se refere ao prestígio e à autoridade científica em uma determinada lógica de fazer ciência e produzir conhecimento. Molina Neto (1997), ao debater sobre a prática pedagógica dos professores de Educação Física, aponta que a condição marginal dada ao componente curricular conduz o professorado a certo isolamento do trabalho docente na escola. No subcampo acadêmico-científico, também é possível identificar esse isolamento, uma vez que são inúmeras as dificuldades encontradas pelos pesquisadores de temáticas não tão legitimadas e prestigiadas pela estrutura social.

No campo acadêmico-científico da Educação Física, onde se perpetua historicamente a tradição de pesquisa anglo-saxônica, as disputas entre os agentes acontecem justamente pelo fato de que a produção do conhecimento acadêmico-científico vem sendo configurada, alicerçada e justificada com base no modelo epistemológico hegemônico que desconsidera as demais teorias epistêmicas e racionalidades científicas. Santos (2009, p.49) destaca que a produção do conhecimento científico foi configurada por um modelo epistemológico dominante, que compreende o mundo a partir de seus cânones, descontextualizando e impedindo a emergência de outras formas de saber, gerando uma espécie de epistemicídio, que, nas palavras do autor, significa "a destruição de algumas formas de saber" e ainda "a inferiorização de outros". Esse movimento desperta os efeitos de dominação, onde os dominantes não só oprimem os agentes marginalizados como também suas formas de produção. Nesse sentido, apresentamos um trecho da entrevista realizada com Ana, líder do grupo 18:

“Infelizmente muitos professores baseados ou alicerçados em teorias pedagógicas, visam apenas à reflexão do movimento. [...] Trabalham tudo, menos a Educação Física [...] Nossa temática de pesquisa é a saúde na escola, o papel do profissional da saúde dentro da escola, a questão da inclusão e a avaliação escolar além do ato pedagógico. [...] Na escola, fizemos avaliação da postura estática e dinâmica, blitz para analisar a postura dos alunos, o peso das mochilas, como se sentam em sala de aula, [...] e damos orientação aos professores. Posso te garantir que é melhor que discutir Movimento sem Terra” (Ana, líder do grupo 18).

O trecho apresentado nos leva a refletir sobre dois pontos de análises. O primeiro diz respeito à concepção de Educação Física identificada nas entrelinhas da narrativa. Ao apresentar as temáticas de pesquisa, Ana nomeia o professor de Educação Física como profissional da saúde, sendo possível perceber uma relação entre aquilo que o seu grupo faz enquanto pesquisa e aquilo que entende como função do professor de Educação Física na escola, uma vez que evidencia essas temáticas em detrimento de outras. Retomando um pouco da história da EF no Brasil, é possível pensar que não só essa concepção possui raízes europeias, como também está pautada a partir de um modelo positivista de ciência, no qual os corpos “são tomados como objetos mensuráveis, passíveis de classificações e generalizações isentas de paixões e impregnadas da neutralidade própria da abordagem positivista de ciência” (SOARES, 1994, p.27).

O segundo ponto de análise é reflexo do primeiro, ele trata da crítica apontada por Anasobre a “teorização dos conhecimentos” no componente curricular da Educação Física escolar a partir das perspectivas pedagógicas adotadas pelo professorado. Essa crítica também foi identificada na narrativa de Mário, ao se posicionar e afirmar que o grupo 20 é

“desfavorável a toda uma pedagogia chamada crítica que, no nosso ponto de vista, muito pouco colabora com o papel da Educação Física” (Mário, líder do grupo 20).

Interpretamos que as críticas realizadas por Ana e Mário estão alicerçadas nos mitos de origem da Educação Física e versam sobre a velha e longa discussão do que é ou do que deixa de ser o campo de conhecimento, principalmente quando se pensa no chão da escola. Sobre isso, Bourdieu (1983, p.141) alerta que "os julgamentos sobre a capacidade científica de um estudante ou de um pesquisador estão sempre contaminados, no transcurso de sua carreira, pelo conhecimento da posição que ele ocupa nas hierarquias instituídas".

Analisando as críticas de Ana e Mário a partir das pesquisas que os coletivos realizam, entendemos a posição hierárquica que ocupam no campo, pois são, antes de tudo, temáticas historicamente legitimadas na área por aqueles que dominam o fazer científico nesse espaço social. Vale destacar que temáticas muito semelhantes às apresentadas na narrativa de Ana, líder do grupo 18, também foram identificadas nas entrevistas realizadas com Mário e Paulo líderes dos grupos 20 e 23, em que ambos afirmam desenvolver pesquisas ligadas à

“atividade física, saúde, envelhecimento humano, e as doenças crônicas” (Paulo, líder do grupo 23).

Além disso, fomentam, por meio de suas pesquisas e projetos, o

“aumento de atividade física, buscando uma modificação no perfil saudável das crianças e adolescentes das escolas” (Mário, líder do grupo 20).

Entendemos, desde Soares (1994), que as temáticas de estudo e pesquisa dos grupos 18, 20 e 23, liderados por Ana, Mário e Paulo, revelam a influência do pensamento científico positivista, da cultura, dos modelos e dos métodos europeus sistematizados na Educação Física brasileira, além de tratarem de conhecimentos que vêm a cuidar do “corpo doente” e a estabelecer as regras sociais de manutenção do “corpo sadio”. Na contramão dessas compreensões e temáticas de pesquisa, apresentamos a partir das entrevistas realizadas com Artur, Marcos e Bete, líderes dos grupos 11,21 e 26, outras formas de pesquisa e pesquisar no subcampo acadêmico-científico:

“Educação Física escolar [...] é onde estudamos, pesquisamos e militamos [...] temos trabalhos que tratam da saúde na EF Escolar, o multiculturalismo, a EF no currículo do Instituto Federal, a aula de EF, a construção da resistência do professor de EF na escola, a EF na escola Kaingang, na socioeducação...” (Marcos, líder do grupo 21).

“Interculturalidade, multiculturalismo, e corporeidade, temas que estão florescendo a partir das discussões nas escolas” (Bete, líder do grupo 11).

“Estudando uma proposição de organização do ensino, [...] estamos aprofundando a questão do conteúdo da Educação Física.Tratamos hoje sobre o objeto, caracterizamos, identificamos…, mas não compreendemos no seu interior, o conteúdo desse objeto… Aprendemos a regra, mas não sabemos dizer o motivo que faz ela ser assim... Não é só sobre o fazer que a gente lida, mas é um saber sobre esse saber fazer, e a área ainda não construiu sobre isso” (Artur, líder do grupo 26).

Artur, Bete, Marcos e seus respectivos grupos têm se dedicado a investigar elementos didáticos e pedagógicos, metodologias de ensino, conteúdos, cultura escolar, diferentes níveis de ensino e demais temáticas da Educação Física escolar que emergem do cotidiano das escolas e dos professores. Entendemos que essas temáticas estão vinculadas aos interesses de estudo e de pesquisa desses agentes e podem contribuir como uma ferramenta para conhecer, para entender, para ler e para apreender a realidade social em que estão inseridos, problematizando, percebendo o mundo, suas crenças e suas disposições sociais.

Marcos, líder do grupo 22, entende que estudar e pesquisar essas temáticas pode fazer

“com que o grupo [de pesquisa] consiga compreender as culturas escolares quando vislumbram uma educação transformadora, numa sociedade com valores neoconservadores”.

Esta é uma narrativa que destaca a vinculação das pesquisas realizadas com a Educação Física escolar, as culturas escolares e a compreensão das possibilidades de transformação social da realidade ali presente. Essa reflexão leva a compreender que os grupos de pesquisa são espaços de formação humana, reunindo pessoas que compartilham um ideal, uma concepção de mundo, de ciência, de Educação, de Educação Física e de Educação Física escolar. Os agentes sociais possuem princípios e pontos de vista que são o produto das relações sociais às quais se submetem, cujos conhecimentos mútuos são construídos em processo dialético e dialógico.

Seguindo a reflexão sobre as temáticas de pesquisas dos grupos em que os líderes foram entrevistados, apresentamos as narrativas de Gabriel, Rosa e Helena, líderes dos grupos 09, 07 e 36. Esses agentes possuem organizações e interesses distintos no que tange suas práticas científicas e, diferentemente dos demais grupos e líderes apresentados anteriormente, identificamos neles um misto de temas e linhas de pesquisas a qual eles têm se dedicado.

“Trabalho com a linha das práticas corporais, na ideia de identificar como elas podem influenciar no desempenho do estudante [...] e com a linha cognição, aprendizagem e desenvolvimento humano, pensando na questão do desempenho do estudante” (Gabriel, líder do grupo 09).

“Dentro do grupo fomos percebendo diferentes temas sendo estudados, e optamos por duas linhas de pesquisa: uma [...] que trabalha com a formação de professores e a outra se chama Educação Física escolar, mas na verdade ela poderia se chamar sociocultural e pedagógica, pois nela estão as pesquisas relacionadas a essas áreas. Eu tenho professores que estudam gênero, desenvolvimento motor, saúde dos alunos, avaliação na educação física escolar, e eu estudo o que chamo de práticas pedagógicas e as metodologias de ensino” (Rosa, líder do grupo 07).

“Realizamos pesquisa, mas o grupo tem um caráter mais de extensão [...] nesses projetos, a gente tenta ressignificar os esportes nas escolas [...] trabalhamos esportes e outras práticas corporais de forma ressignificada” (Helena, líder do grupo 36).

Ao aproximar as narrativas de Gabriel, Rosa e Helena a suas trajetórias acadêmico-científicas e ao contexto social de que fazem parte, foi possível formular e lançar mão de algumas interpretações. Gabriel, líder do grupo 09, constitui-se enquanto pesquisador em um determinado fazer científico, estudando “os marcadores biológicos” de diferentes “populações” e “amostras”. Cursando o doutorado, o líder fez o concurso para um Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia, foi aprovado e nomeado; por desejar manter-se envolvido com a pesquisa, Gabriel passa a buscar, na escola, novos objetos de estudo. Contudo, os novos objetos de estudo de Gabriel, de acordo com as linhas de pesquisa em que o líder se situa no campo da pesquisa, continuam tendo relações diretas com o paradigma em que o líder se formou cientificamente. As produções de autoria de Gabriel, traduzem, evidenciam e sustentam suas reflexões, uma vez que buscam verificar o desempenho de estudantes não apenas em relação à atividade física, mas também a práticas corporais e a aspectos psicológicos. Em outros estudos, o líder se dedicou a verificar a relação entre algumas características psicológicas, a prática esportiva e a prática de atividade física em cerca de 300 estudantes do ensino médio.

No caso de Rosa e do grupo 07, percebe-se uma diversidade temático-conceitual resultante do ingresso e da saída de vários professores e professoras que compartilhavam desse espaço social. O grupo parece ter perdido a unidade de pesquisa, e abraçou a diversidade conceitual e temática. Isso pode ser reflexo também do processo transitório pelo qual o grupo passa, uma vez que a líder e o vice-líder do grupo estão em processo de aposentadoria:

“o grupo está sendo renovado [...] tem muita gente nova entrando, e muita gente que já saiu também” (Rosa, Líder do grupo 07).

Assim, é possível interpretar que o processo de mudança das lideranças possa ter gerado essa particular diversidade temática nos estudos realizados.

O grupo 36, liderado por Helena, é um grupo que vem desenvolvendo ações extensionistas nas escolas e no centro universitário em que a líder trabalha e onde o grupo está sediado. Essas ações são pensadas a partir de projetos que buscam descaracterizar as práticas corporais, ressignificando-as. É importante destacar que esses agentes estão localizados em um centro universitário, o que potencializa as ações extensionistas, pois propicia, por meio delas, maior visibilidade para a própria instituição de ensino. Portanto, é necessário reconhecer o esforço dos agentes pertencentes a um coletivo que busca, com isso, romper com a hegemonia esportiva, propondo, por meio de festivais, a vivências de outras práticas corporais, ou

“ressignificando as que tradicionalmente acontecem nas escolas e nos jogos escolares, por exemplo” (Helena, líder do grupo 36).

Após identificar as temáticas de estudo dos grupos, passamos a entender como eles desenvolvem, metodologicamente, suas pesquisas. Para isso, além das entrevistas, buscamos analisar as próprias produções desses agentes, identificadas nos seus respectivos Currículos Lattes. Na sequência, apresentamos as opções, as escolhas e os caminhos trilhados metodologicamente pelos agentes dos grupos de pesquisa, destacamos que a figura foi formulada, fundamentalmente, a partir dos artigos científicos publicados pelos 348 integrantes dos dezessete grupos de pesquisa.

Fonte:Frasson (2020, p. 149)

Figura 01 O fazer metodológico nos grupos de pesquisa 

A figura 01 apresenta os caminhos metodológicos percorridos pelos grupos em suas pesquisas e, por sua vez, expressa as formas como os pesquisadores deles se apropriaram para responder seus questionamentos e objetivos. Na figura, podem ser identificadas a natureza das pesquisas, os procedimentos e as técnicas utilizadas, bem como a incidência dos tipos de objetivos construídos para a realização do trabalho. Segundo Bourdieu, Chamboredon e Passeron (2015, p.64) "para saber construir o objeto e conhecer o objeto que é construído, é necessário ter consciência de que todo objeto propriamente científico é consciente e metodologicamente construído" e,para os autores, é necessário que saibamos disso "para nos interrogarmos sobre as técnicas de construção de algumas perguntas formuladas ao objeto".

Assim, entendemos que os caminhos metodológicos escolhidos pelos pesquisadores estão organicamente ligados aos seus objetos e as temáticas de pesquisas. Para ilustrar essas reflexões, apresentamos trechos das entrevistas realizadas com Marcos, Carla e Mário, líderes dos grupos 21, 03 e 20, que expressam a realidade dos demais agentes entrevistados:

“Numa etnografia e autoetnografia como nós fazemos [...] entendemos a cultura como um conjunto de símbolos que é compartilhado. [...] Elas dão conta de interpretar a cultura [...] e a nossa base epistemológica vai nos ajudar a entender a realidade da cultura escolar” (Marcos, líder do grupo 21).

“Toda metodologia que envolve resistência de luta política, de não subserviência, de crítica à sociedade mercadológica, escravocrata é bem-vinda” (Carla, líder do grupo 03).

“A base para nossas pesquisas é o projeto [...], a bateria de medidas e testes que servem tanto para os perfis de saúde quanto para o perfil de rendimento dos escolares” (Mário, líder do grupo 20).

As narrativas acima remetem à compreensão de que os grupo possuem pontos de vista mediados por diferentes concepções e formas de olhar o objeto de pesquisa. Bourdieu, Chamboredon e Passeron (2015, p.55) afirmam que "a pesquisa científica se organiza em torno dos objetos construídos" e ainda destacam que "não há perguntas neutras", pois todos os questionamentos e reflexões estão/são balizados teórica, metodológica, epistemológica e politicamente. Assim, a escolha "do campo da pesquisa, dos métodos empregados, do lugar de publicação [...]" está encharcada de intencionalidades, pois, não há nas pesquisas uma escolha puramente científica (BOURIDEU, 1983, p.126); as intencionalidades das pesquisas são, também, estratégias políticas.

Compreendemos, desse modo, que os grupos de pesquisa são, acima de tudo, um espaço de formação humana, onde as ações dos agentes estão encharcadas de interesses e intencionalidades; podem ser pensados como um espaço de organização, de construção de homens e mulheres e de produção de conhecimentos, de estilos de vida e de percepções de ciência, de sociedade, de Educação e, portanto, Educação Física escolar, que são construídas em um processo dialético e dialógico, a partir das relações estabelecidas no e com os demais agentes no respectivo campo e subcampo acadêmico-científico.

Bourdieu (1989), ao analisar as relações de poder instauradas no sistema universitário francês, aponta algumas escolhas que são fulcrais, uma delas, a escolha do orientador. Por extensão, é possível considerar também como fundamental a escolha do grupo de pesquisa e, ainda, a escolha do ou da líder que orienta os caminhos desse grupo, uma vez que os integrantes podem escolher participar dos grupos de pesquisa também pelas bases epistemológicas que o grupo opera no campo e subcampo acadêmico-científico. Essa reflexão pode ser evidenciada empiricamente por um dos trechos da entrevista realizada com Mário, líder do grupo 20:

“os nossos estudantes procuram o grupo por uma questão de concepção filosófica e pedagógica e, por isso, se enquadram na perspectiva do grupo”.

Considerando falsa a ideia de neutralidade científica, uma vez que todos somos orientados política-ideologicamente (FREIRE,2005), dedicamo-nos a apresentar as bases teórico-epistemológicas de que os grupos se apropriam para sustentar suas pesquisas no campo acadêmico-científico, como sugerem os trechos abaixo:

[“Estudamos a partir da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt. Ela é nossa base epistemológica” (Marcos, líder do grupo 21).

“Trabalho numa abordagem cultural, com Daólio, Neira, e sou Freireana, ainda mais com essas discussões da Educação popular e interculturalidade aguçou mais ainda. Trabalhamos com a teoria da interculturalidade” (Bete, líder do grupo 11).

“A teoria da complexidade, de Edgar Morin” (Carlos, líder do grupo 27).

“Eu tenho uma relação mais forte com as questões de biopolítica, com as análises foucaultianas [...] Tenho essa perspectiva, mas o grupo sempre está aberto para aquilo que o estudante tem afinidade” (Lucas, líder do grupo 19).

“O que nos embasa teoricamente são as correntes críticas clássicas da EF, após movimento renovador [...] estudamos autores mais contemporâneos [...] Bracht, Betti, Bossle, por exemplo” (Helena, líder do grupo 36).

“Optamos por trabalhar dentro da perspectiva crítica [...]com Libâneo, Saviani [...] precisamos continuar formando pessoas críticas.” (Rosa, líder do grupo 07).

As narrativas apresentadas desvelam como os líderes se identificam no campo acadêmico-científico a partir das suas bases epistemológicas. Elas são as lentes de que os agentes se apropriam para enxergar, ler e compreender a realidade social, desde uma análise mais ampla da sociedade até os elementos mais específicos do próprio campo e subcampo de conhecimento onde estão inseridos. É interessante analisar, nas narrativas, a menção a alguns autores e a relação que os pesquisadores fazem entre eles e as teorias de que se apropriam.

Na sequência, apresentamos trechos das entrevistas realizadas com os líderes que se assemelham, não pela unidade na base epistemológica que assumem, mas justamente por entenderem que o grupo transita no campo acadêmico-científico entre algumas dessas teorias:

“Quando você trabalha com professores da escola, sente uma necessidade da pluralidade, e às vezes uma teoria não dá conta de entender a complexidade que é a escola. [...] A matriz dialética da relação cotidiana é plural e complexa” (Gabriela, líder do grupo 04).

“Temos uma diversidade de autores e temáticas. Algumas pessoas podem achar isso eclético, mas na verdade nós encontramos formas de organização bem semelhantes nesse outro grupo em que eu estive no Reino Unido” (Carla, líder do grupo 03).

“O grupo transita entre [...] duas perspectivas [...] a pós-estruturalista com os estudos culturais [...] e a pedagogia crítica [...], e, na minha avaliação conseguimos fazer isso de uma forma bem bacana” (Márcia, líder do grupo 22).

“Não tem uma perspectiva teórica única. [...] Te digo quais são os autores que mais trabalho. Sobre corpo a Silvana, Le Breton, Carmem Soares, entre outros. Sobre gênero, a Joan Scott, a Judith Butler. Sobre a sexualidade trabalho com o Foucault. O próprio pós-estruturalismo não é algo rígido, é misto” (Patrícia, líder do grupo 15).

“Eu diria que o grupo está focado mais na crítico superadora, procurando discutir as bases pedagógicas na pedagogia histórico-crítica, as bases filosóficas, dentro do materialismo histórico, as perspectivas de formação nessa área e,os fundamentos psicopedagógicos, na psicologia histórico-cultural” (Artur, líder do grupo 26).

Algumas narrativas apresentadas indicam uma certa pluralidade epistemológica presente na prática científica de alguns grupos. Isso faz com que reflitamos acerca dos elementos que distinguem esses grupos e que os colocam em diferentes posições no subcampo acadêmico-científico. A narrativa de Gabriela, líder do grupo 04, indica, como referência, a complexidade da escola e a necessidade de buscar, em outros campos de conhecimento, elementos que ajudem a debater os fenômenos cotidianos. Nas entrelinhas da entrevista, interpretamos que, para ela, o “chão da escola” é maior que as teorias que circulam por ele. Contudo, é necessário destacar que assumir a complexidade da cultura escolar não significa determinar que ela não possa ser compreendida, pelo contrário, assumir a escola como uma teia complexa de relações pode permitir aos professores e estudantes entender a realidade social e desvelar as situações de opressão existente que, inclusive, constituem a cultura escolar que estão inseridos.

Márcia, líder do grupo 22, apontou de forma objetiva a prática científica do grupo a respeito das lentes que orientam os estudos e pesquisas realizadas pelo coletivo. A líder indicou duas perspectivas na qual o grupo tem operado no subcampo: o pós-estruturalismo, que é a base de formação da vice-líder do grupo, e a pedagogia crítica, que fundamentou a formação da própria Márcia. A líder do grupo 15, Patrícia, inicia sua narrativa afirmando que o grupo "não tem uma perspectiva teórica única", porém conclui dizendo que "o próprio pós-estruturalismo não é algo rígido, é misto", depois de ter indicado uma série de autores que vêm orientando as discussões do grupo. Os autores apontados por Patrícia comungam de bases epistemológicas semelhantes na sua forma de olhar para a sociedade, formas essas que são incorporadas pelos agentes que compõem o grupo. Assim, as produções realizadas por ela e pelos demais agentes indicam que o grupo tem operado no campo a partir das lentes pós-estruturalistas. Artur, líder do grupo 26, também aponta diferentes autores e vertentes que orientam os estudos e as pesquisas do grupo, de acordo com o que denomina de bases pedagógicas e bases filosóficas. As pesquisas realizadas por ele e pelos demais agentes que compõem o grupo evidenciam uma perspectiva fundamentalmente de viés marxista.

Carla, líder do grupo 03, aponta em sua entrevista um certo ecletismo teórico, ao mesmo tempo em que direciona o olhar para o conceito que estudou no seu pós-doutorado no exterior. O grupo desenvolve estudos a partir da cultura física, com um olhar ressignificado que, segundo a líder, é semelhante

“à teoria dos estudos culturais britânicos, associando as discussões de corpo e cultura física, considerando as questões sociais, históricas e econômicas de relação de poder, e as questões da diversidade ética, racial e classe social”.

Outro ponto relevante, afirma a líder na entrevista, diz respeito à disponibilidade e à abertura do grupo a estudar outras teorias a partir do momento histórico em que estão localizados, o queindica certa transitoriedade epistemológica:

“construímos junto com o projeto que nos engloba num determinado momento”.

Partindo de uma análise bourdieusiana, entendemos que as bases teórico-epistemológicas de que os grupos se apropriam apontam não só seu posicionamento no campo e subcampo, como também, e sobretudo, as lentes que têm embasado as pesquisas e os debates realizados pelos agentes. Elas traduzem os princípios que orientam os grupos a fazerem o que fazem, a discutirem o que discutem e a problematizarem aquilo que os coloca e desloca no espaço social - o que, em nossa interpretação, é o ponto em comum entre as narrativas apresentadas até aqui -, ou seja, buscam denunciar e superar uma perspectiva de ciência hegemônica, e além disso problematiza a realidade social em que estão inseridos realizando suas pesquisas. Salvaguardando as diferenças entre os líderes que apresentaram suas orientações teóricas, seria possível destacar que, eles são grupos e agentes que se encontram entre o campo crítico e pós-crítico em relação ao determinantes sociais envolvidos no que se refere a prática científica no subcampo da Educação Física escolar.

Diferentemente das narrativas apresentadas até aqui, em que os líderes indicaram de forma direta ou indireta suas bases teórico-epistemológicas, também identificamos líderes que afirmaram não vincular suas práticas científicas a fundamentos específicos. Segundo Gabriel, Ana, Mário e Paulo, líderes dos grupos 09, 18, 20 e 23, os grupos não possuem uma lente que oriente as pesquisas e as temáticas de estudo dos coletivos. Podemos interpretar que, para esses agentes, são os próprios objetos e os agentes estudados que determinam as bases epistemológicas a serem utilizadas em cada pesquisa. Na sequência, apresentamos trechos das entrevistas realizadas com Paulo e Gabriel, que representam também a opinião de Ana e Mário:

“Não temos uma base teórica que permeia nossas pesquisas e não vislumbro ter uma base fixa [...]. Não quero me limitar apenas uma perspectiva [...] vai depender muito do objeto de estudo de cada orientando” (Gabriel, líder do grupo 09).

“Trabalhamos de forma mais aberta e cada um escolhe um referencial adequado e que se identifique” (Paulo, líder do grupo 23).

De acordo com a literatura, a ilusão da neutralidade nas pesquisas daqueles que se dedicam a estudar a Educação Física a partir do paradigma da atividade física e saúde é característica de um determinado fazer científico de caráter positivista, biomédico e natural (SOARES, 1994) e, não por acaso, é a racionalidade científica que fundamenta as pesquisas de Mário, Ana, Paulo e Gabriel, conforme apresentado anteriormente nas temáticas e metodologias utilizadas por esses agentes e seus respectivos grupos. Por isso, não satisfeitos com as entrevistas, pusemo-nos a analisar as produções científicas desses agentes e, identificamos, a partir das referências bibliográficas utilizadas, uma unidade teórico-epistemológica, no que diz respeito a suas compreensões e intencionalidades científicas em relação a Educação Física escolar.

Fonte:Frasson (2020, p.148)

Figura 02 Referências bibliográficas utilizadas em artigos científicos publicados pelos agentes dos grupos 18, 20 e 23 liderados por Ana, Mário e Paulo 

A figura acima apresenta uma série de referências bibliográficas utilizadas em diferentes artigos científicos produzidos pelos agentes dos grupos 09, 18, 20 e 23. São referências que foram encontradas com certa frequência nos estudos e que são utilizadas por ambos os grupos. Essas referências, além de indicarem algumas de suas temáticas de estudo, ajudam a interpretar as bases teórico-epistemológicas de que esses agentes se apropriam, mesmo que eles se posicionem no subcampo como pesquisadores que não delimitam as pesquisas realizadas nos coletivos pelas bases, mas sim pelos objetos. Ressaltamos que esses agentes estão localizados no campo como sujeitos que produzem o capital acadêmico-científico vigente e que possuem uma perspectiva muito específica para compreender o mundo social, ou seja, são fundamentados por correntes biológicas e/ou biomédicas do fazer científico.

Com lentes freireanas, entendemos que “a neutralidade frente ao mundo, frente ao histórico, frente aos valores, reflete apenas o medo que se tem de revelar o compromisso", pois os que se dizem neutros “estão ‘comprometidos’ consigo mesmos, com seus interesses ou com os interesses dos grupos aos quais pertencem” (FREIRE, 2001, p.19, grifo do autor). Desse modo, compreendemos que uma posição de pseudoneutralidade está associada - e, consequentemente, fortalece - ao discurso científico hegemônico existente no subcampo, que, como identificado por Soares (1994), é fruto de uma ciência médica, positivista e eurocêntrica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A guisa de considerações, retomamos o objetivo desse estudo, que buscou apresentar as práticas cientificas dos grupos de pesquisa da região sul do Brasil que se dedicam a pesquisar o subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar. Partindo das evidências empíricas e das lentes teóricas que orientaram este trabalho, entendemos que elas - as práticas científicas - indicam aquilo que os agentes dos grupos de pesquisa fazem - enquanto produção e objetivo de estudo -, como fazem - no que se refere ao fazer metodológico e as lentes teóricas que embasam as pesquisas -, bem como os interesses e as intencionalidades de cada grupo e dos agentes sociais que estão intimamente articuladas as suas bases político-epistemológicas.

Sobre as temáticas de estudo, identificamos uma certa diversidade e, ainda que não tenha sido nosso objetivo central, interpretamos que isso possa estar relacionada à própria compreensão de Educação Física escolar desses líderes, e que pode condicionar a forma como os agentes pesquisam, analisam e compreendem o espaço social. Os caminhos metodológicos percorridos pelos agentes estão, articulados aos problemas de pesquisa e dizem sobre como os agentes se organizam para responder e dialogar com a problemática e objetivos do estudo.

Embora o campo acadêmico-científico da Educação Física tenha se caracterizando como um espaço onde o paradigma científico biomédico e natural de fazer pesquisa predomina, foi possível identificar que as bases teóricas-epistemológicas que orientam as pesquisas realizadas pelos agentes nos grupos são variadas, o que sustenta a noção de um espaço social polifônico e diverso no que tange às possibilidades de entender a ciência que se faz na Educação Física escolar. Contudo, esse é um movimento de resistência, onde os agentes que se encontram em posições contra hegemônicas precisam criar estratégias para se manterem nas disputas acadêmicas-científicas do campo e subcampo; essa disputa é histórica e tem se mostrado cada vez mais nefasta para os pesquisadores que se distanciam do paradigma científico dominante, ao pesquisar e estudar no subcampo da Educação Física escolar (FRASSON, 2020).

Assim, as bases teórico-epistemológicas são, antes de tudo, políticas, pois se referem as orientações e posicionamentos dos agentes, isto é, estão alinhadas a uma concepção de homem, de sociedade e de ciência, por exemplo. As produções, resultados das pesquisas empreendias nos grupos, indicam as colocações e os deslocamentos dos líderes e dos demais agentes no espaço social. Elas demostram, as estratégias de disputas que se materializam nas tendências de conhecimento produzido e que estão relacionadas com o posicionamento dos agentes no subcampo acadêmico-científico da Educação Física escolar.

Em síntese, entendemos que as agendas de pesquisas, os caminhos metodológicos percorridos, as problematizações realizadas e as produções resultantes desse processo, estão intimamente articuladas às bases teóricas dos grupos e, que por serem orientadas política e epistemologicamente - pois são mediadas pela cultura e interiorização dos valores de uma sociedade, de uma época, de uma classe -, não são neutras, são posicionadas e correspondem às práticas científicas que os agentes constroem, às alianças que se constituem e às escolas que defendem, buscando, como nos lembra Bourdieu, impor e/ou construir novos “princípios de visão e de divisão do mundo social” (2004, p.33).

Por fim, considerando as práticas científicas dos grupos de pesquisas e seus respectivos agentes, em relação a lógica científica estabelecida no campo e subcampo acadêmico-científico - pautado pelos princípios médicos, eurocêntricos e positivistas -, e, salvaguardando suas especificidades e diferenças, conforme apresentadas ao longo das análises, destacamos que elas podem ser pensadas em dois grupos: aqueles que, por meio das suas pesquisa, buscam manter o “[...] conjunto de mecanismos e procedimentos pelos quais [...] assegura[m] a reprodução [...]” (BOURDIEU, 2004, p. 62) e a consolidação da ciência hegemônica; e, aqueles que buscam problematizar e romper com o status quo científico e social, propondo e realizando práticas cientificas contra-hegemônicas, que denunciam e anunciam um novo real possível no que tange as formas de pesquisar e der ser no mundo (FRASSON, 2020; FREIRE, 2001). Finalizamos, portanto, subscrevendo que os grupos de pesquisa são espaços de formação humana, de construção e produção do conhecimento científico, orientandos por uma concepção de mundo, de ciência, de Educação Física e Educação Física escolar, que se materializa-se, também, no conhecimento que produzem.

REFERÊNCIAS

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AGRADECIMENTOS A CAPES pela bolsa de estudo de doutorado e aos líderes dos grupos de pesquisa pelas entrevistas concedidas

FINANCIAMENTO Bolsa de estudo de doutorado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, processo nº 88882.181882/2018-01

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITOR DE SEÇÃO Juliano Silveira

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto

Recebido: 22 de Fevereiro de 2021; Aceito: 03 de Agosto de 2021

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