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Motrivivência

versión On-line ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.33 no.64 Florianópolis  2021  Epub 15-Ago-2021

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021.e81073 

Artigo Original

Futsal feminino: indicadores do ambiente de formação de atletas da seleção brasileira

Female futsal: indicators of the training environment of athletes of the brazilian team

Fútsal femenino: indicadores del entorno de entrenamiento de las deportistas de la selección brasileña

Mariana Zuaneti Martins1 
http://orcid.org/0000-0003-0926-7302

Daniele Cristina Carqueijeiro de Medeiros2 
http://orcid.org/0000-0001-5493-1618

Heloisa Helena Baldy dos Reis2 
http://orcid.org/0000-0002-8308-8073

Rafael Moreno Castellani3 
http://orcid.org/0000-0001-7757-9856

Wilton Carlos de Santana4 
http://orcid.org/0000-0002-8114-1723

1Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Desportos - Centro de Educação Física e Desportos, Vitória, ES, Brasil.

2Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, SP, Brasil.

3Universidade de São Paulo, Instituto de Psicologia, São Paulo, SP, Brasil.

4Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Ciências do Esporte, Londrina, PR, Brasil.


RESUMO

Este artigo é resultante de uma pesquisa descritiva, que buscou uma aproximação de natureza transversal com o contexto da formação e carreira da excelência do futsal de mulheres no Brasil. Todas as onze atletas pertencentes à seleção brasileira no momento da disputa do Campeonato Mundial da FIFA de Futsal Feminino de 2011, realizado em Fortaleza (CE), responderam a um questionário, composto de questões fechadas, auto administrado. A análise de dados foi realizada por meio da estatística descritiva e foram analisados a luz da literatura acadêmica acerca da formação, carreira e de desenvolvimento de atletas no esporte. Destaca-se a escola como espaço e tempo para a iniciação de meninas. Encontramos que há um decréscimo da cultura do brincar na rua - outrora um espaço privilegiado e nota-se que a universidade também é um espaço de investimento na carreira esportiva. O que favorece a reconversão das atletas ao final de sua carreira.

PALAVRAS-CHAVE: Futsal feminino; Formação; Carreira; Alto rendimento

ABSTRACT

This article is the result of a descriptive research, which sought an approach of transversal nature to the context of the formation and career of women's futsal excellence in Brazil. All eleven athletes belonging to the Brazilian national team at the time of the dispute of the FIFA Women's Futsal World Championship 2011, held in Fortaleza (CE), answered a questionnaire, composed of closed questions, self-administered. The data analysis was performed using descriptive statistics and were analyzed in light of the academic literature about the formation, career and development of athletes in the sport. We found that there is a decrease in the culture of playing in the street - once a privileged space and it is noted that the university is another investing of players during yours sports career. This favors reconversion at the end of the athletic career.

KEYWORDS: Women’s futsal; Training; Career; High performance

RESUMEN

Este artículo es el resultado de una investigación descriptiva, que buscó una aproximación de carácter transversal al contexto de la formación y la carrera de la excelencia del fútbol sala femenino en Brasil. Las once atletas pertenecientes a la selección brasileña en el momento de la disputa del Campeonato Mundial de Fútbol Sala Femenino de la FIFA 2011, celebrado en Fortaleza (CE), respondieron a un cuestionario, compuesto por preguntas cerradas, auto administrado. El análisis de los datos se realizó mediante estadística descriptiva y se analizaron a la luz de la literatura académica sobre la formación, la carrera y el desarrollo de los atletas en el deporte. Se destaca la escuela como espacio y tiempo para la iniciación de las niñas. Encontramos que hay una disminución de la cultura de jugar en la calle - antes un espacio privilegiado, y se nota que la universidad es otra inversión de las jugadoras durante su carrera deportiva.

PALABRAS-CLAVE: Fútbol sala feminino; Entrenamiento; Carrera; Alto rendimento

INTRODUÇÃO

Nos últimos quarenta anos, estudos sobre o desenvolvimento de atletas têm emergido demonstrando que a performance esportiva não é fruto de aspectos genéticos em absoluto (BLOOM et al., 1985; ERICSSON et al., 1993; CÔTÉ, 1999; STAMBULOVA et. al, 2009). Ao contrário, estes estudos têm apontado para padrões sociais e culturais de envolvimento esportivo ao longo da vida que contribuem para explicar a participação e o desenvolvimento de atletas de alto nível de desempenho.

De forma pioneira, num primeiro momento, estes estudos enfocavam em demonstrar os diferentes padrões de envolvimento esportivo que os atletas desenvolviam ao longo da vida, de modo a constituir estágios específicos (BLOOM et. al, 1985). Nos últimos trinta anos, no entanto, os estudos vêm enfocando a formação específica da expertise, demonstrando as diferenças do ponto de vista temporal de seu envolvimento, se comparado aos não experts, mas também da forma pela qual ele acontecia ao longo da vida (CÔTÉ et. al., 2005). Percebendo alguns padrões de envolvimento no decorrer da vida, Côté et. al. (2003) propuseram um Modelo de Participação Esportiva. Do ponto de vista da carreira de um atleta, a estruturação dessas mudanças ao longo do processo de desenvolvimento foi vista também por Stambulova (2003) e por Andersson e Barker-Ruchti (2018) em estudo com atletas suecas de futebol.

Estes modelos contribuíram para que os diferentes momentos do envolvimento com o esporte e da constituição da carreira de um atleta pudessem ser compreendidos. Nesses estudos, então, a questão cultural foi apontada como primordial, seja do ponto de vista do ambiente de participação esportiva criado, ou da conjugação deste a outros aspectos da vida, como o apoio parental, dos técnicos e colegas de treinamento, a conjugação com a vida acadêmica, dentre outros. Deste modo, a esfera da cultura não poderia ser deixada de lado na compreensão do desenvolvimento de atletas de alto nível de rendimento, o que levou outros estudos a apontarem como as diferenças culturais entre países também nos ajudavam a compreender diferentes padrões de formação de atletas (ALFERMANN; STAMBULOVA, 2009; KUTTEL et al., 2018).

Considerando a cultura um elemento essencial para esse processo, a questão nacional passou a ser fundamental, enfatizada ainda pelo fato de que os atletas de alto nível de rendimento circulam cada vez mais globalmente. Ainda sobre este fator, outra questão cultural que têm se demonstrado preponderante para compreender a participação esportiva ao longo da vida têm sido a questão de gênero (MESSNER, 1990). Deste modo, não é irrelevante que a maioria dos estudos de carreira esportiva sejam realizados com atletas homens, uma vez que tal aspecto é visto culturalmente como relacionado à masculinidade (MESSNER, 2010). As exceções situam-se em países nos quais a prática de uma determinada modalidade esportiva é realizada predominantemente por mulheres, tal como apresentado em estudo de Andersson e Barker-Ruchti (2018) que investigou os planos de carreiras de atletas do futebol de mulheres, na Suécia.

Por essa via, estudos com carreira esportiva de mulheres podem nos ajudar a compreender não somente como a organização cultural nacional faz diferença neste processo, mas também como as relações sociais de gênero também influenciam. Nessa esteira, nos debruçamos sobre o futsal feminino brasileiro, um dos mais vitoriosos do mundo. A seleção brasileira é hexacampeã do Torneio Mundial organizado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) - sendo campeã de todas as edições realizadas entre os anos de 2010 e 2015. No Campeonato Sul-Americano, disputado bienalmente desde 2005, é pentacampeã. A hegemonia da seleção brasileira no cenário mundial a torna um caso particular para conhecer os fatores que colaboram para a formação de atletas e para observar como a dinâmica do gênero está presente no alto nível de rendimento num esporte culturalmente considerado como masculino (DUNNING, 1992; KESSLER, 2016). Por essa via, este artigo trata da análise da trajetória e carreira esportiva das atletas da seleção brasileira de futsal feminino. Com base no conhecimento destes fatores, é possível afinar indicativos para melhorar o processo de formação de atletas, desde a base até o alto nível de rendimento.

Cada vez mais pesquisas têm se destinado a estudar as atletas de futsal. Barreira et. al. (2018) apontam que houve um aumento exponencial nas investigações científicas realizadas em periódicos brasileiros a respeito do futebol e futsal femininos, especialmente após o ano de 2008. Dessa forma, essa temática vem se tornando um tema relevante de pesquisas, dentro de distintas áreas e por meio de diversas abordagens. Em uma abordagem mais biodinâmica, os temas têm se direcionado ao perfil antropométrico e somatotipia (LEVANDOSKI et al., 2007; QUEIROGA et al., 2008; MORALES JUNIOR et al, 2017) e indicadores acerca de lesões (GAYARDO; MATANA; DA SILVA, 2012; MOREIRA DA SILVA et al., 2011; SANTOS et al., 2011). Do ponto do treinamento esportivo, pesquisas têm abordado o comportamento tático-técnico de equipes de alto rendimento em realidade competitiva (BEZERRA; NAVARRO, 2012; DAVID; PICANÇO; REICHERT, 2013; DE MARTIN-SILVA et al., 2005; SANTANA et al., 2013; SANTANA; VACARIO, 2012). Do ponto de vista pedagógico, a presença da modalidade nas aulas de educação física (BASTOS; NAVARRO, 2009). Do ponto de vista sociológico e antropológico, algumas pesquisas têm enfocado as trajetórias de atletas, demonstrando suas negociações, transgressões e narrativas de permanência na prática esportiva (ALTMANN; REIS, 2013; KESSLER; ZANINI, 2009; SILVA; NAZÁRIO, 2018; MASCARIN; OLIVEIRA; MARQUES, 2017). Apesar da amplitude de temas, frente às pesquisas desenvolvidas sobre futsal em geral (CAREGNATO et al., 2015), nota-se ainda a pequena parcela de trabalhos desenvolvidos sobre futsal feminino que retratam o ambiente de formação das atletas, em especial sobre como se iniciaram (SANTANA; REIS, 2003) e gerem sua carreira nesse esporte até o alto nível de rendimento.

Diante disso, este artigo analisou a carreira esportiva de jogadoras de futsal da seleção brasileira. A carreira esportiva foi abordada com base em indicadores sobre o ambiente de formação, tais como o perfil socioeconômico, a idade média de início na prática sistemática do futsal, o local onde se deu essa iniciação, quem as incentivou a praticar e se enfrentaram discriminação, a idade média do vínculo federativo, a frequência semanal atual de treinos e a dedicação remunerada aos treinamentos de futsal.

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa descritiva, que buscou uma aproximação de natureza transversal com o contexto da formação e carreira da excelência do futsal de mulheres no Brasil.

Participantes

Responderam ao questionário todas as atletas pertencentes à seleção brasileira no momento da disputa do Campeonato Mundial da FIFA de Futsal Feminino de 2011, realizado em Fortaleza (CE), compondo uma população de 11 mulheres.

Instrumento

Utilizamos um questionário composto de questões fechadas, auto-administrado. Este instrumento possibilitou sistematizar informações, produzindo padrões e classificações sobre a formação e carreira esportiva, de modo a possibilitar a construção de algumas generalizações. O instrumento foi elaborado à priori por um dos pesquisadores, validado internamente, por entrevistas pilotos, e externamente (SANTANA; REIS, 2003).

Os questionários foram entregues à comissão técnica que se responsabilizou por encaminhar às atletas para que estas respondessem no momento mais oportuno. Ao término da competição, todos os questionários foram recolhidos e analisados conforme as categorias de interesse.

Análise de dados

A análise de dados foi realizada por meio da estatística descritiva, a partir do cálculo de medidas resumo de cada um dos índices analisados. Segundo Morettin e Bussab (2004), estas medidas nos auxiliam por gerar valores que sejam representativos da população estudada. Com isso, obtivemos uma informação que representa toda a população. Os dados foram discutidos à luz da literatura acadêmica acerca da formação, carreira e de desenvolvimento de atletas no esporte.

Procedimentos e cuidados éticos

O contato foi realizado diretamente com a comissão técnica da seleção. Neste, foram apresentados os objetivos da pesquisa, as necessidades metodológicas e as características do questionário. Após a confirmação de aceite da participação neste estudo, foi assinado por todos os participantes o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, garantindo os cuidados éticos para realização desta pesquisa. O projeto recebeu parecer favorável (192/09) do “Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos na Universidade Estadual de Londrina/Hospital Regional Norte do Paraná”.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Idade média

Nota-se na tabela 1 que a maior parte das jogadoras, 63,4%, se concentra na faixa etária de 23 a 24 anos e que a menor parte se concentra antes e depois disso, respectivamente 9,1% e 27,3%. Quando se trata da média de idade, verificamos que a das nossas entrevistadas foi de 24,5 anos (±2,25), inferior à idade média das atletas brasileiras de futebol feminino participantes dos Jogos Olímpicos de 2012, de 27,2 anos (BARREIRA, 2017) e superior à de outras seleções sul-americanas de futsal feminino, de 23,75 ± 3,93 (MARTINS et al., 2018).

Tabela 1 Distribuição de idade das jogadoras 

Idade Frequência Absoluta Frequência relativa (%)
21 1 9,1
23 5 45,5
24 2 18,2
28 1 9,1
29 2 18,2
Total 11 100%

Fonte: autores

Perfil socioeconômico

Oito atletas responderam que possuíam ensino superior completo ou em curso. Percebe-se que, no futsal feminino, o perfil educacional das atletas sugere que elas desenvolveram ao longo dos anos de investimento da categoria júnior para a adulta, a dupla carreira. O modelo de dupla carreira pode ser promotor de benefícios no processo de desenvolvimento de talentos, uma vez que ajuda a balancear o estilo de vida, reduzir o estresse da competição, desenvolver habilidades em outras esferas da vida e por permitir uma maior empregabilidade após o fim da carreira como atleta (PAPAIOANNOU; HACKFORT, 2014). Evidentemente que a carreira dupla pode gerar uma sobrecarga de trabalho, um overtraining, aumentar o risco de lesões e ocasionar um dropout prematuro, o que implica que esta forma de desenvolver o investimento na carreira esportiva deve ser bem acompanhada para que traga aspectos positivos na formação esportiva (STAMBULOVA et al., 2015).

Na medida em que estas atletas também se dedicam à carreira acadêmica, elas ficam mais preparadas para a reconversão após a carreira esportiva, fato este não presente no futebol de homens (DAMO, 2007). Além disso, do ponto de vista pedagógico, isso também faz com que as mulheres não abandonem os estudos em função do esporte, condição que é predominante no futebol de homens (SOARES et al, 2011). Além disso, a dupla carreira envolve também uma questão de gênero, uma vez que as mulheres tendem a valorizar mais e desenvolver melhores competências de conciliação do esporte com o mundo acadêmico (MARTINS et al., 2021). Essa diferença se dá, em especial, pelas menores oportunidades no esporte profissional feminino, devido à falta de investimento nele, o que cria um vazio de gênero nas expectativas futuras de jovens com o esporte (ERIKSEN, 2021).

A dupla carreira, muitas vezes, é dificultada pela quantidade de dedicação que atletas de elite precisam ter para atingir excelência, o que os deixa com pouco tempo para se dedicar a outras atividades. Esse fator pode ser atenuado se houver um suporte acadêmico para o desenvolvimento destas duas atividades (RYBA et al., 2015). No caso de algumas delas, essa conciliação pode ser vista na medida em que elas treinam nas Universidades, como é o caso de 27,3% delas. As outras atletas (72,7%), no momento da pesquisa, treinavam em clubes, o que demonstra que, para o alto nível de rendimento de atletas que estão presentes na seleção, este ainda é o espaço privilegiado para o desenvolvimento da carreira esportiva.

Apesar da dupla carreira, dividida entre esporte e estudos, não há incidência de atletas que se dedicam a outras atividades profissionais além do futsal. Todas as atletas são remuneradas para se dedicar exclusivamente ao futsal, resultado semelhante ao encontrado na pesquisa sobre essa modalidade esportiva no estado de São Paulo, na qual apenas 6,9% declararam não receber nenhuma remuneração - todas estas concentradas em um clube que terminou o campeonato paulista nas últimas colocações (SOUZA; MARTINS, 2018). Embora não sejam registradas como profissionais legalmente, estas atletas possuem uma condição de dedicação exclusiva ao investimento atlético na modalidade esportiva - seja por meio de bolsa-atleta (ALTMANN; REIS, 2013), que abarcava 34% das atletas da seleção brasileira em 2013,ou por meio de auxílios de clubes ou universidades. Essa é uma diferença grande quando comparada às atletas das outras seleções sul-americanas, para quais apenas 35% têm remuneração, cujo futsal não é tão desenvolvido em seus países (MARTINS et al., 2018).

Portanto, olhar o perfil socioeconômico da seleção brasileira de futsal demonstra alguns apontamentos sobre o investimento esportivo nessa modalidade. Em primeiro lugar, é possível, no Brasil, que uma modalidade esportiva desenvolva atletas de alto nível de rendimento, com excelência internacional, sem que isso concorra com a dedicação aos estudos e a outra carreira profissional. Ou seja, é possível um contexto de transição para o estágio profissional com base no modelo de carreira dupla. O tempo de dedicação aos estudos não parece concorrer com o desenvolvimento e pico do seu mais alto nível de rendimento. Pelo contrário, uma vez que observamos um pico de carreira, isto é, o momento em que elas estão se dedicando à seleção brasileira, ainda mais precoce que de outras modalidades esportivas femininas, como o futebol. Aliás, em função de um não desenvolvimento profissional acentuado do futsal, é possível que este pico não se prolongue e que as atletas operem uma transição para outra carreira profissional mais cedo, já que possuem a formação para tal. Hipótese esta que deverá ser testada em outros estudos com as ex-atletas da seleção brasileira de futsal.

Além disso, este fator pode contar com a contribuição do fato de as atletas brasileiras não precisarem se dedicar a outra atividade profissional além do futsal. Deste modo, a ausência da necessidade de se empregar no mercado de trabalho, tanto pode contribuir para o investimento na carreira de atleta de alto nível de rendimento (excelência) no futsal, como para a permanência nos estudos universitários. Ou seja, este modelo que, apesar de híbrido entre escolar/universitário e clubístico, auxiliado pela contribuição do governo brasileiro com a Bolsa Atleta, tem permitido às atletas se dedicarem a atingir um pico de excelência precoce na modalidade, bem como a desenvolver isso paralelamente a uma carreira universitária. Num contexto de discreto alargamento do acesso ao ensino superior no Brasil, onde apenas 20% dos jovens de 18 a 24 anos conseguem cursar este nível de ensino (ANDRADE, 2012), o fato de todas as atletas terem acesso, tanto representa uma possibilidade de contribuir para a democratização do acesso via treinamento esportivo, como pode indicar um caminho para o desenvolvimento, de forma economicamente sustentável, das modalidades esportivas como o futsal, as quais não são largamente profissionalizadas. Evidentemente, o encurtamento da carreira no alto nível de rendimento pode estar relacionado ao fato de que, mesmo remuneradas, esta ainda não é uma condição plena de profissionalização, de modo que, poucas são aquelas que conseguem permanecer se dedicando exclusivamente aos treinamentos após a idade de 24 anos.

Iniciação e treinamento esportivo

A idade média do início da prática do futsal foi de 8,71 ±2,24 anos, menor que a obtida entre jogadores de futsal com participação na seleção brasileira, de 11,18 ±3,88 (SANTANA; REIS; RIBEIRO, 2006). Esses dados são também inferiores àqueles encontrados em atletas do estado do Paraná, de 13,69 ± 3,18 anos (SANTANA; REIS, 2003) e no estado de São Paulo, de 13,1 ± 2,9 anos (MASCARIN, VICENTINI; MARQUES, 2019).

Tabela 2 Idade de início da prática habitual de futsal 

Idade Frequencia absoluta Frequencia relativa (%)
Até 5 anos 2 18,2
De 6 a 10 anos 4 36,4
De 11 a 13 anos 2 18,2
Em branco 3 27,2
Total 100

Fonte: Autores

Nota-se que todas as atletas pesquisadas iniciaram a prática do futsal durante a infância, em especial na rua ou na escola, como é possível visualizar na tabela 3.

Tabela 3 Local da iniciação ao futsal 

Local de Iniciação Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Escola 6 40
Clube 2 13,3
Rua 6 40
Escolinha de Futebol 1 6,7
Total 15 100

Fonte: Autores

A forte presença da rua e da escola como locais de iniciação, em contraposição ao clube e às escolinhas de futebol, reforça alguns dos apontamentos já realizados em outras pesquisas sobre futsal feminino (SANTANA; REIS, 2003; MASCARIN, VICENTINI; MARQUES, 2019). Em primeiro lugar, demonstra a carência de espaços específicos para a iniciação de meninas que tenham efetividade como ambientes formadores de atletas. Esta carência se torna ainda mais acentuada quando combinada às respostas à pergunta do motivo de interesse de elas jogarem futsal. Um dos motivos apontados é a falta de oportunidades para treinar futebol de campo, mencionado por 18,2% das atletas, conforme é possível visualizar na tabela 3. Tal estratégia de jogar futsal em vez de futebol de campo, parece ser recorrente nos relatos de jogadoras de futsal, como apontado por Kessler e Zanini (2009). As autoras argumentam que além da ausência de espaços apropriados à prática do futebol de campo para mulheres, também são frequentes os cerceamentos, que vão provocando a descontinuidade da prática por diversas mulheres. Deste modo, os cerceamentos e a carência de espaços específicos para meninas - sendo a escolinha de futebol apontada apenas por uma das atletas como lócus da formação esportiva - fizeram com que os espaços que ganharam evidência fossem a escola e a rua. Esse fator diferencia o Brasil do contexto sul-americano, onde 54,4% das atletas começaram a praticar futsal em clubes (MARTINS et al., 2018), de modo que a carência desse tipo de espaço no Brasil também não se apresentou como impeditivo para o desenvolvimento da participação esportiva, uma vez que este foi substituído pela escola.

A escola como espaço utilizado preterido para a iniciação esportiva ao futsal também corrobora com apontamento acerca da falta de oportunidades para meninas jogarem futebol de campo, uma vez que são raras as escolas que possuem um campo específico para tal prática. Por isso, e em função da necessidade de menor espaço e de menor número de jogadoras, além das diferenças táticas em consequência, o futsal tornou-se uma modalidade esportiva muito popular e presente nas aulas de educação física. Estas são espaços e tempos privilegiados para que as meninas possam iniciar-se ao treinamento de futsal e disputar algumas competições escolares. Ao mesmo tempo em que esses espaços podem, potencialmente, privilegiar a prática feminina, eles são também espaços de exclusão e preconceito. Mascarin, Vicentini e Marques (2019) apontam, em sua análise, que atletas de alto rendimento sofreram preconceitos na escola, que partiram tanto de professores como de colegas de turma. Esses fatores tornam fundamental um tratamento pedagógico adequado ao futsal, a fim de oportunizar possibilidades de apropriação dos conteúdos técnico-táticos do esporte por parte das meninas. Igualmente necessário ainda que o/a professor/a desenvolva aulas participativas, inclusivas e que se sensibilize com relação às diferenças culturais na socialização de meninos e meninas, fazendo das suas aulas ambientes que promovam rupturas nas lógicas excludentes hegemônicas de gênero. Dar tempo de jogo igual às meninas e aos meninos, permitir que joguem juntos, se respeitando e colaborando uns com os outros, demonstrar que mulheres também jogam futsal/futebol em alto nível de rendimento, trazendo exemplos e valorizando a performance das meninas, são exemplos de algumas atitudes que podem criar um ambiente mais favorável para ampliar a presença de mulheres dentre os que têm prazer de jogar futsal. Aliás, esse fator demonstrou-se importante para o investimento na carreira esportiva no futsal, já que foi apontado por 63,6% das atletas como determinante para motivá-las para essa prática esportiva, conforme pode ser observado na tabela 4.

Tabela 4 Motivos que levaram à prática de futsal 

Motivo Frequência absoluta Frequência relativa (%)
Prazer em jogar 7 63,6
Falta de oportunidade de treinar futebol de campo 2 18,2
Outros 2 18,2
Total 11 100

Fonte: Autores

A rua também aparece como um dos espaços que permitiu que essas mulheres tomassem contato com a prática habitual de futsal. Tais dados corroboram com a pesquisa de Santana e Reis (2003) e Mascarin, Vicentini e Marques (2019), que demonstraram que, no futsal feminino, a rua é um dos espaços onde há o primeiro contato com essa modalidade esportiva. As inúmeras e diversas brincadeiras desenvolvidas nas ruas têm contribuído para que este espaço seja identificado como formador de atletas, sobretudo das modalidades esportivas jogadas com bola nos pés, como o futebol e o futsal, uma vez que o jogo desenvolvido exige constante adaptação dos esquemas motrizes das crianças (SCAGLIA, 2011). Ainda que este tenha sido um costume relacionado aos meninos nos centros urbanos (FREIRE, 1998), as pesquisas sobre futsal feminino têm demonstrado que algumas meninas têm se arriscado e seu efeito tem sido tão formador quanto. Nesta esteira, Bruhns (2000) demonstrou uma predominância de meninas e mulheres da periferia entre aquelas que jogam futebol em São Paulo, fato ocasionado pelas gerações anteriores que lutaram pelo direito à prática e profissionalização do/no futebol.

No entanto, essa entrada das meninas no ambiente do futsal, considerado área reservada para o masculino, não aconteceu sem que elas sofressem algum tipo de preconceito. Ainda que 72,7% das atletas pesquisadas declararam ter o incentivo de familiares - algo fundamental para o investimento como atleta, pelo menos nas idades mais tenras da iniciação (CÔTÉ, 1999) - 81,8% declaram ter sofrido preconceito no início da prática esportiva. Esse contexto destoa um pouco do sul-americano, em que apenas 50,7% das atletas registraram esse apoio e 31,9% declararam não ter tido incentivo nenhum (MARTINS et al., 2018). Elas indicaram que são diversos os pontos dos quais partiram o preconceito, como da própria família (15,4%), de amigas (23,1%) ou amigos (15,4%), vizinhos (7,7%) e, principalmente, daqueles que as assistiam jogar (38,5%). Ou seja, para que elas continuassem a praticar futsal, foi necessário que desempenhassem uma série de negociações e transgressões, a fim de terem suas performances reconhecidas como legítimas - o que é bastante comum historicamente no futebol de mulheres (GOELLNER, 2005; SILVA; NAZÁRIO, 2018). Esse fator é temporário, demarcado temporalmente quando elas estão iniciando seu contato com o futsal, uma vez que as atletas declararam, em sua maioria, que não sofrem preconceitos contemporaneamente. Deste modo, uma vez que as atletas conseguem provar que são habilidosas e, neste caso, que galgaram os passos de excelência na modalidade esportiva, a discriminação se minimiza, pelo menos na percepção mais imediata delas. Em estudo de Silva e Nazário (2018), os autores afirmam que embora as manifestações de preconceito e ofensas às atletas tenham diminuído nos últimos tempos, sendo substituídas por uma postura de respeito e admiração, as atletas frequentemente ainda escutam das arquibancadas insultos e comentários misóginos e homofóbicos. Mascarin, Oliveira e Marques (2017) apontam que, ainda na contemporaneidade, as jogadoras consideram relevante reafirmar sua feminilidade em busca de espaços dentro do futsal, especialmente no que tange à conquista de patrocínios.

Para Altmann (2017), as meninas são empoderadas, ou seja, são capazes de reivindicar por direitos iguais no campo esportivo quando são dotadas de capacidades técnicas e táticas nos esportes. Isso significa que um professor de educação física escolar pode dar poder a estas alunas no campo esportivo quando permite que elas joguem mais e melhor, e aprendam as questões específicas de cada prática esportiva.

A carência de espaços específicos da prática de futsal para as mulheres também fica evidenciada quando observamos a idade média em que se federaram, de 15,27±1,75, conforme os dados resumidos da tabela 5. Esse vínculo foi estabelecido posteriormente quando comparadas aos homens atletas de futsal que passaram pela seleção brasileira, os quais foram pesquisados por Santana, Reis e Ribeiro (2006), cuja média era 12±3,82. Entretanto, mostrou-se inferior se comparado ao estudo com atletas de futsal feminino (SANTANA; REIS, 2003), que foi de 17,12±3,28, o que prova um envolvimento mais precoce com a modalidade. Esta diferença com o futsal masculino não necessariamente é negativa para o desenvolvimento de atletas, já que competições com categorias de idades menores podem levar a uma especialização precoce (ARENA; BOHME, 2008), a um envolvimento mais sério do que o indicado para a faixa etária e à prática deliberada sistemática anterior ao recomendado pela literatura (CÔTÉ; LIDOR; HACKFORT, 2009). No entanto, este fator evidencia uma diferença temporal entre homens e mulheres que atingiram o alto nível de rendimento em uma mesma modalidade esportiva, o futsal.

Tabela 5 Idade em que começou a participar de competições federadas 

Idade Frequência absoluta Frequência relativa (%)
11 anos 1 9,1
12 anos 1 9,1
14 anos 1 9,1
15 anos 3 27,3
16 anos 1 9,1
17 anos 2 18,2
18 anos 2 18,2
Total 11 100

Fonte: autores

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo da trajetória da formação e da carreira esportiva das atletas de alto nível de rendimento nos permitiu perceber alguns padrões sobre o ambiente de desenvolvimento de expertise no futsal feminino. Em primeiro lugar, destaca-se a escola como espaço e tempo para a iniciação de meninas. Considerando ainda que há um decréscimo da cultura do brincar na rua - outro espaço privilegiado - e o fato de os esportes jogados com bola nos pés serem identificados como áreas reservadas masculinas (DUNNING, 2003), esse fator torna ainda mais relevante a mediação pedagógica do professor ao criar oportunidades de aprendizagem, de desenvolvimento e de sucesso com a prática de futsal, que serão definitivas para motivar as meninas a praticarem o esporte, bem como proporcionar prazer de prática para as mesmas. Além disso, atualmente, com o desenvolvimento de competições escolares, este espaço pode possibilitar, quando tratado pedagogicamente de maneira adequada, um desenvolvimento não só de atletas, mas também como de futuras mulheres interessadas em jogar futsal em seu tempo de lazer, o que contribui para a democratização da sua prática e para o empoderamento feminino por meio da educação esportiva (ALTMANN, 2017).

Além disso, nota-se que a universidade também é um espaço de investimento na carreira esportiva, uma vez que algumas atletas possuem bolsas de estudo e a maioria possui ou está cursando o nível superior. Nesse sentido, uma organização esportiva da federação que privilegiasse esse espaço como um estágio de transição da categoria júnior para a adulta, poderia contribuir tanto para que mais atletas vivenciassem este momento, quanto para que aquelas que passassem por ele o fizessem com a carreira dupla. Algo ainda mais importante, no caso das mulheres, porque o início da participação de competições federadas se dá bem próxima à idade de início do ensino superior. Deste modo, além da reconversão para outra carreira ao final da esportiva, que, segundo nossos dados, é breve, poder ser facilitada, ainda pode contribuir para diminuir a falta de oportunidade de experiências competitivas, algo importante para o amadurecimento delas como atletas.

Quando comparamos os padrões de formação e carreira esportiva das atletas da seleção brasileira feminina de futsal aos de atletas de outros países sul-americanos de menor tradição na modalidade, notamos algumas diferenças que podem sugerir indicadores sobre ambientes que contribuem para o alto nível de rendimento. Do ponto de vista da formação, notamos que a existência ou não de clubes não foi determinante para tal; assim durante sua trajetória, aparece de forma marcante o incentivo dos familiares. Já do ponto de vista da carreira, a dedicação exclusiva ao futsal parece ser um padrão, já que no Brasil as atletas não precisam desenvolver outra ocupação profissional e são remuneradas para tal, diferente da maioria dos países sul-americanos.

Este estudo tem a limitação de não se aprofundar na trajetória das atletas e também não descrever um ambiente pormenorizadamente. Como estudo exploratório inicial sobre o contexto do alto nível de rendimento, esse levanta alguns padrões iniciais sobre a formação de atletas de futsal feminino. Sugere-se também que estudos de caso nos ambientes que formam atletas de alto nível de rendimento sejam realizados, a fim de detectar as relações desenvolvidas nesses espaços, os investimentos pessoais e coletivos, as dificuldades e negociações, fatores estes que podem contribuir para a criação de ambientes favoráveis ao desenvolvimento de pessoas por meio do esporte

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AGRADECIMENTOS Não se aplica

FINANCIAMENTO Não se aplica

CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica

APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA O projeto recebeu parecer favorável (192/09) do “Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos na Universidade Estadual de Londrina/Hospital Regional Norte do Paraná”

LICENÇA DE USO Os autores cedem à Motrivivência- ISSN 2175-8042 os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution Non-Comercial ShareAlike (CC BY-NC SA) 4.0 International. Esta licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, desde que para fins não comerciais, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico desde que adotem a mesma licença, compartilhar igual. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico, desde que para fins não comerciais e compartilhar com a mesma licença

PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITOR DE SEÇÃO Bianca Poffo

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto Santos

Recebido: 30 de Abril de 2021; Aceito: 05 de Agosto de 2021

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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA

Não se aplica

CONFLITO DE INTERESSES

Não há conflito de interesses

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