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Motrivivência

On-line version ISSN 2175-8042

Rev. Motriviv. vol.33 no.64 Florianópolis  2021  Epub Sep 10, 2021

https://doi.org/10.5007/2175-8042.2021.e82962 

Porta Aberta

Sociologia clássica e Educação Física brasileira: o lugar de Émile Durkheim

Classical sociology and Brazilian Physical Education: the place of Émile Durkheims

Sociología clásica y educación física brasileña: el lugar de Émile Durkheim

Gabriel Carvalho Bungenstab1 
http://orcid.org/0000-0002-3100-1538

Silas Alberto Garcia2 
http://orcid.org/0000-0001-9798-8219

Ari Lazzarotti Filho2 
http://orcid.org/0000-0003-0610-2641

1Universidade Estadual de Goiás, Departamento de Educação Física, Goiânia, GO, Brasil.

2Universidade Federal de Goiás, Departamento de Educação Física e Dança, Goiânia, GO, Brasil.


RESUMO

Este artigo procura refletir sobre a presença ocupada pelo sociólogo francês Émile Durkheim na produção científica do campo da Educação Física brasileira. Para tanto, parte de uma revisão sistemática de literatura em três periódicos científicos da área, a saber: Revista Movimento; Revista Pensar a Prática e Revista Motrivivência. A partir disso, os resultados e considerações finais apontam que: 1) Émile Durkheim é, quantitativamente, pouco utilizado na produção científica da Educação Física brasileira; 2) Apesar de pouco acionado, parece haver caminhos teóricos por onde as discussões entre as subáreas sociocultural e pedagógica da Educação Física brasileira e Émile Durkheim possam acontecer.

PALAVRAS-CHAVE: Émile Durkheim; Educação física; Pesquisa científica; Epistemologia

ABSTRACT

The objective of this article was to map how the sociological work of Émile Durkheim has been activated in the scientific production of Brazilian Physical Education. For that, what we were happy to do, based on the systematic review of literature in three scientific journals in the area, was to analyze the uses of its main concepts. From this, we can conclude that: 1) Durkheim is, quantitatively, little used in the scientific production of Brazilian Physical Education; 2) Although little triggered, there seems to be theoretical paths through which discussions between EF and Durkheim can take place.

KEYWORDS: Émile Durkheim; Physical education; Scientific production; Epistemology

RESUMEN

El objetivo de este artículo fue mapear cómo el trabajo sociológico de Émile Durkheim se ha activado en la producción científica de la Educación Física brasileña. Para eso, lo que nos alegró hacer, a partir de la revisión sistemática de la literatura en tres revistas científicas del área, fue analizar los usos de sus principales conceptos. De esto, podemos concluir que: 1) Durkheim es, cuantitativamente, poco utilizado en la producción científica de la Educación Física brasileña; 2) Aunque poco desencadenado, parece haber caminos teóricos a través de los cuales pueden tener lugar las discusiones entre EF y Durkheim.

PALABRAS-CLAVE: Émile Durkheim; Educación física; Investigación científica; Epistemología

INTRODUÇÃO

Após a década de 1980 do século XX, o campo da Educação Física (EF) brasileira passou a acionar, de modo mais enfático, diversas teorias sociais no intuito de responder a questões que envolvem sua função social, sua prática pedagógica e sua importância como campo acadêmico. Nesse contexto, podemos destacar as contribuições de Bracht (1999) e Betti (1996). Já nas duas primeiras décadas do século XXI, contudo, a produção científica da EF no Brasil se intensificou e as relações de apropriações teóricas com as Ciências Sociais se ramificaram, dando espaço para discussões específicas no âmbito do esporte (SOUZA; MARCHI JUNIOR, 2010), do lazer (MASCARENHAS, 2003) e da saúde (BAGRICHEVSKY; ESTEVÃO, 2015).

Nos últimos cinco anos, num movimento mais recente, a produção científica da EF brasileira tem procurado refletir sobre os limites e possibilidades dos usos de diversos autores e teorias. Essas pesquisas já foram realizadas com autores como Anthony Giddens, Norbert Elias, Karl Marx e François Dubet (BUNGENSTAB, 2018, 2019; VAZ, 2019). Utilizando metodologia de revisão sistemática ou reflexões ensaísticas esses trabalhos exemplificam que, cada vez mais, a produção científica das subáreas sociocultural e pedagógica da EF tem se interessado em aprofundar diálogos com as Ciências Sociais, estabelecendo possibilidades de debates com diversas teorias para pensar as especificidades do campo. O objetivo deste artigo é refletir sobre a presença ocupada pelo sociólogo Émile Durkheim na produção científica das subáreas sociocultural e pedagógica Educação Física brasileira, especificamente, a partir da revisão sistemática de literatura em três periódicos científicos.

Se não pudermos considerar Durkheim como o fundador da Sociologia - haja vista que anterior a ele destaca-se a obra de Auguste Comte - podemos afirmar que ele foi, de fato, o primeiro sociólogo de ofício, tendo criado todo um arcabouço teórico-metodológico que se transformou no sustentáculo para o desenvolvimento científico da Sociologia no século XX. Para Berger e Luckmann (2009) a Sociologia não é uma ação, mas sim uma tentativa de compreensão da realidade. Corroborando com visão, Giddens (2001) acredita que a Sociologia é o estudo da vida social humana, de grupos e sociedades. Nesse sentido, diz que aquilo que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro pode não o ser e o que tomamos como “dado” nas nossas vidas é fortemente influenciado por forças históricas e sociais.

Ianni (1989), por exemplo, ressalta que a Sociologia nasce no mundo moderno. Mundo este que depende dela para ser compreendido e explicado. Nesse contexto, as concepções científicas naturais e físicas ancoraram explicações que influenciaram as pesquisas dos primeiros sociólogos. Do mesmo modo, houve também o surgimento de métodos qualitativos para investigações dos fenômenos sociais. Sem dúvida, a junção destas duas perspectivas trouxe identidade epistemológica para o campo da Sociologia. Para Ianni (1989, p. 10):

[...] é possível que as várias tendências, escolas, teorias e interpretações se reduzam, em essência, a três polarizações fundamentais. Umas e outras têm como base, em última instância um dos três princípios explicativos: causação funcional, conexão de sentido e contradição. Esses são princípios explicativos principais, nos quais se sintetizam os fundamentos das mais diversas tendências, teorias, escolas ou interpretações. O princípio da causação funcional está presente em Spencer, Comte, Durkheim, Parsons, Merton, Touraine e outros. O da conexão de sentido inspira Dilthey, Rickert, Weber, Toennies, Nisbet e outros. E o da contradição fundamenta as contribuições de Marx, Engels, Lenin, Trotsky, Rosa Luxemburgo, Lukacs, Gramsci, Goldmann e outros.

Destaca-se que estes princípios não aparecem nos autores de forma fechada. Muitos deles fogem as sintetizações e a rotulações. Por esse motivo nos interessa perceber as leituras que estes sociólogos fizeram do mundo moderno. Acreditamos que o campo da EF brasileira deva começar a se perguntar sobre como tem acionado os representantes da Sociologia clássica. A partir das pistas dadas por Berger, Luckamnn e Giddens, consideramos que é necessário que o campo acadêmico-científico em EF tenha mais “imaginação sociológica” na busca de tornar “o familiar não tão mais familiar”. Talvez, nesse ponto, possamos compreender melhor quais são os limites e possibilidades das mais diversas teorias sociológicas. A Sociologia clássica - na figura de Durkheim - ajudou o campo da EF brasileira a responder aspirações profundas ou tratou-se apenas de modismos intelectuais que já estão ultrapassados?

O verdadeiro respeito científico por um autor e sua obra se dá a partir da avaliação sistemática e da reflexão contínua sobre seus conceitos, termos e estilo de escrita (LAHIRE, 2002). Logo, suspender certezas e gerar dúvidas diante do pensamento de qualquer autor, inclusive o de Émile Durkheim, é o caminho que tentamos percorrer a partir de uma revisão sistemática de literatura.

METODOLOGIA

De acordo com Loureiro et al., (2016) a revisão sistemática de literatura é uma etapa importante nas construções de pesquisas, haja vista que contribui para o exercício de reflexões sobre os limites, os problemas e as abordagens do conhecimento a ser pesquisado. Segundo Gomes e Caminha (2014, p. 397):

Uma revisão sistemática requer, como qualquer estudo, uma questão clara, critérios de seleção bem definidos - de modo que garanta a qualidade dos estudos sintetizados e possa ser reproduzida por outrem - e uma conclusão que forneça novas informações com base no conteúdo garimpado (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012). Assim, revisões bem estruturadas podem auxiliar na atualização e construção de novas diretrizes para atuação profissional ou ida a campo em busca de soluções para artigos originais.

Na esteira de Bungenstab (2018, p. 781), realizamos um mapeamento dos principais periódicos editados na área da EF no Brasil, a partir da classificação “Qualis” (2013-2016) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Diante disso, foram utilizados quatro critérios de seleção e escolha das revistas a serem pesquisadas: 1) revistas brasileiras da área da EF que publicam em língua portuguesa; 2) revistas que disponibilizam todos seus números de forma online desde a sua primeira edição; 3) revistas que publicam, principalmente, pesquisas nas subáreas sociocultural e pedagógica da EF brasileira; e 4) revistas com o Qualis-Capes classificadas entre A1 até B2.

Após essa seleção foram escolhidas três revistas: Revista Motrivivência, Revista Pensar a Prática e Revista Movimento. Inicialmente foram mapeados aqueles artigos que fizeram referência a Émile Durkheim a partir da primeira publicação1 das respectivas revistas até o ano de 2020. Esse mapeamento se deu por meio de uma busca profunda analisando o referencial teórico de todos os artigos publicados nas respectivas revistas desde sua primeira edição (Quadro 1). Ou seja, não utilizamos a pesquisa por meio da caixa de busca das revistas; o que nos aprouve fazer foi verificar, em todos os artigos publicados, se Durkheim constava nas referências bibliográficas. Em seguida, focou-se na análise qualitativa procurando compreender como Durkheim foi citado e quais diálogos que os autores dos textos estabelecem (ou não) com sua obra.

A SOCIOLOGIA DE ÉMILE DURKHEIM

Durkheim é, junto com Auguste Comte, o pai fundador da Sociologia. Tal título se deve, principalmente, ao exercício analítico e epistemológico que ele realizou no intuito de sistematizar e propor regras para um método sociológico.2 A discussão a seguir visa apresentar as ideias gerais de Durkheim a respeito das especificidades da Sociologia enquanto uma ciência da sociedade.

Diversos estudos ao longo do século XX e XXI foram desenvolvidos a partir da agenda de pesquisa de Durkheim. Exemplos são as pesquisas da teoria funcionalista de Parsons (1937) e Merton (1970); além das investigações antropológicas de Malinowski (1948) e até mesmo as críticas realizadas por Bourdieu (2010). No cenário brasileiro Durkheim continua sendo acionado em pesquisas realizadas sobre o estatuto científico da Sociologia (ORTIZ, 1989); Sociologia da religião (WEISS, 2012) e Sociologia da educação (TURA, 2004). Não seria exagero afirmar que o pensamento sociológico contemporâneo se desenvolveu tendo os escritos de Durkheim como material importante e fundamental.

Em termos epistemológicos a obra de Durkheim (1974) refere-se à possibilidade de construção do objeto de estudo da Sociologia e as maneiras de justificar investigações próprias para além daquelas dedutivas racionalistas de cunho filosófico e psicológico (a partir das consciências individuais). Muitas das principais contribuições do sociólogo francês estão contidas nas obras “As regras do método sociológico”, “Da divisão do trabalho social” e “Educação e Sociologia”.

Tendo vivido na segunda metade do século XIX Durkheim acompanhou as transformações sociais desta época e se preocupou, fundamentalmente, com as consequências da cultura individualista que emergia na Europa. Nesse sentido, sua obra inteira permeia as intenções dele de oferecer caminhos para o fortalecimento dos laços sociais, de normas e valores comuns. Para tal, Durkheim (1974) mantinha a crença de que era possível estudar a sociedade (objeto) a luz da ciência natural, indutiva e empírica. Em defesa do estatuto científico da Sociologia, ele acreditava ser possível descobrir as regularidades dos fenômenos sociais a partir das suas relações causais e, consequentemente, antever tendências sociais futuras.

Durkheim (1974, 2011) dizia que em todas as sociedades existem grupos de fenômenos que podem e devem ser estudados especificamente pela Sociologia. Esses fenômenos eram chamados de fatos sociais. O fato social, para ele, é externo em relação às consciências individuais e exerce - ou pode exercer - ação coerciva sobre essas mesmas consciências individuais. Assim, o grupo ou a instituição na qual o indivíduo está imerso tem importância maior do que o próprio indivíduo ou seus interesses particulares e, caso o indivíduo não corrobore com as ações do coletivo, poderá sofrer coerção. Durkheim sustentava que (1974, p. 91):

Um fato social reconhece-se pelo seu poder de coação externa que exerce ou é suscetível de exercer sobre indivíduos; e a presença desse poder reconhece-se, por sua vez, pela existência de uma sanção determinada ou pela resistência que o fato opõe a qualquer iniciativa individual que tenda a violentá-lo.

Durkheim alertava que para observar um fato social é preciso considerá-lo como coisa, afastando assim todos os preconceitos e subjetividades. É fundamental, para Durkheim, que o pesquisador desinteressado compreenda os fatos sociais a partir de sua constituição histórica, da experimentação e da observação dos fatos. Em “regras metodológicas” Durkheim enfatiza que, ao observar os fatos sociais, é necessário se atentar para as leis que regem os fenômenos.

Preocupado na relação entre o indivíduo e a sociedade e se afastando das explicações psicológicas, o sociólogo francês defendia a ideia de que o ideal de homem era consequência das representações coletivas vividas por eles e “[...] a concepção de homem é construída progressivamente, de acordo com as lentas transformações que se dão no interior das organizações sociais” (TURA, 2004, p. 41). Desse modo, Durkheim, ao mesmo tempo em que considerou a perspectiva histórica, também salientou a impossibilidade de pensar o indivíduo de modo imutável e fixo. Colocando o processo educativo no centro da construção ideal de homem, Durkheim (2011, p. 52) afirmava que cada sociedade elabora seu determinado tipo ideal de homem a partir do ponto de vista intelectual, moral e físico e “[...] este ideal é, em certa medida, o mesmo para todos os cidadãos; que a partir de certo ponto ele se diferencia de acordo com os meios singulares que toda sociedade compreende em seu seio”. É, então, a partir das interações sociais que os indivíduos vão construindo seus laços morais comuns, fortalecendo a coletividade e a ordem.

A obra de Durkheim (2011, p. 53) é situada tendo como “pedra de toque” a sociedade. Este “novo” objeto é definido a partir da concepção de um sistema bem estruturado e organizado que “[...] só pode viver se existir uma homogeneidade suficiente entre seus membros”. Ademais, na relação entre indivíduo e sociedade, Durkheim (2010) salienta sobre os pontos positivos da divisão do trabalho social. Para ele, a divisão do trabalho social é fundamental, pois permite que sejam desempenhadas diferentes funções, cada uma com sua importância particular no intuito de contribuir com a manutenção do organismo social. Tal fato acaba, em sua visão, criando uma sociedade mais solidária, com indivíduos obedientes e conscientes de seus deveres e direitos.

Durkheim nunca negou que haveria muito a se fazer em relação aos estudos envolvendo a sociedade, sobretudo, por reconhecer a Sociologia ainda como uma disciplina embrionária. Essa aparente cautela abriu portas para inúmeras pesquisas e constructos teóricos no século XX. Como destacou Ortiz (1989), apesar de todas as críticas que foram feitas a sociologia durkhemiana, não há como negar que Durkheim foi o arquiteto e o herói fundador da Sociologia. Considerando isso surgiu-nos a seguinte questão: de que maneira as concepções/teorias de Durkheim sobre a sociedade se relacionaram com o campo da EF brasileira?

RELAÇÕES ENTRE ÉMILE DURKHEIM E A EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA

Para mapear a presença de Durkheim na produção do campo, entender como ele aparece em termos de quantidade de aparições e quais as categorias que os autores da Educação Física utilizam para estabelecer/construir diálogos com sua obra, elaboramos o Quadro 1 para demonstrar a quantidade de vezes que o sociólogo francês foi referenciado em cada periódico estudado.

Quadro 1 Número total de artigos publicados3 e número de artigos que referenciam Émile Durkheim em cada periódico até o ano de 2020 

Ano/Periódicos Pensar a Prática Revista Movimento Motrivivência TOTAL
Total de artigos publicados até 2020 837 1016 676 2529
Artigos que referenciam Durkheim até 2020 5 7 4 16

Fonte: construção dos autores

O Quadro 1 nos mostra que Durkheim foi referenciado num total de 16 vezes em um universo amostral de 2529 artigos. Em termos percentuais isso equivale a somente 0,63% do montante de artigos publicados nos três periódicos desde suas primeiras edições, que datam ainda do fim século XX. Esse percentual se assemelha as pesquisas realizadas por Bungenstab (2018, 2019) e Bungenstab, Montalvão e Lazzarotti Filho (2019) que mapearam quantitativamente a presença de Anthony Giddens (1,3%), François Dubet (0,44%) e Zygmunt Bauman (2,4%) nas revistas de EF no Brasil. Isso denota que, em relação ao aspecto quantitativo, os constructos desses sociológicos - e de Durkheim - são quantitativamente poucos explorados nas pesquisas da EF. Como a pouca utilização quantitativa da obra de Durkheim se apresenta em termos qualitativos?

No que concerne à quantidade de obras de Durkheim que foram citadas nos 16 artigos analisados, constatou-se uma variedade significativa de referências, tendo em vista que foram identificadas nove obras desse autor. Dessas, as mais citadas foram “As formas elementares da vida religiosa” e “As regras do método sociológico”, cada uma delas referenciadas cincos vezes. Os livros “Da divisão do trabalho social” e “O suicídio” foram citados duas vezes cada. Já as obras “Ciências sociais e ação social”, “A educação moral”, “Educação e sociologia”, “Sociologia”, “Sociologia e Filosofia” foram referenciadas uma vez cada.

Após a leitura dos artigos encontrados, conforme Quadro 2, foi possível construir duas categorias de análise a respeito de como Durkheim foi acionado nas produções do campo da EF brasileira, são elas: 1) citação isolada; 2) citação que estabelece diálogo com as subáreas sociocultural e pedagógica da EF.

Quadro 2 Categorias e quantidade do modo em que Durkheim foi acionado nas produções analisadas 

Categorias Quantidade
Citação isolada 10 (62%)
Citação que estabelece diálogo com o campo da Educação Física 6 (38%)
Total 16 (100%)

Fonte: construção dos autores

A categoria “citação isolada” abarca aqueles artigos que simplesmente mencionaram Durkheim, não desenvolvendo minimamente nenhum conceito desse autor. São produções que não se preocuparam em estabelecer relações diretas entre a obra de Durkheim e problemáticas específicas do campo da EF. Já a segunda categoria compreende as produções que citam Durkheim de modo que a utilização de suas teorias dialogou, de alguma maneira, com questões do campo.

Os textos de Coelho Filho (2000), Lyra e Mazo (2011), Camilo (2014), Santos et al., (2014) e Triani, Magalhães Júnior e Novikoff (2017) apenas mencionam Durkheim em suas referências, não apresentando e nem realizando a análise de nenhum conceito desenvolvido por esse autor. Por exemplo, nos textos de Coelho Filho (2000), Camilo (2014) e Triani, Magalhães Júnior e Novikoff (2017) Durkheim surge apenas nas referências bibliográficas, não existindo nenhuma menção ou debate com o sociólogo no corpo do texto. Em Lyra e Mazo (2011, p. 42) Durkheim aparece numa nota de rodapé que diz: “Para uma melhor compreensão do pensamento positivista sobre a Educação ler ‘Educação e Sociologia’, obra escrita por Emile Durkheim, publicada no ano de 1932 (obra póstuma)”. Já Santos et al., (2014), utilizam Durkheim para definir a religiosidade como uma manifestação da subjetividade humana na busca por algo sobrenatural que ofereça uma espécie de segurança e regularidade.

Os trabalhos de Mourão (2000), Abrahão, Paoli e Soares (2011), Anjos, Saneto e Tavares (2012), Almeida, Wiggers e Neri (2013) e Nogueira (2015), apesar de apresentarem algum conceito ou passagem de Durkheim não realizam nenhuma vinculação significativa com os objetos específicos do campo da EF. Por exemplo, Mourão (2000) lança mão dos escritos de Durkheim para definir representação coletiva como resultado da interação e participação dos indivíduos em prol de objetivo coletivos comuns. O mesmo debate é feito por Abrahão, Paoli e Soares (2011) ao afirmarem, na esteira de Durkheim, que a consciência coletiva - entendida como fato social - é incorporada no plano das consciências individuais. Tal referência deste pensamento de Durkheim é utilizada por Abrahão, Paoli e Soares (2011, p. 207) na tentativa de tentar refletir a respeito das “[...] velhas representações sobre as identidades ‘raciais’ internalizadas no plano simbólico da cultura brasileira”.

Por outro lado, 38% dos artigos analisados procuram realizar aproximações entre as teorias de Durkheim e a EF. O trabalho de Guimarães (2006), por exemplo, utiliza Durkheim em seu texto a partir da teoria de fatos sociais. O autor recorre ao conceito de coerção de Durkheim para fundamentar suas análises ao abordar as discussões sobre o ensino esportivo e investigar como os professores/profissionais da área estavam lidando com essa questão. Para o autor: “[...] no que diz respeito ao ensino do esporte - parecia existir entre os profissionais de educação física o que Durkheim (1984) já havia chamado de coerção externa exercida por um fato social.”.

Para Durkheim (1984, p. 52), “é fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior”. Havia, portanto, de um lado, um grupo de professores que continuava a defender o ensino do esporte como forma legítima e preferencial de se educar e, de outro, um grupo de professores que não admitia mais o modelo esportivo tradicional como a única forma de se educar (GUIMARÃES, 2006, p. 59).

O artigo de Guimarães (2006) é significativo no sentido de ter sido desenvolvido com a perspectiva de incitar que as questões concernentes ao ensino esportivo fossem discutidas também a partir das teorias da Sociologia, pois assim o esporte poderia ser pensado como um problema de interesse multidisciplinar. Entretanto, em relação às teorias de Durkheim, o texto não avançou para além da utilização do conceito de fato social e coerção para fundamentar uma análise bem específica sobre o modo em que os professores pensavam a questão do ensino esportivo.

Almeida (2012) e Cruz (2013), por sua vez, acionam Durkheim para abordarem a temática dos rituais. Buscando analisar a Congada como uma manifestação que proporciona a conexão do corpo com o sagrado e o profano a partir de um estudo etnográfico, Almeida (2012) cita o conceito de totius substantitae de Durkheim para explicar a formação de um ritual de Congada. Nas palavras da autora, esse conceito representa os “[...] rituais de iniciação aos quais se submetem os jovens em certos ritos religiosos quando realizam a passagem da morte para renascimento” (ALMEIDA, 2012, p. 30).

Almeida (2012) também menciona o conceito de representação social de Durkheim quando argumenta que o processo da relação entre corpo e espírito que acontece na Congada possibilita a formação de um sistema de representação que proporciona a integração do que é pensado (conteúdo) com a maneira de pensá-lo, expressando dessa forma o que Durkheim definiu como representação social:

Trata-se de práticas corporais nas quais o corpo representa um instrumento por meio do qual a interpenetração do sagrado com o profano se realiza. Esta noção possibilita que se compreenda o sentido do ritual da Congada como algo simbolicamente construído, mas que se remete ao deslocamento do espiritual para o corpóreo, que vem no caso da Congada por meio dos guias dos capitães (OSSAIM e OXUMARÊ) (ALMEIDA, 2012, p. 33).

Cruz (2013), com o propósito de realizar uma análise reflexiva sobre os esportes de sacrifício e suas implicações socioeducativas, cita Durkheim para corroborar a concepção do ritual como um fenômeno histórico que representa uma construção social que foi - e continuará sendo - presente em todas as culturas. Ademais, ao discutir a necessidade de realizar a ressignificação dos conceitos relacionados aos rituais religiosos, eventos seculares, festivos ou esportivos o autor destaca que Durkheim possui uma concepção vinculada ao religiocenstrismo e que a efervescência coletiva na concepção do sociólogo francês não expressa nada além do que a paixão que é gerada ritualmente, que representa o cerne da religião (CRUZ, 2013).

Nesse sentido, pode-se depreender que os artigos de Almeida (2012) e Cruz (2013) referenciam Durkheim para estearem algumas questões específicas sobre os rituais e representação social. Igualmente, isso evidencia que tais trabalhos oferecem reflexões interessantes, apesar de não realizarem uma leitura profunda dos conceitos de rituais e representação social desenvolvido por Durkheim.

Objetivando analisar os conhecimentos de 84 discentes em relação aos conceitos que eles já tinham desenvolvidos sobre o voleibol antes de cursarem a disciplina de Fundamentos Metodológicos do Voleibol, Miranda (2014) usa o método comparativo de Durkheim para sustentar sua investigação. Justificando a escolha do método comparativo e sua pertinência, o autor assinala que:

[...] procedemos a leitura de todas as respostas manuscritas pelos entrevistados e buscamos a observação das variações concomitantes conforme a proposta de Durkheim (1985). A análise das respostas foi feita considerando-se, sobremaneira, a subjetividade, mas grosso modo buscando organizar as respostas de tal forma que o teor dos conceitos fosse colocado em alguns grupos com características semelhantes ou conforme disse Durkheim (1985) em séries de variações regularmente constituídas. Ou seja, tendo a relativa atenção para que o conceito emitido pelo entrevistado não fosse colocado em um contexto que não caracterizasse a sua essência (MIRANDA, 2014, p. 214).

No que tange ao método comparativo proposto por Durkheim o estudo de Miranda (2014), além de representar um exemplo prático de como utilizá-lo no âmbito da pesquisa em Educação Física, nos permite compreender sumamente uma de suas principais categorias, a saber: a variação concomitante. Conforme o autor, a partir da variação concomitante, ou pelo paralelismo de uma variável, é possível “[...] verificar se a causa é permanente e [...] se há uma lei de explicação. A concomitância é a prova de que uma causa existe em dois fenômenos sociais e que, portanto, tende a produzir os mesmos efeitos e ter funções semelhantes” (MIRANDA, 2014, p. 212-213). Não obstante, nesse trabalho a utilização da teoria de Durkheim ficou circunscrita aos aspectos das características e regras do método comparativo, realizando pouca aproximação com as discussões do campo da EF.

Podemos afirmar que dois trabalhos analisados avançam ao citaram Durkheim de forma a acionarem sua teoria para dialogar com determinadas questões da EF. Intentando realizar uma análise reflexiva sobre o papel da Educação Física escolar no processo de ressignificação do corpo, Gonçalves e Azevedo (2007) fazem uma discussão sobre o significado que o corpo recebeu ao longo da história. Nesse contexto, Durkheim é evocado inicialmente em virtude da sua concepção funcionalista de corpo, que o compreende apenas pela dimensão biológica, como um fato social que representa uma coisa viva. Na análise de Gonçalves e Azevedo (2007), essa maneira como o corpo é concebido por Durkheim é limitada e insuficiente, posto que ela desconsidera outros fatores para a compreensão deste tema.

Ao discutir a noção de corpo que se vicejava na sociedade moderna, Gonçalves e Azevedo (2007) recorrem ao conceito de fator de individualização de Durkheim para explicarem o processo de dualidade que desassociava os sujeitos de seus próprios corpos. Nesse viés o corpo se converte em um objeto a ser modelado e perfilado de acordo com os estereótipos sociais do momento. Assim, o corpo se torna um marcador individual, uma fator de individualização, “[...] no qual são feitas modificações no intuito de corrigir as imperfeições e ser mais bem aceito socialmente” (GONÇALVES; AZEVEDO, 2007, p. 207).

Nogueira (2016), por sua vez, desenvolve seu trabalho buscando discutir a questão da moralidade na prática esportiva a partir do conceito de anomia de Durkheim. O autor nos convida a pensar a anomia não apenas como a ausência de normas, regras e de questões axiológicas, mas como um processo que traduz a inabilidade das regras de socialização de produzirem sentimentos coletivos norteados pelo respeito e valorização da pluralidade cultural. Considerando isso, Nogueira (2016) nos permite visualizar a anomia como um elemento de denúncia de contradições sociais, inclusive as que são presente nos esportes (exclusão, punição, meritocracia, desigualdade e etc.). Desse modo, ele argumenta que a utilização do fenômeno esportivo para a educação moral só poderá ser coerente quando as antinomias pertencentes aos esportes forem resolvidas. Fazendo o desfecho de seu trabalho, Nogueira (2016, p. 685-686) assinala:

A utilização do esporte como uma ferramenta de educação moral em poucos momentos consegue se esquivar dos argumentos de combate a anomia. Se, por um lado, um foco no esforço e na decisão pessoal como requisitos fundamentais para o envolvimento com o esporte se esquiva de considerar elementos políticos e sociais para definir o próprio sentido do sucesso esportivo, por outro, considerar sua legitimidade institucional por meio de regras e sistemas de punições faz da educação esportiva uma prática fechada às possibilidades de envolvimento e participação.

Os textos de Goncalves e Azevedo (2007) e Nogueira (2016) nos mostram que é possível estabelecer relações interessantes entre a teoria de Durkheim e as discussões presentes no campo da EF brasileira. Seja num resgate histórico para pensar reflexivamente - e realizar críticas às noções durkhemianas - o papel do corpo na sociedade moderna e/ou para analisar as relações entre o indivíduo e a instituição (esportiva) a partir da noção de anomia.

Acreditamos, inclusive, que a noção de anomia de Durkheim tem potencial para ser mais bem desenvolvida e elaborada nas pesquisas em Educação Física. É claro, a partir de perspectivas inventivas que procurem elaborar discussões mais críticas de acordo com o quadro atual da sociedade. Para Durkheim (1998, 2002, 2010), uma situação de anomia pode ser encontrada a partir do momento em que a sociedade não consegue mais promulgar e impor em seus membros determinadas condutas morais e regras. Tal movimento é preocupante, pois, segundo Durkheim, pode oferecer circunstâncias adversas como o suicídio. Durkheim (2010) define a anomia como o estado momentâneo e passageiro de ausência de regras básicas que balizam as relações entre os indivíduos e os grupos sociais. Mas como seria possível superar o estado de anomia?

De acordo com Durkheim (2002, 2010) o estado de anomia - sempre transitório - seria superado pela formação de grupos e instituições rígidas que pudessem oferecer regras básicas no intuito de possibilitar um consenso mínimo entre seus integrantes. Nesse sentido, os indivíduos passariam a perceber de modo mais claro suas condutas morais, por exemplo, entre aquilo que é certo a se fazer ou o que é justo e moral. Não podemos esquecer que Durkheim (2010) ressalta que os momentos de anomia são oriundos, principalmente, das transformações econômicas a partir das mudanças repentinas dos sistemas de produção que, ao mudarem, também modificam as regras sociais, educacionais e morais deixando os indivíduos desamparados e a mercê de suas próprias emoções. Sobre isso, López Fernandez (2009, p. 136) salienta que “la ausencia de reglas representa un grave problema (al no haber limites para que los individuos supongan que pueden alcanzar cualquier cosa que deseen), generándose un alto grado de malestar ante la insuficiencia de los logros frente a las expectativas”.

Não há dúvidas de que, em Durkheim (2011, p. 48), a educação aparece como uma ferramenta para impor regras e ensinar condutas aos indivíduos. De tal modo, uma educação moral desenvolve um sentimento coletivo comum pautado na coerção e naquilo que é ou não é permitido aos indivíduos. Portanto, “[...] em qualquer época, existe um tipo regulador de educação do qual não podemos nos distanciar sem nos chocarmos com vigorosas resistências que escondem dissidências frustradas”. Consideramos importante ampliar as análises para pensar o campo esportivo no âmbito da anomia. Para Nogueira (2016, p. 685), o esporte está permeado de contradições e, ao enaltecer os vitoriosos, produz símbolos - como a eliminação e o desprezo - que muitas vezes são vistos como naturais e moralmente aceitos. É nesse sentido que propõe a “anomia esportiva como denúncia”, ou seja, enquanto as práticas (i)morais e (in)disciplinares possuem características educativas no seio da manifestação esportiva, elas também podem funcionar como motor para que sejam criadas manifestações de críticas e reflexões sobre o teor educativo no seio de um subcampo esportivo.

Vale a pena destacar que as análises de Nogueira (2016) giram em torno de uma reflexão inventiva a partir do conceito de anomia de Durkheim. Não se trata, portanto, de uma reprodução de ideias. Se a anomia é considerada uma fase transitória pautada por uma falta de ações regulatórias e por ausência de valores, a “anomia esportiva” pode auxiliar a construir novas possibilidades educativas que pensem em regras e condutas morais esportivas que tornem essa prática mais justa e social.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste artigo foi refletir sobre a presença ocupada pelo sociólogo Émile Durkheim na produção científica do campo da EF brasileira, especificamente, a partir da revisão sistemática de literatura em três periódicos científicos da área. A partir disso, podemos concluir que: 1) Durkheim é, quantitativamente, pouco utilizado na produção científica da Educação Física brasileira; 2) Apesar de pouco acionado, parece haver caminhos teóricos por onde as discussões entre a EF e Durkheim possam acontecer, sobretudo em relação aos debates envolvendo o corpo e o esporte.

Viu-se, em termos percentuais, que Durkheim é referenciado somente em 0,63% do montante de artigos publicados nos três periódicos analisados desde suas primeiras edições. Essa invisibilidade aparente pode nos indicar tanto um desconhecimento da teoria e da obra deste sociólogo, como também o entendimento de que suas reflexões não são tão significativas para produção científica da EF brasileira, dai, a sua quase inexistente presença que é ainda mais gritante quando notamos que dos 16 textos que referenciam Durkheim, 10 realizaram “citações isoladas”.

Contudo, a pouca referência feita a Durkheim nos mostra possibilidades de apropriações interessantes com sua obra. Destacamos principalmente, nesse texto, o debate realizado por Nogueira (2016) a partir da ideia de “anomia esportiva como denúncia”. Sem dúvidas a obra de Durkheim deixou um impacto imenso não apenas na Sociologia, mas também na construção das Ciências Humanas e Sociais de modo geral. A produção do campo da EF brasileira, aparentemente, parece estar mais interessada em analisar e acionar as teorias que surgiram a partir de Durkheim. Exemplo disso são os usos constantes que o campo fez - e faz - das teorias de Marcel Mauss e Pierre Bourdieu. Ambos os autores, muito acionados no campo da EF brasileira, partiram de algumas perspectivas durkhemianas para erguer seus constructos teóricos. Nesse sentido, se quisermos operar com a Sociologia contemporânea, é possível realizar esta tarefa sem, antes, recorrer aos clássicos? Defendemos que não!

Portanto, antes de emitir juízos de valores sobre Durkheim, acreditamos ser essencial compreendê-lo para que, inclusive, possamos também compreender a Sociologia contemporânea de modo a não exercer olhares míopes diante das mais diversas teorias. É preciso entender que conhecer e discutir sobre sua obra não significa compactuar e defender com seus posicionamentos. O entendimento de um autor é fundamental para a construção de uma educação científica integral. Nesse sentido, precisamos estar atentos para que o desejo frenético pelo posicionamento frequente diante das teorias e autores não nos tire a faculdade de pensar criticamente sobre eles. O entendimento da teoria de Durkheim e os modos de acioná-lo podem ser fundamentais também para o fortalecimento da produção científica da EF brasileira, sobretudo, no âmbito sociocultural e pedagógico.

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1A primeira publicação da Revista Pensar a Prática data do ano de 1998. A Revista Movimento teve seu primeiro número publicado em 1994 e a Revista Motrivivência em 1988.

2Esta apresentação permitirá uma melhor compreensão dos usos que o campo da EF brasileira fez de Durkheim (que serão analisados no tópico seguinte).

3Na análise, além dos artigos originais, foram incluídos artigos de revisão e ensaios. Os editoriais e as resenhas não foram incluídos.

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PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. LaboMídia - Laboratório e Observatório da Mídia Esportiva. Publicado no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade

EDITORES Mauricio Roberto da Silva, Giovani De Lorenzi Pires, Rogério Santos Pereira

EDITOR DE SEÇÃO Rogério Santos Pereira

REVISÃO DO MANUSCRITO E METADADOS João Caetano Prates Rocha; Keli Barreto Santos

Recebido: 23 de Julho de 2021; Aceito: 06 de Setembro de 2021

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CONFLITO DE INTERESSES

Os autores declaram não haver conflito de interesses

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